avaliação da qualidade de comprimidos de ácido

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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE COMPRIMIDOS DE ÁCIDO
ASCÓRBICO COMERCIALIZADOS NAS FARMÁCIAS DE
TIMÓTEO – MG.
QUALITY ASSESSMENT OF ASCORBIC ACID TABLETS COMMERCIALIZED
IN DRUGSTORES IN TIMÓTEO-MG
De Lima, Bráulio Vaz 1; Vilela, Anderson Ferreira 2; Andrade, Carlos Eduardo
Oliveira 3
RESUMO
Avaliaram-se comprimidos de ácido ascórbico de quatro marcas adquiridos nas
farmácias do centro de Timóteo-MG. As amostras foram analisadas através dos
seguintes testes: determinação de peso, doseamento e uniformidade de doses
unitárias (UDU), comparando-se os valores encontrados com os especificados na 5°
edição da Farmacopéia Brasileira (2010). Todas as amostras analisadas foram
aprovadas nos testes realizados, apresentando propriedades que as qualificaram
como um produto adequado para o uso terapêutico.
Palavras-chave: Ácido ascórbico, comprimidos, controle de qualidade.
ABSTRACT
Four brands of ascorbic acid tablets bought in drugstores from Timóteo - MG were
assessed. The samples were analysed by the following tests: determination of
weight, determination and uniformity of unitary doses (UUD) by comparing the values
found to the specified in the 5th edition of Brazilian Pharmacopoeia (2010). All
samples tested were approved in the tests, presenting properties that qualify them for
therapeutic use.
Keywords: Ascorbic acid, tablets, quality control.
INTRODUÇÃO
O ácido ascórbico (figura 1) é o nome comum dado ao ácido 2,3–enediol–L–
gulônico, que apresenta C6H8O6 como fórmula molecular e 176,12 g/mol como
massa molecular. É caracterizado como um pó fino cristalino branco ou ligeiramente
amarelo, inodoro e de sabor ácido. Apresenta faixa de fusão entre 189 e 192 ºC e é
facilmente solúvel em água, pouco solúvel em etanol e acetona e insolúvel em éter
etílico, clorofórmio, éter de petróleo e benzeno (BRASIL, 2010).
1
Acadêmico de Farmácia. [email protected]; 2 Farmacêutico. Prof. do curso de Farmácia. Msc. Ciência de Alimentos; 3 Químico. Prof.
do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais Campus VII - Timóteo. Centro Universitário do Leste de Minas Gerais –
UnilesteMG. Rua Bárbara Heliodora 725, Bom Retiro, Ipatinga-MG
CH2OH
HC
OH
O
O
OH OH
FIGURA 1 – Estrutura química do Ácido ascórbico
O ácido ascórbico (vitamina C) é conhecido como promotor de diversos
processos bioquímicos e fisiológicos (ROTTA, 2003), é necessário para formação do
colágeno, para o metabolismo de ácido fólico, fenilalanina, tirosina, ferro, histamina e
para reparação de alguns tecidos corporais ( KOROLKOVAS, 2001; GOODMAN et
al, 2005; DUARTE E JONES, 2007; SAMPAIO E ALMEIDA, 2009; ZIMMERMMANN,
et al., 2010). A vitamina C é sintetizada por plantas e quase todos os animais, exceto
o homem, primatas, alguns roedores e pássaros ( PENTEADO, 2003). Os seres
humanos não sintetizam o ácido ascórbico, a partir da glicose, devido à deficiência
da enzima envolvida na etapa final da síntese da vitamina C. Assim, este deve
adquiri-lá
por meio da ingestão de alimentos como: morango, goiaba, abacaxi,
laranja, limão, papaia, lima, pêra, manga, brócolis, couve, caju e páprica
(PENTEADO, 2003; ANDRADE, et al., 2002).
O valor recomendado de ingestão para a vitamina C é de 60 mg/dia para
adultos ( KOROLKOVAS, 2001; TIMOUMI, MIHOUBI, ZAGROUBA, 2007) a sua
administração em quantidades acentuadamente acima das necessidades fisiológicas
exerce poucos efeitos demonstráveis, pois os níveis teciduais são mantidos
homeostaticamente através da indução da descarboxilase do ácido ascórbico e da
atividade enzimática que quebra o ascorbato em CO2 mais ribulose (ROTTA, 2003 ),
O ácido ascórbico em quantidades acima das necessidades fisiológicas é útil no
tratamento de indivíduos portadores de escorbuto, doença causada pela deficiência
de vitamina C no organismo, cujos sintomas são rapidamente aliviados ( GOODMAN
et al, 2005). A Farmacopéia Brasileira é o código oficial farmacêutico do país, cuja
função é estabelecer os requisitos de qualidade que os medicamentos devem
obedecer. ( BRASIL, 2010). O controle de qualidade consiste em um conjunto de
operações com o objetivo de verificar se cada lote de um determinado medicamento,
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satisfaz às normas de atividade, pureza, eficácia e inocuidade determinados pela
Farmacopéia. Um medicamento que não atenda as normas de qualidade pode gerar
um conjunto de atribulações para a empresa, que vão desde os prejuízos
decorrentes do retrabalho, a perda de credibilidade e até a cassação da licença de
funcionamento e do registro do produto. Para o paciente, a falta de qualidade do
medicamento ocasiona sérios transtornos como, por exemplo, o comprometimento
da sua saúde (PEIXOTO, et al, 2005)
A quantificação do ácido ascórbico em produtos comerciais podem envolver
técnicas espectrofotométricas, cromatográficas e titulométricas ( PAIM, KRONKA,
REIS, 1998). No Brasil, para a quantificação de ácido ascórbico em medicamentos
utiliza-se, como método oficial, a titulação com solução padronizada de iodo
(BRASIL, 2010). Uma técnica alternativa utiliza a solução de iodato de potássio em
substituição ao iodo como titulante ( PAIM, KRONKA, REIS, 1998). Esta técnica é
utilizada oficialmente para determinação de vitamina C em alimentos (INSTITUTO
ADOLFO LUTZ, 2005).
A avaliação da qualidade é uma etapa imprescindível para que haja a liberação
do medicamento para o mercado em condições que garantam a segurança, eficácia
terapêutica e a qualidade do produto, durante todo o prazo de validade( PEIXOTO,
et al., 2005; LACHMAN, LIBERMAN, KANIG, 2001). O objetivo geral deste trabalho
consistiu na avaliação, por métodos físico-químicos, da qualidade de comprimidos
de ácido ascórbico de quatro marcas diferentes vendidos nas farmácias de
Timóteo/Minas Gerais/Brasil.
METODOLOGIA
As quatro marcas avaliadas (A e B 0,5 g; C e D 1,0 g), neste trabalho, foram
adquiridas nas farmácias do centro de Timóteo–MG. Antes da aquisição dos
produtos, foi feito um estudo prévio nas farmácias do centro de Timóteo, para saber
quais marcas de medicamentos contendo ácido ascórbico eram mais vendidas. Para
a realização dos testes, foram utilizados 20 comprimidos de ácido ascórbico de cada
marca e todos de um mesmo lote.
Para a realização das etapas de análise, foram selecionados os testes de
determinação de peso, doseamento e uniformidade de doses unitárias (UDU)
comparando-se os valores encontrados com os especificados na monografia do
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produto e verificando-se a conformidade dos resultados obtidos com especificações
determinadas e descritas na 5ª edição da Farmacopéia Brasileira (2010).
Em todas as soluções foram usados reagentes de grau analítico e água
destilada.
Determinação de peso
Na determinação do peso individual, utilizaram-se 20 comprimidos de ácido
ascórbico da mesma marca, os quais foram pesados individualmente em uma
balança analítica, calculando-se, em seguida, o peso médio e a variação de peso de
cada comprimido em relação ao peso médio.
Para comprimidos com peso médio acima de 250 mg, a Farmacopéia Brasileira
(2010) determina que no máximo duas das unidades analisadas estejam fora dos
limites de ± 5% e nenhuma ultrapasse os limites de ± 10%.
Doseamento
As amostras de comprimidos de ácido ascórbico foram preparadas em
triplicata, sendo triturados os 20 comprimidos usados na determinação do peso
médio. Em seguida, pesou-se a massa de interesse referente a 200mg de ácido
ascórbico e transferiu-se para erlenmeyers de 300 mL. Adicionou-se 100 mL de
água isenta de dióxido de carbono, 25 mL da solução de ácido sulfúrico 10% (p/v), 1
mL da solução de iodeto de potássio 10% (p/v) e 3 mL da solução indicadora de
amido 1% (p/v). Titulou-se com a solução de iodato de potássio 0,02 mol/L até o
aparecimento de uma coloração azul. A solução de iodato de potássio foi
padronizada com um padrão de ácido ascórbico e cada 1 mL da solução titulante
equivale a 10,509 mg de ácido ascórbico. A reação entre o ácido ascórbico e o iodo
pode ser observada abaixo.
C6H8O6 + I2 à C6H6O6 + 2I- + 2H+
FIGURA 2 – Reação entre o ácido ascórbico e o iodo.
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O teor de ácido ascórbico presente nos comprimidos foram calculados a partir
dos volumes gastos da solução de iodato de potássio 0,02 mol/L obtidos nas
titulações.
A Farmacopéia Brasileira (2010) determina que cada comprimido deva conter,
no mínimo, 90,0% e, no máximo, 110,0% da quantidade declarada de ácido
ascórbico.
Uniformidade de doses unitárias (UDU)
O teste de uniformidade de doses unitárias (UDU) avalia a homogeneidade de
distribuição do fármaco nas unidades de um determinado lote. Para comprimidos,
deve-se realizar o teste com 10 unidades de um mesmo lote e marca. A
uniformidade de doses unitárias foi realizada pelo método de variação de peso, que
consiste no uso do peso individual de 10 comprimidos e, a partir do resultado do
peso médio e do doseamento, calcular o conteúdo de ácido ascórbico em cada
comprimido. Em seguida foi calculado o Valor de Aceitação (VA).
VA = [M – X] + Ks
FIGURA 3 – Formula para calculo do
valor de aceitação (VA).
Onde:
X = Média dos conteúdos
individuais (x1, x2,..., xn), expressa
como porcentagem da quantidade
declarada.
M = valor de referência, se 98,5%
≤ X ≤101,5%, então M = X.
K = Constante de aceitabilidade,
k = 2,4.
s = Desvio padrão da amostra.
O produto cumpre o teste de uniformidade de doses unitárias se o Valor de
Aceitação calculado para as 10 unidades testadas não for maior que L1. A menos
que indicado de maneira diferente na monografia individual, o valor de L1 é 15.
(BRASIL, 2010).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segue abaixo os resultados da pesquisa para avaliação da qualidade dos
comprimidos de ácido ascórbico de quatro marcas diferentes quanto aos testes de
determinação de peso, doseamento e uniformidade de doses unitárias (UDU).
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Os valores encontrados estão de acordo com as especificações estabelecidas
pela 5° edição da Farmacopéia Brasileira (2010) em relação ao peso dos
comprimidos.
Tabela 1: Peso individual, desvio e peso médio dos comprimidos de ácido ascórbico.
Amostras
A 0,500 g
B 0,500 g
C 1,000 g
D 1,000 g
Peso
individual
(g)
1,187 a
1,226
0,678 a
0,728
4,464 a
4,615
3,985 a
4,156
Desvio
Peso
(%)
médio (g)
-1,08 a
2,16
1,200
-3,14 a
4,00
0,700
-1,69 a
1,63
4,541
-2,01 a
2,18
4,067
Os resultados obtidos são semelhantes ao estudo de Peixoto et al., (2005), que
avaliou a qualidade de comprimidos de captopril dispensados na cidade de Feira de
Santana na Bahia. Neste estudo os valores encontrados para as amostras avaliadas
no teste de determinação de peso estão de acordo com os requisitos farmacopéicos.
Já Marcatto e colaboradores (2005), em um estudo com cápsulas de captopril
manipuladas em farmácias localizadas no Vale do Itajaí e na região norte do estado
de Santa Catarina verificou que metade das amostras analisadas não cumpria os
requisitos do teste de determinação de peso, o que mostra uma deficiência nos
processos de manipulação nas Farmácias Magistrais.
A determinação e os ajustes dos pesos dos comprimidos, ao longo do processo
de compressão, são procedimentos importantes, uma vez que as fórmulas estão
baseadas no peso das formas farmacêuticas, o qual irá influenciar também na
concentração de princípios ativos em cada unidade (PEIXOTO et al., 2005).
No teste de doseamento, foi determinada a concentração do princípio ativo
(ácido ascórbico) nos comprimidos. Através do volume gasto da solução de iodato
de potássio 0,02 mol/L, pôde-se calcular o teor de ácido ascórbico nos comprimidos.
Os resultados encontrados no teste de teor estão representados na tabela 2.
Como podem ser observados na tabela 2, os valores encontrados para as
quatro marcas estão de acordo com as especificações da 5° edição da Farmacopéia
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Brasileira (2010), que determina um teor de ácido ascórbico entre 90% e 110% da
quantidade declarada.
Tabela 2: Teor de ácido ascórbico nos comprimidos.
Amostras
Teor (%)
A 0,500 g
99,8
B 0,500 g
99,3
C 1,000 g
99,3
D 1,000 g
100,4
DPR (%)
0,50
0,58
0,50
0,57
Verifica-se a importância do doseamento uma vez que, através do mesmo,
pode-se identificar se as formas farmacêuticas apresentam a porcentagem de
princípio ativo do valor declarado no rótulo dentro da faixa especificada pela
monografia do produto (PEIXOTO et al., 2005). A administração de um medicamento
com concentração de princípio ativo acima ou abaixo da concentração declarada na
fórmula pode resulta em intoxicação ou falha terapêutica, o que compromete o
quadro clínico do usuário do medicamento ((PEIXOTO et al., 2005; MARCATO et
al.,2005).
No teste de uniformidade de doses unitárias (UDU), foi determinada a
homogeneidade da distribuição do fármaco em 10 comprimidos do lote. Os
resultados obtidos encontram-se representados na tabela 3.
Tabela 3: Uniformidade de doses unitárias dos comprimidos de ácido ascórbico.
Desvio padrão
Valor de
Amostras
Teor (%)
Media [X] (%)
(s)
Aceitação (VA)
A 0,500 g
98,8 a 102,0
99,9
1,04
2,50
B 0,500 g
97,6 a 102,2
100,6
1,76
4,20
C 1,000 g
98,3 a 101,5
100,0
1,02
2,45
D 1,000 g
98,0 a 102,2
100,0
1,36
3,26
Para o teste de UDU, o menor teor de ácido ascórbico encontrado em relação
ao especificado no rótulo foi 97,6% em um comprimido da marca B e o maior teor foi
102,2%, que foi encontrado em comprimidos da Marca B e D. O lote mais
homogêneo, ou seja, aquele que teve menor Valor de aceitação (VA) foi o da Marca
C, com um VA de 2,45 e o lote com menor homogeneidade foi o da Marca B, com
um VA de 4,20. Os resultados mostrados na tabela 3 para o teste de UDU estão de
acordo com as especificações estabelecidas pela 5° edição da Farmacopéia
Brasileira (2010), que determina que o Valor de Aceitação (VA) deva ser menor que
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15 (L1). Assim, todas as formulações garantiram a homogeneidade e uniformidade
de distribuição do ácido ascórbico nas doses individuais.
CONCLUSÕES
As quatro marcas de produtos contendo ácido ascórbico avaliadas, quando
submetidas aos testes de aferição da qualidade: determinação de peso, doseamento
e uniformidade de doses unitárias (UDU), mostraram-se representativas de um lote
de qualidade satisfatória, apresentando propriedades que as qualificaram, segundo
os testes realizados, como um produto adequado para o uso terapêutico.
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