UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO ESCOLAR Fortalecimento do Conselho Escolar Genilda Aurélio da Cunha Resumo: Este artigo apresenta o Conselho Escolar como instrumento fundamental para a democratização da escola, através da participação da comunidade interna e externa, tendo como instrumentos a avaliação da instituição: propostas de melhoria e ação coletiva, através do Projeto de Intervenção, construção do Regimento Interno da Unidade Escolar e outros. Dentro do pressuposto, o Projeto de Intervenção deverá no seu cerne, agir na maior necessidade da escola que é: o fortalecimento do Conselho Escolar. No Projeto Político Pedagógico da Escola (PPP) em 2009 pode-se perceber que a ação do Conselho Escolar, se restringia às extremas necessidades de tomada de decisões da escola, não direcionando as atribuições do Conselho Escolar. Neste contexto, averigua-se que é fundamental e de suma importância, termos conhecimentos teóricos e melhor ampliação deste macro projeto. Com base em orientações através dos textos nas salas ambientes do curso de Especialização em Gestão Escolar do Programa Escola de Gestores, temos nos embasado teoricamente sobre os fundamentos do Direito à Educação, Gestão Democrática e o papel dos Conselhos escolares no processo de democratização da educação. Palavras-chave: Conselhos Escolares, Gestão Democrática, Direito, Educação. 1 1 - INTRODUÇÃO A sociedade atual está envolta em um momento de conscientização dos cidadãos com relação à democracia, respeito aos direitos e necessidade de encontrar soluções adequadas para os inúmeros problemas sociais, detectados através de nossa prática na escola. Assim, a educação é compreendida como o meio ideal para se alcançar as mudanças necessárias a fim de desenvolver uma sociedade melhor. O grande desafio é: como fazer para promover educação de qualidade? Um dos caminhos é a gestão democrática que é viabilizada a partir dos Conselhos Escolares. Como é possível verificar no Caderno do Programa de Fortalecimento dos Conselhos Escolares: “É grande a importância dos Conselhos Escolares para a busca de transformações no cotidiano escolar, transformações essas, que são orientadas pelo desejo de construção de uma sociedade igualitária e justa” (Brasília, 2004, volume 1). Este tema tem inquietado o cenário educacional, já que envolvem muitos atores com diferentes papéis a desempenhar e nem sempre todos estão engajados no cumprimento dos mesmos. Como a escola deve agir para desempenhar da melhor maneira possível seu papel? Estes questionamentos têm levado a uma grande demanda de Formação Continuada em serviço, cursos on-line e até mesmo a oportunidade de desenvolver uma nova prática com base no aprendizado adquirido como é o caso a ser apresentado a partir deste trabalho. Este artigo tem como eixo principal de estudo, a educação como direito e a gestão democrática como meio de participação coletiva nas tomadas de decisões, implementação, acompanhamento e avaliação do processo de ensino aprendizagem. Sabe-se que ao longo da História da Educação, estamos vivenciando um novo paradigma de educação em que a escola não trabalha como uma ilha isolada, mas que, há necessidade de uma maior integração, ou seja, colocar em prática ações para o desenvolvimento da democracia, pois a mesma está intrinsecamente ligada ao estado de direito, isto é, assegurando aos atores do processo, leis que possibilitam o convívio em sociedade... Dentro deste contexto-base, relatar-se-á a importância da efetivação do Projeto de Intervenção: “Conselho Escolar participativo no Colégio Estadual Dona Anaídes Brito Miranda”. 2 2 - BREVE HISTÓRICO DA GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA A conquista de direitos a uma vida digna passou por um longo processo até chegar ao que temos hoje. Várias foram as discussões, lutas, greves e movimentos que foram organizados e aperfeiçoados até chegar às leis sancionadas conforme temos. Iniciando com a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão votada pela Assembléia Nacional Francesa em 1979, Art.XXII, onde declara que: “a instrução é necessidade de todos. A sociedade deve favorecer com todo o seu poder o progresso da inteligência pública e colocar a instrução ao alcance de todos os cidadãos". A partir de então, cada vez mais passou a ser manifesta a preocupação em garantir os direitos de todo cidadão, especialmente da criança e do adolescente. Desde 1924, em Genebra foi enunciada a Declaração dos Direitos da Criança, sendo aprovada posteriormente pela Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948 a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ainda em Dezembro de 1960, foi adotada pela Conferência Geral da organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura, a Convenção relativa à luta contra as discriminações na esfera do ensino, que entrou em vigor a partir de maio de 1962. Com base nesta conferência, a Declaração Mundial aprovada em Jomtiem, na Tailândia em 1990 sobre educação para todos em seu Art. 1 confirma que: “Cada pessoa – criança, jovem ou adulto – deve estar em condições de aproveitar oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas necessidades de aprendizagem. Essas necessidades compreendem tanto instrumentos essenciais para a aprendizagem (como a leitura, a escrita, a expressão oral, o cálculo, a solução de problemas), quanto os conteúdos básicos da aprendizagem (como conhecimentos, habilidades, valores e atitudes) necessários para que os seres humanos possam sobreviver e desenvolver plenamente suas potencialidades, viver e trabalhar com dignidade, participar plenamente do desenvolvimento melhorar a qualidade de vida, tomar decisões e continuar aprendendo (...)” (1990, art.1) De acordo com a Declaração constata-se que com relação à lei existe uma preocupação em garantir aos indivíduos as habilidades essenciais para que tenham êxito na vida pessoal e profissional. O que se torna necessário, são os mecanismos para que tais direitos se efetivem no contexto Educacional. A Declaração dos Direitos da Criança, adotada pela Assembléia das Nações Unidas de 20 de novembro de 1959 e ratificada pelo Brasil, em seus princípios, esclarece que a criança tem direito a cuidados especiais mínimos pra ter saúde, 3 educação e tempo para brincar. Tem direito de viver em lugar seguro, livre de qualquer tipo de exploração, não ser envolvido em trabalho que venha prejudicar sua saúde ou estudos. Que as autoridades e a sociedade têm o dever de propiciar cuidados especiais às crianças sem família e as que carecem de meios adequados de subsistência. Também diz que “é desejável a prestação de ajuda oficial e de outra natureza em prol da manutenção dos filhos de famílias numerosas”, (Declaração dos Direitos da Criança, princípio 6º). Ter direito à educação pelo menos no grau primário, que mãe e criança têm direito a receber cuidados pré e pós-natais. Podemos observar que as leis já previam direitos básicos relativos à educação, porém não responsabilizava em determinados princípios, quem realmente deveria garantir tal direito e assegurar tal garantia. As leis criadas nas últimas décadas têm definido melhor as responsabilidades na promoção da educação, com vistas à realização integral do indivíduo. No art. 205 de nossa Constituição Federal de 1988 especifica que: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Neste texto da Constituição Federal, que deu origem à criação de várias outras leis, como a Lei de Diretrizes e Bases – Lei 9394/96, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA (Lei nº 8069/90 de13 de julho), é possível notar que ocorre a ampliação ao direito à educação com qualidade para que a formação do indivíduo seja completa. Com base na garantia do direito à educação de qualidade, compreende a cada dia a necessidade de democratizar a educação, desde os recursos às ações pedagógicas. Podemos comprovar que através da garantia dos direitos o processo democrático da educação está em constante andamento. Isto é e assegurado dentro deste novo contexto de gestão democrática o direito de todos na educação, fortalecendo a escola como instituição plural, sem preconceitos contribuindo para a redução das desigualdades sociais étnicas e culturais. 2.1 – Atribuições do Gestor na Gestão Democrática 4 O gestor compromissado com o exercício de sua função lançará mão de todos os meios legais disponíveis para promover o sucesso do trabalho da Unidade Escolar. Tendo em vista que a sociedade está mais bem esclarecida e sabe definir o perfil do bom gestor, isto é, através da mídia e outros meios informativos, sabem que a escola neste novo paradigma educacional precisa delegar responsabilidades e buscar equipe de trabalho compromissada com o fazer pedagógico para envolver a todos, conforme Freire declara: Tudo o que a gente puder fazer no sentido de convocar os que vivem em torno da escola, e dentro da escola, no sentido de participarem, de tomarem um pouco o destino da escola na mão, também. Tudo o que a gente puder fazer nesse sentido é pouco ainda, considerando o trabalho imenso que se põe diante de nós que é o de assumir esse país democraticamente. (FREIRE apud, MEC/SEB Cadernos do Programa Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília, 2004, vol. 2). Conforme o autor, a democracia consiste numa política da busca de soluções sábias de um progresso onde a escola evolui em ritmos acelerados, e para isto acontecer é preciso unir forças, ou seja, criar uma consciência de que é necessário que todos os envolvidos no processo educacional sejam ativos, se dedicando com garra ao realizar todas as atividades da escola, visando o bem comum, que é o sucesso do educando e conseqüentemente, o sucesso de todos os envolvidos no processo educacional, fortalecendo assim, o Conselho Escolar. Há também programas de parceria que podem ser de grande valia. A exemplo disto, na cidade de Guaraí, tem a Patrulha Escolar, que juntamente com o Conselho Tutelar, têm feito um excelente trabalho junto às escolas. Agindo de forma ativa e coerente com a situação-problema. Porém, devido a fatores externos à sua atuação em determinados casos a solução fica a desejar. Na LDB, no Artigo, 5º, incisos I, II e III, VII e VIII expõe de forma específica a responsabilidade que um gestor deve ter em relação ao cumprimento da lei, fornecendo à comunidade condições de acesso e permanência com sucesso na escola, zelando pela freqüência do aluno, comunicando aos pais ou responsáveis a freqüência e o rendimento da criança na escola; e, ainda, ao Conselho Tutelar, conforme Artigo 12, VIII. 5 2.2 O conceito de Conselho Escolar e sua contribuição na efetivação da Gestão Democrática Um mecanismo importante no cenário educacional é a constituição dos Conselhos Escolares. A Gestão Democrática deve propiciar oportunidades para que a comunidade escolar se engaje na tarefa de efetivá-los objetivando melhorar os resultados gerais no âmbito da escola. É necessário para tanto, começarmos do princípio conceituando o que vem a ser Conselho Escolar.Segundo Cury (2000, p. 47.) conselho vem do latim Consilium. Por sua vez, consilium provém do verbo consulo/ consulere, significando tanto ouvir alguém quanto submeter algo a uma deliberação de alguém, após uma ponderação refletida, prudente e de bom-senso. Trata-se, pois, de um verbo cujos significados postulam a via de mão dupla: ouvir e ser ouvido. Obviamente a recíproca audição se compõe com o ver e ser visto e, assim sendo, quando um Conselho participa dos destinos de uma sociedade ou de partes destes, o próprio verbo consulere já contém um princípio de publicidade. E ainda afirma que: (...) O Conselho Escolar deve estar inserido na escola como instância que promove a articulação entre os segmentos da comunidade escolar e as dimensões da escola, sabendo ouvir e falar, buscando mecanismos de compreensão e tomadas de decisões em busca da excelência do saber elaborado, mobilizando a escola e alunos como protagonistas deste saber.” (CURY, 2000, p. 47.) Como estamos em constante processo de democratização em nosso país, e especialmente nas escolas, que deve ser espaço privilegiado da construção do pensamento para a liberdade, nos encontramos diante do maior desafio de promover uma educação democrática e de qualidade. Sabe-se que este objetivo só pode ser alcançado com envolvimento de todos, dentro do pressuposto o MEC em parceria com Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Fundo das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), criou os cadernos dos Conselhos Escolares para orientar todo o processo de criação e atuação dos Conselhos Escolares nas escolas. A intenção, ao organizar o referido material é instrumentalizar as escolas, facilitando o processo e não esgotar as discussões sobre as possibilidades de envolvimento da comunidade, ainda que de forma diferenciada. Neste contexto qual é a principal função do Conselho Escolar? 6 De acordo com a definição do MEC, a principal função do Conselho Escolar é acompanhar o processo ensino-aprendizagem para que o mesmo tenha sucesso. (...)o Conselho Escolar se destaca, dado que sua participação está ligada, prioritariamente, à essência do trabalho escolar,isto é, ao desenvolvimento da prática educativa, em que o processo ensino-aprendizagem é sua focalização principal, sua tarefa mais importante. Nesse sentido, sua função é, fundamentalmente, político-pedagógica. (MEC/SEB, 2004.Caderno do Programa de Fortalecimento dos Conselhos Escolares vol 2 p.13). Sabemos que esse é o foco, porém, para se alcançar o esperado no processo ensino-aprendizagem é preciso interferir em todas as dimensões da gestão escolar. Sendo assim, a uma longa reflexão sobre a função do conselho escolar e sua atuação, são enumerados vários pontos diretamente ligados ao processo ensino aprendizagem, que devem receber atenção especial, conforme (MEC/SEB Cadernos do Programa Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília, 2004, vol 2.) * como lidar com as diferenças dos sujeitos, envolvidos no processo * como garantir a unidade da prática escolar * qual o sentido mais adequado a uma educação emancipadora * quem ensina e quem aprende na prática educativa * o que avaliar na prática educativa * que dimensões e aspectos devem ser parâmetros para a avaliação * e como tornar as ações da escola transparentes. Ao fazer um estudo do caderno instrucional todos estes pontos ficam claros, nos mostrando a necessidade de o colocarmos em ação em nossas escolas ele se constitui uma forma colegiada da gestão democrática. Assim, a gestão deixa de ser o exercício de uma só pessoa e passa a ser uma gestão colegiada, na qual os segmentos escolares e a comunidade local se congregam para, juntos, construírem uma educação de qualidade e socialmente relevante. Com isso, divide-se o poder e as conseqüentes responsabilidades. Nesse contexto, o papel do Conselho Escolar é o de ser o órgão consultivo, deliberativo e de mobilização mais importante do processo de gestão democrática, não como instrumento de controle externo, como eventualmente ocorre, mas como um parceiro de todas as atividades que se desenvolvem no interior da escola.(MEC/SEB Cadernos do Programa Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília, 2004, vol. 2.p.20) 7 O Conselho de classe tem autonomia, pois é constituído coletivamente com o objetivo de atuar em prol da comunidade escolar, facilitando o trabalho do gestor Dessa forma, a função político-pedagógica do Conselho Escolar se expressa no “olhar” comprometido que desenvolve durante todo o processo educacional, tendo como foco privilegiado a aprendizagem, qual seja: no planejamento, na implementação e na avaliação das ações da escola. ( MEC/SEB. 2004. Caderno do Programa de Fortalecimento dos Conselhos Escolares vol. 2 p.20). De acordo com a citação, o Conselho Escolar atua em todas as ações pedagógicas de modo a interferir positivamente no processo, possibilitando à escola promover uma educação que verdadeiramente emancipe o indivíduo. Conforme vimos, (MEC/SEB Cadernos do Programa Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília, 2004, vol.3 p.47) O conhecimento humano, vivo e dinâmico é parte da educação emancipadora porque fundamenta a autonomia e a autoria da prática histórica da pessoa na construção de um mundo justo, de relações de colaboração, co-responsabilidade e solidariedade. Quando falamos ou lemos sobre educação emancipadora e a comparamos com as práticas educativas nas escolas, percebemos o grande desejo dos envolvidos por alcançá-la, porém reconhecemos que ainda há um grande distanciamento entre a educação que queremos e a que temos, porém conforme (Freire, apud. MEC/SEB Cadernos do Programa Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília, 2004, volume 2 p.12 ) diz: Ai de nós, educadores, se deixarmos de sonhar sonhos possíveis. Os profetas são aqueles ou aquelas que se molham de tal forma nas águas da cultura e da sua história, da cultura e da história de seu povo, que conhecem o seu aqui e o seu agora e, por isso, podem prever o amanhã que eles, mais do que adivinham, realizam. Na Unidade Escolar de Rede Estadual, Dona Anaídes Brito Miranda, acreditase ser possível construir tal educação, e por isso, após a mobilização do Conselho Escolar está sendo transformada. Temos obtido resultados considerados positivos, isto é, através da mobilização do Conselho Escolar elaboramos o Regimento Interno, onde seu foco direciona com clareza as obrigações de cada dimensão, ou seja, da família, da escola e dos alunos e assim está facilitando o trabalho, pois há delegação de responsabilidades. 8 A escola atualmente está melhor em vários aspectos, como na disciplina, limpeza e conservação do patrimônio, além de desfrutar de bom clima entre os profissionais. Com vários olhares no mesmo objetivo da educação pública, estamos assegurando o cumprimento da função da escola que é preparar os educando para a vida, melhorando a sociedade onde atuam. 3 - DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO O Colégio Estadual Dona Anaídes Brito Miranda possui uma clientela variada com Ensino Fundamental do 1º ao 9º ano, incluindo programas de correção de fluxo nas diferentes modalidades, além do Ensino Médio do Programa Direito de Aprender como extensão na zona rural, na Escola Municipal Euclides da Cunha, na beira do Rio Tocantins, a uma distância de 67Km. É uma escola que conta com profissionais habilitados formando uma boa equipe. Possui Projeto Político Pedagógico (PPP), Associação de Apoio que é responsável por gerir os recursos financeiros e procura fazer uma educação democrática e de qualidade, empreendendo esforços com muito compromisso e responsabilidade. Porém, ao verificar o PPP da escola percebemos que o mesmo não esclarecia sobre a atuação do Conselho Escolar, que existe, porém só se reunia em situações de extrema necessidade, sendo que alguns membros desconheciam sua função no mesmo. Assim, propôs-se o Projeto de Intervenção, com o objetivo de fortalecer o Conselho Escolar. No início, percebeu-se que algumas pessoas da equipe consideravam desnecessária a realização de capacitações e reuniões mais freqüentes, mas aos poucos perceberam que é importante. E assim aderiram à nova demanda. Neste novo patamar, a escola convida sempre a equipe para tomadas de decisões, mesmo as que parecem simples e isso têm melhorado a participação atribuindo responsabilidade coletiva. Para isso a escola tem exercido sua autonomia no sentido de realizar algumas ações, como: reunião para esclarecimentos da função dos componentes, sobre como pode contribuir com a escola. Esta reunião acontece em forma de seminário, em que participaram todos os servidores da escola, os componentes do Conselho Escolar e líderes de sala. A ministrante foi a Técnica de Acompanhamento Pedagógico da Diretoria Regional de Ensino. No seminário foi possível conhecer as funções de cada 9 integrante do Conselho e ainda, foi bem explanado sobre a importância da participação da comunidade, conhecimento e fiscalização da utilização dos recursos financeiros. Realizamos uma avaliação da escola através de questionários e entrevistas fazendo destes, instrumentos avaliativos para os pais, professores e alunos. A partir da análise dos mesmos tivemos condições de avaliar nosso trabalho em 2009, verificando faltas e acatando propostas para 2010. Estivemos reunidos com os líderes de turma, pais, servidores para rever o Regimento Interno da escola, e estamos entusiasmados com o envolvimento de todos. Atualmente, estamos com o Regimento pronto para ser apreciado pela Diretoria Regional de Ensino. De acordo com SARI e LUCE, ( 2000, P. 344, apud OLIVEIRA, F. J., MORAES, K. N., DOURADO, L. F. Conselho Escolar e Autonomia: Participação e Democratização da Gestão administrativa, pedagógica e financeira da Educação e da Escola. In http://moodle3.mec.gov.br/uft/file.php/1/gestores/politica/pdf/conselho_esc_autonomia.pdf O movimento pela maior autonomia das escolas corresponde, em parte, a uma demanda dos professores e das comunidades para que o projeto pedagógico, a estrutura interna e as regras de funcionamento da unidade escolar possam ser constituídos mais coletivamente e com maior identidade e responsabilidade institucional. Essa demanda encontra também respaldo na noção de sistema de ensino, que compreende os órgãos administrativo e normativo comuns e um conjunto de unidades escolares autônomas. Desta forma, percebemos na prática que o caminho pra se democratizar a escola é envolver a todos os membros do processo educacional na tomada de decisões e desenvolvimento das ações da escola, desenvolvendo assim, sua autonomia, em conformidade ao que declara a autora. 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando a grande necessidade de se fazer educação de qualidade e o Conselho Escolar como o melhor instrumento para proporcionar uma educação democrática, levando em conta toda a riqueza de material disponibilizado a fim de direcionar e impulsionar um trabalho pedagógico diferenciado que proporcione real sentido ao conhecimento, nos propomos a trabalhar de modo a atrair a adesão de todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem, acreditando e empreendendo 10 esforços em envolver a comunidade em todas as atividades escolares. Nas entrelinhas (, MEC/SEB Cadernos do Programa Fortalecimento dos Conselhos Escolares. Brasília, 2004, vol. 2.p.17.) Para que a participação seja realidade, são necessários meios e condições favoráveis, ou seja, é preciso repensar a cultura escolar e os processos, normalmente autoritários, de distribuição do poder no seu interior. Dentre os meios e as condições destacam-se, ainda, a importância de se garantir: infra-estrutura adequada, quadro de pessoal qualificado, apoio estudantil. Outro dado importante é entender a participação como processo a ser construído coletivamente. Nessa direção, é fundamental ressaltar que a participação não se decreta, não se impõe e, portanto, não pode ser entendida apenas como mecanismo formal/legal. Conforme o autor, a participação e envolvimento é um processo, que não é determinado, mas é construído e que leva tempo, pois é algo que mexe em toda a estrutura de funcionamento da escola. Portanto, não devemos nos desanimar se sentimos que estamos caminhando de forma lenta, mas persistir avançando sempre rumo à democracia. Porém, pensar em mudanças na escola tem que ver com mudança do ato de pensar sobre como se dá o ensino e aprendizagem, se há o aproveitamento do tempo pedagógico, se o diretor está disposto a fazer gestão coletiva, se há disposição para rever o sistema de avaliação, sobre o que a educação se propõe desenvolver e se está disposto a respeitar as diferenças e aproveitar os diferentes potencialidades, unindo o grupo e sobretudo revendo o currículo, que segundo consta no Caderno Instrucional vol.4 p.28. o currículo não é um veículo de transmissão do conhecimento neutro. Ao contrário, é o terreno em que ativamente se criará e produzirá cultura”. E as relações de poder também estão inscritas nas rotinas e rituais cotidianos da escola e da sala de aula. Através deste trabalho temos crescido intelectualmente e temos nos esforçado pra por em prática os conhecimentos obtidos, respeitando e valorizando as lutas pela aprovação de leis que garantem ao indivíduo condições mínimas de vida digna, pois conforme citação acima, nas relações e rotinas da escola, o conhecimento é produzido através da criatividade. E nesta visão acredita-se que nosso caminhar possa ser rumo aos objetivos de melhorarias de mãos dadas com a participação da comunidade. 11 O trabalho tem sido relevante e os resultados já são sentidos pela comunidade escolar, principalmente na questão da indisciplina dos alunos, sendo que é grande a diferença se compararmos o início de 2009 com a nossa realidade atual. 5- REFERÊNCIAS: AGUIAR, Márcia A. S. et all. Conselho Escolar e o Aproveitamento Significativo do Tempo Pedagógico. MEC/SEB, 2004.Vol. 4 BORDIGNON, Genuíno. 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WITTMANN, Lauro et all.Conselho Escolar e o Respeito e a Valorização do Saber e da Cultura do Estudante e da Comunidade Escolar. MEC/SEB, 2004. Vol. 3. 13