Capítulo 7 TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 7.1 Introdução Em muitas aplicações é muito importante escolher um sistema de coordenadas ou de referencia adequado com o intuito de simplificar ao máximo as equações envolvidas de modo que a resolução seja o mais eficiente possível; como no caso das cônicas. Este processo se realiza utilizando as chamadas transformações de coordenadas ou de sistemas de referências. As transformações que apresentaremos neste capítulo são as translações e as rotações. As translações mudam o sistema de coordenadas de tal modo que o centro de uma curva fique situado na origem do novo eixo. As rotações se aplicam quando a curva está inclinada em relação aos eixos originais, fazendo, através da rotação que a curva fique desinclinada em relação aos novos eixos. As mudanças de coordenadas estão inseridas num contexto bem mais geral, que envolve outras disciplinas estudadas no decorrer da graduação. 7.2 Translações O processo de transladar um sistema de eixos coordenados em outro, implica uma transformação de coordenadas, onde tanto os eixos originais como os novos são paralelos de modo que não sejam alteradas as unidades de medida. Denotemos por: {O, X, Y} o sistema de coordenadas ortogonais no plano, de origem (0, 0) e de eixos coordenados X e Y . Suponha que temos outro sistema de coordenadas: {O1 , U,V}, ortogonal, centrado no ponto (h, k) e e de eixos coordenados U e V . 237 CAPÍTULO 7. TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 238 Y V y v P k u O1 O U x h X Figura 7.1: Do desenho anterior, segue que, o ponto P tem coordenadas (x, y) no sistema {X, Y} e coordenadas (x − h, y − k) no sistema {U,V}. Fazendo isto para cada ponto do plano, temos a chamada translação dos eixos. A relação entre as coordenadas dos sistemas é: ( x =u+h y = v + k. Ou, equivalentemente: ( u v =x−h = y − k. Logo, podemos passar do sistema {O, X, Y} ao sistema {O1 , U,V}, e vice-versa. Exemplo 7.1. [1] Considere a reta: a x + b y + c = 0, b 6= 0. Transladando ao sistema {U,V}, temos: a (u + h) + b (v + k) + c = 0 =⇒ a u + b v + (a h + b k + c) = 0. Note que a translação não muda a inclinação da reta. [2] Considere a elipse: (x − h)2 +(y − k)2 + = 1. a2 b2 7.2. TRANSLAÇÕES 239 Reescrevendo a cônica no sistema {U,V}: ( u v = x−h = y − k. Substituindo na equação, obtemos: u2 v 2 + 2 = 1. a2 b Isto é, uma elipse centrada em (h, k) no sistema {O, X, Y}, no sistema {O1 , U,V} é uma elipse centrada na origem. [3] Considere a hipérbole: (x − h)2 +(y − k)2 − = 1. a2 b2 Reescrevendo a cônica no sistema {U,V}: ( u v = x−h = y − k. Substituindo na equação, obtemos: u2 v 2 − 2 = 1. a2 b Isto é, uma hipérbole centrada em (h, k) no sistema {O, X, Y}, no sistema {O1 , U,V} é uma hipérbole centrada na origem. [4] Considere a curva y − b − √ x − a = 0. Transladando a curva ao sistema {O1 , U,V}: ( u v =x−a = y − b; substituindo na equacção, obtemos: v= √ u. CAPÍTULO 7. TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 240 1 1 Figura 7.2: A curva do exemplo [4]. [5] Considere x3 − 3 x2 − y 2 + 3 x + 4 y − 5 = 0; utilizaremos uma translação para eliminar os termos lineares: ( x y =u+h = v + k. Então: F + (3 − 6h + 3h2 )u + (−3 + 3h)u2 + u3 + (4 − 2k)v − v 2 = 0, onde F = −5 + 3h − 3h2 + h3 + 4k − k2 . Para eliminar os termos lineares, façamos: ( 3 − 6h + 3h2 = 0 =⇒ h = 1, k = 2. 4 − 2k = 0 Fazendo: ( x y =u+1 =v+2 e substituindo na equacção, obtemos: u3 − v 2 = 0. 7.2. TRANSLAÇÕES 241 4 2 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 -2 Figura 7.3: A curva do exemplo [5]. Como as translações não modificam as inclinações das retas, elas transformam triângulos em triângulos, retângulos em retângulos, em geral polígonos em polígonos, preservando a área. [1] Considere a região limitada pelo triângulo de vértices (1, 1), (1, 4) e (5, 1). A região limitada pelo triângulo é: 5 4 3 2 1 1 2 3 4 5 Figura 7.4: A região do exemplo [1]. Consideremos a translação: ( u v =x−1 = y − 1. Logo, os vérices são transladados da seguinte forma: CAPÍTULO 7. TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 242 (x, y) = (1, 1) =⇒ (u, v) = (0, 0) (x, y) = (1, 4) =⇒ (u, v) = (0, 3) (x, y) = (5, 1) =⇒ (u, v) = (4, 0). A região no sistema {O1 , U,V} é limitada pelo triângulo de vértices (0, 0), (4, 0) e (0, 3). 4 3 2 1 1 2 3 4 5 Figura 7.5: A região do exemplo [1], transladada. [2] Considere a região do plano limitada pelas retas y = x, y = −x, y = x − 2 e y = 2 − x. A região limitada pelas retas é: 1 1 2 -1 Figura 7.6: A região do exemplo [2]. Consideremos a translação: ( Logo: x y =u+1 = v. 7.3. ROTAÇÕES 243 y = x =⇒ v = u + 1 y = −x =⇒ v = −u − 1 y = x − 2 =⇒ v = u − 1 y = 2 − x =⇒ v = 1 − u. A região no sistema {O1 , U,V} é limitada pelas retas v = u + 1, v = −u − 1, v = u − 1 e v = 1 − u. 1.0 0.5 -1.0 - 0.5 0.5 1.0 - 0.5 -1.0 Figura 7.7: A região do exemplo [2], transladada. 7.3 Rotações Muitas vezes surge a necessidade de mudar o sistema de coordenadas original, rotando-o em um certo ângulo para obter um novo sistema, onde possamos resolver de forma mais simples um determinado problema, de forma que não sejam alteradas as unidades de medida. Denotemos por {O, X, Y} o sistema de coordenadas ortogonais no plano, de origem (0, 0) e de eixos coordenados X e Y . A rotação de centro O e ângulo α passa o sistema {O, X,Y} para o sistema {O, U,V}. CAPÍTULO 7. TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 244 Y P v V U B y u α β α x A O X Figura 7.8: Denotemos o ponto P = (x, y) no sistema {O, X, Y} e P = (u, v) no sistema {O, U,V}; logo: x = OA = OP cos(α + β) = OP [cos(α) cos(β) − sen(α) sen(β)] u = OB = OP cos(β) v = P B = OP sen(β). Logo: x = u cos(α) − v sen(α). Analogamente: y = P A = OP sen(α + β) = OP [sen(α) cos(β) + cos(α) sen(β)] = u sen(α) + v cos(α). Então, temos: ( x y = u cos(α) − v sen(α) = u sen(α) + v cos(α). Ou, equivalentemente: ( u v = x cos(α) + y sen(α) = −x sen(α) + y cos(α). Logo, podemos passar do sistema {O, X, Y} ao sistema {O, U,V}, e vice-versa. As rotações não preservam a inclinação das retas, mas preservam a área das regiões limitadas por curvas. 7.3. ROTAÇÕES 245 Exemplo 7.2. [1] Considere a região limitada pelo triângulo de vértices (1, 3), (2, 1) e (1, 1). Façamos uma rotação de ângulo α = π. ( ( x x = x1 cos(α) − y1 sen(α) ⇐⇒ y y = x1 sen(α) + y1 cos(α) = −x1 = −y1 . Logo, os vérices serão transformados pela rotação assim: (x, y) = (1, 1) =⇒ (u, v) = (−1, −1) (x, y) = (1, 3) =⇒ (u, v) = (−1, −3) (x, y) = (2, 1) =⇒ (u, v) = (−2, −1). A região no sistema {O1 , U,V} é limitada pelo triângulo de vértices (−1, −1), (−1, −3) e (−2, −1). 3 2 1 -2 1 -1 2 -1 -2 -3 Figura 7.9: A região e a região após a rotação do exemplo [1]. [2] Consideremos a curva x y = 2 e façamos uma rotação na origem de ângulo Façamos a rotação: x y π π = u cos( ) − v sen( ) 4 4 π π = u sen( ) + v cos( ). 4 4 Logo, substituindo na equação: =⇒ x y 1 = √ (u − v) 2 1 = √ (u + v). 2 π . 4 CAPÍTULO 7. TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 246 u2 v 2 − = 1. 4 4 4 2 -4 2 -2 4 -2 -4 Figura 7.10: As hipérboles do exemplo [2]. [3] Identifique a curva 2 x2 + π ângulo . 6 √ 3 x y + y 2 = 4, fazendo uma rotação de centro na origem e de Façamos a rotação: x y π π = u cos( ) − v sen( ) 6 6 π π = u sen( ) + v cos( ). 6 6 =⇒ x y Logo, substituindo na equação: 5 u2 v 2 + = 4. 2 2 = √ 1 3 u− v 2 2 √ 3 1 = u+ v. 2 2 7.4. A EQUAÇÃO GERAL DE SEGUNDO GRAU 247 2 1 -1.5 -1.0 0.5 -0.5 1.0 1.5 -1 -2 Figura 7.11: As elipses do exemplo [2]. 7.4 A Equação Geral de Segundo Grau Voltemos à equação do segundo grau em duas variáveis: A x2 + B x y + C y 2 + D x + E y + F = 0 (7.1) sendo A e C não simultaneamente nulos. Seja ∆ = B 2 − 4 A C o discriminante da equação. 7.4.1 Eliminação do Termos Lineares Os termos lineares da equação geral de segundo grau podem ser eliminados utilizando translação. De fato, considere: ( x y =u+h = v + k. Substituindo na equação temos, que os termos lineares são: .... + u (D + 2 A h + B k) + v (E + B h + 2 C k) + ..... Para zerar os termos lineares, devemos resolver o sistema: ( (1) (2) 2 A h + B k = −D B h + 2 C k = −E. Caso 1 Se ∆ 6= 0, o sistema (7.2), tem uma única solução: (7.2) CAPÍTULO 7. TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 248 h= 2DC − B E ∆ e k= 2AE − B D ; ∆ logo, a translação elimina os termos lineares e translada o gráfico da equação horizontal e/ou verticalmente. Logo, equação fica da forma: A u2 + B u v + C v 2 + F1 = 0. Caso 2 Se ∆ = 0, no sistema (7.2) multiplicamos (1) por B e (2) por 2 A e fazendo (1)-(2), obtemos: (2 A B − 2 A B) h = B D − 2 A E. Se B D − 2 A E 6= 0, o sistema (7.2) é inconsistente; logo, não poderemos eliminar ambos os termos lineares; possivelmente eliminaremos somente um deles. Se B D − 2 A E = 0, as equações do sistema (7.2) são dependentes; logo, existem infinitas soluções, cada translação serve para eliminar só termos lineares simultanemente. Logo, equação também fica da forma: A u2 + B u v + C v 2 + F1 = 0. Proposição 7.1. O discriminante ∆ da equação (7.1) não muda após translações. Logo, a natureza da curva não muda. Exemplo 7.3. Considere a equação x2 + y 2 − 3 x y − x + y + 4 = 0 e façamos a seguinte translação: ( x=u+2 y = v − 3, donde obtemos: u2 + v 2 − 3 u v + 12 u − 11 v + 30 = 0; note que os discriminantes das equações não mudaram. 7.4. A EQUAÇÃO GERAL DE SEGUNDO GRAU 249 5 -5 5 -5 Figura 7.12: A curva original (azul) e a transladada (vermelha). 7.4.2 Eliminação dos Termos Mistos Utilizaremos uma rotação adequada para eliminar o termo misto x y da equação. De fato, consideremos a rotação: ( x = u cos(α) − v sen(α) y = u sen(α) + v cos(α) e substituimos na equação (7.1), obtendo: A1 u2 + B1 u v + C1 v 2 + D1 u + E1 v + F = 0, onde: B1 = 2 (C − A) sen(α) cos(α) + B [cos2 (α) − sen2 (α)] = (C − A) sen(2 α) + B cos(2 α). Desejamos que B1 = 0 para eliminar o termo u v; logo, após aplicar algumas identidades trigonométricas, temos: B1 = 0 ⇐⇒ cotg(2α) = A−C B Se A = C, temos a rotação: α= π . 4 Proposição 7.2. O discriminante ∆ da equação (7.1) não muda de sinal após rotações. CAPÍTULO 7. TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 250 Em resumo, para eliminar os termos lineares da equação (7.1) fazemos translações e para eliminar os termos mistos fazemos rotações. Se ∆ 6= 0; isto é elipses ou hipérboles, fazemos uma translação seguida de uma rotação. Se ∆ = 0; isto é parábolas, fazemos uma rotação seguida de uma translação. Exemplo 7.4. [1] Elimine os termos mistos de 29 x2 − 24 x y + 36 y 2 + 118 x − 24 y − 55 = 0, achando o ângulo de rotação. Primeiramente, calculemos: cotg(2α) = 7 1 576 49 =⇒ sen2 (2 α) = =⇒ sen2 (2 α) = =⇒ cos2 (2 α) = , 2 24 1 + cot (2 α) 625 625 logo, cos(2 α) = 7 ; utilizemos as seguintes identidades: 25 r 3 1 − cos(2 α) = 2 5 r 4 1 + cos(2 α) = . cos(α) = 2 5 sen(α) = Assim: x y Susbtituindo na equação: = 4u 3v − 5 5 = 3u 4v + . 5 5 −11 + 16 u + 4 u2 − 18 v + 9 v 2 = 0, completando os quadrados, temos: (v − 1)2 (u + 2)2 + = 1, 9 4 que é uma elipse centrada no ponto (−2, 1); fazendo a translação: ( x1 = u + 2 y1 = v − 1 temos: x21 y12 + = 1. 9 4 7.4. A EQUAÇÃO GERAL DE SEGUNDO GRAU 251 3 2 1 -4 2 -2 -1 -2 Figura 7.13: As elipses do exemplo [1]. [2] Elimine o termo misto de 17 x2 + 12 x y + 8 y 2 − 80 = 0, achando o ângulo de rotação. Como antes, calculemos: cotg(2α) = 3 16 9 =⇒ sen2 (2 α) = =⇒ cos2 (2 α) = , 4 25 25 3 logo, cos(2 α) = ; utilizamos as seguintes identidades: 5 √ 1 − cos(2 α) 5 = sen(α) = 2 5 r √ 2 5 1 + cos(2 α) = . cos(α) = 2 5 r Assim: x Susbtituindo na equação: y √ 5 [2 u − v] = 5 √ 5 = [u + 2 v]. 5 v2 u2 + = 1, 4 16 que é uma elipse centrada na origem. CAPÍTULO 7. TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 252 2 3 2 1 1 -2 1 -1 -4 2 2 -2 4 -1 -1 -2 -3 -2 Figura 7.14: As elipses do exemplo [2]. [3] Elimine o termo misto de x2 − 4 x y + 4 y 2 + 5 √ 5 y + 1 = 0, achando o ângulo de rotação. Como antes, calculemos: cotg(2α) = 3 16 =⇒ sen2 (2 α) = , 4 25 3 logo, cos(2 α) = ; utilizemos as seguintes identidades: 5 √ 1 − cos(2 α) 5 = sen(α) = 2 5 r √ 2 5 1 + cos(2 α) cos(α) = = . 2 5 r Assim: x Susbtituindo na equação: y = = √ 5 [2 u − v] 5 √ 5 [u + 2 v]. 5 1 + 5u + 10v + 5v 2 = 0, que é uma parábola. 7.4. A EQUAÇÃO GERAL DE SEGUNDO GRAU 253 1 1 -1.0 0.5 -0.5 1.0 1.5 2.0 -1.0 0.5 -0.5 1.0 -1 -1 -2 -2 -3 -3 Figura 7.15: Parábolas do exemplo [3]. [4] Elimine o termo misto de 3 x2 − 4 x y − 1 = 0, achando o ângulo de rotação. Neste exemplo, calculemos: tg(2α) = − 4 2 tg(α) 4 ⇐⇒ = − ⇐⇒ 2 tg 2 (α) − 3 tg(α) − 2 = 0. 3 1 − tg 2 (α) 3 π 1 donde tg(α) = 2 ou tg(α) = − . Procuramos rotações para 0 < α ≤ ; utilizando a seguinte 2 2 identidade: sec2 (α) = 1 + tg 2 (α). 1 4 2 Se tg(α) = 2, temos cos(α) = √ , por outro lado sen2 (α) = , então sen(α) = √ . Assim: 5 5 5 1 x = √ [u − 2 v] 5 Susbtituindo na equação: y 1 = √ [2 u + v]. 5 4 v 2 − u2 = 1 que é uma hipérbole. CAPÍTULO 7. TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 254 2 1 -2 -1 1 2 -1 -2 Figura 7.16: Hiperbóles do exemplo [4]. 7.5 Caso Geral Muitas vezes para simplificar uma equação que representa uma curva no plano, devemos efetuar, seguidamente, translações e rotações ou vice-versa. Utilizando os parágrafos anteriores veremos como realizar isto. Seja P = (x, y) no sistema {O, X, Y}, P = (u, v) no sistema transladado {O1 , U,V}, O1 = (h, k) e P = (x1 , y1 ) no sistema {O1 , X1 ,Y1 }, proveniente de uma rotação de ângulo α, como no desenho: Y Y1 V P X1 v k O α O1 h Figura 7.17: Logo, temos: u U X 7.5. CASO GERAL 255 ( x y =u+h =v+k ( u v e = x1 cos(α) − y1 sen(α) = x1 sen(α) + y1 cos(α). Donde: ( x y = x1 cos(α) − y1 sen(α) + h = x1 sen(α) + y1 cos(α) + k. Exemplo 7.5. [1] Considere a região do plano limitada pelo triângulo de vértices (1, 1), (1, 4) e (5, 1). Façamos uma translação:: ( x=u+1 y = v + 1, seguida de uma rotação de ângulo α = π nos vértices, então: ( ( x = x1 cos(α) − y1 sen(α) + 1 x ⇐⇒ y = x1 sen(α) + y1 cos(α) + 1 y Logo: = −x1 + 1 = −y1 + 1. (x, y) = (1, 1) =⇒ (0, 0) (x, y) = (1, 4) =⇒ (0, −3) (x, y) = (5, 1) =⇒ (−4, 0). 4 3 2 1 -4 -2 2 -1 -2 -3 Figura 7.18: Exemplo [1]. 4 CAPÍTULO 7. TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 256 [2] Considere 3 x2 − 2 x y + 3 y 2 − 2 x − 10 y + 9 = 0. Como ∆ < 0 a cônica é uma elipse; fazemos primeiramente uma transalação e substituimos na equação, para eliminar os termos lineares: ( x y =u+h = v+k então: −2 h + 3 h2 − 10 k − 2 h k + 3 k2 + (−2 + 6 h − 2 k) u + (−10 − 2 h + 6 k)v + 3 u2 − 2 u v + 3 v 2 + 9 = 0. Logo, para eliminar os termos lineares devemos ter: ( −2 + 6 h − 2 k −10 − 2 h + 6 k =0 =⇒ h = 1, k = 2. =0 Temos: ( x y =u+1 = v + 2; substituindo na equação, obtemos: 3 u2 − 2 u v + 3 v 2 − 2 = 0. Agora façamos uma rotação de ângulo α: cotg(2 α) = 0 =⇒ α = π ; 4 e u substituindo na equação, obtemos: v 1 = √ [x1 − y1 ] 2 1 = √ [x1 + y1 ]; 2 x21 + 2 y12 = 1. 7.5. CASO GERAL 257 2.5 2.0 1.5 1.0 0.5 -1.0 0.5 -0.5 1.0 1.5 -0.5 Figura 7.19: As elipses do exemplo [2]. [3] Considere 52 x2 − 72 x y + 73 y 2 − 104 x + 72 y − 48 = 0. Como ∆ < 0 a cônica é uma elipse; fazemos, primeiramente uma transalação e substituimos na equação, para eliminar os termos lineares: ( x y =u+h =v+k então: F − (104 − 104h + 72k)u + (72 − 72h + 146k)v + 52u2 − 72uv + 73v 2 = 0, onde F = −48 − 104h + 52h2 + 72k − 72hk + 73k2 . Logo, para eliminar os termos lineares devemos ter: ( −104 + 104h − 72k 72 − 72h + 146k =0 = 0. Temos: ( x y =u+1 = v; substituindo na equação, obtemos: −100 + 52u2 − 72uv + 73v 2 = 0. Agora façamos uma rotação de ângulo α: cotg(2 α) = e 4 3 7 =⇒ cos(α) = , sen(α) = ; 24 5 5 CAPÍTULO 7. TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 258 u substituindo na equação, obtemos: v = 1 [4 x1 − 3 y1 ] 5 = 1 [3 x1 + 4 y1 ]. 5 x21 + 4 y12 = 4. 1.5 3 1.0 2 0.5 1 0.5 -0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 -2 1 -1 2 -0.5 -1 -1.0 -2 -3 -1.5 Figura 7.20: As elipses do exemplo [3]. Deixamos ao leitor, verificar que estes tipos de mudanças preservam a distância entre pontos. √ √ [4] Considere 4 x2 + y 2 − 4x y − 8 5 x − 16 5 y = 0. Como ∆ = 0 a cônica é uma parábola; fazemos primeiramente, uma rotação de ângulo α: 1 2 3 cotg(2 α) = − =⇒ cos(α) = √ , sen(α) = √ ; 4 5 5 e x substituindo na equação: y 1 = √ [u − 2 v] 5 1 = √ [2 u + v], 5 v 2 − 8 u = 0. Note que não foi necessário fazer translações. 7.5. CASO GERAL 259 6 4 2 -6 -4 -2 2 4 6 8 -2 -4 -6 Figura 7.21: Parábolas do exemplo [4]. [5] Considere 9 x2 + 16 y 2 − 24x y − 34 x − 38 y + 51 = 0. Como ∆ = 0 a cônica é uma parábola; fazemos primeiramente, uma rotação de ângulo α: cotg(2 α) = 4 3 7 =⇒ cos(α) = , sen(α) = ; 24 5 5 e 1 x = 5 [4 u − 3 v] Donde, substituindo na equação: y = 1 [3 u + 4 v]. 5 25 v 2 − 50 u − 10 v + 51 = 0. Agora fazemos uma translação: ( u = x1 + h v = y1 + k; logo, k = 1 e h = 1,então: 5 u = x1 + 1 1 v = y1 + , 5 finalmente, substituindo em 25 v 2 − 50 u − 10 v + 51 = 0, obtemos: y12 = 2 x1 . CAPÍTULO 7. TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 260 6 4 2 2 4 6 8 -2 -4 Figura 7.22: Parábolas do exemplo [5]. [6] Considere x2 + 3 x y + y 2 − 10 x − 10 y + 5 = 0. Como ∆ > 0 a cônica é uma hipérbole; fazemos primeiramente, uma transalação e substituimos na equação, para eliminar os termos lineares: ( x =u+h y = v+k então, para eliminar os termos lineares devemos ter: ( 2 h + 3 k = 10 =⇒ h = 2, k = 2. 3 u + 2 k = 10 Temos: ( x y =u+2 = v + 2; substituindo na equação, obtemos: u2 + 3 u v + v 2 − 15 = 0. Agora façamos uma rotação de ângulo α, Como A = C, temos que: α= π 1 =⇒ cos(α) = sen(α) = √ ; 4 2 e u v 1 = √ [x1 − y1 ] 2 1 = √ [x1 + y1 ]. 2 7.6. ALTERNATIVA 261 Logo, substituindo na equação, temos que: x21 y2 − 1 = 1. 6 30 10 5 -10 -5 5 10 -5 -10 Figura 7.23: Hiperbóles do exemplo [6]. Observe que se entramos diretamente com o sistema: 1 x = √ [x1 − y1 ] + h 2 y 1 = √ [x1 + y1 ] + k, 2 para eliminar os termos lineares, devemos resolver o sistema: ( h+k =4 h − k = 0; donde novamente h = k = 2. 7.6 Alternativa Utilizando algumas propriedades elementares das rotações podemos fazer a eliminação dos termos mistos para ∆ 6= 0, quando o uso da Trigonometria for muito complicado. Considere a equação geral de segundo grau: A x2 + B x y + C y 2 + D x + E y + F = 0. Se após uma translação, temos: A1 x2 + B1 x y + C1 y 2 + D1 x + E1 y + F1 = 0, CAPÍTULO 7. TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 262 é possível provar que, após uma rotação as seguintes quantidades não variam: 1. A + C = A1 + C1 . 2. B 2 − 4 A C = B12 − 4 A1 C1 . Como desejamos B1 = 0, temos: A1 C1 = 4 A C − B2 . 4 Resolvendo o sistema: obtemos: A1 + C1 = A + C 2 A1 C1 = 4 A C − B , 4 A1 x2 + C1 y 2 + F1 = 0. Exemplo 7.6. [1] Simplifique a equação: 20 x2 − 24 x y + 27 y 2 + 24 x − 54 y − 369 = 0. ∆ < 0; é uma elipse; eliminemos os termos lineares: ( 10 h − 6 k = −6 −8 h + 18 k = 18. Obtendo h = 0 e k = 1; logo: ( x=u y = v + 1; susbtituindo na equação: 20 u2 − 24 u v + 27 v 2 − 396 = 0. Agora resolvamos o sistema: ( A1 + C1 = A + C A1 + C1 = 47 2 ⇐⇒ 4 A C − B A1 C1 = A1 C1 = 396 . 4 donde A1 = 36 e C1 = 11 ou A1 = 11 e C1 = 36, então: ou: 36 u2 + 11 v 2 = 396 ⇐⇒ v2 u2 + =1 11 36 7.6. ALTERNATIVA 263 v2 u2 + = 1. 36 11 6 4 2 -6 -4 -2 2 4 6 -2 -4 -6 Figura 7.24: Elipses do exemplo [1]. [2] (ITA-1998) Simplifique a equação: 2 x2 − 4 x y + 4 y 2 − 2 x − 8 y + 9 = 0. ∆ < 0; é uma elipse, eliminemos os termos lineares: ( 4h − 4k = 2 −4 h + 8 k = 8. 5 Obtendo h = 3 e k = ; logo: 2 susbtituindo na equação: x = u + 3 5 y = v + ; 2 u2 − 2 u v + 2 v 2 − 2 = 0. Agora resolvamos o sistema (aplicado à última equação): ( A1 + C1 = A + C A1 + C1 = 3 2 ⇐⇒ 4 A C − B A1 C1 = A1 C1 = 1 . 4 √ √ 3+ 5 3− 5 donde A1 = e C1 = , então: 2 2 √ √ [3 + 5] x2 + [3 − 5] y 2 = 4, pois F1 = −2. CAPÍTULO 7. TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 264 Convidamos o leitor a refazer este exemplo utilizando o método anterior. 5 4 3 2 1 -2 2 4 6 -1 -2 Figura 7.25: Elipses do exemplo [2]. [3] (ITA-1989) Simplifique a equação: 2 x2 − 4 x y − 4 y 2 − 2 x − 8 y + 9 = 0. ∆ > 0; é uma hipérbole; eliminemos os termos lineares: ( 4h − 4k = 2 −4 h − 8 k = 8. 1 5 Obtendo h = − e k = − ; logo: 3 6 x = u − 1 3 5 y = v − ; 6 susbtituindo na equação: 6u2 − 12uv − 12v 2 + 38 = 0. Agora resolvamos o sistema (aplicado à última equação): A1 + C1 = A + C 2 A1 C1 = 4 A C − B . 4 ⇐⇒ ( A1 + C1 = −6 A1 C1 = −108 √ √ donde A1 = −3 + 3 13 e C1 = −3 − 3 13, então: [3 √ 13 − 3] x2 − [3 + 3 √ 13] y 2 = −38. Convidamos o leitor a refazer este exemplo utilizando o método anterior. 7.6. ALTERNATIVA 265 4 2 -6 -4 -2 2 4 -2 -4 -6 Figura 7.26: Hipérboles do exemplo [3]. 6 CAPÍTULO 7. TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 266 7.7 Exercícios 1. Elimine os termos lineares de: (a) 2 x2 + y 2 + 16 x − 4 y + 32 = 0 (b) 3 x2 + 2 y 2 − 18 x − 8 y + 29 = 0 (c) 4 x2 + 4 y 2 + 32 x − 4 y + 45 = 0 (d) 2 x2 + 5 y 2 − 28 x + 20 y + 108 = 0 (e) 12 x2 − 18 y 2 − 12 x − 12 y − 5 = 0 2. Transforme a equação dada, transladando os eixos à nova origem indicada: (a) x2 + y 2 + 2 x − 6 y + 6 = 0; (−1, 3). (b) 3 x2 + 2 y 2 + 12 x − 4 y + 8 = 0; (−2, 1). (c) 4 x2 − y 2 − 8 x − 10 y − 25 = 0; (1, −5) (d) x y − 3 x + 4 y − 13 = 0; (−4, 3). 3. Transforme a equação dada, rotando os eixos, no ângulo indicado: (a) x2 − 2 x y + y 2 − x = 0; (b) √ 3 y 2 + 3 x y − 1 = 0; π . 4 π . 3 (c) x4 + y 4 + 6 x2 y 2 − 32 = 0; π . 4 4. Simplifique a equação dada, por uma translação de eixos adequada: (a) x + 1 − √ y−2=0 (b) x2 + 4 y 2 − 16 x + 24 y + 84 = 0 (c) y 2 − 4 x + 8 y + 12 = 0 (d) x2 + y 2 + 4 x − 6 y = 0 Sugestão: nos três últimos exercícios, complete os quadrados e fatore. 7.7. EXERCÍCIOS 267 5. Utilizando uma translação, elimine os termos lineares da equação: y 2 − x3 + 6 x2 − 12 x − 6 y + 17 = 0 6. Considere a região plana limitada pelas retas y − 2 x = 2, y + 2 x = 2, y − 2 x = −2 e y + 2 x = −2. Utilizando uma translação adequada, obtenha a região, no sistema {O1 , U,V}, limitada por retas paralelas ao eixos coordenados. Esboce as regiões. 7. Identifique a curva 5 x2 + 6 x y + 5 y 2 − 9 = 0 fazendo uma rotação na origem de ângulo π igual a . 4 8. Elimine o termo misto x y de cada equação, por meio de uma rotação adequada: (a) x2 + x y + y 2 = 8 √ √ (b) x2 + 2 3 x y + 3 y 2 + 3 x − y = 0 (c) x2 + 4 x y + 4 y 2 + 12 x − 6 y = 0 (d) 3 x2 − 3 x y − y 2 = 2 (e) 4 x2 − 6 x y − 4 y 2 − 5 = 0 (f) 3 x2 + 2 x y + 3 y 2 − 6 x − 6 y + 1 = 0 9. Simplifique cada uma das equações efetuando translações e rotações adequadas: (a) x2 + x y + y 2 − 3 y − 6 = 0 (b) x2 + 3 x y − 3 y 2 + 6 x = 0 (c) 2 x2 − 4 x y − y 2 − 4 x − 8 y + 14 = 0 √ √ (d) 4 x2 − 4 x y + y 2 − 8 5 x − 16 5 y = 0 10. Através de translações e rotações, simplifique e identifique as seguintes cônicas: √ (a) 7 x2 − 6 3 x y + 13 y 2 = 16. (b) 8 y 2 + 6 x y − 12 x − 26 y + 11 = 0 (c) x2 − 2 x y + y 2 − 10 x − 6 y + 25 = 0 (d) 16 x2 + 16 y 2 − 16 x + 8 y − 59 = 0 (e) 2 x2 + 3 y 2 − 8 x + 6 y − 7 = 0 CAPÍTULO 7. TRANSLAÇÕES E ROTAÇÕES 268 11. Utilizando o método alternativo indicado no capítulo, identifique a cônica definida pela equação: (a) x2 − 10 x y + y 2 + x + y + 1 = 0 (b) 7 x2 + 6 x y − y 2 − 2 x − 10 y − 9 = 0 √ (c) 7 x2 + 13 y 2 − 6 3 x y − 16 = 0 √ (d) 7 x2 − 13 y 2 − 6 3 x y − 16 = 0 √ (e) 6 x2 + 26 y 2 + 20 3 x y − 2 x − 5 y − 324 = 0 12. Utilizando uma rotação dos eixos de ângulo √ x+ π , verifique que a equação: 4 √ y=1 representa um segmento de parábola. Sugestão: elimine os radicais antes de efetuar a rotação. 13. Obtenha uma translação de eixos tal que y = v = cos(u) no novo sistema de coordenadas. √ 2 [sen(x) + cos(x)] + 2 passe a ter a forma 2 π 14. Simplifique a equação x4 + 6 x2 y 2 + y 4 − 16 = 0, utilizando uma rotação de ângulo . 4 Esboce a curva no novo sistema. 15. Considere a equação da forma: a y 2 + b y + c = p x3 + q x2 + r x + 1. Verifique que a equação não muda de forma quando se realiza uma translação de eixos com a nova origem (l, k). 16. Considere a equação da forma: x2 + y 2 + x + y = 2. Determine as condições para (h, k) quando se realiza uma translação de eixos, a fim de que a equação fique da forma: u2 + v 2 + A u + B v = 0. .