A difícil tentativa de voltar ao Padrão Ouro Arquivo

Propaganda
A difícil tentativa de voltar ao Padrão Ouro no
entre guerras
Amaury Gremaud
HEG II
Fim do mundo liberal e a difícil volta ao
padrão ouro
 Período de entre guerras caracterizado externamente como




Guerras comerciais e batalhas financeiras e monetárias
instabilidade cambial
Restrições aos fluxos de capitais e insegurança quanto aos ativos de reserva
descoordenação macroeconômica internacional e ajustes sobre o vizinho.
 efeitos negativos sobre renda, comércio, investimentos
 internamente:
 visão conflitiva entre grupos sociais (comunismos, nazismos)
 “Polarizações domésticas exacerbam antagonismos no exterior e conflitos
internacionais exacerbam extremismos locais”
 Cuidado também existe algum grau de mitologia
 inverso ao Padrão Ouro
 Mitos: usados para justificar determinados tipos de intervenção e/ou
proposição de ajustes no SMI no pós II guerra
Abandono do PO na I GM

Durante 1ª G.M. - abandono do PO (exc. EUA)
 Fechamento das operações financeiras externas no mercado
londrino
 controles de cambio
 Dificuldades na movimentação internacional do Ouro,
 Imposição de regras proibindo saída de ouro
 mas compras internacionais só Ouro é aceito
 drenagem do ouro dos países europeus
 Gastos com a guerra financiados internamente com emissões de
moeda fiduciária
 não cumprimento das regras do jogo
 Suspensão das conversibilidades
 flutuação das taxas de cambio (flutuações não foram maiores pois há
controle de fluxos de capital)
A evolução dos regimes cambiais no PósGuerra
 Expectativa de volta e tentativas de restauração do Padrão Ouro
 1922 - Conferência de Gênova
 Primeira metade da década de 20 - flutuação
 Cambio fixo adotado (Restrições aos fluxos de capitais também diminuem)
 1924 – Alemanha; 1925 - GB; 1927 - Itália; 1928 - França
 antes de 1929 maior parte (39) dos países, Brasil adota em 1927
 Espanha, Rússia e China são as principais exceções
 Nem todos os países voltam com as mesmas taxas de antes da guerra
 Existem dificuldades para voltar ao cambio fixo e elas são ainda maiores para se manter
no cambio fixo
 cambio flutuante volta e também restrições aos fluxos de capitais
 29/30 – periferia abandona Padrão Ouro
 31 – Áustria, Alemanha e GB (grande marco);
 32 - EUA; 34 - Tchecoslováquia, 35 Bélgica, 36 Suíça, França e Bélgica
Dificuldades no retorno de um sistema como o do
Padrão Ouro:
1. Deslocamento do centro de gravidade: GB para EUA
 GB perde sua predominância industrial e também monetária
• Perda de ativos metálicos
• Libra, que fora o ponto focal para a harmonização das políticas monetárias antes da
IGM, não tem mais a posição privilegiada
• Novo centro (EUA): posição de Balanço de Pagamentos diferente da GB
 Inglaterra: compradora e emprestadora
 EUA: fornecedor, mas precisa também ser emprestador de recursos
 EUA: tradição de protecionismo e isolamento que são
incompatíveis com necessidade de coordenação se se quer a volta
do Padrão Ouro e de um mundo liberal
 Wilson coordena reconstrução na Conferencia de Paris, mas é desautorizado pelo Congresso
norte-americano no que tange as liberdades comerciais e financeiras.
 Busca recuperar os créditos emprestados e não financiar a volta do comércio internacional.
Dificuldades no retorno de um sistema como o do
Padrão Ouro:
2. tensão crescente entre objetivos econômicos internos
(nacionais) e política externa
 Crescimento do nacionalismo, problemas ligados a reconstrução do pós guerra e
problemas com desemprego – obriga governos a (re)agirem
A mudança
mais de emprego e de interesses
 Governos mais suscetíveis
a políticas defensoras
nacionais
importante do período foi
 Objetivo “sagrado”
de manter valor externo
da moeda é posto em dúvida
a importância
crescente
 Perde-se confiança
de fatores
que esta política
de cambio fixo é a melhor e assim será feito
dos
domésticos
 Credibilidade das
políticas
monetárias e cambiais
como
determinantes
da compatíveis com Padrão Ouro é
abalada
política monetária
 Avanço do sindicalismo e da burocratização dos mercados (especialmente o de
trabalho)
 Salários e preços já não reagem como antes
 Ajustes não são tão simples
Robert Triffin
Dificuldades no retorno de um sistema como o do Padrão
Ouro:
3. Diminuição da solidariedade e cooperação internacional
 Retaliações do pós-guerra (França e Bélgica)
 Keynes foi contra, W. Wilson foi contra, mas existiram
 Inflexibilidade dos EUA quer receber de volta os créditos concedidos
 Desconfiança internacional
 “novos países” e problemas com os “velhos”
 Rússia abandona mercado, problema para a França
 Volta de um certo mercantilismo: ideia de um jogo de soma zero
 Qual taxa de cambio nova ?
 reflexo de alterações nas estruturas produtivas, na mudança nos custos, ou se aproveita para
crescer sobre o vizinho
 Por que gastar recursos para sustentar política alheia ?
 Crise econômica e financeira de 30 aprofunda estas ideias
Dificuldades no retorno de um sistema como o do Padrão
Ouro:
4. Caráter desestabilizador assumido pelos fluxos de capital
 Problemas de credibilidade e confiança
 se crença na defesa da conversibilidade se esvai a ideia anterior que fluxos acabam se
tornando estabilizadores deixa de existir
 Antes:

se existe possível “tendência” a desvalorização de uma moeda; movimento de compra da
moeda pois a expectativa era que ocorreria uma ação por parte das autoridades para
restabelecer a paridade e voltar ao normal
fluxos antecipam a ação estabilizadora e acabam provocando a própria estabilidade
 Agora:


crença de ação estabilizadora no cambio por parte do governo não existe mais; cresce a chance
do governo adotar políticas monetárias contrarias a estabilidade do cambio,
 Crescem as fugas de capitais e/ou os ataques especulativos que podem provocam o
próprio abandono da política de cambio fixo
 Não se percebe mais desvalorização ou afastamento das regras do jogo como algo
temporário
As taxas flutuantes no início dos 20 e o
problema Francês
França: a taxa de cambio sofre grandes variações, debate sobre suas causas e
consequências
 Nurske – visão crítica sobre a flutuação cambial:
 movimentos especulativos desestabilizadores, cumulativos e de auto agravamento
 fluxos de capital agravam crises
 não corrigem problemas no Balanço de Pagamentos
 instabilizam as políticas internas
 Friedman: flutuação não necessariamente desestabilizadora,
 depende da qualidade da política fiscal e monetária
 volatilidade reflexo da volatilidade da política econômica
 Taxas flutuantes podem funcionar bem se políticas econômicas forem corretas
Os problemas franceses e a taxa de cambio
 Durante a guerra: apenas 15% das despesas cobertas com aumento de impostos
 10% títulos do banco da França, 75% com títulos de curto prazo
 Endividamento externo forte também
 Pós Guerra problema fiscal:
 déficits orçamentários para a reconstrução, programas sociais e pensões
 Receitas baixas dada a lentidão da recuperação,
 Como resolver ? Dúvidas e conflitos políticos
 Se financiamento com emissão e inflação, mercado antecipa e cambio desvaloriza
 Se pagamento das reparações de guerra pela Alemanha
 Quando reparações parecem que serão honradas – valorização, se percepção é inversa cambio
se desvaloriza
 Se reforma fiscal:
 Se Impostos sobre consumo e corte de gastos: estabilidade, mas reações políticas internas
 Se impostos sobre capital e grandes fortunas: fuga de capitais desvalorização cambial
O “Franco Poincaré”
Raymond Poincaré: estabilização
Governo de “união nacional”
Acordo com EUA (e GB) sobre divida externa
Possibilita Banco da França enfrentar mercado cambial
Ajuste fiscal com aumento de impostos
afasta de ideias de tributação do capital
 Objetivo deixa de ser volta ao “franco germinal”

Franco germinal: de antes da guerra
 “Franco Poincaré”: perdeu cinco vezes o seu valor
 Problema com
 “patriotas que haviam cedido seu ouro por títulos de renda fixa durante a guerra
... Aqueles que tinham depositado sua confiança na honestidade do governo”
 Porém volta ao cambio anterior geraria
 Ampliação da deflação e desemprego, dificuldades com salários, exportações etc.
A volta ao Padrão Ouro na Inglaterra 1825
 Inglaterra volta ao Padrão Ouro com mesma taxa de antes
da IGM
 dada a inflação do período da guerra, implicou em uma
valorização da libra
 Quando estabiliza cambio e volta ao PO: diferenças de inflação
não haviam sido compensadas
 Dificuldades competitivas para GB com supervalorização da libra:
problemas com exportações,
 necessário atrair capital com taxas de juros altas
 Crescimento mais lento e “problemas” com desemprego

A volta ao Padrão Ouro na Inglaterra - 1925
 Justificativa:
 Montagnu Norman: restabelecer confiança nas instituições financeiras
britânicas, já havia sido feito antes no início XIX depois de guerras
napoleônicas
 Recuperar posição da praça londrina no sistema financeiro internacional que estava
sendo perdida para Nova York
 problemas políticos internos,
 não sinalizar descontrole monetário para futuro,
 Não impor perda de riqueza com desvalorização para detentores de títulos
 crítica: GB se agarra a símbolos do passado sem condições objetivas
 situação início XX é diferente de início XIX, especialmente em função
da concorrência internacional
 problema de confiança dos outros países na libra –
 qual a capacidade de sustentar tal taxa ?
A difícil volta ao PO:
crescimentos desequilibrados
Nem todos os países voltam com taxas do pré-guerra:
desequilíbrios:
Países c/ superávit comerciais (EUA e França) x déficit (GB)
 Inglaterra: contração monetária depois da guerra – intenção de
retornar ao Padrão Ouro com a mesma taxa de cambio do
período anterior à guerra
• Suécia, Austrália, Japão também cambio no nível do pré guerra
• Recessão
 França, Bélgica, Itália - políticas expansionistas e inflação alta –
não preocupação com restauração da paridade anterior
• conseguem uma recuperação econômica mais rápida na década de 20 do que
aqueles que procuram restabelecer Padrão Ouro nos níveis do pré guerra
Download