Orientações a respeito do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade Nathália Fernandes Andreza Aparecida Polia Ranielí Gonçalves de Souza Halessandra Medeiros O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de origem genética e reconhecida por todas as associações médicas. Suas características aparecem na infância e na maioria dos casos acompanha o indivíduo por toda a vida. Os sintomas mais comuns são desatenção, inquietude motora e impulsividade. Segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª Ed. 2013), o TDAH é mais frequente no sexo masculino do que no feminino, na população geral, na proporção de 2:1 em crianças e de 1,6:1 em adultos. Geralmente as pessoas do sexo feminino tendem a apresentar apenas desatenção e são classificadas como DDA (Distúrbio do déficit de Atenção). De acordo com a quantidade dos sintomas, podemos classificar o TDAH em três subtipos: Apresentação combinada: Se os critérios de desatenção, hiperatividade e impulsividade são preenchidos nos últimos 6 meses; Predominantemente desatento: Quando os critérios de desatenção são preenchidos nos últimos seis meses, mas os critérios de hiperatividade não são; Predominantemente hiperativo-impulsivo: Quando os critérios de hiperatividade são preenchidos nos últimos seis meses, mas os critérios de desatenção não são. Em geral, para cada critério ser preenchido, as crianças precisam apresentar seis ou mais sintomas, enquanto adultos e adolescentes com mais de 17 anos podem apresentar até cinco para serem classificados dessa forma. Há também a variação da intensidade do transtorno em Leve, Moderado e Grave. Sintomas comuns de desatenção: Deixar de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou durante outras atividades; Não escutar quando lhe dirigem a palavra; Não seguir instruções e não terminar deveres de casa, tarefas domésticas ou tarefas no local de trabalho; Ter dificuldade para organizar tarefas e atividades; Evitar, não gostar ou relutar em se envolver em tarefas que exijam esforço mental prolongado (tarefas escolares, deveres de casa, preparo de relatórios etc.); Perder objetos necessários às tarefas ou atividades; Ser facilmente distraído por estímulos externos (para adolescentes mais velhos e adultos pode incluir pensamentos não relacionados); Ser esquecido em relação a atividades cotidianas. Sintomas comuns de hiperatividade e impulsividade: Remexer ou batucar mãos e pés ou se contorcer na cadeira; Levantar da cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado (sala de aula, escritório, etc.); Correr ou subir nas coisas, em situações onde isso é inapropriado ou, em adolescentes ou adultos, ter sensações de inquietude; Ser incapaz de brincar ou se envolver em atividades de lazer calmamente; Não conseguir ou se sentir desconfortável em ficar parado por muito tempo, em restaurantes, reuniões, etc.; Falar demais; Não conseguir aguardar a vez de falar, respondendo uma pergunta antes que seja terminada ou completando a frase dos outros; Ter dificuldade de esperar a sua vez; Interromper ou adentrar em conversas e atividades, tentar assumir o controle do que os outros estão fazendo ou usar coisas dos outros sem pedir. O TDAH é um dos transtornos psiquiátricos mais bem estudados no mundo, entretanto existe um questionamento contínuo sobre a sua origem e até o momento não há um consenso científico sobre as suas reais causas, ou seja, quanto a ele ser inato (genético) ou adquirido (ambiental). Considerando-se que o TDAH é um transtorno heterogêneo, por manifesta-se de inúmeras formas, e dimensional, devido aos sintomas se combinarem nos mais variados graus de intensidade, é possível inferir a complexidade da questão, com múltiplas causas e fatores de risco. Assim, ainda continua difícil precisar a influência e a importância relativa de cada fator no aparecimento do transtorno, havendo necessidade de mais pesquisas sobre o tema. Podemos dividir os fatores que causam o TDAH em fatores neurobiológicos (que incluem a genética e as anormalidades cerebrais) e fatores ambientais. Os fatores genéticos parecem ter um papel bastante relevante na origem do TDAH. As pesquisas são concordantes e mostram que a prevalência do TDAH é bem maior em filhos e familiares de pessoas com TDAH em relação a pessoas sem o problema e que a hereditariedade média do TDAH é estimada em 76%. Quanto às anormalidades cerebrais, muitos estudos de imagem feitos no cérebro mostraram evidências de disfunção em pessoas com TDAH (no córtex pré-frontal, núcleos da base, cerebelo e outras). Os fatores ambientais são definidos desde o baixo peso ao nascer (menos de 1.500 g, que confere um risco 2 a 3 vezes maior para TDAH, embora a maioria das crianças que nascem com baixo peso não desenvolva o transtorno), abuso infantil, negligência, múltiplos lares adotivos, exposição a neurotoxinas (chumbo), infecções (por exemplo: encefalite) até exposição da mãe ao álcool e tabaco durante a gestação. A maioria dos adolescentes e adultos com TDAH apresentam redução da atividade motora, embora persistam sintomas de desatenção, inquietude, impulsividade e comprometimento das funções executivas (planejamento, organização, etc.). O adulto costuma sofrer de desatenção, inquietude, impulsividade e presença de compulsões. O TDAH não tratado ou mesmo não diagnosticado, pode trazer diversas consequências no dia a dia da criança, adolescente ou adulto com o quadro. Pessoas não diagnosticadas não receberão tratamento e certamente continuarão sendo rotuladas de preguiçosas e malcriadas, quando na verdade o que elas apresentam é um comportamento biologicamente determinado, com um amadurecimento em regiões do cérebro que é diferente daquele apresentado por indivíduos sem o transtorno. O TDAH em adultos se associa a: Pior desempenho, sucesso, assiduidade e pontualidade no campo profissional; Maiores taxas de desemprego; Altos níveis de conflito interpessoal; Maiores índices de problemas e de assédio moral no trabalho; Chance significativamente maior para desenvolver Transtorno de Personalidade Antissocial; Taxas maiores de Transtorno de Conduta, Transtornos por uso de substâncias e de problemas com a Lei, prisão, crimes, morte precoce; Maior probabilidade de sofrerem lesões, fraturas e hospitalizações além de acidentes com ou sem vítimas, violações de trânsito, multas; Maior probabilidade de obesidade ou outras compulsões. As Intervenções no âmbito escolar são importantes e muitas vezes é preciso um acompanhamento psicopedagógico e reforço escolar. A intervenção escolar facilita o convívio dessas pessoas com os colegas e tenta impedir que elas se desinteressem pela escola, o que é muito comum no TDAH. Algumas técnicas que podem ser adotadas para o melhor desempenho do estudante com TDAH são: Planejamento de aulas dinâmicas e breves que permitam a participação ativa dos estudantes; Oferecer uma flexibilidade no tempo de realização das provas em até 50% a mais de tempo, conforme preconiza o Decreto 3.238 de 20 de Dezembro de 1999, que dispõe sobre a politica nacional para integração da pessoa com deficiência; Elaborar provas curtas, Criar métodos de avaliação alternativos como, por exemplo seminários; Permitir que os estudantes, a partir de suas preferencias, iniciem o processo de aprendizagem; Orientar os estudantes a cursarem uma quantidade mínima de créditos, para que possam se organizar e se dedicar da melhor forma possível; Ter e demonstrar compreensão sobre o comportamento e o desempenho acadêmico do estudante. Para maiores informações a respeito do assunto, segue sugestão de material: FERNANDES, T. L. G; VIANA, T. V. Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEEs): avaliar para o desenvolvimento pleno de suas capacidades. Disponível em: <http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/eae/article/view/2051> PASTURA, G. M. C. Desempenho escolar e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade. Revista de Psiquiatria Clínica. Disponível em: <http://urutu.hcnet.usp.br/ipq/revista/vol32/n6/324.html> REIS, M. G. F.; CAMARGO, D. M. P. Práticas escolares e desempenho acadêmico dos alunos com TDAH. Rev. Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional. V. 12, N.1. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pee/v12n1/v12n1a07.pdf> GRAEFF, R. L.; VAZ, C. E. Avaliação e diagnóstico do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S167851772008000300005&script=sci_arttext&tlng=es>