O4 – ENGENHARIA ECONÔMICA 04.01 – INTRODUÇÃO A Engenharia Econômica, conforme definição apresentada por E. L. Grant e W. G. Ireson, no livro Principles of Engineering Economy, compreende os princípios e técnicas necessárias para se tomar decisões relativas à aquisição e à disposição de bens de capital, na indústria e nos órgãos governamentais. Pode-se, entretanto, ir um pouco mais longe e definir Engenharia Econômica como o conjunto de conhecimentos necessários à tomada de decisão sobre investimentos. Ainda que os conceitos básicos tenham originado na indústria, a partir de problemas de natureza técnica, os métodos são gerais e sua aplicação não se restringe ao campo da engenharia. Problemas de Financiamento, situações envolvendo decisões de natureza pesso al, questões de aplicação de capital, são igualmente passíveis de análise pelos métodos da Engenharia Econômica. Justifica-se o nome, entretanto, porque grande parte dos problemas de investimento dependem de informações e justificativas técnicas e porque na maioria das organizações tais decisões são tomadas ou por engenheiros, ou por administradores agindo com base nas recomendações dos engenheiros. 04.01.01. O Problema Central da Engenharia Econômica Um estudo de engenharia econômica envolve: a)um problema a resolver ou uma função a executar (por exemplo, transportar material); b)diversas soluções possíveis (por exemplo, transporte manual, em carrinhos, em empilhadeiras, ou mediante rolos ou correias transportadoras), c)avaliação de cada alternativa, determinação das vantagens e desvantagens (por exemplo, custo, eficiência, volume transportado, etc); d) comparação e escolha da melhor alternativa; O primeiro aspecto é bastante evidente e dispensa maiores comentários. Mesmo assim, a definição do problema é fase impor tante do estudo, da qual depende tudo o que se segue. Já o segundo ponto merece maior atenção. É também evidente que só existe decisão quando existem alternativas de ação. Além disso, quanto maior o número de alternativas consideradas, tanto melhor tende a ser a decisão. Não basta, entretanto, relacionar linhas de ação; é necessário que sejam tecnicamente viáveis, isto é, que possam solucionar efetivamente o problema. Nesta fase o conhecimento técnico desempenha papel importante e é por isso que geralmente cabe a engenheiros desenvolver estudos desta natureza. Outro ponto onde a formação técnica pode ser imprescindível é na avaliação das alternativas. É preciso que as vantagens e desvantagens sejam identificadas e quantificadas. Observe-se que só interessam as diferenças entre as alternativas; é evidente que qualquer fator constante, que ocorre independente da alternativa escolhida, pode ser eliminado do estudo. É igualmente evidente que só interessa considerar vantagens e desvantagens futuras: o que ocorreu no passado não pode ser modificado pela decisão sendo, portanto, irrelevante. Além disso, não basta assinalar e descrever diferenças futuras; é necessário expressar vantagens e desvantagens em termos de dinheiro. Finalmente, torna-se necessário estabelecer métodos de comparação e critérios de decisão que permitam representar cada alternativa por um número e que indiquem a solução mais econômica. Do outro ponto de vista empresarial, interessam soluções a longo prazo e a decisão será pela alternativa de menor custo ou de maior lucro, conforme for o caso. Pode-se, definir Engenharia Econômica como os métodos e técnicas de decisão empregada na escolha entre alternativas de investimento tecnicamente viáveis, nas quais as diferenças futuras foram expressas em termos de dinheiro. 04.01.02. Comentários, Dúvidas, Objeções Com relação à identificação das alternativas, cabe lembrar que, freqüentemente, uma alternativa “imperfeita” pode vir a ser mais econômica. No limite, pode-se mesmo adotar a alternativa de “não fazer nada” como a melhor solução. O importante é que a escolha não seja arbitrária, mas decorra de estudo cuidadoso e obedeça a critérios racionais. A movimentação de materiais por correias transportadoras, por exemplo, é sem dúvida uma solução mais “perfeita” que o transporte manual. Entretanto, este poderá ser mais indicado quando o volume a ser transportado for pequeno, ou mesmo para grandes volumes, desde que haja excesso de mão de-obra e os salários dos trabalhadores não qualificados sejam baixos. A experiência de outras empresas ou outros países não será, necessariamente, guia seguro para a tomada de decisões. Só o estudo econômico é que poderá justificar a solução. A questão da avaliação quantitativa das vantagens e desvantagens de cada alternativa também apresenta alguns problemas sérios. Não há dúvida que para se comparar o valor das alternativas deve-se adotar uma unidade de medida comum e esta unidade é, naturalmente, o dinheiro. Surgem, pois, problemas de determinação do investimento necessário, estimativas de custo, avaliação da receita, o que exige coleta e análise de dados, além do conhecimento técnico do processo em questão. Fatores como preço do equipamento, despesas com manutenção, consumo de energia e combustíveis, matéria-prima e porcentagem de refugo, custos de mão-deobra, mercado e receita proveniente das vendas, etc., precisam ser determinados com razoável precisão. Em muitos casos, porém, esta etapa pode ser simplificada, pois só interessam as diferenças entre as alternativas. No caso de movimentação de materiais, por exemplo, pode-se perfeitamente assumir que a receita da empresa não dependa da maneira pela qual as peças são transportadas de uma fase do processo de fabricação ás seguintes. Despesas com a administração, também independem da solução adotada. Basta, portanto, examinar as despesas diretas e adotar a alternativa de menor custo. Convém, também, insistir na necessidade de só se considerar vantagens e desvantagens futuras. É comum, por exemplo, o seguinte raciocínio: “Já investi tanto neste projeto que o jeito é investir um pouco mais para recuperar o dinheiro” Trata-se de raciocínio perigoso, que leva freqüentemente a decisões erradas. Um exemplo simples ilustra este ponto. O Sr. Rodrigues comprou um título do Clube Praiano por Cr$ 1.000,00. Deu Cr$ 200,00 de sinal e comprometeu-se a pagar o restante após 60 dias. Passado algum tempo, um amigo oferece-lhe título idêntico por Cr$ 650,00. Isto deixa o Sr. Rodrigues num dilema: “perder” os Cr$ 200,00 que deu de sinal e comprar o título do amigo ou manter a decisão inicial e completar o pagamento ao Clube, salvando assim o dinheiro empregado. A quantia que deu de sinal já está perdida e nada pode ser feito para recupera -la. Portanto, cabe ao Sr. Rodrigues reconhecer que as condições mudaram e que é melhor fazer negócio com o amigo e ganhar Cr$ 150,00. Uma objeção mais séria refere-se à impossibilidade de se quantificar certos tipos de vantagens e desvantagens. Ao lado de economias palpáveis, muitos projetos apresentam elementos ditos “imponderáveis” ou “irredutíveis”. Fatores como prestígio e imagem da empresa, valor promocional, satisfação da parte dos empregados, receptividade da parte de clientes, não podem ser expressos em cruzeiros. Neste caso, a solução é realizar o estudo desprezando-se momentaneamente tais fatores e depois analisar os resultados obtidos, modificando a decisão se for o caso. Considere por exemplo o caso de um rapaz que resolve comprar um carro para ir à Universidade. Imagine que possa comprar um Volkswagen ou um Galaxie. Feito o estudo de engenharia econômica descobre que o Galaxie é mais confortável, mais possante, dá mais prestígio e “status” que o Volkswagen, mas será que isto compensa o aumento de despesa? A solução mais econômica é comprar um Volkswagen, mas a decisão final cabe ao rapaz, que terá que resolver se o prestígio e os demais fatores imponderáveis valem Cr$ 300,00. 04.01.03. Diagrama do Fluxo de Caixa Tendo em vista que a maioria dos problemas de engenharia econômica envolve receitas e despesas que ocorrem em instantes de tempo diferentes, é útil adotar-se uma representação que possibilite visualizar cada alternativa. Cabe salientar, no que diz respeito a decisões, que não interessa a maneira pela qual receitas e despesas são contabilizadas, mas sim as datas em que efetivamente ocorrem. Esta representação é dada pelo diagrama do fluxo de caixa. $300 0 1 $500 $200 2 $500 3 4 $300 no qual a escala horizontal representa o tempo (em meses, semestres, anos), as flechas para cima correspondem a entradas de caixa ou receitas e as flechas para baixo representam saídas de caixas ou despesas. No traçado do diagrama adotam-se ainda as seguintes convenções: o investimento é feito no instante O; despesas e receitas tratadas como se ocorressem no fim dos períodos considerados. Nestas condições, o diagrama da figura representa um projeto que envolve investimento inicial de Cr$ 500,00, pagamento de Cr$ 300,00 durante o terceiro ano e que produz receitas de Cr$ 300,00 no primeiro ano, Cr$ 200,00 no segundo e Cr$ 500,00 no quarto. A “convenção de fim de ano” aqui adotada é a mais comum, se bem que alguns autores prefiram considerar pagamentos e receitas ocorrendo no início dos períodos ou fluindo continuamente ao longo do tempo. As fórmulas que serão desenvolvidas podem ser facilmente adaptadas a este caso. Esta convenção pode, eventualmente, diminuir a precisão dos resultados. Despesas de manutenção, por exemplo, não ocorrem numa data fixa, mas são distribuídas ao longo do tempo. O mesmo ocorre com a receita proveniente de um projeto, que flui dia a dia e não no fim do ano. A diminuição da precisão, entretanto, não invalida o resultado. De início, pode-se escolher a unidade de tempo mais adequada ao problema: estimar despesas e receitas mensais em vez de anuais. Por outro lado, a convenção será aplicada a todas as alternativas; a imprecisão de umas será compensada pela imprecisão das demais e a decisão final raramente será sensível a esta aproximação. Na manipulação algébrica de fluxos de caixa costuma-se também adotar uma convenção de sinais, atribuindo-se valor positiva às receitas e valor negativo aos pagamentos e despesas. O diagrama da figura poderia, assim, ser representado pelo vetor ( _ 500. + 300. + 200, _ 300. + 500 ). 04.01.04. Resumo Resumindo as idéias apresentadas, um estudo de engenharia econômica envolve: a) definição do problema; b) determinação das alternativas tecnicamente viáveis; c) determinação e avaliação quantitativa das diferenças futuras – obtenção do diagrama de fluxo de caixa de cada alternativa; d) manipulação dos diagramas e aplicação de critérios de decisão para a obtenção da alternativa mais econômica. e) Avaliação qualitativa das alternativas, inclusão dos fat ores imponderáveis e modificação de decisão anterior se for o caso. Este trabalho visa primordialmente, o item d – manipulação dos diagramas e aplicação de critérios de decisão. Muitos dos exemplos serão apresentados ilustram, entretanto, os demais pontos. 04.02 – COMPARAÇÃO ENTRE ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTOS 04.02.01. Introdução É função da Engenharia Econômica fornecer critérios de decisão para a escolha entre alternativas de investimentos. As várias alternativas podem surgir pela existência de diversos meios para encetar um processo de produção, de diferentes produtos e objetivos a serem alcançados, em suma, de várias formas de aplicação do capital, cada uma exigindo determinados recursos e proporcionando determinadas rentabilidades. Os critérios da Engenharia Econômica levam em consideração fatores econômicos e o objetivo é a escolha das alternativas de maior rentabilidade, embora a meta do investidor possa não ser somente esta. O fato de que nem sempre as propostas de investimento mais rentáveis possam ser realizadas, geralmente por causa da limitação dos recursos, faz com que o resultado de estudos puramente econômicos não seja o único fator a considerar na decisão final. A análise da disponibilidade de recursos, dos encargos financeiros assumidos, etc., deve ser feita paralelamente; é o que se denomina análise financeira dos investimentos em perspectiva. Há outros a serem pesados e que não podem ser reduzidos a valores monetários, não sendo, portanto considerados num estudo puramente econômico. São chamados fatores imponderáveis. Esses fatores deverão ser considerados também na tomada da decisão, sendo sua avaliação subjetiva e puramente dependente do julgamento pessoal daqueles que tem a responsabilidade da escolha. Fluxos de Caixa As várias alternativas num estudo econômico são representadas por fluxos de caixa, ou seja entradas e saídas monetárias apresentadas com as respectivas datas. O fluxo de caixa é portanto um modelo do investimento em perspectiva. Neste fluxo de caixa, as datas que aparecem são sempre futuras, pois num estudo econômico o passado só servirá para auxiliar nas previsões. Após ser usado como indicador da evolução do futuro, o passado não influenciará na decisão a ser tomada. Pelo fato de se tratar sempre com valores estimados, o investimento, após realizado, não evoluirá exatamente como previsto. A Engenharia Econômica diferencia-se assim da contabilidade que trata de grandezas já verificadas, pertencentes ao passado, sendo portando mais exata porém de valor unicamente legal e info rmativo (exceção feita, evidentemente, às técnicas mais modernas de contabilidade). No estudo econômico as entradas e saídas monetárias só tem um significado completo quando acompanhadas pelas datas em que se efetuam. Embora se possa usar tabelas de juros em que o período de composição seja de um ano, me ou dia, etc., há limitações práticas quanto à necessidade de precisão para as datas em que as receitas e as despesas previstas ocorrerão. Contorna-se esse problema considerando essas quantias concentradas e m intervalos de tempos periódicos; em geral adota-se a “convenção de fim de período”, ou seja, que as entradas e saídas monetárias que se dão durante um período estejam concentradas no fim do mesmo. Uma análise da questão mostra que o estudo não será muito afetado em sua exatidão por esta simplificação. O período adotado geralmente é de um ano, podendo ser outro de acordo com a conveniência do projeto em estudo, grau de detalhe e precisão das estimativas de datas e quantias. Para o caso brasileiro onde as taxas de juros são altas, muitas vezes o mês deve ser tomado como período base. Por outro lado, o estudo econômico deve cobrir um intervalo de tempo compatível com a duração da proposta de investimento considerada, freqüentemente denominada vida útil, vida econômica ou simplesmente vida de proposta de investimento. Avaliação de Investimentos Existem várias medidas para avaliara investimentos. Seja uma determinada firma que tenha a oportunidade de escolher entre os seguintes projetos: Projeto Investimento Inicial Fluxo de Caixa Ano 1 Ano 2 A Cr$ 10.000,00 Cr$ 10.000,00 - B Cr$ 10.000,00 Cr$ 10.000,00 Cr$ 1.100,00 C Cr$ 10.000,00 Cr$ 4.000,00 Cr$ 8.000,00 D Cr$ 10.000,00 Cr$ 6.000,00 Cr$ 6.000,00 a)Critério por inspeção. Projeto B é melhor do que projeto A Projeto D é melhor que projeto C, pois é possível reinvistir os ganhos entre os anos 1 e 2. b) Período de recuperação (“pay-back period”). Procura estabelecer o tempo necessário para que fundos gerados pelo investimento sejam iguais ao gasto inicialmente feito. Preocupa-se com a recuperação simples do dinheiro empregado. No caso acima têm-se: Projeto Período de Recuperação A 1 ano B 1 ano C 1 ano e 9 meses D 1 ano e 8 meses Nota-se imediatamente que o método não consegue diferenciar entre os projetos A e B. Sua principal deficiência é não considerar os ganhos após a recuperação, nem o escalonamento das entradas de Caixa. Não se faz um investimento para recuperar o capital, e sim para obter lucro. O processo serve apenas para complementar outros métodos no auxílio da tomada de decisão. c) Ganhos por capital investido. Calcule-se o somatório dos fluxos de caixa e divide-se o total pelo investimento. Projeto Ganhos por Capital Investido A 1 B 1,1 C 1,2 D 1,2 Desconsideram-se inteiramente o fator tempo e as possibilidades de reinvestimento. d) Ganhos médios anuais por capital investido. Semelhante ao anterior e)Critérios econômicos baseados no princípio de equivalência de fluxos de caixa. Consideram-se o valor do dinheiro no tempo, as possibilidades de reinvestimento, o custo de oportunidade, etc. Apesar dos quatro primeiros processos poderem levar a boas decisões em alguns casos (investimentos iguais, de mesma duração e fluxos de caixa homogêneos), a análise da maioria das situações só pode ser feita adequadamente pelos critérios econômicos detalhados a seguir. Critérios Econômicos de Decisão Os métodos de comparação de alternativas de investimento baseiam-se no princípio de equivalência visto; isto supõe o uso de uma taxa de desconto. Qual seria essa taxa? A rentabilidade de uma série de investimentos é dada pela taxa de juros que permitiria ao capital empregado fornecer um certo retorno . De um modo geral existem várias aplicações possíveis de capital, interessando apenas as mais rentáveis. Ao se considerar uma nova proposta de investimento, deve-se levar em conta que esta vai deslocar recursos disponíveis e, portanto, deixar-se-á de auferir retorno de outras possíveis fontes. Portando, a nova proposta para ser atrativa deve render, no mínimo, a taxa de juros equivalente à rentabilidade das aplicações correntes e de pouco risco. Esta é, portanto, taxa mínima atrativa de retorno ou taxa mínima de atratividade. Dado que cada pessoa ou empresa tem possibilidades de investimentos diferentes, haverá uma taxa mínima de atratividade para cada uma. Exemplificando, se existe letras de câmbio que garantem uma rentabilidade de 2,5 % ao mês, a proposta de investimento em ações só será atrativa se proporcionar rendimento maior. Cumpre ressaltar que um estudo econômico recai sempre na escolha entre alternativas; dever-se-á tomar uma decisão entre não fazer nada, abandonar projetos em andamento ou investir em novos projetos, etc. Os métodos de comparação baseados nos princípios de equivalência determinam quantias únicas que representem, do ponto de vista econômico, cada alternativa de investimento. Serão três os métodos aqui apresentados: método do valor atual, método do custo anual e da taxa de retorno. O critério da relação benefício/custo será considerado em outro capítulo, quando projetos governamentais forem estudados. Inicialmente supor-se-á que o investimento seja instantâneo (no período zero) e que não haja inflação, risco e imposto de renda. 04.02.02. Método do Valor Atual No método do valor atual calcula-se o valor atual do fluxo de caixa, com o uso da taxa mínima de atratividade; se este valor for positivo, a proposta de investimento é atrativa. Exemplo: Considere-se a proposta de investimento que envolve investir Cr$ 10.000,00 hoje para receber Cr$ 2.000,00 anuais, nos próximos 10 anos, conforme o diagrama de fluxo de caixa que se segue: Cr$ 2.000,00 1 Cr$ 10.000,00 2 3 4 5 6 7 8 9 10 A taxa mínima de atratividade é 10 % ao ano. É atrativo o investimento? Resolução: __ Cr$ 10.000,00 + Cr$ 2.000,00 X FVA (10 %, 10) = Cr$ 2.288,00 Inclui-se, pois, que o investimento é atrativo. No caso de considerarem alternativas de investimento com durações idênticas, escolhe-se a de maior valor anual. Exemplo: Se, competindo com a proposta de investimento acima, houvesse uma alternativa B, de se investir Cr$ 14.000,00 para obter-se Cr$ 3.000,00 anuais durante 10 anos, qual seria a proposta escolhida? Resolução: O valor atual da proposta B é __ Cr$ 14.000,00 + Cr$ 3.000,00 X FVA (10 %, 10) = Cr$ 4.432,00. Por ter maior valor atual, esta proposta é escolhida de preferência à anterior. Geralmente a data escolhida para o cálculo do valor atual é o “dia de hoje”, daí o termo “valor presente” também usado para designar o método. Entretanto, qualquer que seja a data usada, a decisão será a mesma. Para ilustrar, considere-se as duas propostas anteriores. O valor atual de cada uma delas ao fim do período 6 será: Proposta A: Cr$ 2.288,00 X FAC’ (10 %, 6) = Cr$ 5.103,36. Proposta B: Cr$ 4.432,00 X FAC’ (10 %, 6) = Cr$ 7.853,00. Evidentemente a posição relativa das propostas não mudou. No caso de comparara propostas de durações diferentes, alguma hipótese será exigida sobre o que será feito após o término da proposta de menos duração. Isto será visto detalhadamente em 4.5. Considerações Sobre o Método. Observe-se que toda vez que se consegue investir uma quantia exatamente à taxa de atratividade, o valor presente do projeto como um todo será nulo. Um valor atual positivo indica, pois, que está investindo a uma taxa superior à taxa de atratividade. O universo ocorre para valores presentes negativos. Por outro lado, o valor presente de um fluxo de caixa indica a diferença entre o valor atual das quantias futuras envolvidas e o investimento inicial. Justifica-se o método apresentado, pois um valor atual positivo significa que as quantias futuras, descontadas à taxa mínima de atratividade, superam o investimento inicial necessário – o que torna atrativa a proposta. Por outro lado, um valor atual negativo significa que se está investindo mais do que se irá obter, o que é, evidentemente, indesejáv el; em outras palavras, a mesma quantia, se fosse investida à taxa de atratividade, renderia mais do que no projeto em questão. Conclui-se que o valor atual das quantias futuras do fluxo de caixa é igual ao máximo investimento que se estará disposto a fazer para obtê-las. Considere-se, como ilustração, o seguinte caso: O Sr. A possui uma propriedade que lhe dará uma renda mensal de Cr$ 1.000,00 por mais 5 anos. Ele calcula que daqui a 5 anos sua propriedade poderá ser vendida por Cr$ 20.000,00. Surgiu -lhe a oportunidade de aplicação do capital a 2 % ao mês, que ele considera boa, face às suas aplicações atuais. Por outro lado, o Sr. B possui capital aplicado em ações que lhe rendem 1 % ao mês e deseja comprar a propriedade do Sr. A Para o Sr. A, o valor da propriedade, suposta para fins rentáveis unicamente, será de: Cr$ 1.000,00 X FVA (2 %, 60) + Cr$ 20.000,00 X FVA’ (2 %, 60) = Cr$ 40.857,00 tendo-se que a taxa mínima de atratividade é 2 % ao mês e FVA (2 %, 60) = 34.7610 e FVA’ (2 %, 60) = 0,3048 O valor de Cr$ 40.857,00 é a quantia que seria necessária para, aplicada à taxa de 2 % ao mês, proporcionar ao Sr. A uma renda de Cr$ 1.000,00 mensais e acumular um fundo de Cr$ 20.000,00 ao final de 5 anos. Este é o valor mínimo pelo qual venderá a propriedade. Para o Sr. B, que estima o valor de revenda da propriedade também em Cr$ 20.000,00, o valor máximo pelo qual está disposto a compra -la é Cr$ 22.963,00, pois a 1 % ao mês esta quantia reproduzirá os resultados da propriedade. Como a taxa mínima de atratividade do Sr. B é de 1 %, diferente da taxa do Sr. A, a sua avaliação é diferente. Concluindo, o negócio poderá ser feito por qualquer quantia entre Cr$ 40.857,00 (preço de venda mínimo do Sr A) e Cr$ 55.963,00 (preço de compra máxima do Sr. B.). Exemplo: É proposta a venda de determinada máquina para fins rentáveis; o comprador em perspectiva tem uma taxa mínima de atratividade de 10 % ao ano. A máquina proporcionará uma receita líquida de Cr$ 20.000,00 no primeiro ano, diminuindo em seguida à base de Cr$ 1.000,00 ao ano por mais 12 anos. O valor estimado de revenda daqui a 12 anos é de Cr$ 26.000,00. Até quanto estaria o comprador disposto a pagar pela máquina? Resolução: a) Fluxo de caixa (em Cr$ 1.000,00): 20 19 26 18 9 VA = p 1 2 3 12 b) Valor atual (VA): VA = Cr$ 20.000,00 X FVA (10 %, 12) – Cr$ ...; 1.000,00 X GFVA (10 %, 12) + Cr$ 26.000,00 X FVA’ (10 %, 12) VA = Cr$ 136.280,00 – Cr$ 29.900,00 + Cr$ ... 8.280,00 VA = Cr$ 114.100,00 Este valor é o máximo que o comprador estará disposto a pagar pela máquina, pois corresponde ao valor atual das receitas líquidas futuras. Cabe ainda um comentário sobre os fundamentos do método do valor atual. Sejam dois investimentos representados pelos fluxos de c aixa que se seguem: Projeto A ---------------------------------- CR$ 30,00 1 2 3 CR$ 100,00 Projeto B: 4 5 ---------------------------------- CR$ 58,00 1 2 3 4 5 CR$ 200,00 Taxa de atratividade = 10 % Valor atual do projeto A: - Cr$ 100,00 + Cr$ 30,00 FVA (10 %, 5) = Cr$ 14,00 Valor atual do projeto B: - Cr$ 200,00 + Cr$ 58,00 FVA (10 %, 5) = Cr$ 20,00 Qual é o melhor projeto, assumindo que o investidor possui Cr$ 200,00 para aplicar? A primeira coisa que é preciso notar é que se trata de investimentos de quantias distintas. Assim sendo, cumpre pensar sobre o que o interessado fará com os Cr$ 100,00 que sobrarão caso ele se decida pelo projeto A. Se ele puder aplicar todos os seus Cr$ 200,00 em dois projetos do tipo A, o valor presente de seu investimento será de duas vezes Cr$ 14,00, o que dá Cr$ 28,00. Como isto é superior a Cr$ 20,00, ele deverá optar pelos projeto A. No entanto, se não houver a possibilidade de duplicar o investimen to em A, como ocorre freqüentemente na prática (raras vezes tem sentido fazer duas fábricas iguais e nem sempre compensa duplicar uma delas), será razoável assumir as seguintes alternativas: Aplicar Cr$ 200,00 no projeto B, cujo valor presente é Cr$ 20,00 Aplicar Cr$ 100,00 em A e os Cr$ 100,00 restantes à taxa de atratividade. O valor presente dessa composição seria Cr$ 14,00, uma vez que investir à taxa de atratividade implica num valor atual nulo. Neste caso a escolha recairia em B. O importante aqui é entender que a decisão depende daquilo que se vai fazer com o montante não investido no projeto mais barato. Evidentemente, poderia se supor o investimento do restante a uma taxa diferente da taxa de atratividade. O critério de escolher a alternativa de maior valor atual assume, implicitamente, que o investimento dos saldos se faz à taxa de atratividade. Comparação de Custos Freqüentemente deseja-se comparar alternativas que fornecem a mesma comodidade, o mesmo produto, em suma, o mesmo benefício. Por exemplo, a produção de determinado artigo pode ser feita por vários tipos de equipamentos; embora a receita obtida com a venda do produto seja sempre a mesma, o lucro vai depender da diferença entre receita e custos. Neste caso, interessa a comparação dos custos das alternativas, sendo melhor a que tiver menos custo. O valor atual dos custos das alternativas servirá então para compará-las. Ao usar-se tal tipo de comparação, deve-se ter o cuidado de verificar se os benefícios fornecidos pelas alternativas são re almente os mesmos; principalmente no que diz respeito à duração da prestação dos serviços. Deve-se sempre comparar alternativas de durações idênticas. Exemplo: Um homem está considerando a compra de um automóvel; duas oportunidades pareceram-lhe atrativas; a de um carro com dois anos de idade e a de outro com quatro anos. Qualquer que seja a escolha, ele pretende manter o automóvel por um ano e então comprar o modelo novo. O carro mais velho é oferecido a um preço de Cr$ 6.000,00 à vista e o mais novo a Cr$ 4.000,00 de entrada e Cr$ 700,00 mensais, durante 6 meses. As despesas estimadas, supondo quilometragem média de 2.000 km/mês, são as seguintes: Carro mais novo: Combustível, manutenção, etc.: Cr$ 200,00/mês Carro mais velho; Combustível, manutenção, etc.: Cr$ 250,00/mês Os valores de revenda será de Cr$ 4.800,00 e Cr$ 6.800,00 para o carro de 4 anos e o de 2 anos, respectivamente. A taxa mínima de atratividade do comprador é 1 % ao mês. Qual a alternativa que deverá ser escolhida? Resolução: 1) Valor atual dos custos do carro mais velho: a)Fluxo de caixa: 1 2 Cr$ 4.800,00 3 ----------------------12 Cr$ 6.000,00 Cr$ 250,00 b) Valor atual dos custos (VA): VA = Cr$ 6.000,00 + Cr$ 250,00 X FVA (1 %, 12) – Cr$ 4.800,00 X FVA’ (1 %, 12) VA = Cr$ 6.000,00 + 2.813,70 – Cr$ ... 4.259,50 VA = Cr$ 4.554,20 NOTA: Como se está interessado em custos, os sinais foram invertidos, passando custos a terem sinais positivos e receitas sinais negativos, ao invés da convenção anteriormente adotada. 2) Valor atual dos custos do carro mais novo: a)Fluxo de caixa: Cr$ 6.800,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Cr$ 4.000,00 Cr$ 900,00 b)Valor atual dos custos (VA): VA = Cr$ 4.000,00 + Cr$ 200,00 X FVA (1 %, 12) – Cr$ 200,00 X FVA ( 1 %, 12) – Cr$ 6.800,00 X FVA’ (1 %, 12) + Cr$ 700,00 X FVA (1 %, 6) VA = Cr$ 4.000,00 + Cr$ 2.251,00 – Cr$ ..... 6.034,30 + Cr$ 4.056,50 VA = Cr$ 46.273,20 Conclui-se que é mais econômico comprar o carro mais novo. Custo capitalizado Freqüentemente encontram-se propostas de investimento que fornecerão benefícios por um período tão grande que poderá ser considerado eterno. Isto se dá principalmente em obras públicas, tais como estrad as, diques, canais, etc. O valor atual de todos os custos inerentes à proposta de investimento chama-se “custo-capitalizado”. Exemplo: Uma municipalidade está considerando a execução de uma obra destinada à diversão pública; entre as possibilidades sobressaem a construção de um estádio ou a de um parque com jardins, lago, etc. Os responsáveis se dividem sobre qual das alternativas proporcionaria maiores benefícios, consideram-se, portanto, que sejam equivalentes sob este aspecto. O investimento inicial no projeto do parque seria de Cr$ 6.000.000,00, sendo os benefícios perpétuos. Gastos anuais de cerca de Cr$ 60.000,00 seriam exigidos para manutenção; de 20 em 20 anos, estima -se, seriam necessários gastos da ordem de Cr$ 1.500.000,00 para dragagem do lago, reforma dos jardins e edifícios, etc. Considerando-se uma taxa de 5 % ao ano, qual o custo capitalizado desta obra? Solução: a) Custo anual de manutenção: Cr$ 60.000,00 b) Custo anual equivalente aos gastos de 20 em 20 anos: Cr$ 1.500.000,00 X (5 %, 20) = Cr$ ..... 1.500.000,00 X 0,0302 = Cr$ 45.360,00 c) Custo capitalizado Observando-se que FVA (5 % , oo) = 1 0,05 o custo capitalizado será: Cr$ 6.000.000,00 + ( Cr$ 6.000.000,00 + Cr$ 45.360,00 = 0,05 = Cr$ 8.107.200,00 Nestas condições, o estádio só será preferível se seu custo capitalizado for menos que Cr$ 8.107.200,00 04.02.03. Método do Custo Anual A composição entre as alternativas de investimento pelo método do custo anual é feita reduzindo-se o fluxo de caixa de cada proposta a uma série uniforme equivalente, com o uso da taxa mínima de atratividade. Os valores obtidos são então confrontados, permitindo uma decisão entre alternativas. Exemplo Ao ser exposto o método do valor atual, considerou-se duas propostas de investimento: 1) a proposta A, exigindo Cr$ 10.000,00 de investimento inicial e fornecendo receitas líquidas de Cr$ 2.000,00 anuais, durante 10 anos. Cr$ 2.000,00 Cr$ 10.000,00 2) a proposta B, com Cr$ 14.000,00 de investimento inicial, e proporcionando Cr$ 3.000,00 anuais, durante 10 anos. Cr$ 3.000,00 Cr$ 14.000,00 A taxa mínima de atratividade é de 10 % ao ano. Usando -se o método do custo anual tem-se: Alternativa A: a) Custo anual equivalente ao investimento inicial: CA = Cr$ 10.000,00 X FRC (10 %, 10) CA = Cr$ 1.627,50 b) Receita líquida anual: Cr$ 2.000,00 c) Série anual uniforme equivalente aos lucros: Cr$ 2.000,00 – Cr$ 1.627,50 = Cr$ 372,50 Alternativa B: a) Custo anual equivalente ao investimento inicial CA = Cr$ 14.000,00 X FRC (10 %, 10) CA = Cr$ 2.278,50 b) Receita líquida anual: Cr$ 3.000,00 c) Série anual uniforme equivalente aos lucros: Cr$ 3.000,00 – Cr$ 2.278,50 – Cr$ 722,00 Alternativa B mostra-se mais vantajosa, pois apresenta o maior lucro anual equivalente. Observa-se que este método conduz à mesma decisão obtida pelo método no valor atual. O termo “método do custo anual”, significando “método do custo anual equivalente”, vem do fato do método ser comumente usado para comparar custo de alternativas. Estas, evidentemente, deverão fornecer benefícios idênticos para que a comparação dos custos sirva de critério de decisão. Caso os benefícios não sejam os mesmos conforme o exemplo apresentado, a aplicação do método exige que se considerem tanto as receitas como os custos. O caso seguinte tornará mais claro o significado do custo anual. Exemplo: Uma companhia está considerando a possibilidade de mecanização de parte da produção. O equipamento exigido teria custo inicial de Cr$ 30.000,00, vida útil de 5 anos e valor residual de Cr$ 2.000,00. O custo de manutenção, energia, etc. seria da ordem de Cr$ 5.000,00 anuais e o equipamento economizaria mão-de-obra no valor de Cr$ 12.000,00 por ano. O fabricante do equipamento financia a venda em 5 anos, da seguinte for ma: Cr$ 28.000,00 pagos em parcelas iguais parcelas iguais, a juros de 10% ao ano; juros de 10% ao ano sôbre os Cr2.000,00 restantes, pagos anualmente; devolução do equipamento após os 5 anos. É vantajosa a mecanização? a) Considerações: As alternativas são: 1-Continuar pagando Cr$ 12.000,00 por ano de mão-de-obra. 2 – Aceitar o financiamento do equipamento (Supõe-se que a companhia não possa efetuar a compra à vista, nem obter outro financiamento melhor). Se a Segunda alternativa é aceita, Cr$ 28.000,00 serão pagos em 5 parcelas iguais (correspondentes ao principal e aos juros) e Cr$ 2.000,00 serão pagos ao final do 5o. Ano com a devolução do equipamento. Os juros correspondentes a esta quantia de Cr$ 2.000,00 serão pagos anualmente. b) Resolução Com a mecanização, a companhia incorrerá anualmente nos seguintes custos durante 5 anos: Com a mecanização, a companhia incorrerá anualmente nos seguintes custo durante 5 anos: 1-Manutenção, energia, etc.: Cr$ 5.000,00 2-Pagamento ao fabricante do equipamento: a) Série uniforme de pagamentos anuais Cr$ 28.000,00 x FRC (10%, 5) = Cr$ 28.000,00 x 0,2638 = Cr$ 7.386,40 b)juros anuais sobre a quantia a ser paga no final: Cr$ 2.000,00 x 0,1 = Cr$ 200,00 Note-se que a série de pagamentos anuais de Cr$ 7.386,40 + Cr$ 200,00 = Cr$ 7.586,40 é equivalente, à taxa de 10% ao ano, ao seguinte fluxo de caixa: Cr$ 2.000,00 Cr$ 30.000,00 Custo anual total: Cr$ 5.000,00 + Cr$ 7.386,00 + Cr$ 200,00 = Cr$ 12.586,40 Conclui-se que a mecanização apresenta custo anual superior que o uso da mão-de-obra; decide-se portanto, pela manutenção do processo atual. No caso geral não se trata de financiamento do tipo exposto no problema anterior; o que se tem é um deslocamento considerado. Haverá, portanto, a perda de oportunidade de outras aplicações, representa pelo desconto dos valores à taxa de atratividade. A taxa usada no cálculo do custo anual equivalente será então a taxa mínima de atratividade, mesmo que o investimento seja financiado. Exemplo: Certa empresa de mineração necessitará de um caminhão por 5 anos. Este tem custo inicial de Cr$ 28.800,00 e estima-se seu valor de revenda em Cr$ 8.400,00, daqui a 4 anos. O custo anual de manutenção, combustível e mão-de-obra é estimado ser Cr$ 13.200,00 no primeiro ano, crescendo cerca de Cr$ 1.800,00 ao ano em seguida. Por outro lado, o mesmo serviço pode ser obtido mediante o aluguel do caminhão em uma companhia de transportes, que cobrará Cr$ 25.000,00 anualmente. Sendo de 10 % ao ano a taxa mínima de atratividade, deve-se alugar ou comprar o caminhão? Resolução: a) Fluxo de caixa: Cr$ 8.400,00 1 2 3 4 Cr$ 13.200,00 Cr$ 28.800,00 Cr$ 18.600,00 b)Custo anual de recuperação do capital (RC): RC = Cr$ (28.800,00 – 8.400,00) X FRC (10 %, 4) + Cr$ 8.400,00 X 0,1 RC = Cr$ 20.400,00 X 0,31547 + Cr$ 8.400,00 X 0,1 RC = Cr$ 7.260,00 c) Custo anual de manutenção, mão-de-obra, etc. (M): M = Cr$ 13.200,00 + Cr$ 1.800,00 X FG (10 %, 4) M = Cr$ 15.702,00 d) Custo anual total (CA) CA = Cr$ 7.260,00 + Cr$ 15.702,00 CA = Cr$ 22.962,00 Conclui-se que é mais vantajoso comprar o caminhão. Observe-se que no caso de fluxos de forma L P = Investimento L = Valor residual O N P Utilizou-se a expressão (P-L) x FRC (i, n) L i para o cálculo do custo anual equivalente. Tudo se passa como se o investidor aplicasse apenas a diferença entre o investimento inicial e o valor residual. Entretanto, como o valor residual fica "“preso" até o ano n , tem-se que reconhecer que isto acarreta a perda anual dos juros, o que explica a parcela L i. O método do curso anual, por ser de mais fácil interpretação, pode freqüentemente ser utilizado com ampla vantagem sobre os demais, tanto para comparação de custos quanto de receitas. 04.02.04. Método da Taxa de Retorno A avaliação da rentabilidade de uma proposta de investimento é feita pela taxa de juros que torna equivalente o investimento inicial ao fluxo de caixa subsequente. Talvez este tipo seja o método mais fácil de entender, já que a avaliação de rentabilidade por meio de uma taxa é coisa bastante usada (embora nem sempre corretamente). Para ilustrar, considere-se o caso visto em 4.2, em que o Sr. B desejava comprar a propriedade do Sr. A Suponha-se que o Sr. A anunciou a propriedade por Cr$ 40.857,00. O Sr. B deseja saber qual seria a rentabilidade do investimento, caso decida comprá-la. Isto significa que o investimento de Cr$ 40.857,00 permitiria a obtenção do seguinte fluxo de caixa, conforme os valores anteriormente apresentados: Cr$ 20.000,00 Cr$ 1.000,00 ------------------------------------------- 1 2 3 59 60 A taxa que faz o valor atual no ano zero, desse fluxo de caixa, igual a Cr$ 40.857,00 é a de 2 % ao mês, pois: Cr$ 1.000,00 X FVA (2 %, 60) + Cr$ 20.000,00 X FVA’ (2 %,60) = Cr$ 40.857,00 Portanto, a taxa de retorno do investimento seria 2 %. Essa taxa torna o investimento inicial equivalente ao fluxo de caixa subsequente. Observe-se que a taxa de retorno é a taxa que anula o valor atual do fluxo de caixa do investimento, ou seja, no caso, o valor atual da série de retiradas à taxa de 2 % é + Cr$ 40.857,00, que somados ao investimento inicial de – Cr$ 40.857,00, é igual a zero. Se a taxa de retorno for superior à taxa mínima de atratividade, o investimento é atrativo. Cálculo da Taxa de Retorno O cálculo da taxa de retorno é feito no caso geral por tentativas e interpolações. Isto porque nem todas as propostas de investimento se constituem de fluxos de caixa semelhantes aos usados para o estabelecimento dos fatores de conversão. No processo de tentativas, a partir de uma taxa inicial, calcula -se o valor atual do fluxo de caixa. O objetivo é obter uma taxa que torne este valor nula, e, portanto, vai-se modificando a taxa no sentido de torná-lo próximo de zero. A partir de duas taxas que forneçam valores atuais próximos de zero, porém de sinais opostos, pode-se por interpolação determinar a taxa de retorno aproximada. A primeira taxa usada nos cálculos deve ser evidentemente a mais próxima possível da taxa de retorno. Uma forma de obtê-la é aproximar-se o fluxo de caixa para um dos fluxos que originaram os fatores, determinar o fator correspondente e através de uma das tabelas de juros determinar a taxa. O exemplo que se segue tornará mais claro o cálculo da taxa de retorno. Exemplo A compra de determinada máquina está sendo considerada por uma empresa: tem custo inicial de Cr$ 150.000,00. Foi estimado que proporcionará um excesso de receitas sobre despesas nos próximos 12 anos, começando com Cr$ 30.000,00 no primeiro e decrescendo à base de Cr$ 1.500,00 por ano, devido ao aumento dos custos. O valor de revenda daq ui a 12 anos é previsto ser Cr$ 39.000,00. Qual a taxa de retorno fornecida pelo investimento na máquina? Resolução: a) Fluxo de caixa Cr$ 39.000,00 Cr$ 30.000,00 Cr$ 150.000,00 Cr$ 18.000,00 b) Determinação de uma taxa em primeira aproximação. Olhando-se para o fluxo de caixa, vê-se que é possível aproximá-lo para o seguinte fluxo de caixa: Cr$ 30.000,00 Cr$ 150.000,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Obtém-se, pois, Cr$ 150.000,00 = Cr$ 30.000,00 X FVA (i, 12) 000 FVA (i, 12) = 150 ______ =5 30 000 Da tabela, para n = 12 e FVA (i,12) = 5, tira-se i = 15 % c) Tentativas Valor atual (VA) VA = - Cr$ 150.000,00 + Cr$ 30.000,00 X FVA (i, 12) – Cr$ 1.500,00 X GFVA (i, 12) + Cr$ 39.000,00 X FVA (i, 12). 1 – Valor atual a 15 % VA = - Cr$ 150.000,00 + Cr$ 162.630,00 – Cr$ 31.680,00 + 4.740,00 VA = - Cr$ 14.310,00 2 – Valor atual a 12 % VA = - Cr$ 150.000,00 + Cr$ 185.820,00 – Cr$ 38.940,00 + Cr$ 10.020,00 VA = Cr$ 6.900,00 Os valores atuais a 15 % e a 12 % são considerados próximos de zero, pois a tabela não fornece outras taxas intermediárias. d) Interpolação. Como os valores obtidos acima têm sinais opostos, pode-se fazer uma interpolação, determinando-se a taxa que fornece valor atual nulo, de acordo com o gráfica: VA + Cr$ 6.900,00 0 i 12 % 15 % - Cr$ 14.310,00 Assim, (i – 0,12) = (0,15 – i) 6 900 14 300 Taxa i = 0,12 + 6 900 X (0,15 - 0,12) (14310 + 6900) i = 0,12 + 0,0096 i = 13 % Pelo que foi visto, pode-se definir a TAXA DE RETORNO como sendo a taxa de juros que anula o valor presente de um fluxo de caixa. Sempre que a taxa de retorno de um investimento for superior a sua taxa de atratividade ele poderá ser aceito. Quanto se comparam dois projetos de investimento, nem sempre o que tem maior taxa de retorno é aquele que deve ser escolhido. Um exemplo servirá para explicar isto melhor. Sejam os projetos A e B representados pelos fluxos a seguir: Projeto A 0 Cr$ 100,00 Cr$ 400,00 Cr$ 700,00 Projeto B 0 Cr$ 200,00 Uma certa firma, cuja taxa de atratividade é de 100 % e cujo orçamento para projetos é de Cr$ 200,00 deve escolher entre os dois projetos A e B, sendo que não é possível repetir o projeto A. É fácil ver que as taxas de retorno dos dois projetos são de 300 % para A e 150 % para B. Como ambas são superiores a 100 % (taxa de atratividade), eles satisfazem. Resta escolher entre eles. Se a firma optasse por A, sobrariam outros Cr$ 100,00 no seu orçamento. Partindo da hipótese de que esta quantia seria aplicada a taxa de atratividade, no final do ano 1, além dos Cr$ 400,00 gerados pelo investimento em A, mais Cr$ 200,00 adviriam á empresa pela simples aplicação à taxa de atratividade. No total, Cr$ 600,00 seriam obtidos. É óbvio que sob estas premissas mais valeria investir todos os Cr$ 200,00 no projeto B. Assim, pode-se concluir que a comparação direta ente dois projetos pelo método de taxa de retorno só é válida se eles tiverem o mesmo investimento inicial. Nesse caso, o de maior taxa de retorno é o melhor. Sempre que as quantias a serem investidas diferirem, cumpre fazer uma hipótese quanto à aplicação da soma não investida no projeto mais barato. Uma das hipóteses mais coerentes com a filosofia da taxa de atratividade é de que tal aplicação será a esta taxa. Partindo dessas idéias, pode-se deduzir que o importante na análise entre projetos é medir suas DIFERENÇAS. No exemplo dado, esta análise seria do seguinte tipo: Fluxo das diferentes entre os projetos A e B: (B – A) Investimento (B – A) Montante (B – A) Cr$ 300,00 0 1 Cr$ 100,00 Em outras palavras, o que se quer saber é se compensa aplicar mais Cr$ 100,00 em B do que em A, para obter mais Cr$ 300,00. A taxa de retorno incremental de B sobre A é de 200 %, ou seja, superior à taxa de atratividade. A aplicação dos Cr$ 100,00 adicionais seria pois mais do que justificada. Note-se que a utilização de um método que analise as diferenças é bastante sutil. O processo decompõe o Projeto B em duas partes: PROJETO – B PROJETO – A PROJETO (B-A) Cr$ 400,00 Cr$ 700,00 Cr$ 300,00 = 0 1 Cr$ 200,00 0 1 + Cr$ 100,00 0 1 Cr$ 100,00 O ponto crucial é que a taxa de retorno do investimento adicional tem que ser maior que a taxa de atratividade (no exemplo isto aparece – 200%). Caso o projeto B gerasse apenas Cr$ 550,00, em vez de Cr$ 700,00 no final do ano 1, não compensaria investir mais Cr$ 100,00 para obter Cr$ 150,00 a mais. A firma deveria optar pelo investimento em A e a plicar o restante à taxa de atratividade. Investimentos Incrementais No caso de alternativas de investimento mutuamente exclusivas deve-se examinar a taxa de retorno obtida no acréscimo de investimento de uma em relação à outra. Sempre que essa taxa for superior à taxa mínima de atratividade, o acréscimo é vantajoso. Isto faz com que a proposta escolhida não seja necessariamente a de maior taxa de retorno. O exemplo seguinte ilustrará este ponto. Considere-se um empresário que possui a taxa mínima de atratividade de 7 % ao ano. Surge em sua empresa a oportunidade de uma redução de custos no processo de fabricação; um investimento de Cr$ 10.060,00 trará uma redução de custos de Cr$ 3.000,00 durante 5 anos, sem valor residual. Um investimento de Cr$ 20.000,00 trará redução de Cr$ 5.550,00 nas mesmas condições. Sendo os dois investimentos mutuamente exclusivos, qual deverá ser feito? a) Fluxos de caixa: Proposta A: Cr$ 3.000,00 1 2 3 4 5 Cr$ 10.060,00 Proposta B: Cr$ 5.550,00 Cr$ 20.000,00 Resolução: Uma consulta às tabelas, indicará que o fator de valor atual 3,35 que iguala Cr$ 3.000,00 anuais durante 5 anos à quantia de Cr$ 10.060,00 hoje é FVA (15 %, 5); portanto a taxa de retorno da primeira proposta (A) é de 15 % ao ano. Raciocínio idêntico mostra que a taxa de reto rno da outra proposta é 12 % ao ano. Ambas são superiores à taxa mínima de atratividade de 8 % ao ano. O acréscimo de investimento da Segunda proposta em relação à primeira, proporcionará o acréscimo de rendimento de Cr$ 5.550,00 – Cr$ 3.000,00 = Cr$ 2.550,00 ao ano. O fluxo de caixa correspondente seria: Cr$ 2.550,00 (B-A) Cr$ 9.940,00 Assim, Cr$ 2.550,00 X FVA (i, 5) = Cr$ 9.940,00 FVA (i, 5) = 9.940 = 3,9 2.550 Conclui-se, com o uso das tabelas, que a taxa correspondente é, aproximadamente, 9 % ao ano, e, portanto, a proposta B é mais vantajosa e deve ser escolhida. As explicações seguintes justificarão a conclusão: Considere-se a quantia de Cr$ 20.000,00 pertencente ao empresário. Se a alternativa A for a escolhida, o empresário investirá Cr$ 10.060,00. Ela pode ser dividida em duas parcelas conforme os fluxos de caixa que seguem: 1) Cr$ 3.000,00 1 Cr$ 10.060,00 2 3 4 5 2) Cr$ 2.550,00 1 2 3 4 5 Cr$ 9.940,00 É fácil ver que esses fluxos de caixa somados reproduzem o fluxo de caixa da proposta B. A primeira parcela, idêntica à proposta A, corresponde à taxa de retorno de 15 % ao ano. A Segunda correspondente ao investimento incremental (B-A) fornecerá, como foi visto, a taxa de 9 % ao ano. Portanto, se a proposta B for a escolhida, a parcela adicional de Cr$ 9.940,00 será empregada a uma taxa maior que a mínima de atratividade, mostrando ser, esta proposta superior. Alternativas Múltiplas Sempre que houve alternativas múltiplas, uma análise como a precedente deverá ser feita. Podem-se colocar as várias alternativas em ordem crescente de investimento exigido e calcular sucessivamente a taxa de retorno do incremento de investimento de cada proposta, em relação à anterior, eliminando-se as propostas cujo investimento incremental proporcionar taxa de retorno à mínima de atratividade. Por exemplo: Suponha-se que além das propostas do exemplo anterior, existam mais duas, uma com investimento de Cr$ 25.000,00, que trará redução nos custos de Cr$ 6.800,00 por ano, e outra de Cr$ 30.000,00 com redução de Cr$ 8.500,00 anuais nos custos. Os fluxos de caixa seriam: Proposta C Cr$ 6.800,00 1 2 3 4 5 Cr$ 25.000,00 Proposta D: Cr$ 8.500,00 1 2 3 4 5 Cr$ 30.000,00 O incremento de investimento da proposta A em relação à B já foi estudado. Viu-se que é vantajoso. A terceira proposta (C) apresenta em relação á Segunda um (C – B) de Cr$ 5.000,00 e uma economia extra aumento de investimento de Cr$ 6.800,00 – Cr$ 5.550,00 = Cr$ 1.250,00 anuais, conforme o fluxo de caixa seguinte: (C-B) Cr$ 1.250,00 1 2 3 4 5 Cr$ 5.000,00 Isto corresponde a uma taxa de retorno de cerca de 7 % ao ano, inferior à taxa mínima de atratividade do empresário, de 8 % ao ano. Não é atrativa, portanto, a proposta C, sendo então eliminada. Compara-se agora a Quarta proposta (D) com a Segunda (B) e não mais com a terceira, que já foi eliminada. O fluxo de caixa de investimento incremental é: (D-B) Cr$ 2.950,00 1 2 3 4 5 Cr$ 10.000,00 Este acréscimo de investimento proporciona uma taxa de retorno superior a 14 % ao ano. Conclui-se que o melhor investimento é o de Cr$ 30.000,00, sendo sua taxa de retorno de cerca de 12 % ao ano. Na forma de tabela ter-se-ia: Proposta Investimento inicial Redução anual A B C D Cr$ 10.060,00 Cr$ 20.000,00 Cr$ 25.000,00 Cr$ 30.000,00 Cr$ 3.000,00 Cr$ 5.550,00 Cr$ 6.800,00 Cr$ 8.500,00 15 % 12 % 12 % 13 % - Cr$ 9.940,00 Cr$ 5.000,00 Cr$ 10.000,00 - 9% 7% 14 % de Custos Taxa de retorno Investimento incremental Taxa de retorno do investimento incremental Note-se que o investimento incremental da Quarta proposta é tomado em relação à Segunda, já que a terceira, não tendo sido aceita, é eliminada por completo da análise. 04.02.05. Alternativas com Vidas Diferentes Até agora os métodos de comparação de alternativas de investimento foram usados para propostas de mesma duração. Propostas com vidas diferentes são comparadas pelos mesmos métodos, porém não basta comprar simplesmente os fluxos de caixa. Por exemplo, se uma proposta que tem vida de 5 anos deve ser comparada com outra de 8 anos de vida, deve-se aventar alguma hipótese sobre o que seria feito do 5º ao 8º ano, caso a primeira fosse aceitar; ela poderia permitir investimento altamente rentável neste período, o que a tornaria mais atrativa, ou vice-versa. No caso do método do valor atual, o fundamental é entender que uma simples comparação entre os projetos não é sempre válida. Sejam dois projetos A e B de mesmo investimento inicial e mesmo valor atual. Admite se que a vida útil de A seja menor que a B: Projeto A Valor Atual – 1.000 --------------------- 1 2 3 4 5 I Projeto B Valor Atual = 1.000 ------------------------------------------- 1 2 3 4 5 6 7 8 I Dependendo do que for feito entre os períodos 5 e 8 ambos os projetos serão ou não equivalente. Caso se repita o projeto de menor duração (A), a escolha entre eles deverá recair em A. Caso isto não ocorra, e as quantias geradas pelo fluxo de caixa sejam reinvestidas à taxa de atratividade, ambos os projetos serão matematicamente equivalentes. Na prática, sempre poderá surgir uma aplicação melhor no futuro, o que fará a balança pender para A. Em caso de pessimismo, o contrário acontecerá. Continuando este raciocínio, é fácil ver que se os valores atuais diferirem, fica difícil escolher entre eles. Para remediar a situação, pode -se adotar o método de repetir os projetos até o mínimo múltiplo comum de suas vidas, ou fazer outra hipótese qualquer como calcular o valor residual do projeto de maior duração (Projeto B) no último ano de vida do projeto de menor duração (ano 5). Para o método do custo anual ter validade neste tipo de comparação faz-se também a hipótese de repetição. Como o processo compara custos ou receitas num período, não há necessidade de grandes cálculos. Apenas, deve-se reconhecer que a hipótese de repetição está implícita no método. A seguir ver-se-á um “caso em que será assumida a repetição considerada acima”. Exemplo Na produção de determinado artigo pode-se usar o equipamento A com exigência de investimento inicial de Cr$ 100.000,00 ou o equipamento B de Cr$ 80.000,00. O primeiro requer gastos de manutenção, mão-de-obra, energia, etc. de cerca de Cr$ 10.000,00 anuais, tendo vida média de 8 anos, sem valor residual. O equipamento B, com despesas de Cr$ 10.000,00 e vida de 6 anos, apresenta valor residual estimado em Cr$ 10.000,00. A taxa mínima de atratividade é 10 ao ano. Qual o equipamento a escolher? Tem-se os seguintes fluxos de caixa: a) EQUIPAMENTO A 1 2 3 4 5 6 7 8 Cr$ 10.000,00 Cr$ 100.000,00 b) EQUIPAMENTO B 1 2 3 4 5 6 Cr$ 10.000,00 Cr$ 10.000,00 Cr$ 80.000,00 1) Resolução pelo método do Valor Atual: Neste método comparam-se períodos idênticos para as duas alternativas; para isso considera-se um período mínimo múltiplo comum às durações das alternativas, calculando-se o valor atual da série de investimentos iguais dentro deste período. No caso, o mínimo múltiplo comum entre 6 e 8 é 24. Consideram-se, portanto, para efeito de estudo, três investimentos sucessivos em equipamentos do tipo A e quatro do tipo B. a) Fluxos de Caixa: EQUIPAMENTO A 1 2 3 4 5 6 7 8 16 23 24 Cr$ 10.000,00 Cr$ 100.000,00 EQUIPAMENTO B 1 2 3 4 5 6 12 18 24 Cr$ 10.000,00 Cr$ 80.000,00 b) Valores atuais dos custos Equipamento A CA = Cr$ 10.000,00 X FVA (10 %, 24) + Cr$ ... 100.000,00 X ( 1 = FVA’ (10 %, 8) + FVA’ (10 %, 16) = Cr$ 10.000,00 X 8,985 + 100.000,00 X (1 + 0,4665 + 0,2176) = Cr$ 258.260,00 Equipamento B CB = Cr$ 10.000,00 X FVA (10 %, 24) + Cr$ ... 80.000,00 + Cr$ 70.000,00 X (FVA’ (10 %, 6) + FVA’ (10 %, 12) + FVA’ (10 %, 18) – Cr$ 10.000,00 X FVA’ (10 %, 24) = Cr$ 243.288,00 c)Conclusão: o equipamento B é mais econômico, pois o valor atual dos custos é menor. 2) Resolução pelo método do Custo Anual. Ao se comparar o custo anual (ou um valor anual equivalente aos lucros) das propostas de investimento está-se automaticamente considerando a repetição de cada proposta após o término de sua vida. a) Fluxos de caixa EQUIPAMENTO A 1 2 3 4 5 6 7 8 Cr$ 10.000,00 Cr$ 100.000,00 EQUIPAMENTO B 1 2 3 4 5 6 Cr$ 80.000,00 Cr$ 10.000,00 Cr$ 10.000,00 b) Custos anuais Equipamento A: Custo de recuperação do capital (RC): RC = Cr$ 100.000,00 X FRC (10 %, 8) = Cr$ 100.000,00 X 0,18744 = Cr$ 18.744,00 Outros custos: Cr$ 10.000,00 Custo anual (CA): CA= Cr$ 28.744,00 Equipamento B Custo de recuperação do capital (RC) RC = Cr$ 80.000,00 X FRC (10 %, 6) =Cr$ 80.000,00 X 0,22961 = Cr$ 18.368,80 Outros custos: Cr$ 10.000,00 Equivalente anual da receita com a venda do equipamento ao findar-se sua vida econômica (RA) RA = Cr$ 10.000,00 X FFC (10 %, 6) = Cr$ 10.000,00 X 0,12961 = Cr$ 1.296,10 Custo anual (CA): CA = Cr$ 18.368,80 + Cr$ 10.000,00 - ..... Cr$ 1.296,10 = Cr$ 27.052,70 Chega-se, portanto, à mesma decisão obtida pelo método do valor atual. Note-se que os valores dos custos anuais das duas propostas poderiam ser obtidos a partir dos respectivos valores atuais, da seguinte forma: Cr$ 28.744,00 = Cr$ 258.260,00 X FRC (10 %, 24) Cr$ 27.052,70 = Cr$ 243.288,00 X FRC (10 %, 24) Em certos casos particulares, o mais razoável é supor-se reinvestimento do capital à taxa mínima de atratividade, após o término da vida da proposta de investimento. Isto pelo simples fato de que ela não será repetida. Por exemplo, consideremos a situação: Uma jazida de minérios exigirá o investimento de Cr$ 1.500.000,00 em equipamentos. Estes retirarão todo o minério num período de 10 anos em condições normais de trabalho, proporcionando receitas líquidas de Cr$ 300.000,00 anuas, sem valor residual. Se o trabalho for realizado em dois turnos diários, o minério será retirado em 5 anos, os equipamentos terão sua vida reduzida á metade, e as receitas líquidas anuais serão de Cr$ 500.000,00; a mão-de-obra mais cara no segundo turno não permite dobrar as receitas líquidas. Considerando-se a taxa mínima de atratividade de 15 % ao ano, qual alternativa deverá ser escolhida? Resolução: a) Considerações Como nada se sabe sobre as possibilidades de investimento após 5 anos, o mais aceitável é supor investimentos rendendo a taxa mínima de atratividade. Portanto, as alternativas poderá ser comparadas através dos valores atuais simplesmente. b) Fluxo de Caixa - Exploração em regime normal Cr$ 300.000,00 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Cr$ 1.500.000,00 - Exploração com dois turnos diários Cr$ 500.000,00 1 2 3 4 5 Cr$ 1.500.000,00 c) Valores atuais (VA) - Exploração Normal VA = - 1.500.000,00 + Cr$ 300.000,00 X FVA (15 %, 10) = - Cr$ 1.500.000,00 + 300.000,00 X 5.019 = Cr$ ... 5.700,00 Cr$ 1.500.000,00 2 – Exploração com dois turnos diários VA = Cr$ 1.500.000,00 + Cr$ 500.000,00 X FVA (15 % , 5) = Cr$ 1.500.000,00 _ Cr$ 500.000,00 X 5,019 = Cr$ .... 176.000,00 Conclui-se que usar dois turnos é vantajoso. (Saliente-se, mais uma vez, que o problema foi resolvido supondo-se reinvestimento à taxa de atratividade, o que representa um acréscimo nulo em termos de valor atual). Taxa de Retorno O método da taxa de retorno pode ser usado para comparar alternativas “do mesmo nível de investimento” e com durações diferentes, pelo confronto puto e simples das taxas de retorno das alternativas. Automaticamente se está supondo reinvestimento à taxa após o término da vida da proposta de menor duração. Nos demais casos deve-se efetuar uma análise incremental e utilizar o mínimo múltiplo comum das vidas. 04.02.06. Considerações sobre a Taxa Mínima de Atratividade A remuneração do capital é fundamental no sistema econômico; é o que, de um modo geral, leva o investidor a investir. É um fator de crescimento da economia, não só por atrair novos capitais para serem investidos, como também por promover o crescimento dos capitais atuais. Isto porque o reinvestimento dos lucros é algo sempre presente na empresa em expansão. Devido à escassez do capital, o sistema de oferta e procura da economia fornece um preço para o seu uso; assim, o capital tem, de um modo geral uma remuneração ou rentabilidade de garantia. Isto faz com que mesmo sendo usado pelo próprio dono ele apresente um custo, o custo da oportunidade perdida, ou seja: ao usá-lo, o seu possuidor deixa de auferir pelo menos a rentabilidade oferecida pelo mercado, porque poderá ser perdida a oportunidade de outras aplicações ainda mais rentáveis. Conclui -se que para um determinado investimento ser atrativo, deve render mais que as oportunidades de investimento perdidas por sua causa. Não se tem geralmente um conhecimento preciso sobres as oportunidades de investimento que se está a perder. Uma sensibilidade sobre o assunto permite determinar uma taxa de rentabilidade que represente essas aplicações. Esta deve ser a taxa mínima que uma nova proposta de investimento deverá render para ser atrativa; é a chamada taxa mínima de atratividade. A taxa mínima de atratividade apresenta, portanto, um forte grau de subjetividade. Ela poderá ser adotada como uma política geral da empresa, sendo mudada conforme o risco oferecido pelo investimento, o capital disponível para investir, a tendência geral de surgimento de aplicações mais rentáveis, o custo do capital, a estrutura do capital da empresa, etc. Para se entender melhor o que vem sendo chamado, até o momento, de taxa de atratividade, seria necessário analisar em detalhe os objetivos de uma firma e avaliar com profundidade como cada projeto de investimento contribui para estes objetivos. Vários autores se aprofundam no assunto, de modo que ele será tratado aqui com brevidade. Entre os objetivos de uma firma, pode-se ainda dizer que o principal é “maximizar a riqueza dos acionistas ou donos”. Para atingir esta meta, existem três tipos de decisões financeiras: Decisão de Investimento – Trata da otimização da alocação dos recursos da empresa tendo em vista os benefícios futuros esperados e o risco. Consiste em escolher os melhores investimentos, ou seja, aqueles que maximizam o valor de mercado da firma. No caso de uma firma de capital aberto, o preço de mercado das ações da empresa refletiram o valor da mesma, sob o ponto de vista do investidor marginal. Decisão de Financiamento – Trata da estrutura adequada de capital da firma e seus efeitos sobre o valor da mesma. Na moderna empresa, grande parte dos recursos são obtidos de terceiros. É preciso decidir que fontes de recursos devem ser utilizadas para financiar um projeto e suas proporções. Decisão de Distribuir Dividendos – Determina implicitamente a percentagem dos lucros a serem reinvestidos, afetando o valor da firma, de acordo com a preferência dos acionistas, atuais e futuros, entre ganhos de capital e dividendo correntes. Estas três decisões são interdependentes. Quanto mais dividendos se distribui, mais capital de terceiros ou próprio é necessário para financiar projetos. Isto pode afetar o número de investimentos a serem empreendidos pela firma. Uma vez que o objetivo financeiro da firma seja o de maximizar o seu valor de mercado a longo prazo, resta avaliara como cada alt ernativa de investimento irá contribuir para isto. Existem dois métodos básicos para uma avaliação desta natureza. a) Modelos de avaliação de ações: Partem do princípio de que o preço (P) de uma ação mede o valor da firma e depende das três decisões antes mencionadas: I (Investimento), F (Financiamento), D(Dividendos). Assim, P = f (I,F,D) Tais modelos são altamente complexos, pois neles a decisão de investir é relacionada com a de financiar o investimento. Esta, por sua vez, depende da decisão de distribuir dividendos. b) Modelos de desconto de fluxos de caixa: São utilizados até este ponto no livro. Separam as decisões de investir e financiar. Varia-se I (Projetos de investimento), mantendo-se F (estrutura de capital) e D (nível de distribuição de dividendos) constantes. Avalia-se apenas o fator tempo dos fluxos de caixa previstos. Alguns modelos, como será visto posteriormente, englobam ainda o risco. Para que tais modelos levem a decisões de investimento que maximizem o valor do mercado da firma, é preciso usar uma taxa de desconto que represente a taxa de retorno realmente esperada pelos donos da firma e pelos demais contribuintes do seu capital. Existem uma vista teoria, denominada “Teoria de Custo de Capital”, que tenta medir a taxa de desconto apropriada. Em síntese esta teoria principia tentando isoladamente mensurar o custo do capital de cada tipo de fonte que a firma utiliza (ações ordinárias e preferenciais, debêntures, adiantamentos de fornecedores, bancos, financeiras, lucros repetidos, depreciação, etc) Em seguida, procura-se compor o custo do capital para a firma como um todo, como no exemplo a seguir: Estrutura de Capital em Porcentagem da Custo do Capital de cada (B X C) Cr$ 1.000,00 (A) estrutura de capital fonte específica (C) (B) Ações Debêntures Bancos Custo do Capital da Firma 60.000 30.000 10.000 60 % 30 % 10 % 12 % 8% 4% 7,2 % 2,4 % 0,4 % 10 % Infelizmente, não é simples medir o custo de cada fonte. A fim de dar uma idéia, para se obter o custo de capital das ações ordinárias, seria preciso avaliar o seu valor, obstraíndo-se de flutuações a curto prazo, com relação aos lucros e dividendos atuais e previstos futuramente. Além disso, não é válido medir-se o custo de cada fonte isoladamente, pois elas interagem umas sobre as outras. Por exemplo, um aumento de dívida através de debêntures poderia influenciar o preço das ações de forma a elevar seu custo de capital. Outros problemas aparecem. As ações devem ser avaliadas pelo valor nominal ou pelo do mercado? Qual a estrutura de capital que deve ser utilizada como base, a atual ou uma estrutura ideal a ser alcançada no futuro? Como analisar o risco? Deverá o mesmo ser isolado? Caso positivo, como medir o custo de capital sem risco? Deverá o mesmo ser isolado? Caso positivo, como medir o custo de capital sem risco? Note-se que, os bancos de investimento, por exemplo, já embutem nas suas taxas uma avaliação do grau do risco dos seus empréstimos às empresas. Devemos consider ar como donos da firma apenas os acionistas, ou todos os que contribuem com capital para a mesma? Já se mencionou a possibilidade de existência de uma estrutura ideal de capital. Será ela uma realidade? Alguns autores crêem que a existência de dívida com juros inferiores ao retorno do capital deixe um resíduo para os acionistas ordinários, que passam a se beneficiar dos rendimentos de um capital total bem maior. Outros autores não aceitam isto, argumentando que mais dívida tende a aumentar o risco dos acion istas ordinários, elevando o custo de capital das suas ações, o que tende a anular os efeitos benéficos acima descritos. Aparentemente aumentos de dívida, até certos limites, tendem a beneficiar os acionistas ordinários no mundo real principalmente ao se levar em consideração certos efeitos fiscais. Existem, pois, sérias controvérsias sobre o modo de calcular o custo de capital da firma (até aqui chamado de taxa mínima de atratividade). Como não há um critério universalmente aceito para avaliar uma firma, n ão pode haver um único sistema de medir seu custo de capital. Para não divulgar muito sobre este assunto, sua abordagem neste livro foi muito rápida. Trata-se de uma matéria extensa, difícil e de limitada aplicação imediata na prática. Não obstante, os autores acreditam que a teoria moderna do custo de capital seja de grande utilidade para abrir os horizontes aos que verdadeiramente pretendem se aprofundar na análise de investimento. Risco e Incerteza Risco e incerteza, embora tenham definições diferentes, influenciam de forma semelhante um estudo de engenharia econômica. Tanto um como outro advém de fatores que podem agir positiva ou negativamente no resultado de um investimento, porém são indesejáveis porque existe a possibilidade de causarem dificuldades financeiras e outros transtornos ao investidor. As formas de tratamento do assunto não são definitivas. Geralmente se aceita que o maior risco ou incerteza determinará que o investimento só será atrativo se render uma taxa maior que a taxa mínima de atratividade. Usa-se, neste caso, uma taxa de desconto superior, no caso do valor atual e custo anual, assim como uma taxa mínima superior ao se tratar do método da taxa de retorno. O uso de taxa de desconto maior tem mérito de tornar menos influentes na decisão as quantias mais remotas e, portanto, mais incertas. Tratando-se da comparação de custos, uma taxa de desconto inferior deverá ser usada, tanto no método do custo anual quanto no do valor atual. A menor taxa conduzirá o maior valor atual dos custos e a maior custo anual, o que torna menos atrativas as propostas mais arriscadas e incertas. No caso de fluxos de caixa em que valores positivos e negativos se alternem, o risco e a incerteza não poderão ser tratados através da taxa de desconto. O método de se atuar na taxa de desconto, portanto, é um processo rudimentar, de aplicação restrita, que, na melhor das hipóteses, dificulta a aceitação de certos investimentos de maior grau de risco. A deficiência da análise de sensibilidade é de que só ao se variar um fator de cada vez, pode-se avaliar isoladamente os efeitos de sua mudança. A variação de vários fatores simultaneamente já pertence a outro processo: SIMULAÇÃO: Segundo este método; estima-se os intervalos de valores que cada fator pode eventualmente assumir junto com sua probabilidade de ocorrência. Seleciona-se então, aleatoriamente, um valor particular da distribuição dada para cada fator e computa-se a taxa de retorno da combinação escolhida. Reparte-se esta operação a fim de definir e avaliar a probabilidade de ocorrência de cada possível resultado, expresso em termos de taxa de retorno ou valor presente. Elaborou-se na PUC um programa de computador cujos fatores chaves foram: tamanho do mercado, preços de venda, crescimento de mercado, percentagem de mercado (ou volume de venda) investimento necessário, valor residual do investimento, custos fixos, variáveis e semivariáveis, vida média útil, taxa de inflação. Vários tipos de distribuições probabilísticas podem ser ajustados. É ainda possível determinar a correlação entre alguns fatores. Por exemplo, se a vida média útil do investimento simulado estiver num certo intervalo, então necessariamente seu valor residual estará compreendido em outro intervalo predeterminado. O resultado final seria a probabilidade de alcançar no mínimo um certo retorno, como por exemplo: (GRÁFICO) Na verdade, este processo não serve para escolher matematicamente entre dois projetos. Por outro lado, é um método bem descritivo que permite a tomada de decisão. Métodos mais sofisticados procuram basear-se na natureza da dispersão dos possíveis resultados em torno de uma média, usando medidas estatísticas como desvio – padrão e covariança. São os chamados métodos probabilísticos. Até o momento não se entrou no mérito das atitudes do investidor em relação ao risco. Será que conseqüências monetárias realmente servem de medida que reflita sua importância para o investidor? Será que Cr$ 2 bilhões valem o dobro de Cr$ 1 bilhão em termos de utilidade, para um operário que ganha salário-mínimo? Talvez seja melhor tudo em termos de utilidade do dinheiro. Este raciocínio dá origem a outros processos de englobar o risco na análise de investimentos. Constrói-se um índice de utilidade monetária e aplicam-se as mesmas técnicas até agora usadas. A dificuldade reside juntamente na obtenção deste índice, especialmente no caso de firmas ou grupos de indivíduos. Existem ainda outros modos de incorporar o risco com teoria da decisão, regra de Markovitz, teoria de Hirschleifer, etc. O material é tão farto que daria um livro à parte, ficando fora do escopo deste texto. Para um aprofundamento na matéria são sugeridos os mesmos livros que na parte de Custo de Capital. Taxa Mínima de Atratividade e Inflação A inflação é outro fator de difícil tratamento num estudo de engenharia econômica. Em um regime inflacionário, as taxas de juros existentes não refletem a remuneração real do capital. Nelas está incluída a parcela correspondente à desvalorização monetária. Em estudo econômico, se todas as estimativas forem feitas em moeda corrente, incluindo-se portanto a inflação, tanto no que diz respeito ao aumento de custos quanto ao aumento de receitas, a taxa de inflação poderia, de um modo geral, ser incorporada à taxa mínima de atratividade, sem maiores problemas. Se todas as estimativas fossem feitas em termos de moeda constante, eliminando-se, portanto, o efeito da inflação, a taxa mínima de atratividade não incluiria a taxa de inflação. Neste caso deverá ser tomado cuidado com as despesas financeiras (relativas a capital de empréstimo); estas deverão ser reduzidas a valores reais, o que acrescenta um grau de incerteza no que era praticamente certo. Dois casos talvez mantém atenção maior: o de empresas que produzem para exportação e o daquelas que levantaram o emprést imo no exterior. No primeiro caso, a receita é obtida em moeda aproximadamente constante e no segundo caso, os juros e a restituição do empréstimo são feitos também na moeda aproximadamente constante (dólar). Poderá ser feita a conversão pelo câmbio, cuja variação, porém, não corresponde exatamente à inflação, ou todo o estudo poderá ser feito em moeda constante. Resumindo, as duas hipóteses utilizadas na prática são: a) Assume-se que receitas e custos sobem paralelamente com a “taxa de inflação” e que não há efeitos fiscais graças à perfeita reavaliação de ativo e capital de giro. Neste caso, ignora-se a inflação, trabalhando-se com taxas reais (acima de inflação). b) Assume-se que a inflação tem efeitos diferenciados sobre o investimento. Projeta-se custos e receitas independentemente, estimando-se a maneira pela qual a inflação atuará sobre cada elemento de custo e receita. A taxa de desconto, agora, engloba juros e taxa de inflação. Taxa Mínima de Atratividade e Imposto de Renda Nos problemas vistos até agora não se considerou a despesa do imposto de renda. A existência dessa despesa, que é uma porcentagem do lucro líquido (por exemplo, 30 % do lucro) faz com que haja duas taxas de retorno: uma antes do imposto de renda, ou seja, calculada sem se considerar imposto de renda, e outra depois do imposto de renda. A segunda é evidentemente menor, podendo ser considerada, grosso modo, como sendo uma porcentagem da taxa de retorno, antes do importo de renda, equivalente à porcentagem do imposto de renda sobre os lucros. O que foi dito acima, vale também para taxa mínima de atratividade, havendo pois duas taxas mínimas de atratividade, conforme o estudo seja feito antes ou depois do imposto de renda. O assunto, porém, não é tão simples assim, pior o que é considerado lucro, do ponto de vista legal, nem sempre coincide com o conceito econômico de lucro. O problema será analisado em maiores detalhes no capítulo seguinte. 04.02.07. Considerações Sobre os Critérios de Decisão Como foi visto, os métodos de valor atual e do custo anual conduzem sempre à mesma decisão; assim como o da taxa de retorno, à exceção de alguns casos particulares que serão analisados. Convém, no entanto, insistir sobre a maneira pela qual os métodos encaram o reinvestimento dos fundos gerados pelos fluxos de caixa. A diferença fundamental decorre do fato dos métodos do valor atual e custo anual assumem reinvestimento à taxa mínima de atratividade, enquanto que o método da taxa de retorno assume que o reinvestimento se fará à própria taxa de retorno. Um exemplo simples ilustrará esta questão. Considerem-se os seguintes fluxos de caixa, representando propostas de investimento: Cr$ 100,00 A) 1 Cr$ 100,00 2 3 4 5 6 Cr$ 50,00 7 Cr$ 100,00 B) 1 2 3 4 5 6 Cr$ 100,00 7 Cr$ 100,00 A taxa mínima de atratividade é i = 4 % por período. O valor atual do fluxo de caixa A é Cr$ 34,14 e o do fluxo B é Cr$ 55,02 A taxa de retorno do fluxo de caixa A é de aproximadamente 16 % por período e a do fluxo de caixa B é aproximadamente 11 %. A mudança de critério de comparação inverteu a posição relativa entre as propostas. Isto porque no caso do valor atual, a quantidade Cr$ 100 obtida na proposta A. no fim do primeiro período, será supostamente reinvestida a uma taxa de 4 % por período, durante os 6 períodos restantes, ao passo que no método da taxa de retorno, o reinvestimento é suposto a 16 % por período. Contudo, não se terá o problema de decisões se uma interpretação exata do que ocorre for feita. Se for razoável supor que ao final do período 1 se esteja em situação análoga à atual, ou seja, haja novas propostas de investimento que proporcionarão taxas de retorno da mesma ordem de grandeza, o critério da taxa de retorno servirá plenamente. Neste caso, a suposição de disponibilidade constante de propostas com essas taxas de retorno, fará, evidentemente, com que a taxa mínima de atratividade seja também desta ordem de grandeza, não ocorrendo portanto a situação do exemplo dado. Os três critérios conduzirão ao mesmo resultado. No caso de surgir uma proposta isolada do tipo da proposta A, sem a expectativa de que a situação se repita no futuro, pode -se incluir explicitamente na análise o reinvestimento das retiradas a uma dada taxa para efeito de comparação com outras alternativas. Outro exemplo será dado a seguir, para uma empresa cuja taxa de atratividade é de 5 % a.a. Investimento (custo inicial) Fluxo de caixa no fim do período Ano I Ano II Taxa de atratividade Taxa de retorno Valor atual Hipótese quanto à taxa de reinvestimento Método de taxa de retorno Método de valor atual Projetos X - Cr$ 1.000,00 Y - Cr$ 1.000,00 Cr$ 200,00 Cr$ 1.200,00 5% 20 % Cr$ 279,00 Cr$ 1.000,00 Cr$ 300,00 5% 25 % Cr$ 224,00 20 % 5% 25 % 5% Assim, pelo método do valor atual o projeto escolhido seria o X, enquanto que pelo processo de taxa de retorno a opção recairia em Y. Como já foi dito, tudo depende da hipóteses de reinvestimento. Poder -se-ia inclusive formular outras hipóteses quanto a reinvestimento e criar um quarto método para tomada de decisão. Caso a firma acredite que sua taxa de reinvestimento em vez de 5 %, 20 % ou 25 % será de 10 % para o projeto escolhido, calcular-se-ia o valor futuro (S) no final do 2º ano, para ambos os projetos. Valor futuro de X no final do seguinte ano: Sx = Cr$ 1.000,00 FAC’ (10 %, 2) + Cr$ 200,00 FAC’ (10 %, 1) + Cr$ 1.200,00 = Cr$ 211,00 Valor futuro de Y no final do 2º ano: Sx = Cr$ 1.000,00 FAC’ (10 %, 2) + Cr$ 1.000,00 FAC’ (10 %, 1) + Cr$ 300,00 = Cr$ 191,00. No fundo, como o método de Valor Futuro é uma extensão do método de Valor Atual, a escolha recairia em X. Por análise de rentabilidade seria também possível calcular a taxa de investimento que tornaria ambos os projetos equivalente. - Cr$ 1.000,00 FAC’ (i, 2) + Cr$ 200,00 FAC’ (i, 1) + Cr$ 1.200,00 = Cr$ 1.000,00 FAC’ (i, 2) + Cr$ 1.000,00 FAC’ (i, 1) + Cr$ 300,00 daí Cr$ 800,00 FAC’ (i, 1) = Cr$ 900,00 e FAC’ (i, 1) = 1,1125 . . i = 12,5 % Conclusão: Para taxas de reinvestimento superiores a 12,5 % a.a , a escolha seria Y sendo que para taxas inferiores a 12,5 % a.a. a firma deveria optar por X. 04.02.08. Taxas Múltiplas Outro problema mais sério que pode surgir é o de fluxos de caixa onde quantias positivas e negativas se alternam ao longo dos períodos . Neste caso, haverá tantas taxas que anulem o valor atual do fluxo, quantas forem as vezes que as quantias do fluxo de caixa sofrerem mudança de sinal. O exemplo seguinte ilustrará este ponto. Um arquiteto considera duas hipóteses para a construção de uma casa; a primeira é construí-la em dois anos, ganhando Cr$ 10.000,00 por ano e a Segunda é construí-la em um ano, com um custo adicional neste ano de Cr$ 30.000,00 e mais um investimento no início do ano de Cr$ 10.000. No primeiro caso ele venderia a casa recebendo Cr$ 110.000 no final do primeiro ano e 110.000 na entrega da mesma. No caso da construção em um ano ele receberia Cr$ 210.000 na entrega da casa. Qual das alternativas deveria escolher? a) Fluxos de caixa: (em Cr$ 1.000,00): 1ª alternativa 110 0 110 1 2 10 10 210 2ª alternativa 0 30 10 2 10 70 diferença: 0 2 1 10 100 b) taxa de retorno sobre o investimento incremental VA = - 10 + 70 X FVA’ (i, 1) – 100xFVA’(1, 2) = 0 Seja, FVA’ (i, 1) = 1 = x 1 + i e FVA’ (i, 2) = 1 (1 + i) 2 = x2 Assim, VA = - 10 + 70 x – 100 x 2 Cujas raízes são X 1 = 1 donde i = 4 ou i = 400 % 5 X 2 = 1 donde i = 1 ou i = 100 % 2 NOTA: O cálculo das taxas poderia ter sido feito com o uso dos fatores de conversão; o fato de as taxas caírem fora do intervalo coberto pelas tabelas determinou o tipo de resolução acima: Há pois duas taxas que anulam o valor atual do fluxo de caixa. Graficamente tem-se: VA i 100 % 400 % 10 A menos que se saiba exatamente o que está ocorrendo e se façam as interpretações necessárias, não se tem base para julgamento. Em primeiro lugar, as altas taxas obtidas indicam que os Cr$ 70.000,00 líquidos obtidos ao final do primeiro ano só compensarão o investimento inicial de Cr$ 10.000 e os Cr$ 100.000,00 negativa (perda de receita) ao final do segundo ano, se puderem ser aplicados a taxas maiores que 100 %. Como se vê no gráfico, o valor atual do fluxo é positivo para taxas no intervalo entre 100 % e 400 %. Por outro lado, se as taxas disponíveis forem maiores que 400 %, a parte positiva do fluxo não mais compensará o investimento inicial de Cr$ 10.000,00 que aplicado a taxas tão grandes, renderia mais. No caso geral, chamando X= 1 1+1 tem-se que FVA (i n) = = xn 1 (1 + i) n Para se determinar a taxa de retorno, calcula-se as raízes da equação: 0 = C0 + C1 x + C2x2 + . . . C x n-1 + C n x n n-1 onde C n é o valor de fluxo de caixa no ano n (n=0,1,2.....n). O polinômio acima tem no máximo n raízes. As negativas imaginárias não tem significação física; as positivas correspondem às taxas procuras e, de acordo com o teorema de Euler, o polinômio terá tantas raízes positivas “diferentes” quantas vezes coeficientes C n mudarem de sinal. Pode ocorrer, que se fique com valores múltiplos para as taxas. O que se precisa fazer é tentar dar um significado prático a uma das raízes obtidas. Em geral “nenhuma delas representa alto”, e para solucionar o problema deve-se procurar mudar sua conceituação, ou então analisar o que uma firma faria caso deparasse com um fluxo dessa natureza. Ezra Solomon apresenta um problema que merece ser repetido neste livro: Uma firma possui um certo equipamento (A) que lhe deve render Cr$ 10.000,00 por ano, durante dois anos. Seu valor de revenda é nulo. A alternativa é trocá-lo por outro novo (B) cujo custo é Cr$ 1.600,00, e que renderá Cr$ 20.000,00 no final do primeiro ano e nada no seguinte ano. Após o primeiro ano o valor de revenda deste equipamento também será nulo. Fluxo de Caixa do Equipamento Ano 0 1 2 Diferença de Fluxos A B B-A 0 - Cr$ 1.600,00 - Cr$ 1.600,00 Cr$ 10.000,00 + Cr$ 20.000,00 + Cr$ 10.000,00 Cr$ 10.000,00 - Cr$ 10.000,00 As taxas de retorno que anulam o valor presente da diferença dos fluxos são dadas por - Cr$ 1.600,00 = Cr$ 10.000,00 FVA’ (i 1) – Cr$ 10.000,00 FVA’ (i, 2). Assim, i 1=25 % ; 1 2 = 40 % Como o preço do equipamento novo fosse nulo (grátis), o valor presente do fluxo do fundos se anularia para i = 0%. A medida que o custo do equipamento fosse aumentando, ambas as taxas que anulam o fluxo iria m sendo maiores. Isto evidentemente é um contra-senso, pois chegar-se-ia à conclusão de que quanto maior o preço de B, melhor seria o investimento. Para resolver o problema basta inverter o raciocínio. O que se quer realmente saber é: Quanto vale para o investidor antecipar a receita de Cr$ 10.000,00 do ano dois para o ano um? A partir dessa premissa Solomon confunde os conceitos de taxa de reinvestimento e custo de capital, de modo que sua solução não será aqui reproduzida. Os autores preferem utilizar o processo de valor futuro. Suponha-se, por exemplo, Que a firma saiba que do ano zero ao ano um ela possa reinvestir a 10 % a.a., e do ano um ao ano dois a 23 % a.a. Antecipar a receita de Cr$ 10.000,00 do ano dois para o ano um significa acabar com Cr$ 2.300,00 a mais no ano dois. Por outro lado, ela gastaria Cr$ 1.600,00 adicionais no ano zero para comprar o equipamento B. Caso aplicasse este capital durante dois anos, a 10 %, respectivamente, poderia obter no final do ano dois uma quantia adicional de: Ano Valor futuro no final do ano 0 Cr$ 1.600,00 1 Cr$ 1.600,00 + 10 % de Cr$ 1.600,00 = Cr$ 1.760,00 2 Cr$ 1.760,00 + 23 % de Cr$ 1.760,00 = Cr$ 2.164,80 Como Cr$ 2.300,00 são superiores a Cr$ 2.164,80, vale a pena comprar o equipamento novo. Evidentemente tudo depende das taxas de reinvestimento projetadas. No caso usou-se taxas diferentes apenas para mostrar que is to também pode ocorrer. Certos fluxos de Caixa não tem solução pelo método da taxa de retorno, pois não é possível anulá-los. Por exemplos: Ano Fluxo de fundos em Cr$ 1.000,00 0 0 1 + 100 2 – 200 3 + 150 Para i = 0 % o valor presente já é positivo. O melhor método para avaliar este tipo de fluxo é utilizar o critério do valor futuro. Para finalizar este assunto, examinar-se-á um caso prático onde o fluxo de caixa de certa firma surgem quantias negativas. 80 Fluxo de caixa, em Cr$ 1.000,00 60 60 30 20 6 3 1 2 4 5 7 34,1 100 44 Admita-se que o fluxo acima pertence à empresa X e que as quantias negativas de Cr$ 34.100,00 e Cr$ 44.000,00 nos anos 3 e 6 respectivamente sejam devidas a alterações projetadas no seu equipamento. Duas hipóteses podem ser feitas: a) A firma fará uma provisão nos anos anteriores a estes gastos, a fim de se preparar para enfrentá-los. Evidentemente, ela aplicará seu fundo de provisão a uma taxa de juros. Via de regra, esta taxa poderá ser inferior a sua taxa de atratividade, uma vez que se trata de investimentos de pequena duração. b) A empresa pedirá um empréstimo para cobrir tais despesas, pagando com resultados futuros. Este caso será examinado no capítulo seguinte, na parte de análise multiperiódica de investimentos. Partindo da primeira hipótese e assumindo que a firma tem condições de aplicar a uma taxa de curto prazo de 10 % por período, o fluxo anterior pode, entre outros, ser transformado no seguinte: 80 60 20 0 1 20 0 0 2 3 0 4 5 6 7 100 A transformação foi feita assim: Para provisionar Cr$ 34.100,00 no ano três, aplicou-se Cr$ 20.000,00 do ano dois e Cr$ 10.000,00 do ano um a 10 %; para provisionar Cr$ 44.000 ,00 no ano seis, aplicou-se Cr$ 40.000,00 no ano cinco a 10 %. O importante é entender que se a firma realmente foi agir desta forma, a transformação será válida e este fluxo transformado é que deverá ser tomado como base para avaliação. A premissa-chave é a de utilizar uma Segunda taxa de investimento a curto prazo (taxa de mercado). Caso a provisão seja a longo prazo, este raciocínio não mais será compatível com o que deverá ocorrer na prática. Nessa situação, a hipótese de financiamento tende a ser melhor. Outra alternativa é aumentar o investimento inicial, como que antevendo uma despesa grande no futuro. Tal investimento inicial seria aplicado num projeto que liberasse fundos suficientes para arcar com esta despesa. Aqui também se recai em análise multiperiódica de investimentos. 04.02.09. Problemas Resolvidos 1. Compare os custos anuais de 2 equipamentos destinados a fazer um mesmo serviço, usando uma taxa de atratividade de 5 % a.a. Não há inflação. Equipamento A B Investimento (em Cr$ 1.000,00) 10 23 Vida Média (em anos) 20 60 - 3 0,6 0,1 Valor residual (em 1.000,00) Manutenção anual (em Cr$ 1.000,00) Solução: Equipamento Recuperação de Capital Cr$ 10.000,00 FRC (5%, 20) A B Cr$ 802,00 (Cr$23.000,00–Cr$3.000,00)FRC(5%,60) Cr$ 1.057,00 Juros sobre valor residual Cr$ 3.000,00 X 0,05 Cr$ 150,00 Manutenção anual Cr$ 600,00 Custo Anual Cr$ 1.402,00 Cr$ 100,00 Cr$ 1.307,00 O equipamento B leva a menores custos anuais. A hipótese implícita é de que o equipamento A, de vida média útil menor, será sempre substituído por outro igual. 2) Duas alternativas devem ser avaliadas; comparar seus valores atuais, para uma taxa de atratividade de 5 % a.a. Alternativas C Investimento (em Cr$) Vida média útil (em anos) Valor residual (em Cr$) Custo operacional anual (em Cr$) 4.500 D 12.000 12 24 - 1.800 1.100 720 Solução: Partindo do princípio que a proposta C será repetida uma vez, ao fim de sua vida, pode-se comparar as alternativas para um período de 24 anos. Investimento C D Cr$ 4.500,00 Cr$ 12.000,00 Repetição do plano C Cr$ 4.500,00 FVA (5%, 12) Cr$ 2.506,00 Valor residual de D Cr$ 1.800,00 FVA (5%, 24) Cr$ 558,00 Valor atual dos gastos operacionais FVA (5 %, 24) Cr$ 15.179,00 Cr$ 9.935,00 Valor atual Cr$ 22.185,00 Cr$ 21.377,00 Como se trata de comparação de custos a alternativa D, que apresenta menos valor presente, deve ser a escolhida. 3. Comparar o custo anual equivalente para o serviço “perpétuo” de dois planos alternativos à taxa de 5 % a.a. Plano I envolve um investimento de Cr$ 150.000,00 dos quais metade para o terreno e o resto para erguer uma estrutura que requer renovação ao mesmo preço, cada 30 anos. Seu valor residual é nulo. Gastos anuais serão Cr$ 10.000,00 para os primeiros 10 anos de cada ciclo de 30 anos, e Cr $ 7.000,00 para os 20 restantes. Plano II requer investimento de Cr$ 250.000,00 dos quais Cr$ 100.000,00 para terreno e o resto para uma estrutura renovável cada 50 anos com valor residual de Cr$ 30.000,00. Gastos anuais de Cr$ 4.000,00 Solução: Plano I Plano II Recuperação do Capital Cr$ 75.000,00 FRC (5 %, 30) Cr$ 4.879,00 Cr$ 150.000,00 – 30.000,00 FRC (5 %, 50) Cr$ 6.574,00 Juro no investimento permanente: Valor residual de Cr$ 30.000,00 X 0,05 Terreno Cr$ 75.000,00 X 0,05 Cr$ 1.500,00 Cr$ 3.750,00 Cr$ 100.000,00 X 0,05 Cr$ 5.000,00 Gastos anuais Cr$ 7.000,00 + Cr$ 3.000,00 FVA (5 %, 10) (0,05) Cr$ 8.158,00 Cr$ 4.000,00 Custo Anual Cr$ 4.000,00 Cr$ 16.787,00 Cr$ 17.074,00 O plano I é, pois, o de menor custo anual 4. Um investidor comprou 100 ações por Cr$ 3.500,00. Recebeu os primeiros dividendos de Cr$ 2,00 / por ação no final do ano 3, e continuou a receber tal quantia por mais 3 anos (4 ao todo). Após isso passou a receber o dobro por mais 3 anos. Após os 9 anos vendeu as ações por Cr$ 7.500,00. Qual foi a taxa de retorno da operação? Solução: 0 = Cr$ 3.500,00 + Cr$ 400,00 FVA (i,9) – Cr$ 200,00 FVA (i,6) – Cr$ 200,00 FVA (i,2) + Cr$ 7.500,00 FVA’(i,9) A solução é obtida por tentativa. Tem-se que: Taxa Valor atual i = 12 % + 176 i = 15 % - 540 Interpolando, o valor presente nulo será alcançado para: i = 12,7%. 5. Uma casa está à venda por Cr$ 20.000,00 sendo que o comprador deve dar Cr$ 3.500,00 de sinal e o resto numa série de pagamentos ao fim de cada ano, durante 18 anos a juros de 5,5 % a.a. Por outro lado, pode comprar a mesma casa por Cr$ 18.200,00 à vista. Calcule o verdadeiro custo da compra a prazo em termos de uma taxa de juros, sabendo que FRC (5,5 % , 18) = 0,08892 Solução: Cr$ 18.200,00 = Cr$ 3.500 + Cr$ 16.500,00 FRC (5,5 %, 18) x Daí: FVA (i, 18) = 10,020 Pela tabela, sabe-se que: FVA (7,10) = 10,059 FVA (8,18) =9,372 Interpolando: i = 7,1 % O verdadeiro custo é 7,1 % a.a. FVA (i, 8) 6. Escolha entre os projetos X e V usando o método da taxa de retorno. A taxa de atratividade é de 10 a.a. X V Investimento Cr$ 250.000,00 Cr$ 350.000,00 Receita anual Cr$ 50.000,00 Cr$ 70.000,00 Custo anual Cr$ 20.000,00 Cr$ 30.000,00 Valor residual Cr$ 50.000,00 Cr$ 50.000,00 Vida média útil 25 anos 25 anos Solução: Projeto X 0 = Cr$ 250.000,00 + (Cr$ 50.000,00 – Cr$ 20.000,00) FVA (i, 25) + Cr$ 50.000,00 FVA’ (i,25) Por tentativas, chega-se a i = 11,4 % Projeto V 0 = Cr$ 350.000,00 + (Cr$ 70.000,00 – Cr$ 30.000,00) FVA (i, 25) + Cr$ 50.000,00 FVA’ (i, 25) Por tentativas, chega-se a i = 10,7 % Ambos os projetos satisfazem, pois sua taxa de retorno é superior à taxa de atratividade. Resta saber qual fazer. Utilizando análise incremental, para determinar a taxa do incremento ( VX): 0 = Cr$ 100.000,00 + Cr$ 10.000,00 FVA’ (i, 25) A partir de onde se obtém: i = 8,8 %. Desta forma, o incremento de investimento de V sobre X não compensa, pois tem retorno inferior a 10 % . Deve-se fazer X. 7. Uma firma alugou um terreno por 30 anos para fazer um motel. Após o período, todas as construções feitas reverteriam aos proprietários de terra. A taxa de atratividade é de 15 %. Foram preparados 5 planos. Qual o melhor? Usar o método da taxa de retorno. Os seguinte dados, em Cr$ 1.000,00 definem os planos: Plano Investimento Excesso anual de Receias sobre despesas A –20 unidades sem restaurante 90 11,5 B-20 unidades restaurante pequeno 99 15,5 C-30 unidades restaurante pequeno 140 20 D-40 unidades restaurante pequeno 180 28 E-60 unidades restaurante grande 270 37 Solução: Plano Investimento Receita líquida Taxa de retorno (em %) A 90 11,5 12,5 B 99 15,5 15,4 C 140 20,0 14,6 D 180 28,0 15,3 E 270 37,0 13,8 Apenas as alternativas B e D tem taxa de retorno superior a 15 %. Utilizando o método da taxa de retorno incrementa, verifica-se que D exige um investimento adicional de Cr$ 1.000,00 sobre B. trazendo uma receita adicional de Cr$ 12.500,00 por ano. Portanto 0 = Cr$ 81.000,00 + 12.500,00 FVA (i, 30) e i = 15,2 %. Como esta taxa é também superior a 15 % o plano D é melhor. Caso se utilize o método de valor atual, basta verificar que plano tem maior presente à taxa de 15 %. Evidentemente, será também o plano D. 04.02.10. Problemas Propostos 1) Uma nota promissória é oferecida à venda. Ela ainda vai oferecer 8 prestações anuais de Cr$ 2.000,00 e seu valor de resgate será Cr$ 5.000,00 a ser pago com a última prestação, daqui a 8 anos. Quanto se deve pagar por ela para receber um rendimento de 25 % ao ano de juros compostos? (Resp. Cr$ 7.497,00) 2) Calcule o custo capitalizado de um teatro, usando a taxa de 6 % ao ano. O teatro apresentará despesas anuais de manutenção de cerca de Cr$ 20.000,00 e ainda despesas com a troca de tapetes, cortinas e cadeiras de 5 em 5 anos, que montarão cerca de Cr$ 100.000,00. Estima-se também que de 10 em 10 anos deverão ser feitas despesas em elementos estruturais maiores, do palco e do próprio edifício, de cerca de Cr$ 200.000,00. O custo inicial é Cr$ 1.000.000,00 e as outras estimativas de custos foram feitas em termos de moeda atual. (Resp. Cr$ 1.881,900,00) 3) Um fabricante estuda a possibilidade de lançamento de novo produto. Pesquisas de mercado indicaram a possibilidade de uma demanda anual de 30.000 unidades, a um preço de Cr$ 10,00 a unidade. Alguns equipamentos existentes seriam usados sem interferir na produção atual com um custo adicional de Cr$ 4.000,00 por ano. Novos equipamentos no valor de Cr$ 300.000,00 seriam necessários, sendo sua vida econômica de 5 anos; o valor de revenda após 5 anos seria de Cr$ 20.000,00; o custo de manutenção estimado é de Cr$ 10.000,00 por ano. Um adicional de Cr$ 50.000,00 de capital de giro será ainda requerido. Mão-de-obra direta e custo de matéria-prima seriam de Cr$ 4,00 e Cr$ 3,00 por unidade respectivamente, não havendo mudança de despesas de administração, vendas, etc. Impostos municipais montarão anualmente a 3 % do investimento inicial anualmente. Considerando-se uma taxa mínima de atratividade de 10 % ao ano, sem considerar inflação, deve ser lançado o novo produto? (Resp. Sim: Cr$ 253.600,00) 4) Uma companhia estuda a instalação de uma turbina para a produção de energia elétrica. Atualmente a energia é comprada a cerca de Cr$ 280.000,00 anuais. A turbina exigiria investimento inicial de Cr$ 1.400.000,00 consumindo Cr$ 58.000,00 anualmente de combustível e Cr$ 21.000,00 de manutenção e mão de obra. A vida útil da instalação seria de 10 anos e os impostos e seguro seriam 3 % do investimento inicial Sendo a taxa mínima de atratividade de 12 % ao ano, a companhia deverá instalar a turbina? (Res. Não) 5) Está sendo considerada a compra de certa máquina por Cr$ 150.000,00. É estimado que fornecerá receita líquida no primeiro ano de Cr$ 30.000,00. Embora se espere que as receitas aumentarão com a progressiva aceitação do produto, um aumento de custos, com o aumento da idade da máquina fará com que as receitas líquidas diminuam cerca de Cr$ 1.500,00 ao ano. A máquina será retirada após 12 anos com um valor de revenda de cR4 39.000,00. Deseja-se saber a taxa de retorno prevista. (Resp. i = 13 %) 6) Um investidor está considerando a compra de uma fazenda. Esta custa Cr$ 200.000,00, proporcionando uma receita líquida média de Cr$ 28.000,00 no primeiro ano. Um decréscimo esperado no preço do produto agrícola no primeiro ano. Um decréscimo esperado no preço do produto agrícola fará com que as receitas líquidas diminuam cerca de Cr$ 300,00 por ano. Se comprar esta propriedade ele espera mantê-la por 10 anos, vendendo-a então por um preço esperado de Cr$ 140.000,00. Por outro lado, esse investidor possui atualmente uma propriedade no valor de Cr$ 150.000,00 que deveria ser vendida para a compra da fazenda. Esta propriedade fornece -lhe a renda de Cr$ 21.000,00 anuais, que deverá manter-se nos próximos 10 anos. Ele espera vendê-la daqui a 10 anos, caso não o faça agora, por Cr$ 110.000,00. Sendo sua taxa mínima de atratividade de 8 % ao ano, antes do imposto de renda, deve comprar a fazenda? (Resp. sim: A taxa de retorno sobre o investimento incremental é aproximadamente 8,7%) 7) Compare as alternativas A e B, considerando que poderão ser repetidas com mesmos custos e receitas cada vez que findar-se a vida de cada uma. A taxa mínima de atratividade é 10 % ao ano, antes do imposto de renda. Custo inicial Vida Valor residual Receitas anuais líquidas Alternativa A Alternativa B Cr$ 40.000,00 Cr$ 50.000,00 8 anos 12 anos Cr$ 12.000,00 Cr$ 10.000,00 Cr$ 7.000,00 Cr$ 9.000,00 (Resp. Valor atual para um período de 24 anos. Alternativa A – Cr$ 4.987,004 Alternativa B – Cr$ 19.155,00) 8) Um determinado serviço pode ser executado tanto pela máquina M quanto pela máquina N. A máquina M custa 6.000,00; estima-se que sua vida útil seja 12 anos, após o que terá valor de revenda nulo; os custos de operação atingem Cr$ 4.000,00 por ano. A máquina N custa Cr$ 14.000,00; tem vida de 18 anos; valor de revenda após esse período igual a 20 % do custo inicial; despesas de operação iguais a Cr$ 2.400,00 por ano. Compare as alternativas assumindo taxa de juros de 10 % ao ano. (Resp. Custo anual de M – Cr$ 4.900,00 Custo anual de N – Cr$ 4.024,00) 9) Você é membro de um comitê que se reúne mensalmente para decidir entre propostas de investimentos para uma empresa. Quatro propostas são definidas pelos fluxos de caixa tabulados a seguir; cada uma representa a mudança (incrementos) no fluxo de caixa d a companhia depois do imposto de renda, se a respectiva proposta é aceita. Os valores atuais a várias taxas são também tabelados. Fluxos de Caixa (Valores em Cr$ 1.000,00) ANO 0 1 2 3 4 A - 20 5,04 5,04 5,04 10,32 B - 40 14,0 14 14 14 C - 60 13,16 13,16 13,16 44,64 D - 80 20,30 20,3 20,3 50,18 C 24,12 15,56 3,2 - 4,44 D 30,08 16,4 4,76 4,96 Valores atuais (ano O) i 0% 5% 10 % 15 % A 5,44 2,24 - 0,4 - 1,90 B 16 9,64 4,36 0 1 – Especifique se a proposição abaixo está correta. A proposta B sempre será preferida como alternativa à proposta C, pois sua taxa de retorno é maior. 2 – Se a companhia tem uma taxa mínima de atratividade de 10 %, mostre a proposta que será aceita. 3 – Se as propostas A, B, C e D são fisicamente independentes, isto é, podem ser executadas simultaneamente, quais as propostas que serão escolhidas: a) Se a companhia tem a taxa mínima de atratividade de 10 % e o comitê está limitado a um orçamento de Cr$ 20.000,00? b) Se a taxa mínima de atratividade é 10 % e o orçamento limite Cr$ 60.000,00? c) Se a taxa mínima de atratividade é 10 % e o orçamento limite Cr$ 100.000,00? d) Se a taxa mínima de atratividade é 5 % e o orçamento limite Cr$ 100.000,00? 04.03 – EXTENSÕES 04.03.01. Introdução Até o presente Capítulo os ensinamentos básicos de engenharia econômica e os critérios de decisão foram apresentados. O leitor deve estar apto a usá-los. A missão desta parte do texto é levar o estudioso a uma compreensão mais profunda da matéria, para que possa aplicá-la conscientemente. Alguns dos maiores erros são feitos justamente pelo desconhecimento dos pontos, que aqui serão introduzidos. 04.03.02. Conceitos Básicos para Estudos Econômicos Antes de prosseguir é mister fazer um apanhado geral do que foi visto. Em primeiro lugar é preciso saber que um estudo desta natureza só pode ser bom se TODAS AS POSSÍVEIS ALTERNATIVAS forem consideradas. Mesmo sendo a alternativa A melhor que B, nada indica que não haja uma terceira, superior a ambas. Isto é fundamental, principal mente na área de projetos governamentais, como será mostrado mais tarde. Uma estrada pode trazer benefícios bem superiores ao seu custo. E daí? Não seria melhor empregar o dinheiro em educação? A distribuição do escasso volume de recursos de uma nação é um dos maiores problemas do economista e se todas as possibilidades pudessem ser analisadas tudo seria mais fácil... O que passou, passou. Se uma ação da Brahma vale, a preços de mercado, Cr$ 4,65, não interessa muito saber se ela foi comprada por Cr$ 3,00 ou vinte vezes menos. O que importa é seu valor atual. Custos passados são ignorados nos estudos econômicos, a não ser que tragam uma repercussão atual, via imposto de renda ou outro mecanismo qualquer. Engenharia Econômica compara ALTERNATIVAS e procura analisar suas DIFERENÇAS. O que estas tem em comum não afeta a decisão. Para todo investimento há sempre a alternativa de não fazer nada ou de abandonar o projeto. Tanto quanto possível as DIFERENÇAS devem ser quantificados em termos de receitas e despesas, ou seja, em termos monetários. Não precisa haver exagero. Avaliar o valor da beleza de uma máquina é um absurdo. Não se pretende que na hora de decidir entre as possibilidades isto deixe de ser considerado. Coisas como IMPONDERÁVEIS e só entram na decisão final. esta são consideradas Se as ESTIMATIVAS sobre custos e receitas forem ruins, o estudo terá pouco valor, seus resultados nada significarão. Um bom trabalho verifica a SENSIBILIDADE dos resultados face a suas variáveis básicas. Estimando as receita de uma empresa em Cr$ 1 bilhão por ano, um certo projeto pode ser considerado bom. Continuará a ser bom se a receita baixar para ... Cr$ 900 milhões? O analista consciente verifica suas conclusões buscando os fatores de maior influência e procurando ver até que ponto afetam a decisão monetária. Chama-se a isto de ANÁLISE DE SENSIBILIDADE. De um modo geral, os principais fatores são: receitas, custos, valores residuais, taxa mínima de atratividade, vida útil, etc. O valor tempo da moeda deve ser sempre levado em conta, seja qual for a natureza do trabalho. DECISÕES SEPARADAS devem ser feitas SEPARADAMENTE. Este é o erro mais comum na prática. Sejam A e B duas alternativas para o emprego do capital de um indivíduo. A envolve a implantação de uma fábrica com financiamento de um banco. B refere-se à organização de uma cadeia de restaurantes. Para ver a melhor alternativa é preciso que a comparação entre B e A seja feita independentemente do financiamento obtido para A. É possível que tal financiamento venha a melhorar (ou piorar) a alternativa A. Feito o estudo este é repetido considerando o financiamento. Caso antes B tenha sido favorecido e o empréstimo venha a reverter o resultado, examina-se a possibilidade de conseguir em empréstimo semelhante para B, o que geralmente é possível. Investidores preferem negócios mais lucrativos, a nãos ser que se trate do governo e de áreas prioritárias, cuja repercussão futura trará maiores benefícios. Seja como for, a decisão deve ser entre a e B e não entre A, com financiamento , e B. Existem exceções. Às vezes a alternativa A está implicitamente associada a um esquema de obtenção de recursos e a separação não tem razão de ser. Por outro lado, um assunto não deve ser muito subdividido, para não se perder a visão geral. Deve-se ter uma visão ampla sobre o que está em jogo. Raras vezes o todo independe das partes. O exemplo clássico de “análise de sistemas” é; “o gol do departamento de vendas é maximizar o volume das vendas, enquanto o gol da empresa é maximizar lucro”. Nem sempre o primeiro, acarreta o segundo. Para vendar muito é preciso produzir em grande quantidade, o que acima de certos limites pode vir a encarecer o produto (horas extras de trabalho, salários adicionais, quebra de equipamento, etc.) Além disso, uma grande oferta de certo artigo tende a baixar seu preço de merca. A seguir vem um comentário sobre a dificuldade de quantificar as diferenças entre as alternativas em pauta. É difícil defender o ponto de vista que uma estimativa mal feita ajuda mais quem tem o poder de decisão, do que um mero palpite. A única coisa que merece ser dita é que sem sua tradução em termos monetários, dificilmente os vários elementos envolvidos numa comparação podem ser analisados condignamente. Finalmente vale a pena repetir que quando fundos são investidos num certo negócio perde-se a oportunidade de empregá-los em outra coisa. Chama-se a isto de custo de oportunidade. Juro é um custo no sentido de uma oportunidade perdida. 04.03.03. Analise de Sensibilidade O caso de duas máquinas destinadas a prestar exatamente o mesmo tipo de serviço, com rendimentos rigorosamente iguais, serve de exemplo de como uma pequena variação num dos fatores em que certa decisão se baseia, pode vir a alterá-la. A primeira máquina, X, custa Cr$ 8.500,00 e sua vida útil foi estimada em 5 anos. A outra, Y, custa Cr$ 20.000,00 e deve durar 20 anos. Assuma-se que seu preço inicial, a vista, seja por definição inalterável. Suponha-se também que a taxa mínima de atratividade da empresa interessada na sua aquisição seja de 10 %. Pelo método do custo anual vem: R(x) = 8.500,00 X FRC (10%,5) = 8.500 X 0,2638 = 2242,3 R(y) = 20.000 X FRC (10%,20) = 20.000 X 0,11746 = 2349,2 Por esse critério, escolher-se-ia X, por ter menor custo anual. Analisando o caso com maior profundidade, verifica-se que se a taxa mínima de retorno fosse 8 % , Y seria escolhida. R(x) = 8.500,00 FRC (8 % , 5) = 8.500 X 0,25046 = 2128,9 R(y) = 20.000 FRC (8%, 20) = 20.000 X 0,10185 = 2037,0 Da mesma forma, se a máquina X durar apenas 4 anos, em vez dos 5 programados, e Y passar a ter 15 anos de vida e não mais 20 anos como programado, esta última oferecerá mais vantagem à taxa de 10 %. R(x) = 8.500 FRC(10 %, 4) = 8.500 X 0,31547 = 2681,5 R(y) = 20.000 FRC (10 % , 15) = 20.000 X 0,13147 = 2629,4 O exemplo mostra claramente os efeitos duma simples alteração nos fatores de decisão. A última análise, onde as vidas úteis de X e Y foram reduzidas de 20 a 25 % respectivamente, desfavorecendo mais Y que X em termos percentuais, já bastou para por em dúvida a validez do julgamento inicial. Qual a solução para isto? Matematicamente dever-se-ia estimar a probabilidade de ocorrência de cada variação e usar-se o valor esperado como base de escolha. Na prática isto pouco funciona e cabe ao responsável pela decisão verificar a influência que pequenas mudanças nas suas estimativas podem acarretar na solução final e decidir pelo resultado que lhe parece mais provável de acontecer. Tudo isto serve mais como aviso de que nem sempre uma resposta ÚNICA, numérica, é satisfatória. Números ajudam mas não bastam. Tem que ser examinados à luz da razão e reajustados. É preciso ainda notar que o exemplo foi extremamente simples. Poderia ter sido complicado com a introdução de valores residuais, diferentes produtividades dos equipamentos, etc. Outro conceito que influi muito na apreciação de uma proposta é o RISCO. No capítulo anterior isto já foi explicado. Para levá-lo em conta pode-se aumentar a taxa mínima de atratividade, ajustar as estimativas de uma forma mais pessimista (ou otimista, conforme o caso) fazendo uma análise de sensibilidade dos efeitos de tais ajustes, utilizar técnicas probabilísticas, medir tudo em termos de utilidade de dinheiro, etc. 04.03.04. Imposto de Renda e suas Influências O intuito aqui é mostrar que em muitos casos o imposto de renda tem que ser considerado para avaliar uma proposta. Até o momento, os estudos foram feitos “numa base anterior ao mesmo, sem considerar seus efeitos.” Na realidade muitos projetos notáveis, antes de levá -lo em conta, passam a ser desinteressantes após a avaliação das conseqüências que acarretam. Isto, de um modo geral, é tanto mais verdadeiro quanto maior for a taxa de incidência do imposto. Os exemplos que serão apresentados procurarão esclarecer a questão. Aconselha-se ao leigo grande cautela e a consulta a um especialista no assunto, sempre que tiver de lidar com aspectos fiscais. O Conceito de Depressão Esta parte trará basicamente da depreciação voltada para o ativo fixo e relacionada com problemas de engenharia econômica. Em linhas gerais, o imposto de renda incide sobre o que se denomina “lucro tributável”. A legislação em vigor chama-se “lucro operacional” o resultado apurado pela contabilidade da empresa pelos métodos tradicionais, em conseqüência de suas atividades normais como personalidade jurídica de direito privado. A este lucro soma -se a receita líquida apurada incluindo certas transações eventuais. O lucro tributável é exatamente esta soma, deduzindo-se alguns valores, por serem isentos ou já terem sido tributados em outros momentos, e a depreciação. A razão de ser da exclusão da depreciação para chegar ao lucro tributável é muito simples. Existem bens e direitos do ativo imobilizado de uma empresa que perdem seu valor com o tempo. Uma máquina que custou Cr$ 1.000,00 em 1965 e que devia durar 10 anos (até 1975), em 1969 não mais vale Cr$ 1.000,00. Com o uso e o desgaste seu valor real diminui. Mantê-lo no ativo pelo seu valor original, inflacionando, ajustado ou não por um índice de reavaliação, seria incorreto. Assim a legislação tributária permite deduzir do lucro uma parcela correspondente a este desgaste. No Brasil adota-se apenas um método de dedução. É o processo da linha reta. Divide-se o valor original da máquina pela sua vida média útil, obtendo-se o montante anual a deduzir. O próprio governo se encarrega de publicar uma lista padronizando a vida média útil, de acordo com o tipo do bem. Assim, para um móvel cujo preço é de Cr$ 800.00 e tem 5 anos de vida, a depreciação anual vem a ser: Cr$ 800.00 ÷ 5 = Cr$ 160,00 Há muita lógica nisto. No caso acima, se o dono do equipamento não puder “guardar” uma certa quantia durante o seu período de funcionamento, não terá dinheiro para colocar outro em seu lugar, quando este ficar imprestável (o que pode levar mais de 5 anos ou menos). Em outras palavras, é preciso dispor de parte da diferença entre receitas e despesas para se precaver contra a substituição dos equipamentos e manter as empresas em andamento. Quando se compra Cr$ 10.000,00 de letras imobiliárias, a juros de 7 % a.a., só os juros são tributados para efeito de imposto. Ao resgatar a letra o investidor recebe os seus Cr$ 10.000,00 corrigidos monetariamente para evitar a desvalorização da moeda e a parte de juros. Se ao invés de comprar letras imobiliárias ele adquire pelo mesmo preço um táxi que lhe proporciona Cr$ 500,00 ao mês, durante os 10 anos de vida útil estimada, ele deve tirar parte deste dinheiro para ficar em igualdade de condições com o caso anterior. Assim deduziria: Cr$ 10.000,00 ÷ 10 = Cr$ 1.000,00 por ano = Cr$ 1.000,00 ÷ 12 = Cr$ 83,33 ao mês. Estes Cr$ 83,33 não são taxados pois visam a permitir ao dono do táxi comprar outro, do mesmo valor, caso queira, ao fim de 10 anos, quando seu primeiro táxi nada mais valer. Em suma, possibilitam a recuperação do capital investido, o que no exemplo das letras imobiliárias é automático, com o resgate. O rendimento tributável de seu carro é Cr$ 500,00 – Cr$ 83,33 = Cr$ 416,66 por mês. É fundamental perceber que a depreciação não é um custo, na acepção da palavra. Pelo contrário, é uma das maiores fontes de fundos para as empresas. A confusão comumente feita deve-se ao fato de que, ao se calcular o preço de venda de certo produto, a depreciação é encarada como “custo fixo” Um exemplo esclarecerá as idéias. Um indivíduo tem duas alternativas: a) Emprestar 1 milhão de cruzeiros a 6 % ao ano durante 10 anos. b)Comprar uma fábrica completa que custa Cr$ 1.000.000,00 e deve durar 10 anos. Seus custos fixos (não variam com o volume de produção dentro de certos limites) montam a Cr$ 200.000,00 anuais. Produz um único artigo cujo custo variável (varia proporcionalmente com a produção) é igual a Cr$ 40,00 por unidade. Não existem custos de venda, pois tudo é absorvido por um único cliente que compra 10.000 unidades por ano, correspondentes a toda a produção. Não há inflação. Comparar as duas alternativas para diversos preços de venda, antes do imposto de renda. a) Para a primeira alternativa o fluxo de caixa é óbvio. Ano 0 1 a 10 10 Cr$ - 1.000.000 60.000 + 1.000,000 Somente para confirmar a lucidez do raciocínio, seu valor atual é: -1.000.000 + 60.000 FVA (i, 10) + 1.000.000 FVA’ (1, 10) Resolvendo para i = 6 % o valor atual se anula. b) Para a Segunda alternativa, com preço de venda de Cr$ 66,00 tem-se Custo fixo = Cr$ 200.000,00 Custos variáveis = Cr$ 40,00 X 10.000 = Cr$ 400.000,00 Custo total = Cr$ 600.000,00 Custo médio = Cr$ 600.000,00 ÷ 10.000 = Cr$ 50.000 Se o indivíduo vender o produto por Cr$ 66,00 o seguinte fluxo de caixa aparece: Ano 0 1 a 10 10 Cr$ - 1.000.000 + 60.000 0 É fácil perceber que terá um prejuízo pois não chega nem a recuperar o que investiu. c) Para um preço unitário de venda de Cr$ 76,00 e fazendo uma previsão para a depreciação, vem: Custo total = Cr$ 600.000,00 Depreciação anual = Cr$ 1.000.000,00 ÷ 10 = 100.000,00 Jogando a depreciação no custo total, para efeito de raciocínio, o custo médio passa a Cr$ 70,00. Vendendo o produto a Cr$ 76,00 por unidade, o fluxo é: Ano 0 1 a 10 10 Seu valor atual é dado por: Cr$ - 1.000.000 + 160.000 - -1.000.000 + 160.000 FVA (i, 10), que se anula para i = 9,6% Note-se que: i)A taxa de retorno é superior a 6 % pois a reserva para um fundo de depreciação permite que se recupere o capital ao longo do período e não apenas no último ano. ii)A depreciação não é um custo. Os Cr$ 100.000,00 de depreciação retornam às mãos do investidor, que a aplicá-los. O cálculo acima subentende que ele os aplica a 9,6 % na fábrica e não a 5 % . Trata -se de uma fonte de fundos para reinvestir. O problema é achar a taxa de reinvestimento. Nem sempre é vantajoso ou mesmo possível reinvestir tudo no mesmo empreendimento. Caso os Cr$ 100.000,00 de depreciação anual não fossem aplicados, e simplesmente guardados “dentro do colchão” a tax a “i” seria de 6 % . d) Para um preço unitário de venda de Cr$ 73,69 A este preço haverá uma equivalência perfeita entre as duas alternativas. Ano 0 1 a 10 10 O valor atual é dado por: Cr$ - 1.000.00 + 135.900 0 - 1.000,00 + 135.900 FVA (i, 10) que a taxa i = 6 % se anula Vendendo por Cr$ 73.59 cada artigo, a receita total vem a ser Cr$ 735.900 e o custo total Cr$ 600.000,00. A diferença inclui a depreciação. Se o leitor consultar outros livros de finanças verá que quase todos eles consideram a depreciação nos custos fixos. Não é errado. O que se quis realmente mostrar aqui é que a depreciação não é uma despesa, uma quantia gasta. É uma reserva que serve de fonte para novos investimentos. Seja como for, seus efeitos têm que ser considerados no fluxo de caixa. Às vezes estima-se que um bem tenha um valor residual ao fim de sua vida útil. Uma certa máquina pode ser vendida ao ferro -velho ou entregue ao fabricante para que este possa usar algumas peças ainda em bom estado. A fórmula geral para calcular a depreciação é: Valor inicial do bem – Valor residual Número de períodos Por exemplo, um certo equipamento custou Cr$ 500,00. Seu valor residual após 8 anos de vida útil estimada será Cr$ 100,00. A depreciação anual é: Cr$ 500,00 – Cr$ 100,00 = Cr$ 50,00 8 O valor de um bem no balanço é influenciado pela depreciação. O valor contábil (“book value”) de um bem nada mais é que a porção de seu custo inicial que ainda não foi transferido para a reserva para depreci ação. No exemplo anterior, após o 3º ano de funcionamento o valor contábil do equipamento será: Cr$ 500,00 – 3 X Cr$ 50,00 = Cr$ 350,00 Note-se que isto não é uma avaliação e sim um processo de alocação de recursos. Nada indica que seu valor real de mercado, ignorando a inflação, seja Cr$ 350,00. Tanto pode ser mais, como menos. Se ao caso dos citados 3 anos o bem for vendido por Cr$ 380,00, diz-se que houve um ganho contábil de Cr$ 30,00 na Disposição do bem, pois já se reservou Cr$ 150,00 na conta de depreciação para o mesmo. Do mesmo modo, se for vendido por Cr$ 300,00 houve uma perda contábil de Cr$ 50,00. Os valores contábeis não servem como base para uma decisão. O que interessa é o valor real do bem. Um equipamento pode ficar obsoleto bem antes do prazo estimado para sua vida útil, simplesmente porque surgiu no mercado outro melhor. Seu valor de mercado pode ser nulo enquanto que contabilmente tal não ocorra. Para decidir se deve ser substituído usa -se o valor de mercado, com referência ao preço pelo qual pode ser vendido. Existem naturalmente outros conceitos de valor, como valor para o proprietário, valor de liquidação, valor de reprodução, etc. O fato é que depreciação e imposto de renda são assuntos complexos. Nem sempre a vida útil de um bem, ou seu valor residual, coincidirão com os valores estimados. Bens são comprados durante o ano e não exatamente no dia 1º de janeiro. E por aí afora. Os princípios básicos foram apresentados. Para maiores detalhes existe uma vasta legislação a enfrentar. Imposto de Renda em Estudos Econômicos É fora de questão que o imposto de renda deve ser considerado ao se escolher entre alternativas. Isto porém não significa que deve ser incluído sempre nos cálculos. Em muitos casos, a melhor alternativa antes do imposto continua a ser a mais vantajosa após o mesmo. Por outro lado, uma taxa mínima de atratividade que satisfaça o investidor antes do imposto de renda pode transformar-se em desinteressante se este for considerado. De um modo geral, se a taxa mínima de atratividade for de 10 % a.a., antes do imposto e este estiver estimado em 30 % a.a., a taxa após o imposto será: 10 % X (1 – 30) = 7 % a.a. Antes de mais nada é preciso frisar que o imposto é uma despesa. Trata-se de um dinheiro gasto, a ser deduzido do fluxo de caixa. Como já foi explicado, ele incide sobre o lucro líquido deduzindo-se a depreciação. Um exemplo serve para fixar as idéias: Uma máquina está estimada em Cr$ 1.500,00 com vida média útil de 5 anos e seu valor residual é de Cr$ 300,00. Durante o seu período de uso acredita-se que reduza as despesas com mão-de-obra em Cr$ 700,00 ao ano, acarretando, por outro lado, um gasto adicional de Cr$ 200,00 anuais para manutenção, seguros, energia, etc. Não há inflação. O imposto de renda da firma em questão está na faixa de 30 %. Estudar o caso, levando em conta o imposto de renda. Solução: Depreciação anual = Cr$ 1.500 – Cr$ 300 = Cr$ 240,00 5 Anos Fluxo de caixa antes do imposto Dedução da Depreciação Renda adicional tributável Imposto de Renda 0 1a5 5 1.500 500 300 210 + 260 - 78 Fluxo de caixa após o imposto - 1.500 + 422 + 300 A taxa de retorno será aquela que satisfaz a equação 1 500 = 422 FVA (i, 5) + 300 FVA’ (i, 5), o que se verifica para i = 16 %. Resumindo os conceitos apresentados, para considerar o imposto de renda na comparação ente alternativas, o seguinte procedimento é aconselhado: I)Diferença anuais ente as alternativas devem ser estimadas originando um fluxo de caixa antes da incidência do imposto; II)Diferenças em renda adicional tributável são calculadas, aplicando-se as deduções relativas à depreciação; III)Estima-se a taxa de imposto; IV)Calcula-se a despesa com o imposto adicional. Note-se que se trata de diferença entre alternativas; V)Obtém-se o fluxo de caixa após o imposto e este é avaliado. A importância deste tipo de estudo é muito grande. Em certos empreendimentos, como investimentos na área da SUDENE, existem incentivos fiscais como isenções tributárias dos rendimentos produzid os por investimentos na região, geralmente pelo prazo de 10 anos. Para comparar alternativas em que uma delas goza de tais privilégios, é evidente que a análise deve ser concentrada nas diferenças entre fluxos de caixa após a cobrança do imposto, conforme se ilustra no exemplo a seguir. Um grupo de capitalistas está em dúvida apenas quanto ao local a escolher para montar uma fábrica. A decisão de levar o empreendimento para adiante já foi tomada. Duas áreas estão em estudo. A primeira, Santos, reúne as vantagens de estar perto das fontes de matéria-prima e do mercado consumidor. A Segunda, Aratu, Bahia, apresenta a perspectiva dos incentivos fiscais. Construindo a fábrica em Santos, sue custo inicial sairá por Cr$ 10.000.000,00, enquanto em que Aratu isto custará menos Cr$ 2.000.000,00 por causa da isenção sobre imposto de importação de bens de ativo fixo. Para o volume de produção pretendido (idêntico em ambos os casos) espera-se um lucro líquido anual de Cr$ 1.200.000,00 antes do imposto de renda, caso a fábrica seja em Santos. Haverá uma diferença de Cr$ 400.000,00 para mais nos custos anuais se Aratu for escolhida. À fábrica tem a vida média útil estimada em 20 anos. A taxa de imposto atingirá a 30 % para Santos e zero durante dez anos para Aratu, subindo depois para os mesmos 30 %. Não há inflação. A taxa mínima de atratividade é 6 %. Solução: Fluxo de Caixa para Santos (Em Cr$ 1.000,00) Anos Fluxo de caixa antes do imposto 0 1 a 10 11 a 20 - 10.000 + 1.200 + 1.200 Dedução da Depreciação - 500 - 500 Renda adicional tributável 700 700 Imposto de Renda - 210 210 Calculando a taxa de rendimento vem i = 7,5 % Fluxo de caixa após o imposto - 10.000 990 990 Fluxo de Caixa para Aratu (Em 1.000,00) Anos Fluxo de caixa antes do imposto 0 1 a 10 11 a 20 - 8.000 + 800 + 800 Dedução da Depreciação - 400 400 Renda adicional tributável Imposto de Renda 400 120 Fluxo de caixa após o imposto - 8.000 + 800 + 680 Taxa de rendimento: i = 7 % Assim, sendo os investimentos iniciais aproximadamente iguais, sem as vantagens dos incentivos fiscais. Santos é a melhor localização. Um outro método seria analisar as diferenças entre os fluxos de caixa após imposto de renda. Diferenças entre Fluxos de Caixa (Santos – Aratu) em Cr$ 1.000,00 Ano Diferença dos Fluxos 0 - 2.000 1 a 10 + 190 11 a 20 + 310 Taxa de rendimento: i = 9,5 % Logo a diferença (Santos – Aratu) tem rendimento superior à taxa mínima de atratividade. Santos é a melhor localização para o caso apresentado. Infelizmente o efeito das tribulações não é tão simples assim. Indivíduos pagam seu imposto no ano seguinte do qual a renda foi recebida. Existe, pois, uma folga entre a efetivação das receitas e despesas que dão origem à renda tributável e a cobrança do imposto. Nos Estados Unidos tal cobrança é feita no mesmo ano e ao se analisar fluxos de caixa anuais, pode se desprezar esta folga. No Brasil, em muitos casos, apenas um ano depois vem o pagamento do tributo. Por outro lado, indivíduos sofrem retençõ es na fonte. Tudo isto tem que ser considerado ao se preparar o fluxo de caixa. Outra coisa merecedora de atenção é que o governo pode ser considerado um sócio, tanto nos negócios produtivos como nos improdutivos. Quando um certo empreendimento trouxer prejuízos estes podem ser subtraídos de outros que acarretam ganhos na hora de calcular a renda tributável. Caso os últimos existam, pode-se fazer a dedução nos anos seguintes até um certo limite de tempo. Seja como for, a participação do governo em investimentos improdutivos depende de ter o contribuinte uma renda tributável oriunda de outra fonte. Em suma, a análise após tributação serve para ver se um empreendimento continua a ser satisfatório quando esta despesa é levada em conta. Nos Estados Unidos, onde vários métodos de depreciação são usados, sendo que uns deduzem mais no início do que no fim da vida útil dos bens, a análise tende a ser mais complexa. Para dar um exemplo da importância deste tipo de raciocínio basta dizer que não raro uma firma adquire uma outra que tem prejuízos, apenas para poder deduzir tais perdas do seu lucro tributável, obtendo, no final de contas, uma vantagem. Repita -se mais uma vez que tudo isto não é simples e em geral apenas um especialista no assunto tem condições de dar parecer definitivo. 04.03.05. Substituição de Equipamentos A substituição de equipamentos e, de modo geral, a renovação ou modernização de instalações constituem um dos campos em que os métodos da Engenharia Econômica tem sido aplicados com maior sucesso. Em síntese, o problema consiste em determinar se a redução de custos decorrente da substituição compensa o investimento que se faz necessário. O que se procura é comparar os fluxos de caixa com e sem a substituição proposta, a fim de escolher a melhor solução . Conforme a natureza dos equipamentos ou das unidades envolvidas, os problemas de substituição podem ser classificados em dois tipos: substituição de unidades que se destroem e substituição de unidades que se desgastam. O caso de unidades que se destroem pode ser exemplificado considerando-se um equipamento dotado de componentes eletrônicos que cessam repentinamente de funcionar após certo tempo de uso. A vida de cada componente obedece a uma lei probabilística, de modo que não se pode prever com exatidão a hora em que irá falhar. Por outro lado, o custo de uma falha engloba não só a substituição do componente, como também perdas devidas ao não funcionamento do equipamento. Nestas condições, a decisão jaz entre efetuar a substituição apenas dos componentes que falham, na ocasião em que as falhas ocorrem, ou substituir todo o grupo a intervalos regulares, diminuindo assim a probabilidade de ocorrência de falhas e paradas não programadas. Em muitos casos, a paralisação súbita do equipamento acarreta perdas tão grandes que a substituição em grupo dos componentes, antes mesmo da sua vida média ter sido atingida, torna -se plenamente justificável. Entretanto, o tratamento quantitativo deste tipo de problema depende do conhecimento de Teoria da Probabilidade e foge ao escopo deste livro. O caso de unidades que se desgastam é típico dos equipamentos cuja eficiência decresce gradativamente com o tempo, provocando aumento nos custos da operação e manutenção, além de prejudicar a qualidade do serviço proporcionado. Nestes casos, torna-se necessário decidir sobre a conveniência de manter o equipamento em uso por mais tempo ou efetuar a substituição. Alguns exemplos de problemas desta classe serão examinados a seguir: 04.03.06.Vida Econômica Em se tratando de unidades que de desgastam, freqüentemente ocorre que o equipamento será substituído por outro com características idênticas, diferençando-se apenas pelo fato de ser novo. Após certo tempo, o equipamento novo terá sofrido desgaste e será, por sua vez, substituído por outro idêntico e assim por diante. O problema, consiste em determinar o intervalo ótimo entre duas substituições, denominado vida econômica do equipamento. Conforme foi dito, o modelo assume que o equipamento novo apresenta características idênticas ao antigo e realiza as mesmas funções. Supõe-se, ainda, que a decisão de substituir não afeta a receita da empresa, contribuindo apenas para a redução de custos. (Observe-se que uma diminuição na receita pode ser sempre encarada como um custo). A determinação da vida econômica é feita pela comparação em uso durante “n” anos pode ser decomposto em custo de capital e custo de operação e manutenção. O custo de capital deve-se ao fato do valor de revenda, em termos reais, ser sempre inferior ao preço do equipamento novo. Representando-se por “p” o preço e por “L” o valor de revenda após “n” anos, tem-se o seguinte fluxo de caixa. L 0 1 P 2 ------ n O custo anual equivalente é dado por Rc = Px FRC (i, n) – Lx FFC (i, n), O qual pode ser escrito como Rc = (P – L) x FRC (i, n) + L x i. Observa-se que esta parcela decresce quando “n” aumenta. As despesas anuais de operação e manutenção, por sua vez, tendem a crescer à medida que o equipamento envelhece. De modo geral, tem-se para estas despesas um fluxo do tipo ____________ _ _ _ _ _ _ _ ______ n 0 1 2 C1 C2 Cn Onde C 1 < C 2 < C n O custo de operação e manutenção (Ro) é obtido transformando-se este fluxo numa série uniforme equivalente. Assim, o custo anual do equipamento para uma vida de “n” anos é dado pela soma Rc + Ro, onde o custo de capital (Rc) cresce com “n”, ao passo que o custo de operação (Ro) varia em sentido inverso. A vida econômica corresponde ao valor de “n” para o qual a soma Rc + Ro é mínima. Exemplo 1: Uma empresa transportadora utiliza caminhões de determinado tipo, cujo preço é Cr$ 24.000,00. São conhecidos os seguintes elementos de custo, expressos em cruzeiros constantes: Idade do Caminhão em anos 1 2 3 4 5 Despesas de Operação em 4000 5600 7200 8800 10400 Cr$ Valor de Revenda em Cr$ 12000 6000 3000 1500 800 6 12000 7 13600 8 15200 800 800 800 Considerando juros reais de 10 % ao ano, pede-se a vida econômica dos caminhões e o custo anual corresponde. Solução: Em geral, a maneira mais simples de se resolver este tipo de problema é proceder por tentativas, arbitrando valores para a vida e calculando o custo anual correspondente, até que o valor mínimo seja encontrado. Para uma vida de 5 anos, tem-se o seguinte fluxo de caixa: L = 800 0 1 4000 2 3 4 5 5.600 7.200 P = 24.000 8.800 10.400 O custo de capital é dado por: Rc = (P – L) x FRC (i, n) + L x i = (24 000 – 800) FRC (10%, 5) + 800 x 0,10 = 23.200 x 0,2637 + 80 = = 6.200. O custo de operação, assumindo que as despesas anuais ocorrem no fim dos períodos, conforme ilustra o diagrama, é: Ro = 4000 + 1600 x FG (10%, 5) = = 4000 + 2896 = = 6896. O custo anual para a vida de 5 anos é, pois, Cr$ 13.096,00. Para uma vida de 6 anos, um cálculo semelhante conduz aos seguintes valores: Custo de capital = Cr$ 5.400,00 Custo de operação = Cr$ 7.552,00 Custo anual = Cr$ 12.952,00 Para uma vida de 7 anos os valores são: Custo de capital = Cr$ 4.828,00 Custo de Operação = Cr$ 8.192,00 Custo anual = Cr$ 13.020,00 A vida econômica dos caminhões é, portanto, 6 anos, após os quais a empresa deve renovar a frota. Mantida esta política, cada caminhão custará à empresa o equivalente a Cr$ 12.952,00 por ano. (Em termos práticos, entretanto, a pequena diferença entre os valores encontrados para os custos anuais torna indiferente efetuar a substituição de 5 em 5, 6 em 6 ou 7 em 7 anos. Outras considerações, como, por exemplo, disponibilidade de fundos norteariam a decisão). Exemplo 2: Determinada empresa possui a frota de caminhões especificada no “Exemplo 1” com 2 anos de idade. Surge no mercado um caminhão similar, cuja vida econômica é 5 anos e cujo anual, a juros de 10 % ao ano, é Cr$ 9.440,00. Convém efetuar a troca? Caso afirmativo, quando? Solução: O problema envolve uma decisão a longo prazo (trocar) e outra a curto prazo (quando). Na primeira, o fator a ser considerado é o custo anual. Assim, convém a troca, pois esta produzirá economias anuais de Cr$ 12.952,00 – Cr$ 9.440,00 = Cr$ 3.512,00 por caminhão. Entretanto, isto não significa que a troca deva ser feita imediatamente. Na decisão a curto prazo, é preciso comparar o custo anual de caminhão novo com o custo de se manter o modelo atual por mais um ano, mais dois anos, etc. Assim, trocar significa incorrer em custos de Cr$ 9.440,00, no próximo ano e nos anos seguintes. Manter o modelo atual por mais um ano significa investir Cr$ 6.000,00 (deixar de ganhar o valor de revenda correspondente a dois anos de idade), gastar Cr$ 5.600,00 em despesas de operação e efetuar a venda do caminhão daqui a um ano por Cr$ 3.000,00. Esta alternativa envolve um custo de Cr$ [ 6.000,00 (1 + 0,10) + 5.600,00 - 3.000,00 ] = Cr$ 9.200,00 A comparação mostra que a troca imediata não é conveniente, pois o custo no próximo ano será menor se os caminhões atuais forem mantidos. O mesmo estudo será repetido daqui a um ano. Nesta ocasião, o caminhão atual terá 3 anos de idade e operá-lo por mais um ano envolverá custos de: Cr$ [3.000,00 (1 + 0,10) + 7.200,00 - 1.500,00 ] = Cr$ 9.000,00 Ainda não convém a troca . Daqui a dois anos, a operação do caminhão atual custará Cr$ [1.500,00 (1 + 0,10) + 8.800,00 - 800,00 ] = Cr$ 9.650,00 Não é mais vantagem manter o caminhão atual, pois o custo incremental é maior que o custo anual do caminhão novo. Portanto, a troca deve ser feita daqui a dois anos, quando os caminhões atuais tiverem 4 anos de idade. 04.03.07. Substituição Vista como Alternativa de Investimento Alguns problemas de substituição nada mais são do que problemas de seleção de alternativas de investimento e podem ser tratados pelo método de avaliação já vistos. O exemplo que se segue ilustra este fato. Exemplo: Há dez anos uma fábrica adotou um processo que necessitava de 12 milhões de galões de água por dia. Instalou-se, então, uma canalização de aço com 30 polegadas de diâmetro, cujo custo inicial foi de Cr$ 80.000,00. Bombear a água tem custado Cr$ 6.900,0 por ano. A depreciação da canalização foi calculada considerando-se uma vida de 20 anos. Agora a fábrica modificou o processo e passará a necessit ar do dobro da quantidade de água; isto provocará um aumento no custo de bombeamento. Os engenheiros da fábrica verificaram que as seguintes alternativas são tecnicamente viáveis: PLANO A: Manter a instalação atual. O aumento da vazão provocará maiores perdas por atrito e o custo de bombeamento será Cr$ 50.100,00. PLANO B: Instalar outra canalização de 30 polegadas. Cada linha transportará 12 milhões de galões por dia e envolverá um custo de Cr$ 6.900,00 por ano. A nova linha custará Cr$ 150.000,00. PLANO C: Vender a canalização atual por Cr$ 40.000,00 e instalar outra de 42 polegadas, cujo custo é Cr$ 240.000,00. As despesas de bombeamento serão de Cr$ 9.700,00 por ano. PLANO D: Vender a canalização atual e instalar uma de 48 polegadas. O custo inicial é de Cr$ 300.000,00 e as despesas anuais serão de Cr$ 5.100,00. Espera-se que a fábrica altere o processo daqui a algum tempo, de modo que o estudo deve ser feito considerando-se um período de 10 anos. Nesta ocasião a canalização atual terá de revenda nulo; supõe-se que as canalizações novas tenham valor de revenda igual a 50 % do seu custo inicial. Para questões de impostos e contabilidade, as instalações novas serão depreciadas à razão de 5 % ao ano. Existe um imposto municipal de 1 % ao ano, calculado s obre o custo inicial das canalizações. O imposto de renda é de 30 %. A empresa usa taxa de juros de 6 % ao ano nos seus estudos econômicos. Qual a melhor alternativa? Solução Qualquer dos métodos de avaliação de alternativas de investimento pode ser empregado, porém o método do custo anual é especialmente aconselhável. Além dos custos mencionados, é preciso levar em conta a influência do imposto de renda. Os valores correspondentes à depreciação, imposto municipal e custo do bombeamento são considerados des pesas do ponto de vista contábil; a existência destas despesas diminui o lucro tributável, contribuindo, portanto, para a redução do imposto de renda pago pela empresa. Na avaliação das alternativas, esta redução deve ser encarada como uma receita adicional. (Se ocorre em ganhos e perdas de capital, que não existem neste exemplo, o imposto sobre tais valores também deveria ser incluído na análise). Isto posto, pode-se avaliar o efeito do imposto de renda: Plano A Plano B Plano C Plano D Despesas (em cruz. Constantes) 4.000 11.500 12.000 15.000 Depreciação Imposto Munic. 800 2.300 2.400 3.000 Bombeamento 50.100 13.800 9.700 5.100 TOTAL 54.900 27.600 24.100 23.100 Redução do Imposto de Renda (30 % das Desp. Totais) 16.470 8.280,00 7.230 6.930 O custo anual dos diferentes planos, expresso em cruzeiros constantes, será: Plano A Custo de Capital = 40.000 x FRC (6 % , 10) = Imposto Municipal = ...................................... = Custo do Bombeamento = ............................ = 5.430 800 50.100 56.330 menos Redução do Imposto de Renda = .................... = TOTAL 16.470 39.860 Plano B Custo de Capital Canalização atual = 40.000 x FRC (6 %, 10) Canalização nova = (150.000 – 75.000) x FRC = 5.430 (6 %, 10) + 75.000 x 0,06 = 14.700 Imposto Municipal = 800 + 1.500 = ................... 2.300 Custo do Bombeamento = 2 x 6.900 = .................. 13.800 36.230 menos Redução do Imposto de Renda: .............................. TOTAL 8.280 27.950 Plano C Curso de Capital = (240.000 – 120.000) x FRC (6 %, 10) + 120.000 x 0,06 = ....................... 23.5 20 Imposto Municipal = ............................................... 2.400 Custo do Bombeamento = ....................................... 9.700 35.620 menos Redução do Imposto de Renda = ............................. 7.230 TOTAL: 28.390 Plano D Custo de Capital = (300.000 – 150.000) x FRC (6 %, 10) + 150.000 x 0,06 = ..................... 29.400 Imposto Municipal = ............................................. 3.000 Custo de Bombeamento = ..................................... 5.100 37.500 menos Redução do Imposto de Renda = ......................... 6.930 TOTAL: 30.570 Conclui-se que o “Plano B” é mais econômico. A decisão é manter a canalização atual e acrescentar outra de 30 polegadas. Isto custará à empresa o equivalente a Cr$ 27.950,00 anuais. 04.03.08. Financiamento Engenharia Econômica é uma das muitas áreas de Finanças. Ela se preocupa com o uso eficiente dos fundos. Acontece que capital é um fator de produção escasso. Até o momento, o estudo das alternativas foi feito sem levar em conta a origem dos fundos. Em geral há três fontes básicas de fundos: O capital próprio, empréstimos a curto prazo e financiamento a longo prazo. O capital próprio é fornecido pelos iniciadores de um empreendimento. Os créditos a curto prazo, na sua maioria empregados para financiar o capital de giro das empresas, vem de banco, fornecedores, etc. Comumente são pagos em prazo inferior a 1 ano. Alguns são renováveis contendo. Empréstimos a longo prazo, com duração superior a 1 ano, são concedidos pelas financeiras, bancos de desenvolvimento, investimento, certos bancos, etc. Os aluguéis financeiros estão incluídos nesta categoria. Existem vários modos de se saldar uma dívida: - Pagamento dos juros e devolução do principal no final. - Pagamento periódico dos juros e devolução do principal no final. - Pagamento periódico dos juros e do principal (amortização). Segundo a teoria tradicional, todas as alternativas são estudadas independentemente de seu financiamento, para ver se satisfazem. Em seguidas independentemente de seu financiamento, para ver se satisfazem. Em seguida tenta-se analisar as possibilidades de obtenção de recursos de terceiros. De um modo geral, empréstimos tendem a melhorar bons empreendimentos e a modo geral, empréstimos tendem a melhorar bons empreendimentos e a modo geral, empréstimos tendem a melhorar bons empreendimentos e a piorar os maus. Este raciocínio baseia-se no fato de a taxa de juros cobrada ser inferior à taxa de retorno de um investimento de qualidade. Se um indivíduo consegue uma quantia de 3 % ao mês e a empresa a 5 %... Pode acontecer que a melhor alternativa não seja financiável e que uma outra, considerada boa, por razões políticas consiga um empréstimo que tenda a torna-la melhor que a primeira. Isto acontece, também, quando da compra de certos equipamentos financiados pelo fornecedor. Nestes casos a última é escolhida, porém antes tenta-se obter crédito para a outra. É errado comparar uma alternativa financiada com outra não financiada, sem procurar ver se é possível iguala-las quanto à obtenção de recursos Além de ver se um empreendimento satisfaz à taxa mínima de retorno é preciso ver se o empréstimo pode ser pago conforme as cláusulas contratuais. Muitas vezes tais cláusulas englobam cert as restrições feitas ao investidor como proibição de novos empréstimos, estoques mínimos, etc. Faz-se necessária uma análise objetiva das mesmas. Exemplo Para um certo empreendimento o seguinte fluxo de caixa, para o lucro bruto, antes do imposto de renda, é estimado. Ano 1 2 3 4 5 6 7 8 Fluxo de caixa em Cr$ + 8.000 + 7.400 + 6.800 + 6.200 + 5.600 + 5.000 + 4.400 + 3.800 Necessita-se de Cr$ 20.000,00 para realiza-lo, e como os donos só possuem a metade, fez-se um contrato com uma companhia de investimentos, que ficou de emprestar o resto a juros de 8 % a.a., sobre o saldo devedor; amortização em 8 anos. A taxa de imposto de renda foi calculada em 30 % e a taxa mínima de atratividade após o imposto em 10 % a.a. Examinar o empreendimento ignorando a inflação. Fluxo de Caixa após Imposto de Renda – Financiamento de 50 % do capital necessário a juros antecipados de 8 % a.a. (em Cr$) A B C D Anos Fluxo de caixa antes do imposto e do pagamento da dívida. Amortizaçã o (Cr$ 10.000,00) 8 Juros sobre o saldo devedor 0 1 2 3 4 5 6 7 8 - 20.000 +10.000 +8.000 +7.400 +6.800 +6.200 +5.600 +5.000 +4.400 +3.800 - 1.250 1.250 1.250 1.250 1.250 1.250 1.250 1.250 - 800 700 600 500 400 300 200 100 E F G H Fluxo de Depreciação Renda Imposto caixa após (20.000,00) tributável de o 8 B – (D+F) Renda pagamento (30 % da dívida de G) B – (C+D) +5.950 +5.450 +4.950 +4.450 +3.950 +3.450 +2.950 +2.450 - 2.500 2.500 2.500 2.500 2.500 2.500 2.500 2.500 + + + + + + + + 4.700 4.200 3.700 3.200 2.700 2.200 1.700 1.200 1410 1260 1110 960 810 660 510 360 I Fluxo de Caixa após imposto (E-H) -10.000 4.540 4.190 3.840 3.490 3.140 2.790 2.440 2.090 Avaliando o fluxo de caixa da coluna 1 verifica-se que a taxa de retorno situa-se na ordem dos 50 % o que é bem maior que o número exigido de 10 %. Além de ser atraente, o investimento apresenta retornos suficientes para saldar o compromisso assumido. O importante aqui é dizer que o imposto de renda permite a dedução dos juros pagos pelo empréstimo como despesas. Note-se que a amortização do principal não é dudutível. O cálculo da taxa de retorno é feito somente sobre o capital empregado pelos iniciadores. O financiamento é saldado pela amortização mais os juros. Assim, no mesmo estudo, depreciação e amortização não podem aparecer como “custos”. Em muitos casos, em vez de comprar um bem, este é arrendado. Há dois tipos de aluguel: Aluguel financeiro – no qual o contrato especifica uma série de pagamentos que no total excedem o preço do bem. Os pagamentos são em geral espalhados sobre um período aproximadamente igual à maior parte da vida média útil do mesmo. Os contratos na sua maioria não são canceláveis. A posse do bem permanece com o fornecedor. Aluguéis operacionais são canceláveis dando-se aviso prévio, e geralmente não tem prazo longo fixado. As características básicas dos arrendamentos são: - Quem fornece o bem sob aluguel operacional assume parte dos riscos de que este se torne absoleto, pois não há prazo contratual. - São tipos de financiamento pois evitam que o cliente tenha de pagar o preço integral do bem na data da aquisição. Quando se estuda uma alternativa de alugar, não é comparada com a aquisição à vista e sim com um outro tipo de financiamento. A dúvida inicial é: “Vale a pena ter o bem, isto é, será melhor comprá-lo ou deixar tudo permanecer como antes?” Em seguida estuda-se seu método de compra: alugar ou obter financiamento levantado-se o mesmo capital por empréstimo de terceiros. Note-se que o arrendamento é um serviço cujo pagamento é um juro cobrado pelos riscos assumidos e pelo custo de oportunidade do financiador. A vantagem do aluguel é que o imposto de renda permite sua dedução integral para efeitos de cálculos da renda tributável. As parcelas de aluguel financeiro são semelhantes à soma da amortização mais os juros de um financiamento, exceto que são totalmente dedutíveis do imposto de renda. 04.03.09. Estrutura de Capital e o Valor da Empresa De um modo geral, é aceito que o principal objetivo de uma firma consiste em maximizar a riqueza dos seus proprietários. Evidentemente, há muitas exceções a esta regra e não são poucos os que acreditam que grande parte das organizações procuram atingir lucro satisfatório sem a preocupação de otimização. Em todo caso não há necessidade de alongar a discussão a respeito deste tema. No caso de uma Sociedade Anônima de capital aberto, tal maximização de riqueza se traduz por um aumento de preço das ações ordinárias da empresa. O valor da ação reflete justamente a avalia ção da firma, vista pelo investidor marginal, isto é, pelo último interessado na sua compra. É óbvio que flutuações ocasionais não importam, pois a meta é a longo prazo. Resta dizer que maximizar lucros não implica necessariamente em maximização de riqueza. Os acionistas se dividem quanto a sua preferência entre dividendos no período corrente e ganhos de capital no futuro. Todos estes fatores influem no preço da ação. O problema proposto aqui, é examinar se a estrutura de capital também tem influência da empresa. Todo o estudo será dirigido para Sociedades Anônimas, podendo se aplicar o mesmo raciocínio a outros tipos de organizações. Como toda teoria moderna que se preza, há duas correntes opostas. A primeira (teoria tradicional) parte do princípio que a existência de dívida com juros inferiores ao retorno do capital, deixa um “resíduo” para os acionistas ordinários, que por sua vez passam a se beneficiar dos rendimentos de um capital total bem maior. (Isto é válido também para ações preferenciais sem participação integral, em substituição a debêntures ou outro tipo qualquer de dívida). É claro que à medida que a firma fosse aumentando sua dívida, esta se tornaria mais cara e o resíduo mencionado deixaria de existir. Um exemplo servirá para aclarar as idéias: Sejam duas firmas idênticas cuja estimativa para a Conta de Lucros e Perdas é a seguinte: LUCROS E PERDAS COMPANHIAS A E B Vendas ..................................................................................Cr$ 80.000,00 Custo dos Bens Vendidos .....................................................Cr$ 60.000,00 Lucro Operacionais ..............................................................Cr$ 20.000,00 Despesas de Administração .................................................. Cr$ 10.000,00 Lucro Líquido antes do Imposto de Renda ............................Cr$ 10.000,00 A estrutura de capital das duas Companhias é: A B Nº de ações (valor nominal Cr$ 1,00) 100.000 50.000 Montante da dívida a 6 % a.a. de juros - Valor do livro da firma Cr$ 100.000,00 Cr$ 50.000,00 Cr$ 100.000,00 Segundo a teoria tradicional, o lucro por ação das duas firmas seria diferente: Para a firma A o lucro por ação seria Cr$ 10.000,00: 100.000 ações = Cr$ 0,10. Para a firma B, ter-se-ia antes de descontar os juros da dívida (6 % de Cr$ 50.000,00 = Cr$ 3.000,00) sobrando Cr$ 7.000,00 para dividir entre 50.000 acionistas o que levaria a um lucro por ação de Cr$ 0,14. Concluem os defensores desta teoria que se ambas firmas estivessem numa mesma categoria quanto ao risco, possibilidades de crescimento , tratamento ao acionista, etc., o valor da ação de B forçosamente teria que ser superior ao de A. (A firma B estaria pagando 6 % sobre seu empréstimo e aplicando o montante a 10 % de modo a beneficiar o acionista). Desta forma, a estrutura de capital influi no valor do mercado da firma... A Segunda teoria, inicialmente formulada por Franco Midigliani e Merton Miller (teoria M M), procura demonstrar exatamente o oposto. Seu raciocínio segue as seguintes diretrizes. Admita-se, inicialmente que o valor de mercado da firma B seja superior ao de A. Seja o valor de B igual a Cr$ 110.000,00. Deduzindo -se Cr$ 50.000,00 da dívida, sobram Cr$ 60.000,00 para 50.000 ações, donde o valor de cada ação no mercado teria de ser igual a Cr$ 1,20. Um investidor que tivesse 1000 ações de B, caso esta distribuísse todo o lucro, obteria Cr$ 140,00 de dividendos. Como alternativa ele poderia vender suas 1000 ações por Cr$ 1.200,00, pedir mais Cr$ 800,00 emprestados a juros de 6 % ao ano e depois comprar 2000 ações da empresa A. Sua renda anual, caso esta empresa distribuísse todo o lucro seria algo maior: Dividendos Cr$ 0,10 x 2000 = Cr$ 200,00 Menos: Juros de 6 % s/o empréstimo de Cr$ 800,00 = Cr$ 48,00 TOTAL: Cr$ 152,00 Assim, enquanto o valor da firma B fosse maior que A, compensaria vender suas ações e fazer a transação antes descrita. Isto tenderia a baixar o preço de B e levantar o de A. Se o valor de B fosse inferior ao de A. Cr$ 90.000,00 por exemplo, a ação de B custaria Cr$ 0,80. Quem tivesse 1000 ações de A trataria de vendê-las por Cr$ 1.000,00. Poderia assim comprar 500 ações de B e aplicar Cr$ 600,00 a 6 %. Em vez de receber Cr$ 100,00 de dividendos, sua receita seria: (GRÁFICO) Dividendos Cr$ 0,14 x 500 = Cr$ 70,00 Mais 6 % de juros s/Cr$ 600,00 = Cr$ 36,00 TOTAL: Cr$ 106,00 Da mesma forma, a venda das ações A baixaria seu preço e elevaria o de B. Conclusão de Modigliani-Miller – o valor de mercado da firma independe de sua estrutura de capital. As premissas mais importantes desta teoria são as seguintes: a) O mercado é perfeitamente competitivo. b) Ausência de impostos. Na prática, há distribuição de dividendos, juros são dedutíveis para efeitos de imposto de renda, existem certos incentivos fiscais, etc. c) É possível definir firmas de mesma classe de riscos, etc. d) O acionista e a empresa tem a mesma capacidade de levantar empréstimo, obstendo taxas idênticas. Note-se que quase todo o argumento se baseia neste fato. e) A política de dividendos não influi no valor de mercado das ações e no seu custo de capital. É óbvio que estas hipóteses não ocorrem na prática. Daí a maioria dos estudiosos tender a preferir a teoria tradicional. Por que então preocupar-se com a outra? Simplesmente porque há um fundo de verdade nela. À medida que uma firma incorre em quantidades maiores de dívida, o custo do capital das ações ordinárias tende a subir, devido ao aumento de risco. Este maior custo das ações neutraliza em parte os benefícios de uma dívida a juros baixos, fazendo com que o acionista modifique a avaliação da empresa. O quociente preço/lucro diminui. Acredita-se que para quantidades moderadas de dívida, tal não ocorra, existindo uma estrutura ótima de capital. 04.03.10. Racionamento de Capital Via de regra, os recursos de uma firma são limitados. Racionamento de Capital Ocorre quando existe um limite no orçamento, quanto aos fundos que podem ser investidos durante um certo período. Embora existam outras limitações que não as de capital, tais como de projetos, capacidade empresarial, fatores de produção, mercado, etc... esta é a mais comum de ser encontrada na prática. Já foi mostrado como avaliar isoladamente uma alternativa para ver se esta satisfaz certos pré-requisitivos mínimos e como ordenar vários projetos estabelecendo uma relação de prioridade. Infelizmente isto não basta para resolver o problema em casos racionamento de capital. Um exemplo servirá para demonstrar isto melhor: Sejam 3 projetos A, B e C, não mutuamente exclusivos, todos satisfatórios, cujos investimentos, valores atuais e ordenação estão tabelados a seguir: Projeto Investimento Inicial Valores Atuais Ordenação (a taxa de 8 %) A Cr$ 50.000,00 Cr$ 6.000,00 1º B Cr$ 40.000,00 Cr$ 5.000,00 2º C Cr$ 20.000,00 Cr$ 3.000,00 3º Se o capital fosse ilimitado, todos os projetos seriam aceitos por terem valor atual positivo à taxa de atratividade (8%). Caso a empresa apenas tivesse Cr$ 80.000,00, ela não poderia executar os projetos A e B, por falta de recursos. Deixaria então de escolher B, preferindo A e C. Caso tivesse Cr$ 60.000,00, a escolha recairia em B e C, uma vez que a soma dos valores atuais destas duas propostas seria superior ao valor presente de A (Cr$ 5.000,00 + Cr$ 3.000,00 é maior que Cr$ 6.000,00); Naturalmente, isto implica em dizer que o capital não investido nos projetos acima esteja aplicado à taxa de atratividade, isto é, tenha valor atual nulo. Assim, pode-se concluir que racionamento de capital é capaz de modificar a ordem da seleção de alternativas de investimento. Acontece ainda, que uma restrição de capital por um único período é muito artificial. Orçamentos tendem a ser algo flexíveis, e o custo de projetos pode ser espalhado por vários períodos. Segue-se que é necessário fazer uma análise multi-periódica de alternativas, onde é possível atrasar o início de certos projetos. Ao fazer isto, é preciso ver se um atraso pode reduzir ou aumentar a lucratividade do investimento devido a variações na oferta e procura do produto, de seus fatores de produção, etc. A análise de um período também não considera os fluxos de caixa intermediários gerados por um projeto. Algumas alternativas liberam fluxos altos nos anos iniciais o que diminui a restrição de capital neste período, uma vez que tais fundos podem ser reinvestidos em outras alternativas. Em muitos casos, a capacidade de obter financiamento também se modifica com o pass ar do tempo e, às vezes, de acordo com os projetos antes empreendidos, seja pelas quantias inicialmente geradas, seja pelo tipo de investimento. No Brasil, por exemplo, o governo em muitas ocasiões considerados prioritários, desde que iniciados ou implantados até certa data. Por todos estes motivos, uma análise multiperíodica deve ser feita para alocar capital limitado entre várias propostas. Modelos multiperiódicos de programação matemática tem sido desenvolvidos para auxiliar uma tomada de decisão na seleção de projetos. Seu objetivo é maximizar o valor atual de uma combinação de alternativas de investimento, sujeitas a limitações orçamentárias em vários períodos futuros, considerando os problemas de mútua exclusão, tamanho do investimento inicial, correla ção entre as alternativas, diversificação, possibilidades de financiamento e de atrasos, restrições do mercado e fatores de produção, etc. H. Martin Weingarther no seu livro “Mathematical Programming and the analysis of capital Budgeting Problems’ (Prentice Hall, 1963), foi um dos pioneiros nesta área. Seu modelo principal é do tipo: n Maximizar ٤ j=1 bj xj n Sujeitos ٤ a tj x j ≤ c t j=1 onde 0 ≤ xj ≤ 1 b j = valor atual do investimento j. x j = fração entre 0 e 1 a tj = investimento da proposta j no período t, c t = limitação orçamentária no período t. Neste modelo os projetos são divisíveis. Como isto nem sempre ocorre, Weingarther desenvolve ainda um modelo de programação inteira no qual xj tem que tomar o valor de zero ou um, impedindo o investimento fracionário numa alternativa. O projeto ou é aceito ou é rejeitado. Existem, como já foi mencionado, modelos muito mais sofisticados que consideram várias outras limitações, embora a simulação seja em geral utilizada nos casos bem complexos. A principal desvantagem dos modelos é que se baseiam na hipótese do pleno conhecimento das oportunidades futuras. Na vida prática, novas oportunidades surgem, sem aviso prévio, exigindo uma revisão contínua no processo de seleção. Além disto, tais modelos não conduzem a soluções ótimas, uma vez que quando projetos de retorno superior ao custo de capital são rejeitados, a política de investimento, por definição, deixa de ser ótima. 04.03.11. Problemas Resolvidos 1. Uma máquina custou Cr$ 90.000,00 e tem sua vida média útil estimada em 6 anos com valor residual de Cr$ 6.000,00. Qual é depreciação anual pelo método da linha reta? E o valor de livro após 3 anos? Solução: Depreciação anual = Cr$ 90.000,00 – Cr$ 6.000,00 = Cr$ 14.000,00 6 Valor de livro após 3 anos: Cr$ 90.000,00 – 3 x Cr$ 14.000,00 = Cr$ 48.000,00 2. Planeja-se um edifício de 3 andares. Futuramente outros 3 andares serão requeridos. Dois projetos estão em estudos. Projeto A custa inicialmente Cr$ 420.000,00. Projeto B custa Cr$ 10.000,00 a mais, mas facilita a construção dos pavimentos futuros, tanto que sua confecção acarretará apenas Cr$ 400.000,00 de gastos adicionais, enquanto que no caso de plano A os novos andares custarão mais Cr$ 500.000,00. A vida média do prédio é de 60 anos em ambos os casos. O valor residual é nulo. Manutenção pelo plano B será Cr$ 1.000,00 por ano mais barata do que por A. Outros custos serão iguais. A juros de 3 % a.a., quão cedo serão os pavimentos adicionais requeridos para justificar o plano B? solução: Para achar o “breack even time” faz-se: Valor atual do plano B= Valor atual do plano A Cr$ 490.000,00 + Cr$ 400.000,00 FVA’ (3 %, n) = Cr$ 420.000,00 + Cr$ 500.000,00 FVA’ )3 %, n) + Cr$ 1.000,00 FVA (3 %, 60). FVA’ (3 %, n) = 0,4232 n = 29,1 anos 3. Um investimento de Cr$ 150.000,00, sendo Cr$ 90.000,00 por um terreno e o resto pela construção de uma casa, está sendo considerado. A vida média útil da construção é de 15 anos. Pretende-se alugar a casa por Cr$ 20.000,00 / ano e gastar 6.000,00 anuais na sua manutenção. Seu valor residual deve ser nulo. A estimativa mais razoável é a de vender o terreno após 15 anos por Cr$ 170.000,00. Usando depreciação por linha reta, taxa de imposto de renda de 50 % e ganhos de capital de 25 % , qual a taxa de retorno, após o imposto, do empreendimento? Solução: Fim do Fluxo de caixa Depreciação* Renda ano antes do Imposto Tributável Renda imposto 0 - 150.000 1 – 15 + 14.000 15 + 170.000 de Fluxo de Caixa após o imposto - 150.000 - 4.000 + 10.000 - 5.000 + - 20.000 + 9.000 + 150.000 80,000** Só inclui a construção Ganho de capital sobre a venda do terreno de Cr$ 170.000,00 – Cr$ 90.000,00 = Cr$ 80.000,00 Taxa de retorno após imposto de renda Cr$ 9.000 / Cr$ 150.000,00 = 6 % Note-se que quando o investimento inicial é igual ao valor residual (como é o caso do fluxo de caixa após o imposto), para calcular a taxa de juros basta fazer a divisão simples, como acima. 4. Edu tem uma casa que lhe custou Cr$ 15.000,00 há 5 anos. Vai para outra cidade a fim de casar com Wanda. Lá deverá alugar um outro apartamento. Teve uma oferta de vender a casa por Cr$ 20.000,00. As despesas de venda seriam: 5 % de corretagem e Cr$ de documentação. Outra possibilidade é alugar a casa durante 5 anos por Cr$ 200,00 ao mês, tendo porém de pagar Cr$ 600,00 anuais de seguros e manutenção. Após os 5 anos estima-se que possa vender a casa por Cr$ 18.000,00 ainda deduzindo os 5 % de comissão e os Cr$ 150,00 de documentação. Caso venda a casa, deverá aplicar o dinheiro a 6 %. Sua taxa para imposto de renda é de 30 % e para ganhos de capital é 15 %. Caso venda agora, terá um ganho de capital de Cr$ 3.850,00 que é a diferença entre seu preço de venda, após as deduções das despesas de venda, e seu custo original (não houve inflação, nem há depreciação uma vez que a casa era de uso pessoal). Caso alugue a casa pode deduzir Cr$ 300,00 por ano para efeitos de depreciação além das suas despesas de Cr$ 600,00 com seguros e manutenção (este número foi obtido dividindo-se os Cr$ 15.000,00 da casa em Cr$ 12.000,00 para a construção com 40 anos de vida média e Cr$ 3.000,00 para o terreno). Qual a melhor alternativa após o imposto de renda? Solução: Alternativa de venda: Receita de venda: Cr$ 20.000,00 – (5 % de Cr$ 20.000,00 +_ Cr$ 150,00) = 18.850,00 Ganho de capital: Cr$ 18.850,00 – Cr$ 15.000,00 = Cr$ 3.850,00 Receita da venda após os impostos: Cr$ 18.850,00 – 0,15 x Cr$ 3.850,00 = Cr$ 18.273,00 Alternativa de aluguel: Renda anual tributável: Cr$ 200,00 x 12 – Cr$ 600,00 – Cr$ 300,00 = Cr$ 1.500,00 Receita anual após os impostos: Cr$ 1.800,00 – 0,30 x Cr$ 1.500,00 = Cr$ 1.350,00 Valor da venda após 5 anos: Cr$ 18.000,00 – (0,05 x Cr$ 18.000,00 + Cr$ 150,00) = Cr$ 16.950,00 Valor de livro após 5 anos: Cr$ 15.000,00 – 5 x Cr$ 300,00 = Cr$ 13.500,00 Valor líquido da venda após imposto de ganho de capital: Cr$ 16.950,00 – 0,15 x (Cr$ 16.950,00 – 13.500,00) = Cr$ 16.432,00 Taxa de retorno: Cr$ 18.273,00 = Cr$ 1.350,00 FVA (i, 5) + Cr$ 16.432,00 FVA’ (i, 5) A equação se resolve para i = 5,6 % a.a. O seguinte raciocínio foi utilizado: ‘deixar de vender por Cr$ 18.273,00 é equivalente a comprar por este preço’. Sabe-se que no caso de venda, Edu aplicará o dinheiro a 6 % antes do imposto, o que é igual a 0,06 x (1 – 0,3) = 0,042 .. 4,2 % após o imposto. Como 5,6 % > 4,2 % conclui-se que é melhor alugar. 5) Um investidor de Cr$ 39.000,00 dará um lucro antes de imposto de renda de Cr$ 8.800,00 durante 12 anos. Seu valor residual é nulo. a) Se não for financiado qual a taxa de retorno? b) Com um financiamento de Cr$ 24.000,00 a ser pago em 12 parcelas de Cr$ 2.000,00 mais juros de 8 % sobre o saldo devedor, qual a taxa de retorno antes do imposto de renda? Solução: a) 0 = - Cr$ 39.000,00 + Cr$ 8.800,00 FVA (i, 12) i = 20 % b) 0 = Cr$ 15.000,00 + (Cr$ 8.800,00 – Cr$ 2.000,00 – Cr$ 1.920,00) X FVA (i, 12) + Cr$ 160,00 GFVA (i, 12) i = 34 % Note-se que: Juros no primeiro ano = 0,8 x Cr$ 24.000,00 = Cr$ 1.920,00 Anualmente os juros diminuem de Cr$ 2.000,00 x 0,08 = Cr$ 160,00 6) Vicente tem Cr$ 24.000,00 para investir. Duas oportunidades de compra de um edifício de apartamentos aparecem. O primeiro ‘Michelangelo’ custa Cr$ 60.000,00. Para financiá-lo, deverá hipotecá-lo por Cr$ 36.000,00(máximo) e pagar o resto à vista. O saldo devedor deve ser pago à razão de Cr$ 2.400,00 ao ano, durante 15 anos, com 6 % de juros sobre a parcela devida. Caso todos os apartamentos se mantivessem alugados, obter-se-ia uma renda de Cr$ 7.500,00 por ano. Por medida de precaução é melhor, porém, raciocinar com 90% de ocupação. Além dos pagamentos acima, há despesas fixas anuais de Cr$ 1.800,00. O segundo, ‘Da Vinci’ custa Cr$ 24.000,00 à vista e seria comprado sem financiamento. Com ocupação total traria renda de Cr$ 3.000,00 por ano. Estima-se, também, ocupação de 90 %. Despesas fixas anuais montam a Cr$ 720,00. Ambos edifícios serão depreciados para efeitos de imposto de renda, pelo método linear, assumir-se-á a vida restante como sendo igual a 50 anos, com valor residual nulo. O investimento para o ‘Michelângelo’ se subdivide em Cr$ 10.000,00 para o terreno e Cr$ 50.000,00 para o prédio. Para o ‘Da Vinci’ a divisão é: Cr$ 4.000,00 terreno; Cr$ 20.000,00 prédio. A taxa de imposto de renda é de 20 %. Como Vicente já é bem velho, não deve viver mais que 15 anos. Qual a taxa de retorno após imposto de renda, para o capital empregado por Vicente, para cada uma das alternativas? Faça esta análise apenas para os primeiros 15 anos de negócio, assumindo que o valor residual dos apartamentos seja idêntico ao seu preço de compra, devido a uma valorização real em imóveis. Despreze ganhos de capital com seus efeitos sobre os impostos. Solução: Michelângelo: Receita antes do imposto: Cr$ 7.500,00 x 0,9 – Cr$ 18.000,00 = Cr$ 4.950,00 Depreciação: Cr$ 50.000,00: 500 = Cr$ 1.000,00 por ano Receita após o imposto: Cr$ 4.950,00 – (Cr$ 4.950,00 – Cr$ 1.000,00) x 0,2 = Cr$ 4.160,00 Pagamento da hipoteca após o imposto: Primeira parcela: Cr$ 2.400,00 + Cr$ 36.000,00 x 0,06 x (1 – 0,2) = Cr$ 4.128,00 Diminuição anual das parcelas: Cr$ 2.400,00 x 0,06 x (1 – 0,2) = Cr$ 115,00 Taxa de retorno após o imposto: 0 = Cr$ 24.000,00 + (Cr$ 4.160,00 – Cr$ 4.128,00) FVA (i, 15) + Cr$ 115,00 FGVA (i, 15) + Cr$ 60.000,00 FVA’ (i, 15) i = 8,3 % Da Vinci Receita antes do imposto: Cr$ 3.000,00 x 0,09 – Cr$ 720,00 = Cr$ 1.980,00 Depreciação anual: Cr$ 20.000,00 : 50 – Cr$ 400,00 Receita após o imposto: Cr$ 1.980,00 – (Cr$ 1.980,00 – Cr$ 400,00) (0,20) = Cr$ 1.664,00 Como o valor residual é idêntico ao preço de compra: Taxa de retorno após o imposto: Cr$ 1.664,00 = 6,9 % Cr$ 24.000,00 Comparando as taxas de retorno: 8,3 % maior que 6,9 % . Assim o Michelângelo é a melhor oportunidade. 04.03.12. Problemas Propostos 1 – Pedro teve uma proposta para comprar um apartamento em Copacabana por 25 mil cruzeiros. Ele trabalha para a IBM e sabe que daqui a 5 anos será transferido para Brasília. Caso efetue a aquisição gastará anualmente cerca de 925 cruzeiros em manutenção, seguros e impostos. A outra alternativa é alugar um apartamento semelhante com um amigo onde sua cota será de 250 cruzeiros por mês. Considera que 6 % ao ano é sua taxa mínima de atratividade acima da inflação. Qual deve ser o preço de venda do apartamento após 5 anos, para justificar sua compra em termos de moeda com valor atual? (Resp. Cr$ 21.750,00) 2 – Um bem custou Cr$ 750,00. Sua vida útil foi estimada em 15 anos e seu valor residual em Cr$ 150,00. A inflação é de 20 % ao ano e o governo permite considerá-la no reajuste do ativo fixo. Qual seu valor contábil após 2 anos? (Resp. Cr$ 967,80) 3 – Um investimento de Cr$ 60.000,00 em equipamento foi proposto para reduzir de Cr$ 10.000,00 ao ano as despesas com mão -de-obra de uma empresa, durante 15 anos, que é o período estimado para sua vida econômica. Não há valor residual. A taxa de incidência do imposto é de 50 %. Qual a taxa de retorno do investimento antes e após a tributação? (Resp. 14,5 % e 8 %) 04.04 – ESTUDOS GOVERNAMENTAIS 04.04.01 – Introdução Nos capítulos anteriores projetos basicamente industriais foram examinados. Chegou a vez de medir os benefícios de investimentos governamentais. Na realidade isto é um dos tópicos mais complexos da Economia, devido às grandes dificuldades em situar o que é relevante e de que ponto de vista o assunto deve ser encarado. Por uma questão de didática, iniciar-se á mostrando as diferenças principais entre um estudo governamental e um industrial, dando alguns exemplos simples sobre sua mecânica de execução. Em seguida as filosofias básicas sobre o assunto serão discutidas, a fim de proporcionar ao leitor uma visão mais ampla. Infelizmente, para o perfeito entendimento desta explicação certas noções de economia são requeridas, pois o campo é vasto e fica difícil conceituar tudo com precisão. Não se fará uma descrição detalhada. O objetivo é mostrar os pontos importantes a considerar. 04.04.02 – Mecânica dos Processos de Análise Da mesma forma que antes, a análise dos empreendimentos governamentais deve responder às seguintes perguntas: “por que fazê -lo?” “Quando?” “Como” “onde” Algumas considerações adicionais precisam ser incorporadas: - Quão grandes são os benefícios a serem obtidos do investimento? - Quem recebe os benefícios (problema de distribuição)? - Como o projeto contribui para as várias metas do governo? Além disso existem vários ajustes que merecem ser feitos: -A empresa particular usa preços de mercado para estimar seus fluxos de fundos. Estes não são necessariamente os custos de oportunidade a serem utilizados na análise de um projeto de governo. - Alguns investimentos são tão grandes que podem influir nos preços de oportunidades de um ou mais recursos. - Certos projetos influem noutros projetos e atividades beneficiando -os ou prejudicando-os. A medida do sucesso de uma obra pública não é necessariamente o lucro, como no caso de investimentos privados. Isto basta por enquanto para se poder entrar na mecânica dos processos de análise. Como já foi dito, posteriormente procurar-se-á conceituar melhor o problema. Sem entrar em detalhes, em vez de comparar fluxos de caixa advindos de receitas e despesas, o que se fará aqui é medir os benefícios que um empreendimento público acarretará e ver se este comporta os custos necessários para sua efetivação. É evidente que medir benefícios não é tarefa fácil. Nem ao menos se tem chegado a uma conclusão definitiva sobre o ponto de vista a adotar. Por isso existe muita dupla contagem e raciocínios incorretos. Seja como for tais benefícios devem ser , na medida do possível, levados a termos monetários. O mesmo ocorre em relação aos custos. Dar-se-á um exemplo e os critérios comumente adotados serão apresentados e criticados. Note-se que dois deles não fornecem resultados corretos. Uma agência do Governo está planejando seu programa para o próximo ano fiscal. Sete projetos diferentes estão em pauta. Detalhe sobre o custo e as poupanças esperadas com a sua realização são apresentados no quadro seguinte. A quantia disponível é de Cr$ 3.800.000. Oito por cento tem sido a taxa mínima de atratividade para os projetos da agência nos últimos anos. Quanto aos problema de reinvestimento, considerar a repetição do projeto nas mesmas condições. Conhecem-se os seguintes dados, em Cr$ 1.000,00: Projeto Custo Vida Valor Mudança Nº inicial econômic residual em a estimada Mudança estimada para custo custos dos de usuários manutenção* 1 1.800 30 anos 0 - 10 - 180 2 400 15 anos 0 - 55 - 10 3 600 30 anos 0 - 6- 0 4 100 20 anos 0 0 - 50 5 1.100 30 anos 0 0 - 100 6 300 15 anos 0 + 30 - 110 7 500 30 anos 0 +5 - 100 * Sinal negativo representa uma poupança adicional. O sinal positivo representa um custo adicional. a) Método da Diferença Benefício – Custo Por este método as poupanças adicionais dos usuários são consideradas como um benefício. Calcula-se o valor anual da diferença entre benefícios e custos, escolhendo-se os projetos para os quais esta diferença for maior. Projeto Custo de recuperação do Outros custos Benefícios Benefício – s capital a 8 % anuais anuais Custo anual 1 1800 x 0,8883 = 160 - 10 180 30 2 100 x 0,1168 = 46,7 - 55 10 18,3 3 600 x 0,08883 = 53,3 - 60 0 6,7 4 400 x 0,1018 = 40,7 0 50 9,3 5 1100 x 0,008883 = 97,7 0 100 2,3 6 300 x 0,1168 = 35 + 30 110 45 7 500 x 0,008883 = 44,4 +5 100 50,6 Observe-se que poder-se-ia considerar uma redução nos custos como sendo um benefício. Por esse método, como se trabalha com diferenças, tanto faz. A ordem de prioridade entre os projetos será: 7 – 6 – 1 – 2 – 4 – 3 – 5. Como apenas Cr$ 3.800.000,00 estão disponíveis, far-se-iam os projetos 7 – 6 – 1 – 2 – 4.... (Cr$ 500.000,00 + Cr$ 300.000,00 + Cr$ 3.400.000,00 + ... Cr$ 400.000,00 + Cr$ 400.000,00 = Cr$ 3.400,000,00). Nem todo o dinheiro seria gasto, sobrando Cr$ 400.000,00. Note-se que o objetivo é maximizar a diferença (B-C) para a soma de todos os projetos. Quando Há limitações de capital, às vezes é possível conseguir um (B-C) maior, deixando de lado um projeto e substituindo-o por dois outros de prioridade inferior mas cuja soma anual de (B-C) exceder a deste. b) Método da Razão Benefício / Custo Por este processo divide-se os benefícios pelos custos. Se o quociente foi superior à unidade considera-se que o projeto é satisfatório. Desaconselha-se o uso deste método. Em primeiro lugar uma economia adicional tanto pode ser considerada uma redução nos custos (subtraída do denominador) como um aumento dos benefícios (somada ao numerador), deturpando os resultados e a comparação entre alternativas. Por exemplo: Seja 10 e o benefício e 4 o custo de um projeto. Conseguiu-se uma economia de 2. Considerando-se esta economia como sendo um: a) Benefício B = 10 + 2 = 3 C b) Custo 4 B = 10 = 5 C 4-2 Em segundo lugar o método não serve para comparar projetos . Usando o caso fornecido o estipulando que todas as poupanças e reduções ou aumentos de custo sejam colocados no numerador e os custos de recuperação do capital venham no numerador, obtém-se: Projetos Numerador Denominador Razão Benefícios anuais – custos Custo de Recuperação do Benefício /Custo anuais Capital 1 190 160,0 1,18 2 65 46,7 1,38 3 60 53,3 1,13 4 50 40,7 1,22 5 100 97,7 1,02 6 80 35,0 2,29 7 95 44,4 2,11 A ordem prioritária passaria a ser 6 – 7 – 2 – 4 – 1 – 3 – 5 e não 7 – 6 – 1 – 2 – 4 – 3 – 5. A explicação para isto é a mesma que foi dada no capítulo III para a investigação do uso da taxa de rendimento interno para comparar alternativas múltiplas. Nesta parte do livro mostrou -se que o raciocínio deveria ser baseado em incrementos de investimento. Pela mesma razão o que deve nortear a “ordenação” dos projetos é o incremento das razões de benefício/Custo. c) Métodos da Razão Incremental Benefício / Custo Como no caso da taxa retorno, os projetos são alistados por ordem crescentes de custo inicial. Projeto nº Investiment Numerador Denominad Incremento Projetos o em Cr$ Incremento or 1.000,00 de do Comparado Incremento coeficiente s benefício – de custo de benefício / custo anual recuperaçã custo o do capital 6* 300 80 35,0 2,29 - 2 400 - 15 11,6 Negativo 2–6 4 400 - 30 5,7 Negativo 4–6 7 500 15 9,4 1,6 7–6 3 600 - 35 8,9 Negativo 3–7 5 1.100 5 53,3 8,09 5–7 1 1.800 95 115,6 0,8 1-7 *O investimento inicial é em relação à alternativa de não fazer nada. Enquanto a relação incremental B/C foi superior à unidade, o projeto de maior investimento, para o qual isto se verifica, deve ser o escolhido. Assim seleciona-se o projeto nº 7 como o melhor. Este é retirado da lista e repete-se o raciocínio para os demais, a fim de ver o segundo melhor. Numerador Denominador ∆ B/C Projeto Investimento em Projetos nº Cr$ 1.000,00 6 300 80 38,0 2,29 - 2 500 - 15 11,6 Negativo 2–6 4 400 - 30 5,7 Negativo 4–6 3 600 - 20 18,3 Negativo 3–6 5 1.100 20 62,7 0,3 5–6 1 1.800 110 125 0,88 1–6 comparados Desta vez 6 é o preferido. Repete-se o processo excluindo-o e assim sucessivamente até obter a lista de prioridade 7 – 6 – 1 – 2 – 4 – 3 - 5. Em suma, trata-se de um método trabalhoso, porém que conduz a resultados corretos. d) Outros métodos. Além dos mencionados, costuma-se empregar o da taxa de retorno. Este evidentemente só fornece resultados corretos quando se calcula com base na análise incremental. De todos os processos apresentados vê-se claramente que o de calcular a diferença entre benefícios e custos é o mais simples. Tal diferença pode ainda ser descontada a uma certa taxa de juros para se obter seu valor atual e depois compará-lo com investimento necessário. No fundo tanto faz calcular o valor anual desta diferença ou seu valor presente. 04.04.03. Economia do Bem-estar* Recentemente um número cada vez maior de países está tendendo a aceitar como parte das responsabilidades governamentais o planejamento de sua política econômica e desenvolvimentista. Trata-se de um problema de consciência, não sendo mais possível a completa dependência a uma política de “laissez – faire”. Partes isoladas de uma economia tem que ser integradas. É preciso olhar para o futuro, coordenar e visar certos alvos. É preciso também estipular metas consistentes, decidir quanto se quer poupar hoje, às custas de consumo corrente, para crescer. Existe também um problema de ideologia. Acontece que tanto comunistas como capitalistas baseiam seus argumentos em teorias já algo ultrapassadas. Poucos discutem que os conceitos modernos de prosperidade e bem-estar envolvem mais do que a satisfação das necessidades materiais do homem. Sabe-se que indivíduos mostram certas preferências e que existem limites para a quantidade e o tipo de bens e serviços que uma economia é capaz de produzir. A teoria liberal tem por base que não deve haver discriminação de preço entre diversos compradores para uma certa comodidade num certo mercado e que os preços devem ser aqueles que se originariam um sistema de livre competição. Como Jan Tinbergen mostra muito bem, no seu livro “Development Planning”, uma ordem social ótima deve satisfazer mais do que estas duas condições. Deve haver uma redistribuição de renda da qual resulte uma utilidade marginal, igual para todas as pessoas. Em outras palavras, o último cruzeiro gasto deve provocar satisfação idêntica para todos. Além disso o sistema de tributação não deve tocar a renda marginal. Quantias ganhas à custa de esforço extra não devem ser taxadas numa progressão maior. Que o estado tem que intervir em certas atividades está fora de dúvida. Como resultado da indivisibilidade de certas instalações, como estradas de ferro e rodagem, centrais hidrelétricas e outras empresas de utilidade pública que requerem um certa capacidade mínima acima da demanda para sua produção, sob livre competição os preços para seus produtos acarretariam prejuízos (oferta maior que a procura). Por esta razão, se estes não forem controlados pelo governo, fatalmente se transformarão em monopólios. Outro fenômeno importante é o dos efeitos externos. Uma escola “grátis” traz vantagem imediata para seus alunos. Uma estrada sem pedágio, para seus usuários. É claro que ambas devem ser administradas pelas autoridades públicas. Saúde pública, segurança nacional, paz são velhas funções do estado. A iniciativa governamental é requerida para empreendimentos socialmente importantes e que não interessam ao investidor privado por falta de lucratividade. Na transação econômica usual o consumidor de um bem ou serviço é cobrado. A quantia que ele está disposto e pagar para o uso do bem ou serviço é cobrado. A quantia que ele está disposto a pagar para o uso do bem ou serviço mede o valor da comodidade para ele, e como ao usar tal comodidade ele impede outros de fazerem o mesmo, este valor é também o valor para a sociedade como um todo. Nem sempre é possível cobrar. Simplesmente não é factível ou desejável obrigar o capitão de um navio a dona de casa pague quando o inspetor federal examina as condições sanitárias benefícios para sua comunidade ao reduzir o perigo de contaminação geral. O ato de consumo cria um bem coletivo e é socialmente desejável que tais facilidades sejam providenciadas, embora quem as fornece não possa ser reembolsado. Assim, preços de mercado nem sempre são medidas adequadas do valor social. Às vezes ações governamentais são estimuladas pelo desejo de influenciar a distribuição de renda. Política fiscal é modernamente uma das armas públicas para suavizar os efeitos de um ciclo econômico. Qual o seu valor social? 04.04.04. Problemas e controvérsias nas Comparações de Benefícios e Custos Foi mostrado que o governo tende a intervir precisamente nas áreas em que preços estão faltando ou seriamente divergentes do valor social É inerente a estes empreendimentos que preços de mercado não servem para avaliá-los. Dois investimentos, utilizando o mesmo volume de capital, acarretam taxas de retorno diferentes. O de menor retorno provê emprego para o dobro de indivíduos. Se o país se encontra numa situação de pleno emprego o número de pessoas empregadas é irrelevante pois existem outras oportunidades. No caso de existir desemprego a situação muda. É preciso medir os benefícios advindos para a sociedade com absorção de mais mão de-obra. A dificuldade é justamente medir tais benefícios. Se o desemprego prevalece, salários superestimam o valor do trabalho pois não existe uso alternativo. A premissa de que pessoas com e sem emprego devem ser igualmente tratadas não é econômica. Seja 20 o valor marginal da produção de um indivíduo que vive numa fazenda e que consome 60. Surge uma oportunidade de trabalho e passa a receber um salário de 90, consumindo-o inteiramente. Qual o custo para empregá-lo? O economista responderia 20, baseando-se no que ele produziria alternativamente caso a oportunidade não surgisse. O empregador diria 90 pois é o que desembolsa. O resto da sociedade responderia 50, pois o indivíduo já vem sendo subsidiado em 40, ou seja 60 – 20, e só a diferença entre o que recebe menos o subsídio é levada em conta. Cada um destes custos tem uma significação diferente e todos são importantes. A escolha do custo a ser considerado num estudo depende do ponto de vista adotado, isto é, do modo de olhar as coisas. Chama -se a isto de preço sobra (“shadow price”), Idealmente, tais preços deveria m ser usados em substituição aos de mercado por serem medidas mais apropriadas do verdadeiro custo de oportunidade dos recursos para a sociedade. Uma empresa pode ter prejuízo por estar pagando mais para seus recursos que seu valor em usos alternativos. Do mesmo modo pode ter lucro por pagar menos. Na prática é muito difícil trabalhar com estes preços e os de mercado são usados como uma primeira aproximação, corrigindo-se apenas aqueles para os quais grandes distorções forem verificadas. Faz-se uma análise econômica de um projeto visando responder à seguinte pergunta “Será que o projeto proposto é viável e representa o melhor entre os que estão em pauta?” Antes de mais nada repita -se que qualquer comparação depende das alternativas propostas. O Brasil é um país de recursos escassos, que para crescer precisa empregar o que tem do melhor modo possível. Dizer que um projeto é bom por ter uma relação benefício custo superior a 3 é ridículo, pois podem perfeitamente existir vários outros com tal índice maior que 10. Procurar analisar todas as alternativas possíveis para o governo é impraticável. Mas não é impraticável analisar um grupo de projetos que à primeira vista parecem prioritários, escolhendo os melhores de acordo com os recursos disponíveis. Subentende-se que deveria haver uma homogeneização para os critérios de análise, talvez por um órgão de planejamento central, para que deturpações e conclusões errôneas fossem minimizadas. Em outras palavras uma estrada de rodagem não deveria apenas ser comparada com outra estrada de rodagem, mas também com uma estrada de ferro, um canal, e outros projetos fora da área de transporte, como saúde, educação, futebol, etc. Isto é muito difícil pois exige uma coordenação enorme entre os diversos setores ministeriais. Assim compreende-se que por estudos macroeconômicos se chegue a uma distribuição orçamentária de verba entre os vários setores e que tais análises sejam apenas feitas dentro dos mesmos. É um problema sério especificar quais os interesses em jogo, ou melhor, para quem o empreendimento é vantajoso. Deveria o setor de educação do Estado da Guanabara considerar a viabilidade econômica das suas despesas na construção, manutenção e administração de certas escolas ou dirigir suas preocupações num sentido global, com vist as para o país? Há bons argumentos de ambos os lados. Alguns acham que o ponto de vista nacional é merecedor de preferência, visando todos os habitantes do país. Outros pensam que o objetivo de um programa é maximizar os benefícios dos usuários, que são chamados para financiar o programa. Dentro destas duas categorias também há sérias divergências. Para a primeira é preciso ver que um país tem várias metas, tais como alcançar uma melhor distribuição de renda, crescer, evitar o desemprego em massa, adquirir um equilíbrio na balança de pagamentos, etc. Para atingir cada um destes gols, existe uma série de possibilidades. Indústrias jovens podem ser protegidas por altas tarifas alfandegárias para produtos semelhantes de importação, até que deixem de ser inefici entes e possam competir com os mesmos ou então recebem subsídios do governo, além de outros métodos. Balanço regional pode ser uma submeta. De certo modo tais decisões são também políticas. A experiência mostra que é melhor ter um plano razoável com apoio político, do que um ótimo sem isto. A escolha entre consumir hoje ou “apertar o cinto” para crescer amanhã é fundamental. Nem sempre tudo isso pode ser quantificado numa análise. Cada projeto tende a contribuir diferentemente para estas metas e os benefícios que trazem tem que ser considerados, mesmo quando imponderáveis. Esta avaliação depende da prioridade que o governo atribui a cada uma de suas metas. O autor acredita firmemente que o analista de um projeto não deve surgir com um número mágico que dê a resposta. Ao estudar uma possibilidade deve-se quantificar os benefícios até um certo ponto, listando-se separadamente as contribuições para os gols governamentais. Cabe àqueles que tem o poder de decisão pesar todos os fatores e chegar a uma conclusão. Talvez seja interessante que o governo forneça certos dados, como taxa de crescimento demográfico, taxa de desenvolvimento, etc, para que sejam usados em todos os estudos, uniformizando-os e facilitando comparações. Encarando-se a viabilidade do ponto de vista dos donos, ou seja, daqueles cujos recursos estão sendo arriscados, surgem outras dificuldades. Qual o valor relativo que tais donos atribuem aos diversos itens de benefício e custo? Benefícios de ordem política e social, por exemplo, só podem ser considerados em tais estudos se os proprietários estiverem dispostos a trocar algo de valor para obtê-los. Caso isto não aconteça, de acordo com esta teoria, apenas existe a presunção de que sejam realmente benefícios e não se pode levá-los em conta. A falta de vontade em pagar por um objetivo é encarado por este prisma. Isto é vital para estudos de melhoramentos em transportes. É muito comum acontecer que um indivíduo, ao sair de casa para o trabalho, escolha a via que o leva com maior rapidez ao seu escritório, em vez de usar outra na qual os gastos do automóvel com manutenção, desgaste, gasolina, etc. sejam menores. Nem sempre isto significa que o valor de seu tempo sobre a diferença entre os custos de uso das duas estradas seja grande. Na maioria dos casos ele não percebe a diferença por não desembolsar dinheiro. Resta o dilema: “devem todos os custos ser analisados ou só aqueles que o indivíduo considera ao tomar uma decisão?” Nos Estados Unidos uma certa ponte cobrava pedágio na hora em que os carros dela faziam uso. Como havia uma afluência enorme, forma localizados em diversos pontos das cidades próximas postos de venda de bilhetes de pedágio, que tinham de ser adquiridos em grandes blocos. A finalidade disto era diminuir o congestionamento na ponte, causad o pela necessidade de manipular dinheiro durante a passagem, dando troco e esperando que alguns retardatários abrissem suas carteiras. A cobrança no local foi suprimida. A Freqüência baixou tremendamente. Foi feita uma pesquisa para descobrir a razão da queda. Em princípio, pensava-se que poucos tinham paciência para ir aos postos de venda comprar bilhetes. Na verdade aconteceu que o público passou a notar a ordem de grandeza de seus gastos mensais com a utilização da ponte, preferindo então circundá -la. Em outras palavras, o gasto de meio dólar por passagem não permitia a percepção de que mensalmente mais de 20 dólares eram despendidos com o uso da ponte. Ao se adotar esta forma de análise, a agencia do governo responsável pela ponde deve ser considerada como representante daqueles cujos fundos são usados na sua confecção e manutenção. Ouro tipo de problema comum é o da dupla contagem. Por exemplo, incluir os custos de uma estrada e os gastos com impostos sobre gasolina num mesmo estudo, constitui dupla contagem, caso o dinheiro arrecadado por este imposto sirva para construir estradas. Isto nos leva anotar que custos (externalidades) podem ser atribuídos a pessoas que não se beneficiam de certas facilidades. Exemplos comuns são a poluição do ar causada por uma fábrica ou o barulho causado por veículo numa rua de movimento. Evidentemente estes precisam ser levados em conta, pois os indivíduos afetados geralmente estariam dispostos a pagar algo para livrar se do incômodo. Realmente, o problema do ponto de vista adotado para analisar um projeto é fundamental. Uma estrada de rodagem é construída entre as cidades A, B e C. Para abrigar os passageiros constrói-se um ótimo hotel em B. O hotel atrai turistas cujas compras desenvolvem o comércio local. Benefício? Talvez. Não esquecer que, se não houvesse a estrada, o dinheiro gasto na construção do hotel seria provavelmente empregado em outra coisa na mesma cidade ou até em outro local. Do ponto de vista da cidade o hotel trouxe benefícios. Do ponto de vista do país... Aso se fazer um melhoramento técnico diminuindo uma via, os donos dos carros que a utilizam podem passar a gastar menos gasolina. Benefício para eles! E para o dono do posto de gasolina? E se este não consegue mais vender a mesma quantidade que antes? A gasolina é nacional ou importada? Tudo isto precisa ser levado em consideração. Não é raro ouvir dizer que uma obra é viável por pagar a si própria e ser feita com capital estrangeiro. É evidente que o argumento não serve. Em primeiro lugar é preciso notar q ue o crédito de uma nação não é ilimitado. Além disso, nada indica que o capital não poderia ser empregado em outra finalidade melhor. Mais sério e difícil é o problema da taxa apropriada de juros de estudos governamentais. Recursos podem ser consumidos ho je pela presente geração ou conservados para utilização futura. Numa economia perfeitamente competitiva a taxa de desconto do mercado seria determinada pelo balanço entre as preferências individuais com relação a substituir consumo presente por futuro e a produtividade dos investimentos. Tais investimentos continuariam a ser empreendidos, enquanto a taxa de produtividade para incrementos de investimentos fosse maior que a taxa de preferência para incrementos de consumo atual. A taxa de mercado seria a de equilíbrio entre estas duas. Não é fácil calcular esta taxa. Além disso há muita objeção a um discorrer sobre o assunto e mostrar todos os problemas envolvidos. E provavelmente não se chegaria a uma conclusão. Tudo isto serve apenas para mostrar que uma certa taxa de desconto deve ser usada e que o próprio órgão de planejamento central do governo deve estipulá -la, a fim de uniformizar os projetos a analisar. Efeitos multiplicativos de certos investimentos devem ser considerados como benefícios. Neste ponto é imprescindível com precisão entre benefício ( custo) segundo as definições do engenheiro – economista e do economista. O economista define benefício com sendo equivalente ao valor bruto que os consumidores estaria dispostos a pagar por um certo bem. Isto não significa que este benefício bruto deva ser incluído integralmente em projetos para justificar investimentos públicos. Em parte isto é um problema de julgamento. (GRÁFICO) Já o engenheiro-economista definirá o benefício advindo de uma redução de preços de Px para Py como igual a área do retângulo XYEC e não do trapézio XYDC. Note-se que em projetos industriais também existe o SURPLUS do consumidor, mas como este beneficia ao público e não à firma, não são considerados nas decisões. Há muitas dúvidas sobre que definição de benefício deve ser aproveitadas. Economistas não estão certos da existência e de como medir as áreas mais altas da curva de demanda. Além disso em estudos privados tais “SURPLUSES” não negligenciados e incluídos nas análises de alternativas públicas tendem a facilitar a sua justificação, distorcendo possíveis comparações.. Para finalizar este capítulo, dar-se-á uma idéia do que é preciso considerar na análise econômica de vários projetos. Antes de mais nada cumpre decidir sob que prisma a análise será feita e qual a taxa de desconto a empregar. Não se entrará no mérito de comparar o resultado dos projetos com outras alternativas não estudadas, o que evidentemente influirá decisivamente na sua apreciação global. Cumpre também homogeneizar certos dados, como taxa de crescimento, desenvolvimento, etc., e escolher as técnicas a aplicar. Preços de mercado ou preços sombra? SURPLUS do consumidor ou não? Benefícios percebidos ou globais? O meio de financiar cada projeto deve ser encarado posteriormente. De preferência o órgão de planejamento central do governo deve orientar a escolha entre os métodos de análise, quais os benefícios a quantificar e quais os que devem ser apresentados sob forma de descrição.