A Enfermagem e a Utilização da Escala de

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Artigo de Pesquisa
Original Research
Artículo de Investigación
Araújo CRD, Lucena STM, Santos IBC, Soares MJGO
A ENFERMAGEM E A UTILIZAÇÃO DA ESCALA DE BRADEN
EM ÚLCERA POR PRESSÃO
NURSING AND USE OF THE BRADEN SCALE FOR PRESSURE ULCERS
LA ENFERMERÍA Y LA UTILIZACIÓN DE LA ESCALA DE BRADEN EN ÚLCERA
POR PRESIÓN
Cleide Rejane Damaso de AraújoI
Sheila Thâmara Medeiros de LucenaII
Iolanda Beserra da Costa SantosIII
Maria Júlia Guimarães Oliveira SoaresIV
RESUMO: O estudo objetivou caracterizar o perfil sociodemográfico de pacientes com úlceras por pressão e
analisá-las quanto a sua localização, aos diagnósticos médicos e ao potencial de risco, conforme a escala de Braden.
Foi realizada pesquisa descritiva-exploratória, com 14 pacientes de três setores do Hospital Universitário Lauro
Wanderley, em João Pessoa. Os dados foram obtidos mediante observação dos pacientes e registro em ficha de
avaliação com o referido parâmetro, em junho e julho de 2008. Os resultados predominantes foram: sexo feminino
(71%); faixa etária acima de 59 anos (42,8%); localização das úlceras na região sacral (50%); doenças crônicas
degenerativas (40%); alto risco (57,1%). A escala de Braden é de grande valia na assistência de enfermagem, pois
permite intervir de forma eficiente e eficaz com vistas à involução e prevenção das novas úlceras por pressão.
Palavras-Chave: Enfermagem; úlcera por pressão; escala de Braden; paciente hospitalizado.
ABSTRACT
ABSTRACT:: This study aimed to characterize the socio-demographic profile of patients with pressure ulcers, and to
analyse them in terms of location, medical diagnosis and potential risk on the Braden Scale. An exploratory, descriptive
study was made of 14 patients from three sectors of the Lauro Wanderley University Hospital in João Pessoa. In June
and July, 2008, data were obtained by observation and recorded on an evaluation form using the Braden Scale. The
results were: female (71%); age over 59 years (42.8%); ulcers located in the sacral region (50%); chronic degenerative
diseases (40%); and high-risk (57.1%). The Braden Scale is of great value in nursing care because it permits efficient
and effective curative and preventive intervention against pressure ulcers.
Keywords: Nursing; pressure ulcer; Braden scale; inpatient.
RESUMEN: El estudio objetivó caracterizar el perfil sociodemográfico de pacientes con úlceras por presión y
analizarlas cuanto a su sitio, a los diagnósticos médicos y al potencial de riesgo, conforme la escala de Braden. Fue
cumplida investigación descriptiva-exploratoria, con pacientes de tres sectores del Hospital Universitario Lauro
Wanderley, en João Pessoa, PB, Brasil. Los datos fueron obtenidos por medio de observación de los pacientes y registro
en ficha de evaluación con el referido parámetro, en junio y julio de 2008. Los resultados predominantes fueron: sexo
feminino (71%); franja etaria mayor que 59 años (42,8%); localización de las úlceras en la región sacra (50%);
enfermedades crónicas degenerativas (40%); alto riesgo (57,1%). La escala de Braden es de grande valía en la
asistencia de enfermería, pues permite intervenir de manera eficiente y eficaz mirando a la involución y prevención
de nuevas úlceras por presión.
Palabras Clave
Clave: Enfermería; úlcera por presión; escala de Braden; paciente hospitalizado.
INTRODUÇÃO
As alterações da integridade da pele que comumente resultam em lesões denominadas úlceras por pressão (UP), escaras ou úlceras de decúbito têm sido relatadas como sendo objeto de preocupação da enfermagem
desde o seu início com Nightingale, problema que continua sendo comum em pacientes hospitalizados sem
mobilização. As úlceras de decúbito resultam da pressão
prolongada sobre uma área do corpo, que determina
I
Enfermeira. Orientadora. Mestre em Enfermagem de Saúde Pública pela Universidade Federal da Paraíba. Professora Adjunta do Curso de Enfermagem
do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, Paraíba, Brasil. E-mail: [email protected].
II
Graduanda de Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, Paraíba, Brasil. E-mail:
[email protected].
III
Enfermeira. Co-orientadora. Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal da Paraíba. Professora Associada de Enfermagem do Centro de
Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, Paraíba, Brasil. E-mail: iolanda [email protected].
IV
Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará. Professora Associada do Curso de Graduação e Pós-Graduação em Enfermagem
do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, Paraíba, Brasil. E-mail: [email protected].
Recebido em: 28.08.2009 – Aprovado em: 23.01.2010
Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2010 jul/set; 18(3):359-64.
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Escala de Braden: úlcera por pressão
perda da circulação nessa região e subsequente destruição
tecidual. Elas podem ocorrer nas pessoas enfermas e acamadas
por um longo período, quando é incapaz de virar-se livremente, ou podem ocorrer naquelas que permanecem sentadas em cadeiras de rodas durante várias horas1.
As úlceras de decúbito podem ocorrer em qualquer paciente desde que exista pressão sobre certa
região para causar isquemia, e elas são encontradas
mais frequentemente nos desnutridos, nos portadores de um balanço nitrogenado negativo. Aparecem
sobre as proeminências ósseas do corpo e, caso não
sejam tratadas, elas se estendem rapidamente e tornam-se muito dolorosas. Em geral, o que complica o
quadro clínico é o surgimento das infecções secundárias 2. As úlceras por pressão são decorrentes de
isquemia tecidual local provocada pela alteração do
reflexo de dor do paciente com lesão medular, debilitados e idosos cronicamente doentes3.
A pele, correspondente a 15% do peso no homem, é um órgão que reveste e delimita o organismo,
protegendo-o e interagindo com o meio exterior, além
de participar de outras funções corporais vitais4. Este
órgão é contíguo com a mucosa nas aberturas externas
do sistema digestivo, respiratório e urogenital. Como
os distúrbios cutâneos são prontamente visíveis às
queixas dermatológicas, é, amiúde, o motivo primário
para que o paciente procure os cuidados de saúde5.
As ações de prevenção dos profissionais de enfermagem visam impedir que o estímulo desencadeante de úlcera por pressão venha a ocorrer. O
valor da prevenção, como meio de atenuar morbidades
e reduzir a mortalidade, é imensuravel6. Nesse contexto, a escala de Braden, como referencial teórico,
proporciona evidências para embasar as ações de enfermagem, justifica a seleção de problemas e direciona
as atividades desses profissionais. Ainda, permite registrar os cuidados com as lesões, contribuindo para a
continuidade e visibilidade da atuação da enfermagem de forma prática e científica7.
O surgimento das úlceras pode ser evitado se
houver uma melhor avaliação por parte dos enfermeiros e de outros membros da equipe de saúde sobre
os riscos para desenvolvimento dessas lesões. As ações
de prevenção visam impedir que o estímulo desencadeante agrida o indivíduo causando doença, isso
é um meio de atenuar as morbidades e reduzir a mortalidade8.
Para os profissionais de enfermagem, a escala de
Braden é um instrumento disponível na literatura
que auxilia na determinação do prognóstico dessas
feridas. A relevância do panorama apresentado, unindo a necessidade de se obter dados a respeito das úlceras por pressão em internos de algumas clínicas do
hospital, suscitou a realização deste estudo. Assim, a
motivação partiu da experiência pessoal das pesqui-
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sadoras com vistas à aplicação desse instrumento e
consequente redução do problema.
O estudo teve como objetivos: caracterizar o
perfil sociodemográfico de pacientes portadores de
úlcera por pressão, nas unidades de internação e analisar essas escaras quanto a sua localização, aos diagnósticos médicos e ao seu potencial de risco.
REFERENCIAL TEÓRICO
A pele é considerada o maior órgão do nosso
organismo, tendo em média no adulto, uma área total de 2m², pesa aproximadamente 2,7kg, recebe 1/3
do volume de sangue circulante e apresenta espessura variável (1 a 4mm), conforme atividade da região
corporal. Suas funções são vitais para a manutenção
dos mecanismos de defesa contra doenças9.
No Brasil, se desconhece dados que indiquem a
incidência e prevalência das úlceras em hospitais, mas
o problema é frequente nos doentes críticos2. As condições que predispõem às úlceras por pressão incluem: pressão contínua sobre uma região, umidade, solução de continuidade na superfície cutânea, desnutrição, desidratação, má circulação sanguínea, emagrecimento (proeminências ósseas desprotegidas de
tecido adiposo) e presença de bactérias patogênicas
na lesão. Os sinais precoces da úlcera incluem o
eritema e a hipersensibilidade da região. Geralmente, o paciente queixa-se de sensação de queimação no
local comprometido. Outros sinais indicativos são:
diminuição da temperatura local e o edema. Estas
escaras apresentam difícil cicatrização e podem exigir intervenção cirúrgica.
Com a intenção de colaborar na prevenção de
úlceras por pressão, oferecendo subsídio para que os
enfermeiros pudessem de forma objetiva indicar os
pacientes com risco para desenvolvê-las, pesquisadores elaboraram escalas para predizer o risco para
sua formação. Entre as mais citadas estão as de
Norton, de Gosnell, de Waterlow e a de Braden10. Após
análise das escalas, foi escolhida a de Braden por ter
sido considerada a mais adequada – facilidade
operacional – para o presente estudo.
A escala de Braden é composta de seis subescalas:
percepção sensorial, umidade, atividade, mobilidade,
nutrição, fricção e cisalhamento. Das seis subescalas,
três medem determinantes clínicos de exposição para
intensa e prolongada pressão – percepção sensorial,
atividade e mobilidade; e três mensuram a tolerância
do tecido à pressão – umidade, nutrição, fricção e
cisalhamento. As cinco primeiras subescalas são pontuadas de 1 (menos favorável) a 4 (mais favorável); a
sexta subescala, referente à fricção e ao cisalhamento,
é pontuada de 1 a 3. Cada subescala é acompanhada de
um título, e cada nível de um conceito, descritor-cha-
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ve e uma ou duas frases descrevendo ou qualificando
os atributos a serem avaliados.
A pontuação na escala de Braden varia de 4 a
23. Pacientes hospitalizados, com uma contagem igual
ou maior do que 16 pontos, são considerados de pequeno risco para desenvolver úlcera por pressão; escores de 11 a 16 indicam risco moderado; e abaixo de 11,
apontam alto risco. A revisão de literatura que foi
empreendida reforça a importância do uso de uma
escala de risco para predizer a possibilidade de desenvolvimento de úlcera por pressão em clientes.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo e exploratório
de campo, com abordagem quantitativa. Pesquisas realizadas mostram que a descritiva é aquela que tem o
objetivo de descrever as características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento das relações entre as principais variáveis11. E o
de campo exige um levantamento prévio da bibliografia e das condições do local onde se deseja pesquisar,
para em seguida coletar os dados empíricos12.
O estudo foi desenvolvido nos setores de
internação: centro de terapia intensiva (CTI), clínica cirúrgica e clínica médica do Hospital Universitário Lauro Wanderley, situado no Campus I da Universidade Federal da Paraíba, na cidade de João Pessoa – PB. A opção por esses setores deve-se às condições clínicas dos clientes aí internados — constante
restrição ao leito e dependência de cuidados especiais —, inclusive, em uso de equipamentos respiratórios por um período de tempo considerável.
A população do estudo foi composta por 90 pacientes acamados, de ambos os sexos, que apresentavam úlceras por pressão. Para a organização do conjunto amostral, foi determinado um recorte temporal correspondente aos meses de junho a julho de 2008.
Essa amostra intencional – 14 sujeitos – considerou a
acessibilidade dos pesquisadores.
Foi observada a conduta ética em pesquisa envolvendo seres humanos, preconizada pela Resolução no 196/96, do Conselho Nacional de Saúde¹³. O
estudo em campo só teve início após aprovação do
projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da referida
universidade. Seguindo os princípios éticos, foi mantido um contato prévio com o paciente ou o acompanhante, esclarecendo o objetivo do estudo, com obtenção de sua assinatura no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Durante o período de coleta de dados, nas unidades de internação, foram submetidos à avaliação
clínica dos pesquisadores todos os pacientes, previamente identificados pelos enfermeiros como portadores de úlceras por pressão.
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Araújo CRD, Lucena STM, Santos IBC, Soares MJGO
Os dados foram coletados, mediante entrevista e
exame clínico restrito às úlceras por pressão e registrados
em um formulário, com questões objetivas, organizadas
em sequência lógica preestabelecida. Abrangeram dados demográficos e clínicos, incluindo: idade, sexo, data
da internação, origem das lesões, localização da úlcera
por pressão e o diagnóstico médico.
O formulário ainda contemplou o risco para formação de úlceras por pressão conforme a escala de
Braden — estado nutricional, percepção sensorial,
umidade, atividade, mobilidade, fricção e cisalhamento. A escala de Braden é dividida em itens,
aos quais são atribuídos escores variando de 1 a 4, que
ao final são somados para a obtenção da pontuação
final. Os pacientes que obtiverem escore igual ou
maior que 16 são considerados de pequeno risco; de 11
a 16, indica risco moderado e, abaixo de 11, alto risco,
pois eles demonstram uma debilidade funcional orgânica significativa, que facilita o surgimento das úlceras por pressão.
O tratamento dos dados utilizou a estatística
descritiva, com cálculo das frequências absolutas e
percentuais, organizadas em tabelas que favorecem a
visibilidade da situação dos pacientes investigados e
análise dos resultados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os achados mostram que o gênero feminino
foi prevalente, 10(71%) pacientes, seguindo-se
4(29%) do sexo masculino. As mulheres, em relação
aos homens, apresentam mais tecido adiposo, que se
torna mais espesso em certas partes do corpo, o que
lhes confere mais cobertura nas proeminências ósseas, e consequente diminuição da pressão sobre os tecidos. Com o passar da idade, o corpo sofre alterações
estruturais e funcionais e se torna mais frágil aos fatores de risco10.
A incidência das úlceras por pressão, segundo
os limites de idade, variou de 18 a acima de 59 anos,
com destaque para os idosos, com idade igual ou superior a 60 anos — 6(42,8%). As faixas etárias compreendidas de 18 a 50 anos distribuíram-se igualmente — 2(14,3%), totalizando 8(57,2%) sujeitos.
Dos 14 pacientes pesquisados, foram identificadas 20 lesões, cujas causas são atribuídas ao acréscimo de fatores de risco externos, como pressão,
cisalhamento e fricção e os fatores internos14. A incidência de úlcera por pressão em certos grupos é variável, já que existem clientes sob risco em cerca de 20
a 27% de idosos e de 25 a 40% daqueles com lesão
medular15. Em relação ao grupo idoso, com mais de 59
anos de idade — 6(42,8%), isso decorre do próprio
processo de envelhecimento, com mudanças na pele
e nas estruturas que lhes garante suporte. A localiza-
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Escala de Braden: úlcera por pressão
ção topográfica predominante das úlceras foi a região
sacral — 10(50%), seguindo-se a calcânea — 4(20%).
Vale ressaltar que a maioria dos pacientes apresentou
mais de uma úlcera por pressão em regiões corporais
diferentes, conforme a Tabela 1. A média de escara
por paciente foi 1.33.
TABELA 1: Localização anatômica das úlceras por pressão
nos pacientes. Hospital Universitário Lauro Wanderley, João
Pessoa-PB, 2008.
Localização das lesões ( * )
f
%
Sacro
Calcâneo
Maléolo lateral
Face medial joelho
Trocanter maior
Isqueo
10
4
2
1
2
1
50
20
10
5
10
5
To t a l
20
100
(*)
Dos 14 pacientes, obteve-se 20 lesões em regiões diferenciadas.
A manutenção do posicionamento dorsal horizontal potencializa as forças de fricção e cisalhamento
nos pacientes, que permanecem muito tempo com a
cabeceira levantada escorregando para a parte baixa
do leito e, por ocasião do reposicionamento, a pele é
friccionada sobre a lesão16. Neste estudo, a localização anatômica das escaras confere com a descrição da
literatura. As saliências mais vulneráveis às úlceras
por pressão são: ísquio, sacra, trocantérica, calcâneo,
maléolo, joelho, crista ilíaca, cotovelo, dorsal,
occipital e escapular17,18. Em relação aos dados sobre
o início da lesão e o tempo de internação, pôde-se
detectar que a maioria das lesões se iniciou na instituição hospitalar, campo do estudo, durante o período de internação — 11(79%), e com início no domicílio — 3(21%).
Foi coletada a data de admissão dos pacientes, a
qual determinou o período de permanência nas uni-
dades de internação. Os que iniciaram as lesões no
hospital apresentaram maior tempo de permanência, na ocasião da pesquisa, entre 8 e acima de 40 dias;
aqueles que iniciaram as lesões no domicílio tiveram
um tempo de permanência que variou de 10 até 40
dias. Em ambas as situações, o tempo de internação
foi relativamente longo, o que proporcionou o aumento da exposição aos fatores de risco. Os pacientes
internados revelaram, em sua maioria, mais de um
diagnóstico médico e foram categorizados como: doenças crônico-degenerativas (DCD) representado
pela: hipertensão arterial sistêmica; acidente vascular
cerebral; Diabetes Mellitus; obesidade e doença cardíaca. O caso de doença aguda (DA) compreendeu a
insuficiência renal aguda; e o grupo das doenças infecciosas (DI) compreendeu pneumonia, sepse e
síndrome da imunodeficiência adquirida, como relacionadas na Tabela 2.
Observa-se que os pacientes internados, em sua
maioria, apresentavam diagnóstico correspondente
à categoria das doenças crônico-degenerativas, que
podem afetar, assim como as demais, perda/redução
das funções orgânicas — ou seja, comprometimento
da mobilidade, da percepção sensorial e déficit neurológico —, levando o indivíduo a necessitar de cuidados especiais11. A maior incidência de pacientes
com úlceras por pressão ocorreu no CTI — 7(50%),
para onde são direcionadas as pessoas mais debilitadas e restritas ao leito e que requerem maior complexidade de cuidados de enfermagem. Além disso, a
mobilidade afetada propicia a formação de úlceras por
pressão, caso não sejam realizados os cuidados preventivos. Ainda, se destacaram no estudo as doenças
infecciosas e a insuficiência renal aguda.
A estatística mostra que as úlceras por pressão
ocorrem em 80% dos pacientes com lesão medular, em
10 a 15% com outras patologias que restringem ao leito
e, em 2,9% dos pacientes com afecções agudas11,19-21.
TABELA 2: Diagnósticos médicos apresentados pelos pacientes portadores de úlcera por
pressão. Hospital Universitário Lauro Wanderley, João Pessoa-PB, 2008.
Diagnósticos médicos ( * )
Doenças . crônico-degenerativas
Hipertensão arterial sistêmica
Acidente vascular cerebral isquêmico
Diabetes melittus
Obesidade
Doença cardíaca
Doenças agudas
IRA
Doenças infecciosas
Pneumonia
Sepse
AIDS
Outras patologias
To t a l
(*)
p.362 •
f
%
2
3
1
1
1
10
15
5
5
5
1
5
2
2
1
6
10
10
15
30
20
100
Dos 14 pacientes obteve-se 20 diagnósticos médicos, alguns apresentavam duas ou mais patologias.
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Escore da 1 a avaliação
Diagnósticos Médicos
1.Doenças infecciosas
2.Dçs.cron.degenerativas
3.Dçs.cron.degenerativas
4.Doenças infecciosas
5.Doenças infecciosas
6.Doenças infecciosas
7.Doenças agudas
8.Dçs.cron.degenerativas
9.Doenças agudas
10.Doenças infecciosas
11.Doenças infecciosas
12.Dçs.cron.degenerativas
13.Dçs.cron.degenerativas
15.Dçs.cron.degenerativas
7
7
17
9
13
10
15
15
7
8
8
12
10
13
< 11
<11
>16
<11
11 a 16
<11
11 a 16
11 a 16
<11
<11
<11
11 a 16
<11
11 a 16
Risco elevado
Risco elevado
Baixo risco
Risco elevado
Risco moderado
Risco elevado
Risco moderado
Risco moderado
Risco elevado
Risco elevado
Risco elevado
Risco moderado
Risco elevado
Risco moderado
Escore da 2 a avaliação
7
ALTA
ALTA
ALTA
23
ÓBITO
17
ALTA
7
10
7
13
8
15
< 11
__
__
__
>16
__
>16
__
<11
<11
<11
11 a 16
< 11
11 a 16
Risco elevado
__
__
__
Baixo risco
__
Baixo risco
__
Risco elevado
Risco elevado
Risco elevado
Risco moderado
Risco elevado
Risco moderado
FIGURA 1: Classificação dos diagnósticos médicos apresentados pelos pacientes internados e as avaliações das lesões segundo a
Escala de Braden. Hospital Universitário Lauro Wanderley, João Pessoa-PB, 2008.
Embora tenha sido encontrada maior ocorrência das
UP em pacientes com sequelas patológicas, pôde-se
constatar nesta pesquisa que, dos 14, 10(71,4%) deles
portavam diagnóstico para doenças incapacitantes.
Um estudo ressaltou que tais enfermidades e
respectivas limitações para o autocuidado tornavam
os clientes dependentes da assistência de enfermagem19. Os fatores de risco necessitam ser trabalhados,
orientando as medidas preventivas a serem aplicadas, com vistas à melhor qualidade de vida da clientela20. Deve-se lembrar que a pele possui uma estrutura compacta de células que propicia a barreira de
proteção contra corpos estranhos21.
As patologias e condições que ocasionaram um
longo período de permanência hospitalar foram: doenças neurológicas, uso de ventilação mecânica e
sedação prolongada; afecções cardiovasculares; obesidade mórbida; paraplegia por choque elétrico; e
amputação dos membros inferiores.
Foi realizada a análise dos escores de risco identificados nos pacientes, conforme a escala de Braden,
em dois momentos da avaliação. No primeiro, participaram todos os pacientes; no segundo, 8 dias após a
primeira avaliação, foram examinados apenas 9 clientes que permaneceram internados. Os dados revelam que, na avaliação inicial, entre os 14 pacientes
investigados, 8 obtiveram escore de risco <11; isto é,
risco elevado para o desenvolvimento de novas lesões;
5 com risco moderado — escores variando de 11 a 16;
e um com baixo risco, maior que 16 pontos. Na segunda avaliação, a amostra foi reduzida para 9 pacientes,
por ter havido quatro altas e um óbito; cinco permaneceram com avaliação de alto risco; dois evoluíram
para baixo risco, e dois para risco moderado, de acordo
com a Figura 1.
Vale ressaltar que apenas um paciente foi identificado com escore de baixo risco (> 16), ou seja, para
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novas úlceras, tendo recebido alta hospitalar antes
da segunda avaliação.
A aplicação da escala de Braden possibilitou
dimensionar os níveis de lesões dos pacientes, aliados aos diagnósticos médicos. Ainda foi preciso
considerar outros fatores como a faixa etária, a mobilidade e o longo tempo de permanência no leito
hospitalar. Confirmando a literatura, é imprescindível conhecer as condições clínicas dos pacientes e os
fatores de risco a que eles estão expostos, para
implementar as intervenções específicas visando à
redução desses riscos, especialmente dos doentes
acamados1,3,5-10,15-22.
CONCLUSÕES
A maioria dos doentes apresentou risco elevado
para úlceras por pressão, ou seja, são vulneráveis aos
fatores que alteram a integridade da pele, ocasionado
principalmente por suas condições clínicas, necessitando de cuidados contínuos para a cicatrização dessas lesões e prevenção do aparecimento de novas.
As úlceras por pressão são lesões decorrentes
da hipóxia celular, levando à necrose tecidual. A
prevenção das úlceras inicia-se com a identificação
do cliente sob risco. Os fatores de risco para a alteração da integridade cutânea podem ser determinados avaliando-se a percepção, umidade, atividade,
mobilidade, nutrição, fricção e atrito. A importância da utilização da escala de Braden se deve à avaliação sistemática quanto ao risco do paciente
acamado, observando aspectos importantes condicionados à patologia de base. O perfil demográfico e
clínico dos sujeitos pesquisados revelou as seguintes características: sexo feminino, grupo etário predominante — idosos (acima de 59 anos de idade) —
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Escala de Braden: úlcera por pressão
, doenças crônicas degenerativas, úlcera por pressão
localizada e gerada na região sacral, e originada no
período de hospitalização.
A previsão dos fatores de risco e seu controle
devem integrar o processo de avaliação contínua do
enfermeiro, pois as úlceras por pressão poderiam ser
evitadas se todos os pacientes acamados — debilitados, idosos e obesos —, fossem identificados precocemente e recebessem os cuidados de enfermagem para o alívio da pressão sobre determinadas regiões corporais. Este trabalho ratifica a relevância
da utilização da escala de Braden na assistência de
enfermagem, visando à involução e prevenção das
úlceras por pressão.
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Recebido em: 28.08.2009 – Aprovado em: 23.01.2010
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