Avaliação da Qualidade de amostras de Guaco (Mikania glomerata) obtidas do comércio de Tubarão – SC, Ciências da Saúde, Farmácia. TEZZA, Denise Ferraz*; MÜLLER, Simony Davet** * Acadêmica do Curso de Farmácia, bolsista do programa PUIC individual. ** Mestre em Ciências Farmacêuticas, Professora do Curso de Farmácia. Introdução Dentre muitas espécies de uso medicinal largamente utilizado em nosso país, destaca-se o Guaco (Mikania glomerata), devido aos seus efeitos farmacológicos que consistem em efeitos antiinflamatórios, broncodilatadores e antialérgicos (SANTOS, 2005; CASTRO et al, 2003; SILVA et al, 2008). Devido a grande demanda de comercialização de produtos fitoterápicos a qualidade destes vem sendo afetada negativamente, sendo que muitos produtos apresentam alguma irregularidade, principalmente devido à presença de contaminantes e baixos teores de princípios ativos, dentre outros parâmetros (REIS et al, 2003 Considerando o exposto, torna-se então necessária a realização do controle de qualidade das matérias-primas vegetais, visando a obtenção de medicamentos fitoterápicos eficientes e seguros. Objetivos O presente artigo teve por objetivo Avaliar a qualidade das amostras de Guaco (Mikania glomerata) comercializados em Tubarão - SC, através de testes de controle de qualidade (identificação, pureza, contaminação microbiológica, dentre outros), verificando a presença ou ausência de algum controle de qualidade nestes produtos, ressaltando-se a importância do emprego de metodologias farmacognósticas. Amostra Características Organolépticas Elementos estranhos % (máx 2 %) Cinzas totais % Cinzas insolúveis em ácido % (máx 6%) Teor de umidade % (8 a 14 %) 1a Folhas secas de cor marrom esverdeada, presença de fungos, caules e fragmentos de outras plantas, odor característico. 73,2% 11,70%±0,02 42,85% 12,00% 1b Folhas secas de cor marrom esverdeada, presença de grande quantidade de caules, fungos odor característico. 71,28% 38,66%±0,01 81,89% 12,00% 2a Folhas de cor marrom esverdeada, presença de fungos, caules, fragmentos de outras plantas, odor característico. 66,83% 16,11%±0,01 2b Folhas de cor marrom esverdeada, presença de fungos, caules, fragmentos de outras plantas, odor característico. 70,95% 9,62%±0,01 3a Folhas de cor marrom esverdeada, presença de fungos, caules, fragmentos de outras plantas, odor característico. 69,32% 13,04%±0,02 3b Folhas de cor marrom esverdeada, presença de fungos, caules, fragmentos de outras plantas, odor característico. 59,52% 9,39%±0,03 25,00% 13,07% 4 Folhas de cor verde, presença de fragmentos de outras plantas, fungos caules, odor característico. 14,4% 22,18%±0 64,17% 13,07% 13,41% 7,14% 13,33% 9,33% Tabela 1: Testes físico-químicos realizados para as amostras de Guaco obtidas do comércio de Tubarão SC. Metodologia Nas amostras 2a, 3a, e 3b a cumarina não foi visível a presença de cumarina em CCD, estando esta ausente ou em quantidade não detectável. Resultados na tabela 2. Amostras de matéria-prima vegetal (Guaco sp) adquiridas do comércio de Tubarão/SC, sendo que foram analisados dois lotes de cada marca em triplicata, totalizando 6 amostras. 1- Caracterização do vegetal: - Características organolépticas (cor, odor, sabor); -Características macroscópicas (estado de conservação da amostra, identificação); - Características botânicas microscópicas (identificação); . 2- Avaliação da presença de cumarina -Caracterização cromatográfica (CCD); 3- Pesquisa de impurezas: - Pesquisa de elementos estranhos (restos de caule, plantas, insetos, pedra) - Determinação do teor de cinzas (totais e insolúveis em ácido); - Determinação do teor de umidade; - Pesquisa de contaminantes microbiológicos. . Resultados das análises e discussão dos mesmos. Tabela 2: Resultado da identificação por CCD As análises microscópicas mostraram que a maioria (4) das amostras foram identificadas como sendo da espécie Mikania laevigata. Nenhuma das amostras apresentou contaminação microbiológica por Salmonella sp., Shiguela sp., Escherichia coli e as colônias de bactérias totais estavam dentro dos limites permitidos. Porém é preciso salientar que não é indicativo de que possam ser consideradas ideais para utilização, seria então necessário, levar em consideração as outras análises que são complementares e garantem a qualidade destes produtos. Conclusões O presente trabalho demonstrou através das análises realizadas até o momento, que as amostras adquiridas do comércio de Tubarão/SC foram consideradas inadequadas, demonstrando a ausência de controle do processamento nas indústrias, principalmente o controle da qualidade da droga vegetal e a falta de autenticidade botânica da planta. Enfatiza-se que a melhor medida seria a implantação de um controle de qualidade adequado, visando a melhor seleção, armazenamento e manipulação destas matériasprimas, a fim de se evitar quaisquer danos a saúde do consumidor. Bibliografia Resultados Parciais Os resultados das análises realizadas estão apresentados nas Tabelas 1 e 2. A NOVA CERIMÔNIA DO CHÁ: Revista Veja. Ed. Abril, n. 2057, 2008. ALVARENGA, F. C. R, et al. Avaliação da qualidade de amostras comerciais de folhas e tinturas de guaco. Revista Brasileira de Farmacognosia, v.19, n. 2, p. 442-448, 2009. BRASIL, Ministério da Saúde, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RE nº. 89, de16 de março de 2004. Lista de Registro Simplificado de Fitoterápicos. Brasília. CASTRO, E. M, et al. Crescimento e anatomia foliar em plantas jovens de Mikania glomerata sprengel (Guaco) submetidas a diferentes fotoperíodos. Revista Ciência e Agrotecnologia, v. 27, n. 6, p.1293-1300, 2003. CELEGHINI, R. M. S, et al. 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