64º Congresso Nacional de Botânica Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013 ANÁLISE DO AROMA DE AMOSTRAS DE PLANTAS COMERCIALIZADAS EM FARMÁCIAS DE PRODUTOS NATURAIS, EM PORTO SEGURO-BA. 1 1 1 1 1 Welder J. Braz , Julliana S. Correia , Ana C. O. Magalhães , Beatriz A. Maciel , Sara M. Z. Souza , Hera 1 1 2, * C. Cruz , Laiana A. Benfica , Bruna C. Rehem 1 2 Discente do Curso Técnico em Biocombustíveis do IFBA, bolsista Petrobrás; Orientadora e Docente do Instituto 2 Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia; , *[email protected]; Introdução Depois do grande avanço dos produtos sintéticos, a procura por novidades trouxe a revalorização da natureza e, com ela, a procura por terapias à base de plantas medicinais. Os incentivos ao uso de plantas medicinais são muito comuns, contrastando raras publicações que enfocam o aspecto qualidade, sendo que da mesma forma que os demais medicamentos, a qualidade desses produtos deve ser analisada no que se refere às suas características químicas e físicas. Os parâmetros de controle de qualidade variam de espécie para espécie e podem ser encontrados nas monografias contidas nas farmacopéias [1]. As características organolépticas são aquelas determináveis pelos órgãos dos sentidos, sem a necessidade do uso de instrumental óptico. O controle de qualidade de um produto envolve várias etapas que vão desde a obtenção da matéria-prima, passando por todo o processo de produção, culminando com a análise do produto final [1]. O estabelecimento de qualidade sensorial, tanto em relação à definição de atributos quanto ao conhecimento dos compostos que respondem por esta qualidade, poderá orientar a indústria de fitoterápicos para a obtenção de produtos com maior valor agregado. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade dos produtos comercializados na cidade de Porto Seguro-BA, por meio de técnicas de análise sensorial descritiva quantitativa do aroma das amostras de produtos naturais. Metodologia Foram utilizadas folhas secas e/ou cascas de 25 espécies de plantas medicinais comercializadas em farmácias de produtos naturais de Porto Seguro, Bahia. A quantificação do aroma foi efetuada por análise sensorial das amostras e dos chás preparados com estas. Os produtos adquiridos foram amora (Morus alba), aroeira (Schinus molle), boldo (Peumus boldus), camomila (Chamomilla recutita), carqueja (Baccharis trimera), chá verde (Camellia sinensis), cravo (Dianthus caryophyllus), erva cidreira (Lippia alba), erva doce (Pimpinella anisum), espinheira santa (Maytenus ilicifolia), eucalipto (Eucalyptus sp), guaco (Mikania sp.), girassol (Helianthus annuus), hibisco (Hibiscus sp.), hortelã (Mentha sp.), mastruz (Chenopodium ambrosioides), mate torrado (Ilex paraguariensis), melissa (Melissa officinalis), nozmoscada (Myristica sp.), orégano (Origanum vulgare), picão (Bidens pilosa); sene (Cassia angustifólia), transagem (Plantago sp.) e produtos comerciais (cascas e canela em pó). Os resultados atribuídos aos produtos foram convertidos em valores percentuais. O perfil sensorial das amostras foi determinado por Análise Descritiva Quantitativa [2]. No presente estudo a avaliação do aroma dos chás foi feita não só da amostra seca como do chá preparado com esta, baseada em cinco parâmetros: odor de banana passa, odor de erva- mate, odor adocicado, odor artificial da planta avaliada e odor natural desta. Este é um meio simples e rápido de verificar alguns parâmetros de qualidade, principalmente de identidade e pureza [1]. Os dados foram coletados, no período de maio a junho de 2013, e posteriormente avaliado estatisticamente em programa computacional. Resultados e Discussão Das 25 amostras analisadas, 69% apresentavam odor aromático, agradável e forte, 15% não tinham um odor aromático forte como é característico das espécies avaliadas e 16% inodoras. As amostras que não tinham o aroma característico de suas respectivas espécies pode ter sido devido à forma e ao tempo de armazenamento das amostras. Algumas destas realmente teriam que ser a inodoras como a Farmacopéia Brasileira 5 edição descreve para suas espécies, como é o caso da espinheira santa. A ocorrência de odor fraco pode ser decorrente de um processo inadequado de secagem, em que foram utilizadas temperaturas excessivas durante o processo. Ao preparar os chás, foi possível observar que apenas 23,1% das amostras apresentavam um aroma adocicado e 50% não exibiram este tipo de odor. Durante a avaliação do aroma dos chás das ervas medicinais estudadas, foi observado que das 25 espécies avaliadas apenas 5% exibiram um odor artificial da planta. Conclusões A análise de aroma realizada concordou com os resultados da Análise Descritiva Quantitativa, em relação aos cinco parâmetros considerados. Com o presente estudo foi possível perceber que se faz necessário à inclusão de algumas das espécies medicinais aqui avaliadas nas próximas edições da Farmacopéia Brasileira, para fornecer subsídios para o controle de qualidade, visando assegurar a segurança dos produtos. Após realização das análises de aroma das amostras, em comparação aos parâmetros farmacopéicos, verificou-se que, as espécies já registradas apresentaram características correspondentes. Agradecimentos A Petrobrás pela concessão da bolsa e ao IFBA pelo financiamento da pesquisa. Referências Bibliográficas [1] Farias, M.R. 2001. Avaliação da qualidade de matérias-primas vegetais. In: Simões, C.M.O., Schenkel, E.P., Gosmann, G. et al. (orgs.). Farmacognosia da planta ao medicamento. Santa Catarina: Editora da UFSC,. [2] Stone, H. & Sidel, J. L. 1993. Sensory Evaluation Practices. 2 ed. London: Academic Press.