21A.218 Antropologia Identidade e Diferença 3º Aula 1. Explicações Estruturais para as teorias do Desvio Comportamental Foco na localização ou situação social (posicionamento na estrutura social e não no indivíduo) Ênfase nas respostas grupais Retenção da noção de que o desvio é prejudicial, produto de um erro; nesse caso alguma coisa está errada com a estrutura social e não com o indivíduo 2. Exemplos de teorias Estruturais: a. Conflito cultural (Thorstein Sellin, 1938) aderindo às normas de uma cultura, as pessoas violam automaticamente os normas de outra cultura; condições sob as quais o conflito ocorre; migração, fronteiras, colonialismo/imperialismo problemas: supõe ignorância das normas de outros grupos e das leis estabelecidas (isto é, normas institucionais) b. Conflito cultural (Walter Miller, 1958) O conflito pode surgir dentro de uma sociedade, não somente entre sociedades e culturas; a adesão aos padrões de uma classe social pode provocar conflitos com as normas de outra classe social. Argumenta que os “enfoques” dos rapazes delinqüentes (problemas, obstinação, esperteza, entusiasmo, destino, autonomia) expressavam esforços para aderir às normas de sua classe “baixa”. Em lares com predominância de mulheres no topo da família a gangue torna-se uma forma de aprender o papel masculino. Por meio de recrutamento seletivo nas gangues, os rapazes aprendem a subordinar seus próprios desejos àquilo que experimentam como poderosos interesses grupais. Portanto, forte inclinação na direção da conformidade dentro do grupo; medo de exclusão. Conclusão: se as classes mais baixas não são o oposto da classe média, apresentam contudo tradições diferenciadas, com clara identidade e integridade. A delinqüência não é uma reação a favor ou contra a moralidade da classe média, simplesmente um resultado lógico e esperado da adesão aos valores das classes mais baixas. Seriamente criticado por sua interpretação de que os “os interesses centrais” dos rapazes delinqüentes estavam de fato nos valores das classes trabalhadoras; nenhuma razão para fazer a passagem dos delinqüentes para os membros daquelas classes em geral; Observe as diferenças entre os enfoques de Sellin e Miller sobre grupos x classes Grupos culturais/ grupos de status compartilham estilos de vida e vínculos internos de solidariedade crenças baseadas em uma variedade de fenômenos, incluindo religião, etnia, padrões de consumo Classes moldadas pela experiência histórica em um mercado de trabalho, não vem necessariamente a ter o senso do “nós” como um grupo Como Sellin, supõe independência de (classes) culturas; transmissão clara das normas culturais através de grupos e classes (sub)culturais. Significância: atenção ao papel das normas do grupo sobre as ações e identidades individuais; idéia formada da problemática dos desvios comportamentais. c. Teorias da transmissão cultural (abordagem ecológica, Escola de Chicago, anos 1920-1940) por ex. Shaw and Mckay descreve a vida social da cidade como um “sistema” com peças (funções) contribuindo para a estabilidade e o equilíbrio do todo; também descreve a cidade como uma série de zonas concêntricas com características sociais variadas: densidade populacional, propriedade residencial x comercial, níveis de renda/educação, percentual de lares com pai ou mãe solteiros, volume de crimes e delinqüência; descreve áreas “desorganizadas”, algumas vezes referidas como teoria da desorganização social. argumenta que o desvio (delinqüência e crime) foi transmitido de uma geração “residencial” à seguinte por meio do convívio em bairros específicos – que fornecem experiências, papéis modelos, oportunidades para desvios comportamentais criticado por C. W. Mills e outros por impor vieses de observadores em ambiências sociais desconhecidas; as vizinhanças não eram desorganizadas, apenas organizadas de modo diferente, as observações sobre “herança” do desvio em áreas particulares da cidade nunca foram realmente desafiadas. d. Transmissão Cultural: Associação Diferencial (E. Sutherland, 1940) Focaliza a forma organizada pela qual o desvio é transmitido; argumenta que o desvio, como a conformidade, é comportamento condicionado e aprendido; o processo de aprendizagem é similar; a aprendizagem tem lugar nas situações de grupo e inclui técnicas, formas de comportamento e valores, interpretações e atitudes para com o comportamento e à técnica. O desvio ocorre pelo fato de que as interações ambientais e grupais contêm mais informações e experiências favorecendo a violação das normas do que favorecendo a conformidade; A associação diferencial depende da variação na freqüência, duração, prioridade (no curso da vida) e intensidade das interações. e. Teorias da Anomia: Emile Durkheim, francês (1858-1917) A anomia refere-se a um estado de ausência de normas no qual as normas sociais não mais regulam o comportamento humano; aponta para a importância das normas sociais, padrões estruturas sociais para estabelecer limites de comportamento; sugere que quando há metas ilimitadas, (sem normas), o desvio aumenta. Descreve o aumento daquilo que chamou de suicídio anômico durante períodos de rápidas mudanças econômicas (aumentos e reduções dramáticos nas condições econômicas); o suicídio cresce não somente quando as pessoas empobrecem, mas também quando as expectativas (elevação das condições econômicas) são ilimitadas. f. Teorias da Anomia: Robert Merton (1910- ) (1936) Corrigiu Durkheim e redefiniu anomia. A anomia resulta não apenas do colapso da regulação fornecida por metas e normas sociais, mas em decorrência de um colapso na relação entre metas e normas para alcançá-los; em outras palavras, uma falta de ajuste entre metas e normas; o desvio emerge do acesso desigual aos meios legítimos para alcançar metas socialmente aceitáveis. Criou uma tipologia para descrever a variação na adaptação individual às possíveis anomias; conformidade, inovação, rituais, reclusão e rebeldia; somente algumas dessas formas de adaptação produzem desvios. g. Teorias da Anomia: Cloward e Ohlin (1960) Indicam que enquanto o desvio pode surgir da desigualdade ou da falta de acesso aos meios legítimos para o alcance de metas, nem todos aqueles que não tiveram acesso aos meios legítimos recorreram automaticamente aos meios ilegítimos; os que não têm acesso aos meios legítimos ou ilegítimos podem ser o que Merton descreveu como isolacionistas e rejeitam as metas como um todo