Português - Universidade Popular dos Movimentos Sociais

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UNIVERSIDADE POPULAR DOS
MOVIMENTOS SOCIAIS
Antecedentes
A UPMS não é um procedimento novo. Insere-se numa longa tradição
de educação popular onde o nome de Paulo Freire é uma referência
para todos.
A idéia de constituição da UPMS foi amadurecendo com as seguidas
edições do Fórum Social Mundial.
Algumas entidades e intelectuais participantes do FSM concluíram que
não será possível alcançar a justiça social global sem uma justiça
cognitiva global.
Durante o encontro de 2003 do Fórum Social Mundial foi feito o
lançamento da UPMS por uma democracia cognitiva global.
UPMS em Porto Alegre: Fórum
Social Temático
• A idéia de realizar oficinas da UPMS nos
dias anteriores ao FSM foi decidida no
FSM de Belém em 2009, na reunião sobre
a UPMS.
• As três oficinas que antecedem o Fórum
Social Temático de 2012 são as primeiras
de âmbito internacional, no caso,
continental.
Projeto
• A Universidade Popular dos Movimentos Sociais – Rede
Global de Saberes é um espaço de formação intercultural que promove um processo de interconhecimento e auto-educação com o duplo objetivo de
aumentar o conhecimento recíproco entre os
movimentos e organizações e tornar possíveis
coligações entre eles e ações coletivas conjuntas.
• Constitui um espaço aberto para o aprofundamento da
reflexão, o debate democrático de idéias, a formulação
de propostas, a troca livre de experiências e a
articulação para ações eficazes, de entidades e
movimentos sociais locais, nacionais e globais que se
opõem ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo
capital e por qualquer forma de imperialismo.
Projeto
• O público alvo da UPMS é composto por ativistas e
dirigentes dos movimentos sociais, membros de
organizações não governamentais, bem como cientistas
sociais, investigadores e artistas empenhados na
transformação social progressista.
• A UPMS funciona através de uma rede de interações
orientada para promover o conhecimento e a
valorização crítica da enorme diversidade dos saberes e
práticas protagonizados pelos diferentes movimentos e
organizações.
• Sua essência está no seu caráter inter-temático, forjado
através da promoção de reflexões e articulações entre
diferentes movimentos como os feministas, operários,
indígenas, estudantis, ecológicos e etc.
Realizadores
São realizadores todos os envolvidos nas
oficinas e na constituição de uma rede
global de saberes.
Objetivos
•
•
•
levar ainda mais longe a eliminação da
distinção entre educadores e educandos dado
que todos os participantes são portadores em
pé de igualdade de conhecimentos válidos;
ter uma vocação política vincada dado que
ocorre entre participantes politicamente
organizados em movimentos e associações;
ter uma vocação para promover ações
coletivas em que participam movimentos com
agendas relativamente diferentes (a política
intermovimentos).
Funcionamento
A UPMS funciona basicamente sob a forma de oficinas
ou de workshops com a participação de ativistas e
líderes de movimentos sociais e cientistas
sociais/intelectuais/artistas.
Além das oficinas no decorrer de sua existência
pretende-se criar uma rede de geração de
conhecimentos plurais a partir de temas e problemas
considerados relevantes, mas sobre os quais há pouco
conhecimento e compreensão.
Todo este trabalho tem sido feito com base em dois
procedimentos metodológicos básicos: tradução
intercultural e interpolítica e a ecologia de saberes.
Tradução intercultural
• Segundo Boaventura de Sousa Santos a tradição
intercultural visa aumentar a inteligibilidade recíproca e
necessária entre movimentos, organizações e
pesquisadores sem destruir a autonomia dos
movimentos, suas linguagens próprias e conceitos,
observando o que os divide e o que os une para tentar
organizar ações coletivas.
• Boaventura de Sousa Santos argumenta que, muitas
vezes, o que separa os movimentos não são questões
de conteúdo, mas antes de linguagem, de diferentes
tradições históricas e culturais de luta.
Ecologia de saberes
• Refere-se a combinação e enriquecimento
mútuo de conhecimentos acadêmicos solidários
e conhecimentos nascidos na luta social.
• Assenta-se no reconhecimento da pluralidade
de saberes heterogêneos, da autonomia de
cada um deles e articulação horizontal entre
eles.
• Na ecologia de saberes cruzam-se saberes e
ignorâncias.
Pontos centrais para o trabalho de
tradução de saberes e de práticas
• O ponto de partida é o reconhecimento de uma
ignorância recíproca, um sentimento de incompletude e
o ponto de chegada é a produção partilhada de uma
ecologia de práticas e saberes (que se contrapõe a uma
monocultura do saberes e de práticas);
• A base epistemológica do projeto educativo
emancipatório representado pela UPMS possui três
fortes inspirações :a) pela Sociologia das Ausências e
das Emergências elaboradas por Boaventura de Sousa
Santos; b) pelas contribuições, práticas e discussões
realizadas por Paulo Freire; c) pelas experiências e
trocas realizadas do Fórum Social Mundial.
• Justamente como uma tentativa de facilitar o diálogo
sem destruir a identidade dos interlocutores, a tradução
tem como objetivo trazer à tona os pontos de
aproximação entre as práticas sociais desenvolvidas
pelos grupos, mas não como simples troca de idéias e
sim como um primeiro passo para articulações e
concentração de esforços em projetos transformadores
em comum.
• O trabalho de tradução intercultural é urgente para criar
o diálogo inter-movimentos e também no interior dos
movimentos, de modo a potencializar as lutas em curso
e as que ainda virão dentro de uma globalização contrahegemônica.
• A UPMS pretende responder a dois
problemas: “a escassez de conhecimento
recíproco entre movimentos e
organizações que atuam dentro da
mesma área temática mas que operam
em diferentes partes do mundo [...] O
outro problema é a falta de um saber
partilhado entre movimentos ou
organizações com intervenção em
diferentes áreas temáticas” (Santos,
2006:170).
Oficinas realizadas
• Oficina de Tradução Cultural em Medelín
– Colômbia (29 e 30 de 2007)
• Oficina na Costa Rica (2007)
• Oficina de Tradução entre Movimentos
Sociais em Córdoba – Argentina (12 e 15
de setembro de 2007)
• Oficina em Belo Horizonte – Minas Gerais
(01 e 02 de agosto de 2009)
-Temática escolhida:Relação entre
Movimentos Sociais e Estado.
• Oficina em Porto Alegre – RS (24 e 25 de
julho de 2010)
-Temática escolhida: Construindo diálogos
entre Movimentos Sociais e Universidade.
Momentos da Oficina
Trata-se de uma mera proposta de organização. Não há
uma metodologia fechada e muito menos uma receita.
•
Apresentação
•
Geração de confiança – reconhecimento
•
Debate em grupo
•
Identificação da zonas de convergência
•
Identificação das diferenças
•
Identificação dos saberes e ignorâncias recíprocas
•
Plataforma comum
•
Mapeando as ausências. Quais movimentos sociais
estiveram ausentes nesta oficina e dela deveriam ter
feito parte?
Referências
• SANTOS, Boaventura de Sousa. A
universidade popular dos movimentos
sociais. In: SANTOS, Boaventura de
Sousa. A gramática do tempo: para uma
nova cultura política. São Paulo: Cortez,
2006.
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