multidiscriminação e interseccionalidade

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“multidiscriminação e interseccionalidade”
O conceito de interseccionalidade surge quando
começamos a refletir mais profundamente sobre a
temática da multidiscriminação
Interseccionalidade é uma reflexão teórica em
desenvolvimento que reconhece intercessões e
interconexões entre sexo, gênero, raça, etnia, classe
social, orientação sexual, origem, que nos converten
particularmente vulneráveis a diversas formas de
discriminação
O termo discriminação se refere a todas as formas de
distinção, restrição, exclusão e preferência, baseadas
em gênero, raça, origem, linhagem, nacionalidade,
etnia, orientação sexual, status social, religião, idade,
deficiências com a finalidade de diminuir ou impedir o
exercício e o reconhecimento dos direitos humanos e
liberdades fundamentais em igualdade de condições
Quando falamos de discriminação, referimo-nos a
uma parte da humanidade que tem sido excluída de
participar em assuntos de interesse público e não
goza de cidadania plena
Discriminação– Educação para a Inclusão –
Interseccionalidade são alguns termos e conceitos que
passam a ter relevância particularmente a partir da
Conferência contra o racismo, a discriminação racial, a
xenofobia e intolerâncias que aconteceu em Durban – na
África do Sul, em setembro de 2001.
Nessa conferência, mais do que nunca, nossas práticas foram
questionadas e sentimos a urgência de rever e reformular os
paradigmas nos quais vínhamos trabalhando
Como a aprendizagem não é um assunto teórico ou racional
que envolve apenas o intelecto, mas também sentimentos,
emoções e experiências pessoais, essa conferência nos
ajudou a aprender muito mais do que imaginávamos
Como rede global, e parte do movimento feminista,
nos encontramos em uma estreita interação com
redes de mulheres afro-descendentes, organizações
de mulheres dos povos indígenas, de organizações
de “dalits”, “intocáveis” da Índia, organizações de
migrantes, de populações deslocadas, entre outras, e
começamos a compreender que existem múltiplas
discriminações e que portanto nossas agendas
devem estar interconectadas
Em março de 2000 o Comitê para a eliminação
da
discriminação
racial
adotou
uma
recomendação sobre as dimensões relativas à
discriminação racial, na qual foi enfatizada que a
discriminação racial não afeta da mesma forma
homens e mulheres.
O conceito de interseccionalidade se baseia na
premissa de que as pessoas têm identidades
múltiplas derivadas das relações sociais,
históricas e de estruturas de poder.
Nesse sentido a interseccionalidad
-recupera múltiplas identidades,
-condena múltiplas discriminações,
-e reivindica direitos
A interseccionalidade refiere a la manera en que certas
ações e políticas operam de forma conjunta para criar
“desempoderamento”.
Por exemplo, raça, etnia, gênero ou classe costumam
ser consideradas esferas separadas de experiência, que
determinam dinâmicas sociais, econômicas e políticas
de opressão.
Mas, de fato, os sistemas costumam se sobrepor e criar
interceptações que por sua vez criam complexas
intercessões onde se juntam dois, três, ou mais eixos.
Diversas entidades dentro das Nações Unidas têm
reconhecido, até certo ponto, a interseccionalidade e
multidiscriminação na vida das mulheres.
No entanto, as estruturas das Nações Unidas não
necessariamente apóiam a implementação desse conceito.
Para discutir a forma em que as dimensões de gênero da
discriminação racial devem ser incorporadas à
Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação
Racial, a Xenofobia e outras formas de intolerância, a
Divisão para o Avanço das Mulheres (DAW) das Nações
Unidas, realizou uma reunião de especialistas em Zagreb,
na Croácia, em parceria com o Escritório do Alto
Comissionado de Direitos Humanos (OHCHR) e o Fundo
de Desenvolvimento das Nações Unidas para as Mulheres
(UNIFEM)
Da reunião do grupo de especialistas em
Discriminação Racial e de Gênero surgiu que o
sistema de direitos humanos das Nações Unidas deve
desenvolver uma metodologia para assegurar que se
realize uma análise exaustiva das violações que se
produzem na intercessão de gênero e raça.
A reunião do grupo de especialistas também destacou
a crítica e próxima relação entre o deslocamento ou a
migração das pessoas e todas as formas de
discriminação.
As mulheres imigrantes e refugiadas são muito
vulneráveis à discriminação com base no gênero e
também na raça. E ainda enfrentam obstáculos por
fatores de classe e língua.
Na referida reunião foi proposta o enfoque de
interseccionalidade, baseado no documento preparado
pelo Dr. Kimberle Crenshaw.
Através de uma metáfora, com imagens muito claras, o
Dr. Kimberly Crenshaw explica como surge a idéia da
interseccionalidade.
Explica que esta idéia nasce quando se tentou conceituar
a forma como a lei respondia a temas à discriminação de
gênero e raça. Então o que acontecia é que se produzia
um acidente, uma colisão.
A interseccionalidad provém simplesmente da idéia
de que quando se está situada no meio de várias
formas de exclusão, seguramente a pessoa será
afetada por todas elas.
De fato, a interseccionalidade vai além de observar os
aspectos de gênero da discriminação racial.
Busca dar uma ferramenta para analisar as formas
em que o gênero, a raça, a classe e outras formas de
identidade e diferenciação, em diversos contextos,
produz situações nas quais as mulheres e os homens
são expostos a abusos e discriminação.
A analogia que Crenshaw propõe, da intercessão de
ruas: raça, etnia, gênero ou classe são as avenidas
de poder que definem o mapa social, econômico e
político. Estas são as rotas pelas quais transitam as
“dinâmicas desempoderantes”. Estas avenidas ou
eixos de poder costumam ser consideradas
diferentes entre si.
Mas na realidade se superpõem e se intersectam e
operam uma em função da outra, dando como
resultado complexas intercessões onde se encontram
dois ou mais desses eixos. Analisando um pouco mais
essa analogia, observamos que as mulheres são mais
vulneráveis a grande quantidade de trânsito nas
intercessões desses eixos de poder
O novo sobre a interseccionalidade é:
+ Ajuda-nos a relacionar as dimensões, estruturas e
dinâmicas que conduzem a múltiplas formas de
dominação.
+ É uma ferramenta analítica para estudar, entender e
responder às formas como o gênero se intersecta com
outras identidades e como estas intercessões contribuem
para experiências únicas de opressão e privilegio.
+ É uma metodologia para a pesquisa e um trampolim
para chegar-se a uma agenda de ação para a justiça
social.
Parte da premissa de que as pessoas têm múltiplas
identidades que derivam das relações sociais, da história
e de como operam as estruturas de poder.
As pessoas formam parte de mais de uma comunidade
ao mesmo tempo e podem experimentar, ao mesmo
tempo, opressão e privilégios (por exemplo, uma mulher
pode ser uma profissional de saúde muito respeitada,
mas sofrer violência doméstica em sua casa)
+ A interseccionalidad é uma ferramenta de incidência e
para o desenvolvimento de políticas que abordem
múltiplas discriminações, e nos ajuda a compreender
como diferentes tipos de identidades têm impacto no
acesso a direitos e oportunidades.
+ A interseccionalidad na área do desenvolvimento dos
direitos humanos é usada como ferramenta de advocacy
e para o planejamento de programas.
A análise interseccional se caracteriza por ser um
desvio analítico do pensamento dicotômico, binário
sobre o poder, que é tão comum.
Freqüentemente, nossos marcos conceituam os
direitos de uma pessoa a expensas de outra; o
desenvolvimento se produz estabelecendo e
mantendo vantagem competitiva.
Pelo contrario, pensar em desenvolvimento de uma
perspectiva de interseccionalidad centra a atenção em
contextos específicos, experiências diversas e nos
aspectos qualitativos de igualdade, discriminação e
justiça, permitindo-nos trabalhar simultaneamente em
nome de nós mesmos e de outros.
Assim como não há direitos humanos sem direitos de
mulheres, não há direitos humanos sem direitos de
indígenas, de deficientes, de homossexuais, por
mencionar apenas alguns.
A forma como pensamos determina o que fazemos e
como o fazemos.
Em primeiro lugar, utilizar a interseccionalidad em nosso
trabalho requer pensar diferente sobre a identidade, a
igualdade e o poder.
Requer que nos focalizemos nos pontos de intercessão, na
complexidade, nos processos dinâmicos e nas estruturas
que definem o acesso a nossos direitos e oportunidades,
em lugar de categorias definidas ou temas isolados.
Analiticamente, requer que consideremos a erradicação
da discriminação e a celebração da diversidade como
elemento fundamental para o desenvolvimento e gozo
dos direitos humanos.
Em segundo lugar, o uso da interseccionalidade requer
um enfoque de baixo para cima para pesquisar,
analisar e planejar. Juntar a informação deveria
começar por perguntar-nos como vivem em realidade
as mulheres e os homens. Esse quadro pode ser
construído de baixo para cima, explicando os diversos
fatores que exercem influência sobre a vida das
mulheres.
Uma metodologia interseccional pode ter 4 componentes
distintos:
1. Recopilação de dados
2. Análise do contexto
3. Revisão interseccional das iniciativas de políticas e
dos sistemas de implementação
4.Implementação
de
iniciativas
de
políticas
interseccionais.
ICAE
Outubro 2010
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