Capítulo 7 – o pensamento cristão: a patrística e a escolástica. CRISTIANISMO Império Romano, politeístas. Nasce Jesus ano I. Apegados ao monoteísmo, os cristãos não juravam o culto divino ao imperador, provocando reações violentas. As perseguições ocorreram em curtos períodos, embora violentos, na medida em que o culto divino ao imperador, estabelecido por Augusto mas formalizado por Domiciano, era aplicado nas províncias. Conversões ao Cristianismo. Pregações dos apóstolos. Institucionalização da Igreja Católica. Em 313, o imperador Constantino fez publicar o Édito de Milão, que instituía a tolerância religiosa no império, beneficiando principalmente os cristãos. Em 325 ele promulgou o primeiro concílio de Niceia, dando início aos Concílios Ecumênicos. Em 391, Teodósio I (379-395) oficializou o cristianismo nos territórios romanos e perseguiu os dissidentes. Após seu reinado, o império foi dividido em duas partes. Os filhos de Teodósio assumiram o poder: Arcádio herdou o Império Romano do Oriente, cujo centro político era Constantinopla (antiga Bizâncio, rebatizada em homenagem ao imperador Constantino, localizava-se onde hoje é a cidade turca de Istambul); Honório I coube o Império Romano do Ocidente, com capital em Roma. Fim do Império Romano do Ocidente, ocorrido em 476 d.C., com a tomada de Roma pelos “Bárbaros”, uma vez que a parte oriental do Império, que posteriormente os historiadores denominariam Império Bizantino, continuou a existir por quase mil anos, até 1453, quando ocorreu a Queda de Constantinopla. A queda do Império Romano do Ocidente foi causada por uma série de fatores, entre os quais as invasões bárbaras que causaram a derrubada final do Estado. IGREJA CATÓLICA Filosofia medieval e cristianismo Em meio ao esfacelamento do Império Romano, decorrente em grande parte, das invasões germânicas, a Igreja Católica conseguiu manter-se como instituição social. Conquistou vasta riqueza material: tornou-se dona de aproximadamente um terço das áreas cultiváveis da Europa ocidental, numa época que a terra era a principal base da riqueza. Imenso poder político. O desenvolvimento inicial do cristianismo ocorreu juntamente com a edificação da Igreja Católica, instituição que foi a única representante da fé cristã. Boa parte da doutrina cristã integra elementos de diversas correntes do pensamento grego. A doutrina cristã foi construída pelos primeiros padres da Igreja nos séculos IV e VIII. Não se poderia contrariar as verdades reveladas por Deus ou as interpretações das escrituras sagradas. No plano cultural a Igreja exerceu ampla influência. A fé cristã se tornou o pressuposto de toda a vida espiritual. Fé = crença irrestrita ou adesão incondicional às verdades reveladas por Deus, através da Bíblia. Toda a investigação filosófica ou científica não poderia de modo algum, contrariar as verdades estabelecidas pela fé. Os filósofos deveriam demonstrar racionalmente as verdades da fé. Surgiram pensadores cristãos que utilizaram o conhecimento da filosofia grega, percebendo a possibilidade de utilizá-lo para defender o cristianismo. FÉ + FILOSOFIA GREGA = DEFESA “RACIONAL” DO CRISTIANISMO. TEMOS 4 MOMENTOS PRINCIPAIS NA FILOSOFIA CRISTÃ: Padres Apostólicos: sec. I-II. Temas morais. São Paulo. Padres Apologistas: sec. III-IV. Apologia ao cristianismo, recusa a filosofia grega.Tertuliano. Patrística: sec. IV-VIII. Conciliação da fé e razão. Santo Agostinho. Influência das obras de Platão. Escolástica: sec. IX-XVI. Sistematização da filosofia cristã. Santo Tomás de Aquino, ênsfase em Aristóteles. PATRÍSTICA IV-VIII Os primeiros padres da Igreja Católica se empenharam na elaboração de diversos textos sobre a fé e a revelação cristã. O conjunto desses textos ficou conhecido como Patrística. Tenta-se uma conciliação entre a razão e a fé. Se destaca Santo Agostinho e a influência da filosofia platônica. • • Sua ideia principal era que a alma deveria se sobrepor ao corpo. O homem pecador entretanto, utilizando-se do livre-arbítrio, costumaria inverter essa relação, fazendo o corpo assumir o governo da alma. Isso provocaria a submissão do espírito a matéria, neste sentido Santo Agostinho elabora uma relação com Platão, pois afirma que seria equivalente a subordinação da essência a aparência. A escolha humana é própria da vontade e não da Razão, é nisso que reside a fonte do pecado. A pessoa peca porque usa de seu livre arbítrio para satisfazer uma vontade má. O ser humano não pode ser autônomo em sua vida moral, isto é, deliberar livremente sobre a sua conduta. Ele precisa de Deus. Para voltar ao caminho do bem o homem precisa da graça divina. Segundo o filósofo, o homem que trilha a via do pecado só consegue retornar aos caminhos de Deus e da salvação mediante a combinação de seu esforço pessoal e a concessão imprescindível da Graça Divina. A graça seria destinada aos predestinados a salvação. Outro filósofo Pelágio, afirmava que a boa vontade e as boas obras humanas seriam suficientes para a salvação ( pelagianismo) o Papa não aceitou. • A condenação do pelagianismo se explica pelo fato de que conservava a noção grega de autonomia da vida moral humana, isto é, a noção de que o homem pode salvar-se por si só, sendo bom e fazendo boas obras, sem a necessidade de ajuda divina. Essa noção se chocava com a ideia de submissão total do homem ao Deus cristão. • Enquanto na filosofia grega o indivíduo se identifica com o cidadão, na filosofia medieval ele se identifica com Deus. Precedência da fé pela razão A fé nos faz crer em coisas que nem sempre entendemos pela razão. Para Agostinho a fé revela verdades ao homem de forma direta e intuitiva.Vem depois a razão esclarecendo aquilo que a fé já antecipou. Crer para compreender. Conciliar razão e fé. Platonismo: Agostinho assimilou a concepção de que a verdade, como conhecimento eterno, deveria ser buscada intelectualmente no mundo das ideias. Defendeu a vida através do autoconhecimento, assim somente o intimo de nossa alma iluminada por Deus, poderia atingir a verdade. 1(UFU 09/2002) A Patrística, filosofia cristã dos primeiros séculos, poderia ser definida como A) retomada do pensamento de Platão, conforme os modelos teológicos da época, estabelecendo estreita relação entre filosofia e religião. B) configuração de um novo horizonte filosófico, proposto por Santo Agostinho, inspirado em Platão, de modo a resgatar a importância das coisas sensíveis, da materialidade. C) adaptação do pensamento aristotélico, conforme os moldes teológicos da época. D) criação de uma escola filosófica, que visava combater os ataques dos pagãos, rompendo com o dualismo grego. 3) (UFU- Março de 2002) “Diz o profeta: ‘Se não credes, não entendereis’; certamente não diria isto se não julgasse necessário pôr uma diferença entre as duas coisas. Portanto, creio tudo o que entendo, mas nem tudo que creio também entendo”. Sto. Agostinho. De Magistro. Coleção “Os Pensadores”. São Paulo: Abril Cultural, 1973. Explique a idéia central desse fragmento a partir da relação entre Fé e Razão no contexto da Filosofia Patrística ESCOLÁSTICA IX-XVI Renascença Carolíngia: no sec. VIII, Carlos Magno organizou o ensino e fundou escolas ligadas às instituições católicas. Escolas e primeiras universidades que produziram uma gama de textos filosófico-teológicos. No período escolástico, houve a busca pela harmonização entre a fé e a razão. O principal filósofo desse período foi SANTO TOMÁS DE AQUINO, que buscou em Aristóteles sua inspiração filosófica. Santo Tomás de Aquino: a cristianização de Aristóteles. Tinha um objetivo claro: não contrariar a fé. Reviveu a filosofia de Aristóteles para explicar os princípios da fé cristã. Sistematização do pensamento filosófico cristão. Princípios básicos Princípio da substância: na existência dos seres podemos distinguir a substância ( essência) do acidente ( qualidade nãoessencial). Princípio da causa eficiente: todos os seres que captamos pelos sentidos são contingentes, isto é, não possuem, em si próprios, a causa eficiente de suas existências. Para existir depende de outro ser que representa a causa eficiente, chamado de ser necessário. ( Deus o grande construtor ) Princípio da finalidade: todo o ser contingente existe em função de uma finalidade, uma razão de ser. Todo o ser contingente possui uma causa final. Princípio do ato e da potência: todo o ser contingente possui duas dimensões o ato e a potência. O ato representa a existência atual do ser, aquilo que está realizado e determinado. A potência representa a capacidade do ser. A passagem da potência para o ato é causada e permitida por Deus. As provas da existência de Deus O primeiro motor: tudo aquilo que se move é movido por outro ser. No entanto existe um primeiro ser movente que não é movido por nenhum outro. Este é Deus. A causa eficiente: todas as coisas existentes no mundo não possuem em si próprias a causa eficiente de suas existência. Devem ser consideradas efeitos de alguma causa. Essa é a primeira causa eficiente que é Deus. Ser necessário e ser contingente: o ser necessário é a causa da necessidade de todos os seres contingentes, pois ele é o primeiro e único. Deus Os graus de perfeição: pode-se afirmar a existência de graus diversos de perfeição. Isso supõe que existe um ser com o máximo dessa perfeição que é Deus. A finalidade do ser: todas as coisas brutas, que não possuem inteligência própria, existem na natureza cumprindo uma função. Devemos admitir, então, que existe algum ser inteligente que dirige todas as coisas da natureza para que cumpram seu objetivo. Deus.