APAT_63_10.FH11 Fri Jun 18 11:31:47 2010 Page 1 C Nº 63 | ANO XI | DISTRIBUIÇÃO GRATUITA | MAIO/JUNHO10 | EDIÇÃO BIMESTRAL M 63 Y CM MY CY CMY K O combate à contrafacção depende de todos nós Composite APAT_63_10.FH11 Fri Jun 18 11:31:47 2010 Page 8 C 08 | M Y CM MY CY CMY K APAT Nº 63 | MAI·JUN 2010 | www.apat.pt VIA MARÍTIMA Saúde do empresário 2ª parte Danuta Kondek Consultora, Formadora Sócia Gerente da Funktor, Consultoria, Lda. E-mail:[email protected] artigo A saúde da sua empresa depende da saúde dos seus colaboradores. Na sequência do nosso artigo anterior prosseguimos com a temática da saúde do empresário. Hoje tenho o prazer de conversar com a Dra. Daniela Seabra, sócia e nutricionista coordenadora da empresa Nutrimodulation, Lda. A Nutrimodulation® é uma empresa que tem como principal objectivo oferecer consultas de nutrição baseadas num conceito inovador concebido pela altamente especializada equipa de médicos, nutricionistas e dietistas. DK | Considera os empresários um grupo que necessita de cuidados alimentares específicos? DS | Considero. O dia a dia de um empresário é repleto de inúmeras tarefas e para quem tem tanto em que pensar, a alimentação tende muito facilmente a ser um dos aspectos mais negligenciados. Durante a consulta verificamos alguns problemas comuns aos empresários: o stress, a falta de tempo, os horários irregulares de alimentação, os jantares e almoços de negócios, as viagens, principalmente de avião, que desequilibram os horários são muitos os factores que levam a que os cuidados alimentares adequados sejam desvalorizados e deixem de constituir uma prioridade. DK | Sim e provavelmente os empresários não associam estes factos às consequências que daí decorrem. Quer falar disso? DS | As mais visíveis e imediatas, diria que são o cansaço e sonolência após as refeições, o refluxo gastroesofágico com azia, a sensação de má digestão, a distensão abdominal, e as alterações a nível intestinal. Outras consequências que podem estar associadas à alimentação, mas que nem sempre são atribuídas a esta são: as noites mal dormidas, o cansaço mental e dificuldades cognitivas, a menor capacidade de adaptação ao stress, a irritabilidade ou a ansiedade, as enxaquecas ou até mesmo aqueles pequenos esquecimentos que antes não existiam. A longo prazo teremos as situações mais crónicas, como a Obesidade, a Hipertensão Arterial, as Dislipidemias, a Diabetes e, claro, o risco aumentado de inúmeras doenças, nomeadamente as cardiovasculares. DK | A relação entre a alimentação e o comportamento e rendimento cerebral é muito interessante e pouco conhecida. Composite DS | Os alimentos e nutrientes certos melhoram o rendimento cerebral e a nossa capacidade de decisão e, por outro lado, os alimentos errados induzem a uma diminuição das nossas capacidades mentais.Actualmente esquecemo-nos que o nosso cérebro é um órgão, e como tal necessita ser nutrido. Tal como uma empresa necessita de receber os inputs mais adequados (matérias primas, capital ou de informação) para poder funcionar correctamente, também o nosso cérebro necessita receber os nutrientes correctos. Sabia que grande parte do nosso cérebro é constituída por gordura? Segundo alguns historiadores, o grande salto evolutivo do Homem do ponto de vista de desenvolvimento do raciocínio deu-se quando começamos a comer alimentos ricos em gorduras essenciais, nomeadamente as gorduras ómega 3, que são essenciais para o correcto funcionamento cerebral. Por isso é que deve ser dada muita importância à qualidade das gorduras consumidas e actualmente é possível verificar que a maior parte das pessoas consome um excesso de gorduras erradas como as chamadas gorduras trans e ao mesmo tempo apresenta deficiências das gorduras certas como as polinsaturadas na sua forma natural. Os jantares e almoços de negócios constituem, para quem quer ter uma alimentação saudável, um desafio do ponto de vista alimentar. As longas horas que os empresários estão sem comer fazem com que cheguem com bastante fome ao restaurante. Começam então com as entradas, muitas delas repletas de gorduras associadas a um elevado risco aterogénico, como as saturadas, e ao mau funcionamento cerebral, como as trans, seguindo-se uma refeição em que acabam normalmente por comer em excesso. Além disso, a refeição é passada a falar de negócios, ou seja, o cérebro está concentrado na conversa e não nos sinais mais internos como a saciedade. Acabam por ingerir alimentos em excesso, muitas vezes demasiado rápidamente, o que prejudica a digestão e a correcta absorção dos nutrientes. Esta situação agrava-se quando o assunto discutido é de certa forma mais complexo e esta refeição é feita sob um clima de stress e ansiedade. Mais uma vez, é a digestão e a saúde que ficam comprometidas. A refeição termina e as horas seguintes são passadas com uma sensação de enfartamento e má digestão, o que condiciona a toma de antiácidos ou sais de fruta para ajudar a digestão. Sabemos que estes produtos, tomados com o objectivo de diminuir a acidez, vão apenas acalmar os sintomas de má digestão e não a ajudam em nada muito pelo contrário. Prejudicam e muito. APAT_63_10.FH11 Fri Jun 18 11:31:47 2010 Page 9 C M Y CM MY CY CMY K APAT Nº 63 | MAI·JUN 2010 | www.apat.pt DK | De facto estas situações são muito frequentes. Por outro lado há também o hábito bastante comum que são as longas horas sem comer, alternadas por refeições excessivas. DS | Isto acontece por diferentes razões: porque as pessoas não têm fome de manhã e passam bem sem comer, e/ou porque passam horas em reuniões e encontros. Quando finalmente têm tempo para comer, é que se apercebem que têm fome, e tendem a comer quantidades excessivas. Muitas vezes esta ingestão excessiva de alimentos acontece ao final do dia / noite, o que vai prejudicar o sono, e em vez de acordarem revigorados de manhã, acordam já cansados, com sensação de não terem descansado. Estas noites mal dormidas vão-se acumulando com consequências a nível da saúde física e mental. Este comportamento alimentar vai também condicionando o aumento do peso e com ele todas as suas consequências a nível de saúde, nomeadamente a hipertensão, a diabetes e o elevado risco cardiovascular. Perante um excesso de peso (e eventualmente já a presença de alterações como a diabetes ou a hipertensão arterial), este comportamento alimentar de baixa alimentação durante o dia e de ingestão compulsiva ao final do dia condiciona outras consequências, em especial a nível psicológico. Nas nossas consultas identificamos que as pessoas, que durante o dia até conseguem ter os cuidados alimentares que é suposto terem, mas que quando chegam a casa não conseguem resistir à comida é mais forte do que eles. Esta situação, antes de mais, é forte do ponto de vista psicológico, pois para alguém que sabe o que é certo e errado, e que possui uma personalidade de liderança, sentir que não teve a força de vontade suficiente para resistir à comida pode ser perturbador. Aqui é que está o grande erro: costuma-se achar que comer ou não comer um alimento se deve apenas a uma questão de força de vontade, o que nem sempre é verdade, perante um imperativo fisiológico. O conhecimento da nutrição avançou muito nos últimos anos, mas muitos ainda continuam a considerar os alimentos apenas como um conjunto de calorias. Pensa-se a alimentação em termos de números e proporções, em que cada um de nós deveria consumir uma alimentação adaptada às suas necessidades: x calorias / dia com uma determinada proporção de nutrientes. Ou seja, diferentes investigadores determinaram qual a quantidade de calorias que um determinado organismo consome por dia de acordo com o peso, idade, actividade física e outros factores, e nós passamos a orientar-nos por esses valores. Este raciocínio, como única forma de determinar o quanto devemos comer, está completamente ultrapassado. Temos que deixar de pensar em comida como apenas uma questão calórica. DK | Então o que há de novo nesta área? DS | Sabe-se hoje que a ingestão de determinados alimentos têm um forte impacto na produção hormonal. O exemplo mais simples é o da insulina. Cada vez que comemos alimentos com hidratos de carbono (açúcares), estes ao serem digeridos e absorvidos, são transformados em glicose (o açúcar que circula no sangue). Quando esta glicose entra em circulação, o pâncreas produz esta hormona chamada insulina, pois sem ela esta glicose não pode ser utilizada pelas células. Quando o alimento consumido tem uma digestão e absorção rápida dos seus açúcares, ocorre uma entrada muito rápida de glicose para o sangue. Como resposta, o pâncreas produz também uma quantidade grande de insulina para rapidamente introduzir este açúcar em excesso no Composite 09 interior das células. Esta acção da insulina é tão rápida, que rapidamente os níveis de açúcar descem, por vezes abaixo dos níveis normais. O cérebro deixa de ter o fornecimento adequado da sua fonte preferencial de energia, a glicose, e entra em sofrimento, condicionando irritabilidade, cansaço cerebral, sono, incapacidade de raciocinar ou de manter a calma e, concomitantemente, acciona um mecanismo de emergência para tentar repor os níveis de açúcar no sangue - uma enorme vontade de comer alimentos com açúcar. Então o indivíduo vê-se no meio de uma luta de titãs entre a sua consciência (pois só deve consumir x calorias naquela refeição) e o seu instinto mais básico de sobrevivência: a alimentação. Se o Homem é capaz de matar por comida, mais facilmente ataca o frigorífico ou o armário das bolachas Na consulta de Nutrição temos por isso que entender quando estamos perante uma situação destas e corrigir a alimentação no sentido de controlar a absorção destes mesmos hidratos de carbono. Ou seja, modular a produção hormonal através da alimentação. Esta é a principal vocação do método Nutrimodulation nutricion as modulation, mas para o conhecer melhor convido os interessados a visitar o nosso site, www.cristinasales.pt. Por vezes, na consulta as pessoas ficam admiradas por dar muita importância à hora a que têm fome, ao comportamento quando não comem, quais os alimentos que procuram quando têm uma vontade de comer incontrolável, entre outras perguntas menos comuns. Com estas perguntas procuramos entender as necessidades específicas de cada organismo, da mesma maneira que elaboramos o diagnóstico da empresa. Entender qual o mecanismo de regulação do apetite que não está a funcionar correctamente para que, através da qualidade dos alimentos e a hora a que estes são ingeridos serve para corrigir o que está errado. É interessante e gratificante verificar que quando estas mudanças são feitas, o apetite diminui, assim como a sensação de descontrolo. DK | Não trabalham então da forma tradicional com valores calóricos? DS | Sim, mas estes são tidos apenas como mais um pormenor. Calorias ou valor calórico é a energia libertada quando destruímos aquele nutriente para produção energética. Ou seja, o nosso organismo só destrói os nutrientes para os quais não tem outro destino a não ser a produção de energia (excepto em casos graves de fome e desnutrição em que destrói nutrientes importantes para tentar garantir a sobrevivência). Se fornecemos os nutrientes correctos, estes vão ser usados para construir células e hormonas e só serão destruídos para energia em caso de consumo acima das necessidades). Um grupo de alimentos que insisto bastante que devem consumir e que surpreende muitas pessoas, são as oleaginosas: nozes, amêndoas, avelãs, ou as sementes, como as de girassol, de abóbora, de sésamo ou de linhaça. É interessante ver a reacção das pessoas quando verificam que até consomem mais gordura na alimentação e estão a perder gordura. Mais uma vez, é tudo uma questão de dar a qualidade certa, na quantidade certa e na hora certa. DK | Agradecemos à Drª. Daniela Seabra os seus sábios conselhos e prometemos ter mais cuidado com a nossa alimentação a partir de agora. n Continua no próximo número APAT_63_10.FH11 Fri Jun 18 11:31:47 2010 Page 40 C Composite M Y CM MY CY CMY K