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Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
HÁBITOS ALIMENTARES E NUTRICIONAIS DE JOVENS DO ENSINO
MÉDIO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE CAMPO GRANDE/MS
Daniela Santana de Carvalho Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
Vera de Mattos Machado Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi o de verificar os hábitos alimentares e nutricionais de
alunos de uma turma do 3º ano do E.M de uma escola pública de Campo Grande-MS e
desenvolver uma ação didática de orientação para uma alimentação saudável. A presente
pesquisa é de natureza qualitativa e quantitativa, do tipo exploratório, com dados coletados
junto aos alunos, professor, diretor e responsável pela cantina. Verificamos que não existem
regras estabelecidas para os jovens pesquisados em suas casas, e que grande maioria se
alimenta mal, durante as refeições. Poucos se alimentam da merenda escolar e muitos
consomem o lanche da cantina. Concluímos que a escola e os pais são peças fundamentais
na orientação dos jovens para aquisição de hábitos alimentares nutricionais saudáveis.
Palavras chaves: Hábitos Alimentares Saudáveis; Ensino Médio; Ensino de Biologia;
Orientação Familiar.
HÁBITOS ALIMENTARES E NUTRICIONAIS DE JOVENS DO ENSINO
MÉDIO EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE CAMPO GRANDE/MS
Daniela Santana de Carvalho Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
Vera de Mattos Machado Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)
INTRODUÇÃO
A obesidade vem aumentando consideravelmente na população jovem. A literatura
médica aponta que os riscos associados ao sobrepeso e a obesidade, em qualquer faixa etária,
são muitos, tais quais: a hipertensão arterial; dislipidemias; diabetes mellitus tipo 2 (DM2);
doenças cardiovasculares e cerebrovasculares; doenças biliares; osteoartrite; apneia do sono
e certos tipos de câncer, tais como do endométrio, mama, próstata e cólon. (Andrade; Bosi,
2003).
Segundo as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os
casos de obesidade na fase infantil e juvenil aumentaram significativamente nos últimos 20
anos no Brasil, devido a um cardápio rico em açúcar e gorduras saturadas. Conforme o IBGE,
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mais de 50% das crianças e adolescentes comem fora de casa esse tipo de alimentação. Esses
alimentos possuem abundância energética e é pobre em nutrientes, o que provoca o aumento
de massa corporal (IBGE, 2012). Isso, aliado ao comportamento sedentário dos jovens, que
atualmente preferem ficar parados em frente aos computadores e televisões, como forma de
lazer, em vez de optarem por atividades físicas ao ar livre.
Diante das observações anteriores, entendemos o motivo pela qual o lanche nas
escolas tem sido alvo de grande preocupação para pais, educadores e autoridades públicas no
Brasil. É imprescindível que crianças e adolescentes tenham uma alimentação saudável e
equilibrada durante o período de desenvolvimento físico e psicológico, em casa e na escola.
Como as ofertas de alimentos, atualmente, são muitas, é preciso intervir e mediar os hábitos
alimentares dos jovens, pois, nem sempre esses alimentos são os mais adequados para
atender às necessidades nutricionais dessa população.
Na escola, como é de conhecimento, a merenda ou o lanche representam um
percentual pequeno da ingestão diária nutricional dos alunos, e muitas polêmicas têm sido
observadas em relação à sua qualidade. Mais do que representar apenas um dos períodos
para alimentação, a escola é responsável por ações educativas que envolvem alimentação e
nutrição, já que tais ações fazem parte do currículo escolar. Isso sem falar que várias
crianças e adolescentes que frequentam as escolas, principalmente as públicas, necessitam da
alimentação fornecida por ela, pois em seus lares muitas vezes não possuem acesso à
alimentação balanceada.
Esse tipo de preocupação levou o Governo Federal do Brasil a desenvolver políticas
públicas voltadas à nutrição e a merenda escolar. No Brasil, o PNAE (efetivado pela Lei
11.947/2009), possui como principal objetivo contribuir para o crescimento e o
desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e à formação de
hábitos alimentares saudáveis dos alunos, seguido de várias ações como: Inserção de
educação nutricional no currículo; Capacitação de nutricionista, conselheiros, merendeiros,
gestores públicos, e agricultores familiares; Projeto educando com a horta escolar;
Cooperação internacional para programar programas de alimentação escolar. De acordo com
a Lei 11.947//2009, entende-se por alimentação escolar todo alimento oferecido no ambiente
escolar, independentemente de sua origem, durante o período letivo
(BRASIL-PNAE,
2009).
Dessa forma, independente da escola ser pública ou privada, e se esta oferece
alimentos a seus alunos, estes alimentos têm que estar enquadrados nas diretrizes estipuladas
pelo PNAE, que são: 1) Incorporação da Educação Alimentar no processo de ensino e
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aprendizagem; 2) Universalização da Alimentação Escolar para todos os alunos da rede
pública de ensino da educação básica (incluindo todos os alunos do ensino médio e do EJA);
3) Apoio ao desenvolvimento sustentável, por meio da aquisição de gêneros alimentícios
diversificados e produzidos em âmbito local, preferencialmente pela Agricultura Familiar e
empreendedores familiares priorizando as comunidades tradicionais; 4) O acesso à
alimentação escolar de forma igualitária é um Direito, de que sejam respeitadas as diferentes
faixas etárias, as condições de saúde dos alunos que necessitam de atenção específica e os
que se encontram em estado de vulnerabilidade social estipuladas pelo PNAE. (BRASILPNAE, 2009)
Nessa direção, muitas escolas têm reformulado suas cantinas com o objetivo de
melhorar os hábitos alimentares dos alunos. As crianças e adolescentes precisam voltar para
casa como se tivessem sido alimentadas pela própria família. Desta forma, na escola a
merenda escolar, deve ser composta por alimentos energético-proteicos, sobremesa e bebida,
respeitando os princípios da proporcionalidade, moderação e variedade, conforme proposta
da PNAE (2009).
Complementando o trabalho alimentar da escola, cabe aos professores à tarefa de
desenvolver temáticas e conteúdos sobre alimentação e nutrição, bem como sobre a
obesidade/desnutrição infanto-juvenil. Um programa de educação para uma alimentação
saudável pode ir além das atividades em sala de aula. Sendo assim, a escola deve propiciar
condições de concretização dos conceitos teóricos apresentados aos alunos como determina a
Portaria Interministerial Nº. 1.010 de 8 de maio de 2006, que recomenda “[...] incorporar o
tema alimentação saudável no projeto político pedagógico da escola, perpassando todas as
áreas de estudo e propiciando experiências no cotidiano das atividades escolares”.
Anteriormente a esta Portaria, o Ministério da Educação (MEC), por meio dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Ciências Naturais (1998), das Orientações
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (OCEM), em 2001, e do Tema Transversal
Saúde (2001), já recomendava o desenvolvimento das temáticas Alimentação e Nutrição em
sala de aula pelo professor, como forma de desenvolver orientações e propiciar mudanças
nos hábitos alimentares e nutricionais dos alunos.
De acordo com o exposto, esses conteúdos, quando bem lecionados, podem
contribuir muito com a aquisição de conhecimentos sobre hábitos saudáveis de alimentação
e nutrição, e contribuir com a diminuição da obesidade infanto-juvenil, doença atualmente
preocupante, e de outras enfermidades correlatas.
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Portanto, diante do aumento dos índices de obesidade entre crianças e adolescentes
no Brasil, relacionados ao fator alimentação, e da importância da escola para a formação de
hábitos saudáveis em crianças e adolescentes, propusemos a presente pesquisa: “Hábitos
alimentares e nutricionais de jovens do ensino médio de uma escola pública de Campo
Grande/MS”, cujo objetivo foi o de verificar os hábitos alimentares e nutricionais de alunos
de uma turma do ensino médio, na escola e em casa, e desenvolver uma ação didática de
orientação para uma alimentação saudável dos mesmos.
TRAJETÓRIA DA PESQUISA
Na presente pesquisa optamos pela busca qualitativa e quantitativa dos dados, por
meio da pesquisa exploratória. Segundo Heerdt (2007), o foco principal da pesquisa
exploratória é propiciar afinidade com o objeto de estudo, a partir de formulação de um
problema ou elaboração, de forma mais precisa, de uma hipótese. Nesse caso, segundo
Köche (1997, p. 126), “[...] é necessário “desencadear um processo de investigação que
identifique a natureza do fenômeno e aponte as características essenciais das variáveis que se
quer estudar””. Dessa forma, a questão problema, que desencadeou a pesquisa foi: Como são
os hábitos alimentares e nutricionais de alunos de uma turma do ensino médio, na escola e
em casa?
Da pesquisa participou uma turma do 3º ano do Ensino Médio. A faixa etária desses
alunos variou de 16 a 18 anos, que forneceram depoimentos sobre seus hábitos alimentares e
conhecimentos sobre essa temática. A pesquisa foi realizada na Escola Estadual Arlindo de
Andrade Gomes, situada na Av. Júlio de Castilho, nº 1360, Santo Amaro, Campo GrandeMS.
As variáveis da pesquisa foram obtidas pelo levantamento e coleta de dados
conforme os dados a seguir:
Etapa 1: Contato prévio com o diretor da escola, solicitando o espaço e a
disponibilidade para a realização do estudo. Para isso, ele assinou o Termo de Livre
Consentimento Esclarecido (TLCE), modelo fornecido pelada Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul (UFMS).
Etapa 2: Contato com o professor regente da disciplina de Biologia, da turma
participante da pesquisa, para disponibilidade de utilizar-mos uma de suas aulas, o professor
também assinou o TLCE da UFMS. Por sua vez, entramos em contato com a turma, levando
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informações sobre a pesquisa: identificação da universidade e o curso da pesquisadora,
desenvolvimento da pesquisa (etapas), tempo de duração e utilização das aulas de Biologia.
Etapa 3: Entrevista com o dono da cantina, onde foi questionado sobre quais
alimentos que ele vendia na escola e o por quê da venda desses alimentos.
Etapa 4: No primeiro contato com os alunos foi desenvolvida uma atividade
explicativa sobre o preenchimento de duas tabelas, que os alunos levariam para casa. Em uma
das tabelas os alunos responderiam, durante uma semana, o que foi ingerido em casa (no café
da manhã, no almoço, no café da tarde e no jantar), e na outra tabela responderia, também
durante uma semana, o que foi ingerido durante o intervalo/recreio na escola.
Etapa 5: No segundo contato com os alunos, objetivamos orientá-los sobre a
importância de uma alimentação saudável, e esclarecer dúvidas sobre os alimentos
consumidos no cotidiano deles. Nesse encontro foi realizada uma aula expositiva dialogada,
com apresentação de slides, com várias figuras sobre o tema abordado, e contendo dados
coletados nas tabelas preenchidas por eles próprios.
Etapa 6: Posteriormente, após uma semana, foi aplicado aos alunos um questionário
com 7 (sete) questões, referente à aula sobre alimentação saudável. Este questionário teve o
propósito de verificar se, de algum modo, houve mudança na visão dos alunos com relação à
própria alimentação, e se eles passariam a se preocupar com ela. As questões e alternativas
foram as seguintes:
1)Você acha que come: ( ) Em excesso ( ) Muito ( ) Normal ( ) Pouco
2)Você tem uma alimentação saudável? ( ) Sim ( ) Não
3) Quantas refeições você faz por dia? ( ) 1 ou 2 ( ) 3 ou 4
( ) 5 ou 6 ( ) 7 ou 8
4) Seus pais interferem na escolha da sua alimentação? ( ) Sim ( ) Não
5) Antes da aula sobre alimentação saudável você conhecia os riscos dos alimentos ingeridos?
( ) Sim ( ) Não
6) Depois da aula sobre alimentação saudável você passou a mudar sua alimentação?
( ) Sim ( ) Não
7) Você considera saudável os alimentos vendidos na cantina? ( ) Sim ( ) Não.
De posse das respostas obtidas no questionário aplicado aos alunos, e dos outros
dados coletados, pudemos desenvolver algumas análises e discussões, a serem expostas a
seguir, como forma de contribuição com a temática em pauta na pesquisa.
ANÁLISE E DISCUSSÃO
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A realidade que se presencia na cantina da escola pesquisada é bem diferente do que
se é exigido pela lei 11.947/2009, já citada neste texto. Na entrevista concedida pelo dono da
cantina da escola, na qual foram feitas 2 (duas) perguntas ele afirmou que: “Antigamente eu
vendia salgados, lanches, bolos, chocolates, refrigerantes e frituras, mais hoje em dia eu só
vendo lanche natural, alguns salgados assados, barra de cereal, sucos naturais, chá, água
com gás e sem gás”. E complementou: “Parei de vender esse tipo de alimento devido à lei”
(referiu-se a Lei 11.947//2009). Essas respostas foram utilizadas para a análise e discussão
dos outros dados da pesquisa. Diante da resposta do dono da cantina da escola, os lanches
vendidos aos alunos estavam de acordo com as exigências do Governo Federal, o que foi
contradito pelos alunos, que relataram que compram salgados, refrigerantes, bolos e doces na
cantina, durante o intervalo/recreio. Nesse sentido, verificamos que é preciso uma maior
vigilância por parte dos educadores, nas cantinas das escolas, e exigir que a lei seja realmente
cumprida pelos responsáveis por esses estabelecimentos.
Com relação às tabelas 1 e 2 (descritas na Etapa 4) entregues aos alunos, obtivemos
uma estimativa de quantos possuem uma alimentação considerada saudável e equilibrada, de
acordo com o recomendado pelos nutricionistas, e quantos possuem uma alimentação
inconsistente com a demanda nutricional exigida na fase de desenvolvimento a qual eles se
encontram. De acordo com as tabelas 1 e 2, dos alimentos ingeridos em casa e na escola
pelos alunos, elaboramos análise quantitativa (percentuais) e qualitativa, conforme
apresentada a seguir.
De acordo com os dados obtidos, observou-se que uma estimativa de 53% dos alunos
tomam café da manhã de vez enquanto, o que já é um indício de um hábito alimentar
incorreto, já que o café da manhã é considerado pela grande maioria dos nutricionistas uma
das principais refeições do dia; 21%, não tomam café da manhã; e, 26% tomam café
diariamente.
Quanto aos itens consumidos pelos alunos que tomam café da manhã (que são 26%),
observa-se que 50%, possui um hábito saudável, apresentando dietas que incluem o pão e o
leite, que são importantes fontes de proteínas e vitaminas. Outros 32%, incluem em sua dieta
matinal, frutas, sucos e vitaminas, o que constitui também uma fonte rica de energia e
nutrientes necessários para um desenvolvimento saudável. Dentre os tomam café da manhã
(18%), alguns apresentam uma alimentação incorreta, pois ingerem salgados e lanches pela
manhã.
Com relação ao almoço, a alimentação deve ser completa, incluindo carboidratos,
proteínas e fibras, encontradas em alimentos estruturais como: arroz, feijão, carnes e vegetais,
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conforme recomendação de nutricionistas. Esses alimentos são básicos e devem entrar na
alimentação de qualquer pessoa, principalmente quando se encontra em fase de crescimento.
Com base nas respostas dos alunos, observamos que todos eles (100%) ingerem esses
alimentos no almoço.
Ainda referente ao almoço, o consumo de alimentos verdes, entram como importante
fonte de fibras e sais minerais, que beneficiam o organismo, e evitam problemas do aparelho
digestivo e do sistema nervoso. Entre as suas principais virtudes, deve destacar-se o fato de
fortalecer os ossos e proteger a pele e as mucosas. E por isso mesmo, é um poderoso
antioxidante e possui uma grande quantidade de bi flavonóides e indóis, substâncias vegetais
que protegem contra diversos tipos de feridas. (REEDUCAÇÃO ALIMENTAR,
SETEMBRO, 2007).
Entretanto, nem todos os alunos pesquisados possuem o hábito correto de comer
vegetais verdes. De acordo com os resultados obtidos, 42% não ingerem saladas em sua
alimentação, o que mostra que estes podem vir a apresentar deficiências desses nutrientes,
37% comem salada mais de duas vezes na semana e 21% apresentam em sua rotina o hábito
de consumir verduras todos os dias.
Entre os hábitos alimentares de crianças e adolescentes, é muito comum notar uma
preferência pelo consumo de frituras e alimentos industrializados. Em muitos casos, observase a substituição do almoço ou do jantar pelos famosos fast foods, de alta densidade
energética, ricos em moléculas de gorduras, colesterol, sódio e açúcar, e que não possuem
todos os nutrientes necessários para manutenção de uma boa saúde. Entre os entrevistados,
percebemos que apenas 13% dos alunos possuem esse hábito não recomendado por
especialistas da área da nutrição, enquanto que a maioria consome esses itens apenas nos
finais de semana.
É importante ressaltar, que é muito alto o índice de consumo dos alimentos do tipo fast
foods, pois a grande maioria declara que os consome mais de 3 vezes por semana. O que
significa que não possuem uma dieta equilibrada em seu cotidiano, fato preocupante e que
deve servir de alertar aos pais e as autoridades públicas brasileiras.
Em continuidade aos itens das refeições, ingeridos pelos alunos, conforme preenchido
na tabela 1, encontramos as massas, onde um percentual de 5% consomem massas mais de
três vezes na semana, enquanto 3% consomem em média duas vezes na semana. A maioria,
79% consomem massas uma vez na semana. As massas, ricas em carboidratos, quando
ingeridas em excesso podem causar deficiências alimentares, induzindo a obesidade,
conforme as Diretrizes Brasileiras de Obesidade. Muitos dos alimentos que são inclusos na
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rotina da vida moderna, em geral, são massas diversas (macarrões, lasanhas, pizzas etc.).
Contudo, entre os alunos pesquisados verificamos um baixo índice de utilização.
Não podemos esquecer os legumes, que são importantes fontes de carboidratos, fibras,
água e vitaminas, e entram na alimentação como importante fonte de cálcio, fósforo e ferro.
Raramente entra na rotina alimentar das pessoas, inclusive de crianças e adolescentes, que
necessitam dos nutrientes neles encontrados. Verificamos que 87% dos alunos não comem
legumes, enquanto que apenas 13% ingerem esses alimentos. O fato da grande maioria dos
alunos não consumirem legumes em sua alimentação, é outro ponto preocupante, e denota
uma alimentação não equilibrada sob o ponto de vista nutricional. Isto pode influenciar no
desenvolvimento físico e na saúde desses jovens.
Outro problema que interfere bastante na alimentação da maioria das crianças e
adolescentes é o consumo rotineiro de refrigerantes e sucos artificiais. As consequências
nutricionais desse consumo exacerbado são, principalmente, aumentar os níveis de colesterol
das pessoas. Refrigerantes a base de cola podem acarretar problemas para os músculos, o
refrigerante acaba por dilatar o estômago e acaba fazendo com que a pessoa coma mais do
que o necessário e também aumenta a acidez estomacal, fazendo com que a pessoa possa ter
gastrite e até úlcera. Resultantes dos seus altos teores de gordura e hidratos de carbono, que
são fatores para o surgimento de distúrbios como a obesidade. Além disso, refrigerantes por
serem rico em fósforo trazem problemas futuros, como por exemplo, a osteoporose.
Um ponto a ressaltar, é com relação ao hábito de ingerir líquidos com a comida.
De
acordo com as respostas dos alunos, grande parte não ingere líquidos durante as refeições.
Entre o consumo de bebidas, poucos ingerem sucos naturais. A maioria, 79% não toma suco.
Apenas um percentual de 13% tomam suco quase todos os dias e 8% tomam suco de uma a
duas vezes na semana. Especificamente, referente aos refrigerantes, percebemos que entram
consideravelmente no cardápio juvenil, apresentando percentuais entre os alunos, de 74%
consumindo este tipo de bebida mais de três vezes na semana, enquanto que 26% consomem
refrigerantes apenas uma vez na semana.
Focando o lanche da tarde, os mais populares e que constituem a gama alimentar dos
jovens, são os produtos com sabores intensos: doces, chocolates, biscoitos, produtos lácteos,
frutas sucos de frutas, refrescos e pão. Entretanto, o lanche da tarde deve ser uma alimentação
leve, de preferência baseada no consumo de frutas, conforme recomendação dos
nutricionistas. Dentre os alunos entrevistados, a maioria tem o hábito de tomar café da tarde,
onde 95% deles lancham à tarde, e apenas um percentual de 5% não lancham. Dentre os 95%
dos alunos que tomam lanche à tarde, o pão e leite aparecem com um percentual de 24% dos
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alunos que admitiram ingeri-los pelo menos três vezes na semana, e 76% que não consomem
esses itens em nenhum dia.
Dos 76% dos alunos pesquisados, que não consomem pão e leite, 32% consomem
salgados no café da tarde, o restante ingere alimentos variados ou simplesmente não comem
nada, conforme veremos adiante. Percebemos, também, que os alunos raramente consomem
cereais e frutas, que em geral é o recomendado. Entre os alunos observamos que 71% não
consomem frutas e cereais e apenas 29% consomem, em média duas vezes na semana.
Entre o cardápio vespertino dos alunos, tem se um quadro bastante diversificado, que
inclui, também, alimentos ricos em carboidratos e açúcares, como: sorvetes, bolachas e
bolos. Dentre esses itens, observa-se que um percentual de 39% consomem sorvetes mais de
uma vez na semana, 36% consomem bolachas mais de uma vez na semana e 25% consomem
bolos mais de uma vez na semana. Juntamente com os itens consumidos pelos alunos, é
ingerido algum tipo de bebida. Entre os alunos pesquisados, que lancham um percentual de
58% não ingerem bebidas no lanche. Dentre os alunos que ingerem algum tipo de líquido no
lanche, 21% tomam sucos mais de três vezes na semana e 21% ingerem refrigerantes de uma
a duas vezes na semana.
Com relação à alimentação noturna (jantar ou outra forma de alimentação), é
recomendada que seja leve e contenha todos os nutrientes, de maneira balanceada, de acordo
com as orientações de médicos e nutricionistas. Contudo, nem sempre os jovens seguem
essas recomendações, e desenvolvem hábitos errados nessa importante refeição do dia. Entre
os alunos participantes da pesquisa, observa-se que a maioria não se alimenta corretamente.
Dentre os alunos que preencheram a tabela 1, de refeições em casa, um número
considerável come pizza no jantar, contando com um percentual de 47%, em contraposição
ao de percentual de 53% que não possui esse hábito. Observa se entre os alunos
entrevistados, o costume de consumir outros tipos de massas no jantar, tais como salgados e
lanches. 74% dos alunos consomem esses itens mais de duas vezes na semana, enquanto que
26% não os consomem.
No que se refere ao consumo de arroz e feijão, observa-se que um percentual de 63%
dos alunos consomem esses itens mais de três vezes na semana, enquanto 37% não
consomem esses alimentos. Muitos desses alunos substituem o jantar por outros tipos de
alimentos. Há os que consomem doces durante a noite. Dentre esses alunos, observa-se um
percentual de 26%, enquanto que os que não ingerem doces formam um percentual 74%. Em
alguns casos, o jantar é substituído por pães. Dos que se alimentam de pão, tem-se um
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percentual de 8%, enquanto que a maioria, com um percentual de 92%, não possuem o
hábito de consumir pães.
Quanto à tabela 2 preenchida pelos alunos, referente à merenda escolar, ingerida durante
recreio, observa-se um percentual de 73% que come o lanche da cantina, enquanto 16%
consomem a merenda escolar e 11% não tem o hábito de comer na escola.
Dos que comem o lanche da cantina, observamos que a maioria dos itens comprados são
guloseimas, tais quais: 37% dos itens consumidos são salgados; 24% refrigerantes; 18%
bolos de chocolate; 12% sucos e 9% doces em geral. Diante do relato dos alunos sobre os
alimentos consumidos por eles, comprados na cantina, fica claro o não cumprimento da Lei
11.947/2009, do que deve ser vendido na escola, contradizendo o depoimento do dono da
cantina.
Diante dos resultados obtidos, a partir das tabelas 1 e 2, preenchidas pelos alunos
(refeições realizadas em casa e na escola), verificamos a necessidade de realizar uma aula
sobre alimentação saudável informativa, dialogada e contextualizada. Para isso, foi planejada
uma aula com bastante apelo visual, utilizando slides, contendo figuras de alimentos e textos
informativos.
Essa aula foi realizada em aproximadamente 50 minutos, no período matutino. A
aula começou com a apresentação de slides, contendo figuras relacionadas à alimentação por
eles descrita nas duas tabelas. A principal curiosidade dos alunos foi em relação às calorias
presentes nos alimentos, gerando vários questionamentos, dentre eles: “Esse alimento
engorda muito?”, “Esse alimento da estria ou celulite?”, “Quantas vezes por semana seria
o ideal consumir esse ou aquele alimento?”, ou, até mesmo, fato vivenciado por uma aluna,
“Por isso que estou gorda?”, “Agora eu sei por que tantas estrias’’”. Essas perguntas e
relatos ocorreram principalmente pelas meninas.
Durante a aula, o que foi observado é que os alunos possuíam livre acesso para
escolher sua própria alimentação, e que tinham consciência de que sua alimentação não era
tratada de forma correta. Porém, quando apresentado a eles, na aula, algumas curiosidades,
como as calorias da maioria dos alimentos ingeridos por eles, demonstraram-se surpresos e
interessados no assunto, gerando muitos debates a respeito do assunto, como as perguntas
citadas no parágrafo anterior. Ao fim da aula, os alunos se mostraram satisfeitos, pois
tiraram muitas dúvidas e até mesmo passaram, a saber, mais sobre os riscos da ingestão de
alguns alimentos por eles consumidos.
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Em outra aula, foram aplicadas aos alunos algumas questões, onde foi possível
observar, por meio das respostas emitidas por eles, que mais de 70% dos alunos
confirmaram que comem em excesso, e que sabem que possuem uma alimentação incorreta.
Um fato chamou a nossa atenção, foi de que 90% dos alunos responderam que seus
pais não interferem em sua alimentação, é importante ressaltar que cabe também aos pais se
preocuparem, além de orientarem seus filhos a terem uma alimentação correta. Conseguimos
verificar também, com as respostas dos alunos, que antes da aula eles faziam suas próprias
escolhas em relação aos alimentos, mesmo sabendo que se tratava de uma escolha incorreta.
Eles declararam como resposta ao questionário, que passariam a pensar mais antes das
escolhas alimentares, principalmente depois de passar a conhecer as calorias presentes nesses
alimentos, sobretudo as meninas, provavelmente por motivos estéticos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No caso dessa pesquisa, percebeu-se que grande parte dos pais ou responsáveis pelos
alunos participantes, não condiciona bons hábitos alimentares aos filhos. Demonstrando que
não existem regras ou critérios alimentares e nutricionais estabelecidos para esses jovens.
Entre a grande parte, notamos um consumo quase que constante de massas, fast foods, e
refrigerantes, tanto no almoço, quanto no jantar. Esses hábitos incorretos são fatores que
podem desencadear futuramente distúrbios como obesidade, hipertensão e doenças
cardíacas.
Contudo, para que os alunos tenham uma alimentação saudável, de fato, não
depende somente da escola e da família, mas sim deles próprios, pois o que percebemos foi
que a escola fornece alimentos saudáveis, porém os alunos fazem suas próprias escolhas,
deixando de lado a alimentação saudável servido pela merenda escolar, optando pelos
alimentos, muitas vezes incorretos, vendidos na cantina. Ou em casa, desde o café da manhã
até o jantar, optando por alimentos calóricos e de baixo valor nutricional.
Com relação aos resultados obtidos, verificamos, ainda, que há necessidade de uma
mudança significativa nos hábitos alimentares dos alunos pesquisados, sob pena de se
tornarem adultos com graves problemas de saúde.
Com relação à escola, apesar do tema Saúde / Alimentação ser considerado pelo
MEC um tema transversal, o papel do professor de Biologia é fundamental, pois ao
desenvolver o currículo da área possui subsídios científicos, tecnológicos e sociais para
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abordar o assunto de forma contextualizada, conforme propõem as Curriculares Nacionais
para o Ensino Médio (OCEM).
REFERÊNCIAS:
ANDRADE, Â., BOSI, M.L.M. Mídia e subjetividade: impacto no comportamento
alimentar
feminino. Revista de Nutrição, 2003.
BRASIL (1998). Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do
Ensino Fundamental (PCN).
BRASIL Ministério da Saúde.Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN),
(2011).
BRASIL Ministério da Saúde. Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE),
(2009).
BRASIL Programa Nacional do Livro Didático (PNLD),(2008).
BRASIL .Ministério da Saúde.Segurança Alimentar e Nutricional(SAN)
BRASIL .Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde (PNS)
HEERDT, Mauri Luiz. Metodologia científica e da pesquisa: livro didático. 5. ed. rev. e
atual. – Palhoça Unisul Virtual, 2007.
KOCHE, J.C. Fundamentos de metodologia da pesquisa. 14. Ed.rev. e ampl. Petrópolis:
vozes, 1997.
REEDUCAÇÃO ALIMENTAR. Disponível em http://www.reeducacao--alimentar.com.br.
Acesso em 02 de janeiro de 2013.
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