ENZIMAS ENZIMAS As enzimas são proteínas globulares solúveis sintetizadas pelos organismos vivos com a finalidade específica de catalisar as reações bioquímicas, que, de outro modo, não ocorreriam sob as condições fisiológicas habituais. • Com exceção de moléculas de RNA com propriedades catalíticas chamadas de RIBOZIMAS, todas as Enzimas são PROTEÍNAS Características das Enzimas • Apresentam alto grau de especificidade; • São produtos naturais biológicos; • Reações seguras; • São altamente eficientes acelerando a velocidade das reações (108 a 1011 + rápida); • reduz a energia de ativação; • Não são tóxicas. As enzimas... • Aceleram reações químicas H2O2 Catalase Ex: Decomposição do H2O2 H2O + O2 • Não são consumidas na reação H2O2 Catalase E+S H2O + O2 E+P • Atuam em pequenas concentrações 1 molécula de Catalase decompõe 5 000 000 de moléculas de H2O2 pH = 6,8 em 1 min Número de renovação = n° de moléculas de substrato convertidas em produto por uma única molécula de enzima em uma dada unidade de tempo. • Emil Fischer (1894): alto grau de especificidade das enzimas originou Chave-Fechadura , que considera que a enzima possui sitio ativo complementar ao substrato. • Koshland (1958): Encaixe Induzido, enzima e o substrato sofrem conformação para o encaixe. O substrato é distorcido para conformação exata do estado de transição. NOMENCLATURA E CLASSIFICAÇÃO • 1955 - Comissão de Enzimas (EC) da União Internacional de Bioquímica (IUB) nomear e classificar. • Cada enzima código com 4 dígitos que caracteriza o tipo de reação catalisada: •1° dígito - classe •2° dígito - subclasse •3° dígito - sub-subclasse •4° dígito - indica o substrato FATORES QUE INFLUENCIAM A ATIVIDADE ENZIMÁTICA • pH; • temperatura; • concentração das enzimas; • concentração dos substratos; • presença de inibidores. • ação do cofator pH • O efeito do pH sobre a enzima deve-se às variações no estado de ionização dos componentes do sistema à medida que o pH varia. • Enzimas grupos ionizáveis existem em diferentes estados de ionização. Temperatura • temperatura causa dois efeitos: - a velocidade de reação aumenta; - a estabilidade da proteína decresce devido a desativação térmica. A temperatura ótima para que a enzima atinja sua atividade máxima, é a temperatura máxima na qual a enzima possui uma atividade constante por um período de tempo. Concentração de Enzimas • Desvios da linearidade ocorrem: • Presença de inibidores na solução de enzima; • Presença de substâncias tóxicas; • Presença de um ativador que dissocia a enzima; • Limitações impostas pelo método de análise. • Recomenda-se: • Enzimas com alto grau de pureza; • Substratos puros; • Métodos de análise confiável. Concentração de Substratos • [S] varia durante o curso da reação à medida que S é convertido em P. • Medir Vo = velocidade inicial da reação. vo Vmax [S] Presença de Inibidores • Inibidor é qualquer substância que reduz a velocidade de uma reação enzimática. INIBIDORES REVERSÍVEIS IRREVERSÍVEIS COFATOR • Moléculas pequenas • Não proteicas • Termo estáveis • Derivadas de Vitamina B1 e B6, nucleotídeos ATIVIDADE ENZIMÁTICA Determinação da Atividade Enzimática • As enzimas são medidas através de suas atividades catalíticas e seus resultados expressos em termos de quantidade de atividade presente em determinado volume ou massa da amostra - Quantidade do produto formado - Quantidade do substrato consumido Determinação da Atividade Enzimática • Comissão Enzimas da União Internacional de Bioquímica - Unidade Internacional (UI) – é a quantidade de enzima que catalisa a transformação de 1 micromol de substrato/min. APLICAÇÕES DIAGNÓSTICAS Enzimologia Clínica É a aplicação da ciência das enzimas ao diagnóstico e tratamento das doenças. DISTRIBUIÇÃO DAS ENZIMAS DE IMPORTÂNCIA DIAGNÓSTICA ENZIMA FONTES PRINCIPAIS PRINCIPAIS APLICAÇÕES CLÍNICAS ALT Fígado, músculo esquelético, coração Doença hepática parenquimatosa ALDOLASE Músculo esquelético, coração Doenças musculares AMILASE Glândulas salivares, pâncreas, ovários Doenças pancreáticas Fosfatase ácida Próstata, hemácias Carcinoma da próstata AST Fígado, músculo esquelético, coração, rim, hemácias Infarto do miocárdio, doença hepática parenquimatosa, doença muscular Colinesterase Fígado Envenenamento por inseticida organofosforado, doenças hepáticas parenquimatosa Creatino quinase Músculo esquelético, cérebro, coração, músculo liso Infarto do miocárdio, doenças musculares Fosfatase alcalina Fígado, osso, mucosa intestinal, placenta, rim Doenças ósseas, doenças hepatobiliares LD Coração,fígado,músculo esquelético, hemácias, plaquetas, linfonodos Infarto do miocárdio, hemólise, doenças hepáticas parenquimatosa Enzimas x Laboratório Clínico • Aplicação diagnóstica • Aplicação prognóstica • Acompanhamento das diversas patologias Métodos para Determinação das Atividades Enzimáticas Métodos que analisam: • Consumo de substrato • Produto formado • Variação de absorção da coenzima que participa da reação enzimática Erros na Coleta da Amostra • Uso de Anticoagulantes • Hemólise • Estase venosa • Coagulação • Lipemia Erros na Conservação da Amostra • Realizar o mais breve possível • Conservar à 4°C • Evitar congelamento da amostra Determinação da Atividade Enzimática Importante • Estabilidade do reagentes • Pipetagem • Limpeza da vidraria • Controle de qualidade das análises Enzimas nas Doenças Cardíacas AST – GOT - TGO ( Aspartato aminotransferase) • Encontrada em concentrações elevadas no músculo cardíaco, fígado e músculos esqueléticos • Em menor concentração nos rins e pâncreas • Aumenta em lesões do parênquima hepático • Eleva mais de 10 vezes na hepatite virótica aguda • Na cirrose alcoólica ativa se eleva moderadamente AST-GOT-TGO • Catalisa especificamente a transferência do grupo amina do ácido aspártico para cetoglutarato AST L-Aspartato + cetoglutarato Oxalacetato + L-Glutamato MDH Oxalacetato + NADH Malato + NAD Aspartato Aminotransferase AST – TGO Valores elevados são encontrados: • • • • • • • Hepatite virótica crônica ativa Mononucleose infecciosa Hepatite aguda na fase de recuperação Disfunção hepática induzida por drogas Tumor hepático metastático Obstrução extra hepática Infarto do miocárdio Aspartato Aminotrasferase AST –TGO Fatores Interferentes: • • • • • • Exercícios Anticoncepcionais orais Anti-hipertensivos Isoniazida Agentes colinérgicos Drogas hepatotóxicas Enzimas nas Doenças Cardíacas Creatinoquinase (CK- CPK) • pH ótimo: 6,8 no sentido da formação de ATP e 9,0 no sentido da fosforilação da creatina • Encontrada no músculo cardíaco, na musculatura esquelética e no cérebro • Aumentos podem ocorrer numa faixa de 60 a 100% com infarto agudo do miocárdio Creatinoquinase (CK- CPK) Valores elevados são encontrados: • Infarto agudo do miocárdio • Miosites • Distrofia muscular • Exercício intenso • Doença vascular cerebral • Convulsões • Alcoolismo crônico Diagnóstico do Infarto do Miocárdio Isoenzimas de Creatinoquinase (CK) • CK-BB (CK1) • CK-MB (CK2) • CK-MM (CK3) Isoenzimas de Creatinoquinase (CK) CK-BB (CK1) • Encontrada no cérebro e pulmão • Eleva-se após embolia pulmonar, carcinoma de próstata e de pulmão • Não é comum a elevação em distúrbios cerebrais Isoenzimas de Creatinoquinase (CK) CK-MB(CK2) • Fração híbrida de cadeias M e B • Encontrada predominantemente no músculo cardíaco • Determinação bastante específica para diagnóstico de infarto agudo do miocárdio • Aumenta de 3 a 6 horas após a ocorrência do infarto com valor máximo em 12-24 horas • Retorna ao normal em 24-48 horas Isoenzimas de Creatinoquinase (CK) CK-MM(CK3) • Compreende + de 95% da CK dos músculos esqueléticos • Cerca de 70-75% da enzima do miocárdio Níveis elevados: • Lesão, hipóxia do músculo esquelético (exercício intenso, traumatismo, inflamação) Isoenzimas de Creatinoquinase (CK) Drogas que causam aumento no soro: • • • • • Ampicilina Anfotericina B Alguns anestésicos Lítio Lidocaína Desidrogenase Láctica LDH – LD - DHL • pH ótimo: 8,8 a 9,8 no sentido da formação de ácido pirúvico e 7,4 a 7,8 no sentido da formação de ácido láctico • Encontrada no coração, hemácias, músculo esquelético, rim, cérebro, pulmões e tecido linfóide • Não é indicador específico de doença hepática e cardíaca Desidrogenase Láctica Valores elevados LD total: • Anemia megaloblástica • Carcinoma • Infarto do miocárdio e pulmonar, cirrose • Leucemia • Hepatite aguda • Icterícias obstrutivas • Doenças do parênquima renal Infarto Agudo do Miocárdio Importância • Cerca de 50% óbitos no mundo • 1/3 faixa etária de 35 a 65 anos • Prevalência nos países industrializados • Evolução diagnóstica com marcadores mais sensíveis e específicos • Compreender a “Janela Diagnóstica” Desidrogenase Láctica Isoenzimas de LD • • • • • LD1: coração, hemácias e rins LD2: coração e sistema retículo endotelial LD3: pulmão e outros tecidos LD4: placenta e pâncreas LD5: fígado e músculos esqueléticos Aplicação Clínica do Fracionamento da LD Doenças Infarto A. Miocárdio Doenças Hepáticas SNC Doenças Malígnas Distrofia Muscular Anemia Megaloblástica Anemia Aplástica ↑ acentuado LD5 ↑ moderado ↑ leve LD1 LD4 LD2 e LD3 LD2, LD3 e LD4 LD1, LD2 e LD3 LD2 LD1 LD1,2,3,4e5 Desidrogenase Láctica Fatores Interferentes • Hemólise • Álcool, anestésicos, aspirina ↑ • Ácido ascórbico ↓ Marcadores Clássicos • AST – década de 50 (substituído por CK) • LD – década de 70 (mais sensível que AST), porém com janela diagnóstica tardia • CK-MB com CK total mais indicada • CK total aumenta de 65 a 100% no IAM • Troponina Troponina • São proteínas estruturais envolvidas no processo de contração das fibras musculares esqueléticas e cardíacas. • O complexo troponina é composto por três proteínas:troponina T, troponinaI e troponina C • As troponinas T (cTnT) e I (cTnI) são marcadores bioquímicos mais específicos e sensíveis para o diagnóstico de lesão isquêmica do miocárdio. Troponina • Elevação dos níveis de cTnI no soro ocorre entre 4 e 6 horas após início da dor precordial • Atinge um pico em 12 horas e permanece elevada por 3 a 10 dias após um evento isquêmico único • A isoenzima CK-MB só se eleva após lesão isquêmica irreversível • As troponinas são liberadas mesmo em situação de isquemia reversível Mioglobina • A mioglobina é uma proteína constituinte das células dos músculos esquelético e cardíaco. • Proteína liberada para a circulação precocemente após lesão isquêmica da fibra miocárdica. • Concentrações elevadas são observadas 1 a 2 horas após o início da dor, atingindo o pico em 12 horas e, em geral, normalizando 24 horas após um episódio único. Mioglobina • Elevação de mioglobina circulante não é específica de lesão cardíaca, ocorrendo no trauma da musculatura esquelética e na insuficiência renal. Importância da coleta seriada de amostras • Devem ser coletadas amostras seriadas, em geral, na admissão, 3, 6 e 9 horas. • Dosagens seriadas de cTnI, resultados do eletrocardiograma e a condição clínica são necessários para o diagnóstico diferencial entre infarto agudo do miocárdio e outras doenças cardíacas. • NACB - National Academy of Clinical Biochemistry propõe o uso de dois marcadores para o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio: a mioglobina, como marcador precoce e uma das troponinas (cTnT ou cTnI) como definitivo. Características da dinâmica de elevação, pico e retorno aos níveis basais dos marcadores cardíacos. Marcador Tempo de alteração inicial Tempo de pico de Tempo de retorno elevação ao normal CK-MB 4-8 horas 12-24 horas 72-96 horas Mioglobina 2-4 horas 8-10 horas 24 horas cTnI 4-6 horas 12 horas 3-10 dias cTnT 4-6 horas 12-48 horas 7-10 dias CK-MB = isoenzima MB da creatina quinase; cTnI = troponina cardíaca I; cTnT = troponina cardíaca T Sensibilidade clínica estimada dos marcadores de isquemia miocárdica, levando-se em conta o tempo após o início da dor precordial. Marcador 2 a 8* 8 a 24* 24 a 72* acima de 72* Mioglobina 95% 75% 0% 0% CK-MB 60% 95% 98% 50% LD1 Troponina (T ou I) 40% 85% 95% 90% 75% 95% 98% 98% Enzimas de maior utilidade Diagnóstica Creatino Quinase – CK Doenças do músculo esquelético Distrofia muscular progressiva Doenças musculares neurogênicas • Doenças do coração Infarto miocárdio Outras doenças cardíacas • Troponina • Mioglobina