REAÇÃO PSICOEMOCIONAL PERANTE AS LIMITAÇÕES PROVOCADAS PELA PRESENÇA DA ÚLCERA CRÔNICA Débora Aparecida Silva Souza1, Maísa Mara Lopes Macêdo1, Daniel Nogueira Cortez2, Fernanda Moura Lanza3, Rayssa Nogueira Rodrigues1 1 Enfermeira, Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil. 2 Doutorando pela Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil. Professor da Universidade Federal de São João del-Rei/Campus Divinópolis, MG, Brasil. 3 Doutora pela Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil. Professora da Universidade Federal de São João del-Rei/Campus Divinópolis, MG, Brasil. Resumo Objetivo: O estudo buscou compreender o significado das limitações que as pessoas com úlceras crônicas atendidas no projeto de extensão e pesquisa “Cuida-me: uma abordagem à pessoa com úlcera crônica” possuem. Referencial teórico: As úlceras quando ultrapassam o tempo esperado de cura são consideradas condições crônicas que afetam parcela da população mundial e brasileira1. Apesar da ausência de registros de atendimentos no Brasil, sabe-se que são elevados os números de pessoas com lesões cutâneas, o que contribui para onerar o gasto público2. A úlcera traz repercussões psicológicas, emocionais e sociais ao indivíduo e interfere diretamente no seu cotidiano, gerando absenteísmo no trabalho, abandono, isolamento social, afeta a relação conjugal, a autoestima e autoimagem. Diante dessa dimensão problemática, o enfermeiro, envolvido com atendimentos destes indivíduos deve prestar uma assistência integral, individualizada, sistemática assim como valorizar os anseios dessas pessoas. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa qualitativa que permite entender as expressões que se instituem nos debates entre pesquisa e sociedade e de compreender seus significados, por meio da emersão do método dialógico3. A população estudada foi composta de pessoas que possuem úlceras crônicas atendidas no projeto “Cuida-me: uma abordagem ao portador de úlcera crônica” da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) no ano de 2011 a 2013 em uma unidade básica de saúde de um município da região Centro-Oeste do Estado de Minas Gerais, Brasil. Na primeira etapa do trabalho, os autores realizaram visita domiciliar aos usuários para convidá-los a participarem da pesquisa e aqueles que interessaram em participar assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A coleta de dados foi realizada por meio de um roteiro que contemplava perguntas diretas conduzido pela questão norteadora: “Você deixou de fazer alguma coisa por causa da ferida?”. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas. O período de coleta dos dados foi de fevereiro de 2013 a abril de 2013. Este trabalho foi apreciado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos do Campus Centro-Oeste da UFSJ (CEPES/CCO) sob Parecer Nº. 016/2011. Assim , procedeu-se com a análise do conteúdo dos depoimentos4, seguido de um desmembramento do texto em Unidade de Registro, que constava fielmente as falas dos sujeitos; e Unidade de Significado que retratava três momentos: antes de serem admitidos no projeto, durante o tratamento realizado pelos autores do projeto e pós alta. Por fim, a construção categorial “limitações” se deu a partir da emersão das falas dos sujeitos. Resultados: Os resultados descreveram que a sensação dolorosa dificultava não somente a realização de atividades recreativas, mas também os afazeres domésticos e ocupacionais. O afastamento social sobrepunha, às vezes, os estímulos sensoriais, envolvendo vergonha devido à presença de odor e secreção. O sentimento de pessoa deformada comprometia relações interpessoais; e além da dependência para atividades diárias, dor e preconceito, os receios, medos e ansiedade quanto ao prognóstico estavam presentes nas falas dos sujeitos entrevistados. Assim, observa-se que conhecimento quanto à fisiopatologia da úlcera é insuficiente para direcionar a assistência, uma vez que as demandas vão além das necessidades físicas do indivíduo. Entender o significado que o indivíduo atribui ao seu problema de saúde também foi algo relevado durante o período de tratamento o que contribuiu para o ajustamento do que é possível proporcionar ao paciente em relação ao que ele espera do cuidado. A saúde não recai ao reducionismo biomédico. A saúde é um estado que admite um desenvolvimento das capacidades. Considerações finais: Frente às necessidades no âmbito biopsicossocial que o profissional de enfermagem se faz presente para prover o cuidado integral ao paciente, faz-se necessário nortear esses profissionais quanto às principais necessidades das pessoas com úlceras crônicas para que desta forma, seja possível a construção de estratégias individualizadas e de relevância no manejo dos enfrentamentos vivenciados pelas pessoas com úlceras. Palavras-chave: Úlcera; Atividades cotidianas; Qualidade de vida; Cuidados de enfermagem. Referências: 1. Silva RCL, Figueiredo NMA, Meireles IB. Feridas: fundamentos e atualizações em enfermagem. São Paulo: Yendis, 2010, cap. 1. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de condutas para tratamento de úlceras em hanseníase e diabetes. 2 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 3. Roratto JM. Posições subjetivistas e objetivistas de ciência: a hermenêutica como fundamento da pesquisa qualitativa. Roteiro, Joaçaba. 2010; 35(1), p. 175-192. 4. Bardin L. Análise de conteúdo. 4ªed. Lisboa: Edições 70; 2011.