Cateter Venoso Central (CVC): Análise de risco na perspectiva sanitária e controle de infecção Corinny Shintani1 Carina Rau2 1 Enfermeira. Aluna da Pós-Graduação em Vigilância Sanitária, pela Universidade Católica de GoiásIFAR. 2 Orientador:Farmacêutica Industrial graduada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); Mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFPR. Professora do Curso de Farmácia do Centro Universitário Campos de Andrade (UNIANDRADE). E-mail: [email protected] Resumo Cateter venoso central (CVC) é um dispositivo invasivo utilizado nas unidades hospitalares que tem por finalidade facilitar o diagnóstico e o tratamento do paciente, permitindo a administração de medicamentos, nutrição parenteral, monitoração de parâmetros fisiológicos. Uma vez finalizado o processo pré-comercialização podem surgir problemas relacionados com a rotulagem, instruções de uso, técnica e habilidade do manuseio do profissional de saúde dos produtos para a saúde, como o CVC. Avaliando na perspectiva sanitária, os fatores de riscodo CVCsão:tempo de duração do uso CVC; imunodepressão do paciente; infecções prévias; falta de habilidade técnica do profissional. Ecomomedida decontrole de infecção a importância de lavagem das mãos além de educação continuada para evitar erros nos procedimentos.A atuação da tecnovigilânciae da rede sentineladestaca-se como aliadosna avaliação do desempenho do produto de saúde durante o período pós-comercialização para embasar reavaliações subsequentes caso evidencie agravos à saúde ou eventos adversos. Palavras-chaves: Cateter Venoso Central; Fatores de risco, medidas de prevenção e controle de infecções; Tecnovigilância; Enfermeiro. Central Venous Catheter (CVC): Risk analysis from the perspective of health and infection control Abstract Central venous catheter (CVC) is an invasive device used in hospitals which aims to facilitate the diagnosis and treatment of the patient, allowing the administration of medications, parenteral nutrition and monitoring of physiological parameters. Once finalized the pre-marketing problems may occur relating to the labeling, instructions, and technical skill of the health professional handling of health products such as CVC. Looking at the health perspective, the risk factors are the CVC: duration of CVC use, immunosuppression of the patient, previous infections, lack of technical skills of the professional. And as a measure of infection control the importance of handwashing in addition to a continuing education in order to avoid procedures errors. The role of technical surveillance and sentinel network stands out as allies in the evaluation of the health product performance during the post-marketing period to base subsequent revaluations if evidence of health problems or adverse events Keywords:Central Venous Catheter; Risk factors, Prevention and control of infections; Technical surveillance; Nurses. 1Introdução Cateter venoso central (CVC) é um dispositivo invasivo utilizado nas unidades hospitalares que tem por finalidade facilitar o diagnóstico e o tratamento do paciente, permitindo a administração de medicamentos, nutrição parenteral, para monitoração de parâmetros fisiológicos. Evita punção venosa de repetição preservando a integridade venosa. O advento das múltiplas vias promove a facilidade de sua manutenção que auxilia os profissionais no gerenciamento dos procedimentos, aumentado uma resposta positiva à terapia aos pacientes.Apesar dos benefícios ao procedimento o uso constante do cateter oferece risco de infecção local e sistêmico associada ao uso de dispositivos invasivos. É uma das causas mais frequentes de morbidade e mortalidade representando uma fonte de bacteremiaem pacientes hospitalizados (TRINDADE et al, 2007). Os fatores de riscos relacionados à ocorrência de infecções hospitalar no Centro de Terapia Intensiva (CTI) estão associados ao uso do cateter com múltiplos lumens, infecção em outro foco, duração do cateterismo, gravidade da doença, o procedimento do enfermeiro na manipulação do curativo, tipo de curativo e tempo de hospitalização. Consequentemente, estes produtos envolvem elevados requerimentos de competência técnica do profissional em sua inserção, confirmação ultrassonográfica ou radiográfica da correta posição de sua ponta na vasculatura venosa central, além dos cuidados específicos durante sua utilização, manipulação, manutenção e retirada. Nota-se, por isto, que estas técnicas apropriadas figuram como um capítulo relevante do currículo de formação, e, frequentemente, é alvo de cursos de educação continuada aos profissionais da saúde, bem como de publicações em periódicos científicos sobre suas Boas Práticas. A complexidade, o nível de risco e a variedade destes produtos comercializados no Brasil tornam necessários a sua vigilância (TRINDADE et al, 2007). Propõe-se neste estudo, uma forma de educação como ato de conhecimento a etiopatogenia, analisando o risco relacionado na perspectiva sanitária ao uso do CVC, assim como medidas de controle e prevenção de infecção com o objetivo de diminuir a incidência das infecções causadas pelo uso do cateter venoso central na terapia intensiva através da intervenção do enfermeiro. 2 Metodologia A metodologia empregada para construção deste trabalho de revisão bibliográfica baseia-se em artigos publicados do ano 2002 a 2012, dissertações, teses e referências bibliográficas diversas que tratam do assunto.As referências foram pesquisadas na base de dados da Bireme e doScielo. Trata-se de uma pesquisa de cunho descritivo e qualitativo queaborda sobre o uso do cateter venoso central,suas vantagens e riscos. 3Desenvolvimento 3.1A Finalidade Institucional da ANVISA O objetivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)é apromoção e a proteção da saúde da populaçãopor um controle sanitário da produção e da comercialização de produtos e serviços, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados. Atuando desde o registro dos produtos e autorização para a entrada no mercado, e acompanhar o desempenho dos mesmos durante as fases subsequentes de pós-comercialização.Os serviços de saúde estão sujeitos a inspeções sanitárias para verificação quanto ao padrão de qualidade das etapas que envolvem a utilização das Soluções Parenteais, como aquisição, recebimento, armazenamento, distribuição, dispensação, preparação e administração. Portanto, a missão da ANVISA é “proteger e promover a saúde da população garantindo a segurança sanitária de produtos.” (ANVISA, 2003b). 3.2 Tecnovigilância Tecnovigilância é um sistema responsável pela vigilância dos produtos para a saúde comercializados no Brasil e é coordenado pela Unidade de Tecnovigilância (UTVIG), área de Vigilância em Eventos Adversos e Queixas Técnicas da ANVISA. A Tecnovigilância objetivaà segurança sanitária de produtos para saúde na póscomercialização. Entre produtos para a saúde encontram-se osequipamentos, materiais, artigos médico-hospitalares, implantes e produtos para diagnóstico de uso “in-vitro”. À Tecnovigilância compete: 1. Assistir, organizar e capacitar as ações de vigilância sanitária nos hospitais; 2. Assistir e manter a qualidade do sistema de informações da Gerência-Geral deTecnologia de Produtos para a Saúde; 3. Monitorar efeitos adversos de próteses implantadas; 4. Investigar e analisar as notificações de incidentes em ambiente hospitalar com suspeita de envolvimento de produtos médicos; 5. Participar da formação e atualização de recursos humanos em tecnovigilância; 6. Organizar e capacitar ações de tecnovigilância na indústria nacional de produtos médicos; 7. Avaliar queixas sobre a segurança de produtos médicos(ANVISA, 2003b). A tecnovigilância conta com a parceria dos serviços de saúde brasileiros (hospitais, hemocentros e serviços de apoio diagnóstico e terapêutico), Associação Médica Brasileira (AMB), órgãos de Vigilância Sanitária Estadual e Vigilâncias Municipais e setor regulado. Este sistema observa a qualidade, a segurança e a conformidade dos produtos para a saúde com os parâmetros aceitos no Registro Sanitário, Normas e legislação vigente. Para auxiliar esta função, desenvolveram-se bancos de dados, cumulativos e relacionais, de registro de notificações de suas falhas, provenientes, em grande parte dos 199 hospitais da Rede Sentinela. 3.3 Vigilâncias Sentinela Uma vez que o processo de pré-comercialização é finalizado, e um produto entra em uso, problemas inesperados podem surgir. Problemas com a rotulagem do produto, instruções de uso, manuais de operação e de serviço e até mesmo a técnica e a habilidade do usuário, nem sempre podem ser detectados durante a avaliação da pré-comercialização. Os questionamentos relacionados à durabilidade, a biocompatibilidade e à toxicidade dos produtos em seres humanos não podem ser respondidos com convicção, até que o produto esteja no mercado por um período significativo(ANVISA, 2003b). O Projeto Hospitais Sentinela busca constituir uma rede de hospitaisterciáriapara notificar evento adversoe queixas técnicas de produtos de saúde: insumos, materiais e medicamentos, saneantes, kits paraprovas laboratoriais e equipamentos médico-hospitalares em uso no país. Estas informações integrarãoo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária Pós-Comercialização, cuja finalidade ésubsidiar a ANVISA com informação qualificada, criando um meio intra-hospitalar favorável ao envolvimento de ações de vigilância sanitária em hospitais, proporcionando ganhos significativos de qualidade para os serviços e pacientes com ações necessárias de regularização do mercado desses produtos. A avaliação de desempenho de produtos para saúde durante este período é fundamentalpara embasar as revalidações subsequentes ou a retirada de produtos do mercado, caso hajaevidência de agravos à saúde ou eventos adversos relacionados ao uso dos mesmos. 3.4 Infecção Hospitalar Infecção hospitalaré aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. Ainda de acordo com Mesquita (2006), a infecção é uma interação entre o agente infeccioso e o hospedeiro, formando a cadeia de infecção: agente-transmissão-hospedeiro. Os agentes infecciosos mais prevalentes são as bactérias seguidas pelos fungos, vírus e parasitas, sendo o paciente visitante e o profissional de saúde, os representantes do hospedeiro. 3.5Formas de transmissão de agentes infecciosos Segundo Mesquita (2006), os microrganismos existentes no meio hospitalar pode ser transmitidotanto diretamente pela exposição ao sangue e outros líquidos corpóreos, por contato ou por via aérea, quanto indiretamente, através de um vetor ou veículo inanimado como roupas e utensílios. A transmissão pode ser por contato direto, quando um microrganismo é transmitido de uma pessoa para outra através do contato direto da pele, sem a participação de um veículo inanimado. Herpes Simples, Herpes Zoster, feridas com secreção abundante não protegida pelo curativo, diarreia infecciosa de pacientes com higiene precária, são exemplos dessa forma de transmissão, que no meio intrahospitalar são evitadas através da lavagem das mãos e o uso de barreiras, como avental e luvas. A transmissão por contato indireto se dá com ocontato de um hospedeiro suscetível com objetos contaminados, tais como: instrumentos, roupas ou luvas contaminadas (MESQUITA, 2006). A transmissão pode acontecer por exposição a sangue e outros líquidos corpóreoscontendo agentes infectantes pela exposição da pele não íntegra ou de mucosa a essas substâncias. Podemos citar o vírus da imunodeficiência humana (HIV) e os vírus das hepatites B e C como exemplos de microrganismos transmitidos através da exposição a sangue e líquidos corpóreos (MESQUITA, 2006). 3.6Cateter Venoso Central(CVC) As técnicas médicas atuais tornaram indispensável o uso de dispositivos intravasculares. Segundo Amadei e Damasceno(2008), os cateteres venosos centrais (CVC) são utilizados para infusão de medicações e soluções endovenosas em pacientes com limitação de acesso venoso periférico, ou ainda para infusão de nutrição parenteral, drogas vasoativas e acesso para hemodiálise, evitando punções venosas de repetição, preservando a integridade venosa. Podem ser venosos ou arteriais, centrais ou periféricos, por punção ou dissecção, implantáveis ou não. São fabricados com PVC, polietileno, poliuretano, sylastic, teflon, silicone, ou siliconados. 3.7Problemas do cateter venoso central 3.7.1Etiopatogenia do CVC De acordo com Fernandes e Filho(2000), a presença de tipo dematerial antisséptico, indo da pele ao sistema vascular, cria uma complexa relação entre o cateter, o hospedeiro e microrganismos, que pode determinar alterações iatrogênicas, que vão desde um quadro inflamatório, não associado à infecção, até um quadro de septicemia com grande comprometimento do estado geral do paciente, pois representa uma porta aberta do meio externo com o intravascular. Funcionando como um corpo estranho, permite que menores inóculos microbianos desencadeiem processos infecciosos inserindo ao fluxo sanguíneo do individuo e provocando lesão do endotélio. Quando o cateter entra em contato com o sangue acelera a deposição de proteínas e células sanguíneas no material, desencadeando a formação de coágulos e trombos favorecendoa aderência microbiana e formando êmbolos. 3.7.2 Fatores de Risco Relacionados à Infecção Hospitalar através do CVC Machado(2006) diz queo cateter central mais usado é o inserido percutaneamente na veia central. E é o terceiro tipo de procedimentos invasivo mais utilizado no CTI. Esse procedimento constitui fator de risco para a aquisição de infecção arterial e septicemia, sendo o risco global em torno de 1%, apresentandose muito mais elevado nos pacientes de CTI por utilizarem múltiplos cateteres, em diversas vezes.A prevalência de infecção hospitalar associada ao CVC é causada por diversos fatores de risco, tais como: 1.Utilização de CVC com múltiplos lumens:nos cateteres de múltiplas vias, quanto maior o numero de lumens maior o risco de infecção. Dispositivos com múltiplos lumens permitem a administração concomitante de medicamentos incompatíveis e mesmo a monitorização hemodinâmica, mas estão associados a um maior risco de infecção, talvez relacionado ao trauma durante sua inserção emanipulação durante a administração de medicamentos e procedimentos antisséptica (AMADEI; DAMASCENO, 2008); 2. Cateterismo repetido devido à imunodepressão do paciente; 3. Infecção em outro foco: de acordo com Hinrichsen(2007), infecções prévias ou em sítios diferentes aumentam a ocorrência de infecção; 4. Duração do cateterismo: quanto mais tempo o cateter é deixado no local, maior é a formação de fibrina ao redor deste nas primeiras 24 a 48 horas, propiciando a colonização e multiplicação de bactérias e fungos; A cateterização prolongada é o principal fator de risco para infecção de cateteres venosos e arteriais. O material de cateter é um fator importante, promovendo trombogênese e aderência de microrganismos (AMADEI; DAMASCENO, 2008). 5. Procedimento do enfermeiro na manipulação do curativo: falta de habilidade técnica na inserção do cateter aumenta a probabilidade da lesão na área de punção e contaminação; falta de perícia na escolha do local de inserção gera maior risco para cateteres inseridos em membros inferiores e áreas peri-orificiais; falta de avaliação das características do cateter, como material de fabricação, comprimento, calibre e número de lumens, o que resulta na utilização de produtos de menor durabilidade e com maior potencial de contaminação microbiana; tipo de curativo realizado, periodicidade de troca e antisséptico utilizado; A aplicação direta de curativos oclusivos plásticos transparentes no local de inserção do cateter central cria no sítio de inserção um ambiente morno e úmido, que favorece o crescimento microbiano, aumentando o risco de colonização de cateter e de septicemia (FERNANDES; FILHO, 2000). O tipo de substância infundida (sangue, lipídeos e soluções de nutrição parenteral), além das características do líquido infundido, como pH, velocidade de infusão e concentração também são fatores de risco de infecções (MACHADO, 2006). Por outro lado, cabe ressaltar que há outros fatores que podem predispor a ocorrência das infecções arteriais e das septicemias, tais como: 6. Presença ou não de diabetes mellitus; estado nutricional e imunológico do hospedeiro; alterações das funções dos neutrófilos; elevação local de citocinas, diminuição do número de linfócitos B e T; inibição da produção de imunoglobulinas (HINRICHSEN, 2007). 7.Extremos de idade; 8.Quimioterapia imunossupressora; 9.Tempo de hospitalização:a permanência prolongada também inclui outros fatores relacionados: relação enfermagem/paciente,quando o número de pacientes é maior do que 1 por 5, reduz a qualidade do cuidado assistencial; a superlotação da unidade e a escassez de pessoal facilitam a ocorrência de infecção cruzada (SILVA; RAVANELLO, 2003). Além disso, quanto maior o tempo de hospitalização, maior é a manipulação dos pacientes e consequentes submissões a várias formas de instrumentação invasiva e a utilização de drogas imunossupressoras e antimicrobianas, que favorecem a baixa imunidade e a proliferação e resistência microbiana (MACHADO, 2006), conforme pode ser observado na Figura 1. 10.Contato com cepas epidêmicas veiculadas pelas mãos da equipe hospitalar (MACHADO, 2006). Mãos da Equipe Colonização Do Microflora da pele canhão Fluido Conta minado Contaminação durante inserção Propagação Via hematogênica Figura 1 – Tipos de contaminação ilustrada Fonte: (FERNADES; FILHO, 2000, p. 561) 3.7.3 Via mais comum de contaminação O cateter pode ser contaminado pela flora microbiana presente na pele do próprio paciente ou nas mãos da equipe que manuseia o sistema, especialmente a junção cateter/equipo (canhão)(AMADEI; DAMASCENO, 2008). 3.8 Recomendações para redução e controle de infecções CVC A primeira recomendação, sendo a mais fortemente recomendada é a higiene das mãos. Na unidade de terapia intensiva, a frequência elevada de isolamento de germes multirresistentes aliada ao número de vezes que o paciente é manipulado, facilita a disseminação de micróbios e reforçam a importância do uso contínuo de produtos antissépticos para higiene das mãos, não importando qual a atividade exercida pelo profissional. Trabalhos desenvolvidos em controle de surtos de MRSA (Staphylococcus aureus resistentes a meticilina) em CTI mostraram que fórmulas para higiene as mãos à base de álcool são tão eficientes para controle de bactérias multirresistentes quanto as formuladas à base de clorexidina. A facilidade de acesso às pias ou dispensadores de álcool é fundamental para aumentar a adesão dos profissionais ao seu uso. É importante enfatizar que para a instalação de cateteres (central e arterial periférico), o preparo das mãos do profissional deve ser feito através de degermação das mãos com detergente antisséptico (iodo ou clorexidina)(NOUÉR, 2008).Outros fatores que ajudam na prevenção de infecções são a utilização de barreira estéril máxima para instalação do cateter. O uso de luvas estéreis, avental estéril de mangas longas, máscara de procedimento (cirúrgica), campos cirúrgicos (estéril e longo) e gorro, reduzem o risco de infecção. O uso de óculos protetores ou máscaras faciais está indicado para proteção do profissional de saúde. Todos os profissionais ao redor do procedimento (até 1 metro) também devem usar máscara de procedimento. É fundamental que a instalação do cateter seja realizada com técnica asséptica; havendo qualquer contaminação do material, este deve ser desprezado. As veias subclávias são preferidas às jugulares e femorais em relação ao risco de infecção, diminuindoo risco de complicações devido a movimentos mecânicos (NOUÉR, 2008).A seleção melhor do local para a inserção do cateter vascular, bem como a antissepsia pode minimizar o risco de infecção, devendo ser avaliadas as condições de saúde do paciente (cateteres preexistentes, deformidades anatômicas, hemorragias, ventilação mecânica), o risco de complicações mecânicas (sangramento, pneumotórax e trombose) e de infecções (AMADEI; DAMASCENO, 2008). O uso de significativamente clorexidinano a incidência preparo de da colonização pele do hospedeiro microbiana e de reduz infecção comparativamente ao PVP-I (iodo-povidine) e ao álcool. Para a antissepsia da pele deve-se considerar uso de clorexidinadegermante (tempo de exposição de um minuto), limpeza desta com gaze estéril, seguida de antissepsia com clorexidina alcoólica (NOUÉR, 2008). É de suma importância o uso de antisséptico apropriado para o manuseio do cateter. Neste caso deve-se utilizar álcool a 70%, ou PVP-I a 10%, ou ainda tintura de iodo a 2% antes da inserção do cateter, com exceção de cateter umbilical. O curativo deve ser retirado quando o cateter for removido, ou quando o curativo estiver sujo, úmido ou fora do lugar; e ainda, em relação à troca do equipo é importante trocar o equipo que foi usado para administração de sangue, hemoderivados e lipídeos no máximo 24 horas depois de terminada a infusão(AMADEI; DAMASCENO, 2008). A escolha do tipo de cateter ajuda a reduzir contaminações. Estudos apontam que colonização por Staphylococcusepidermidisou Candidaalbicansfoi mais observada em dispositivos de PVC do que aqueles de silicone ou poliuretano.O uso de cateter impregnado com clorexidina–sulfadiazina de prata mostrou relação de custo-benefício em unidades onde a incidência de infecções de sangue foi maior que 3,3/1.000 cateteres/dia. A sua eficácia não foi observada após três semanas de uso do dispositivo. Após estudos iniciais, vários outros realizados posteriormente não mostraram os mesmos benefícios (redução de infecção), fazendo com que, atualmente, este assunto ainda seja considerado como “questão não resolvida” (NOUÉR, 2008). É fortemente recomendada a troca de cateter na presença de secreção no óstio, em cateter de curta permanência. Sempre que houver suspeita de infecção, o uso de fio guia deve ser desencorajado. A troca de cateteres instalados com técnica desconhecida (comum em pacientes transferidos) ou com suspeita de infecção em paciente com febre e hemodinamicamente instável, são medidas apenas sugeridas, até o momento. O local de inserção do cateter deve estar sempre protegido com curativo de gaze ou película transparente. Ao realizar o curativo, devem-se usar antissépticos, mas não antimicrobianos. O curativo deve ser trocado sempre que estiver umedecido ou com sangue. A inspeção do cateter deve ser realizada frequentemente, e sempre que houver suspeita de infecção relacionada ao dispositivo. Treinar das equipes envolvidas em todas as etapas, permitir o acesso à informação sobre prevenção de infecções, estabelecer rotinas escritas e divulgar as taxas de infecção, deve ser tão enfatizado quantooutras medidas.Incentivar a formação de grupos de colocação e manutenção dos cateteres que, através da criação de normas de padronização, visem garantir a segurança do paciente e efetividade de custo do processo, se mostra efetivo na redução da incidência de infecções relacionadas a cateteres e suas complicações associadas (NOUÉR, 2008). Além disso, reduzir a possibilidade de infecção cruzada através de orientações do fluxo de material e roupas limpas, a guarda e estoque, descarte e fluxo de material e roupa suja. Limpeza de paredes e revestimentos do chão no CTI é importante para evitar acúmulo de líquidos ou resíduos que favoreçam a proliferação de bactérias (CAVALCANTEet al., 2000). Medidas de isolamentos além das precauções básicas recomendadas para o atendimento de todos os pacientes são indicadas para pacientes portadores de infecções causadas por patógenos altamente transmissíveis (SILVA; RAVANELLO, 2003, p.616). Protocolos de prevenção das principais infecções (POP): com detalhamento escrito de rotinas de prevenção das infecções respiratórias, urinarias, da corrente sanguínea, de ferida operatória, bem como de prevenção e cuidados das úlceras de pressão (SILVA; RAVANELLO, 2003, p.616). Salienta-se, ainda, entre os fatores principais, que conformam o nível de risco destes procedimentos, a qualidade da composição, forma e funcionalidade dos componentes do produto (cateter), como brevemente enunciados a seguir: As instruções de uso devem acompanhar a embalagem do produto, orientando sobre suas indicações específicas, precauções e o passo a passo para maior segurança no procedimento, em português e de acordo com a legislação sanitária vigente (RDC no. 185/2001); A qualidade da embalagemdeve permitir assegurar a integridade e a esterilidade do produto. A acomodação dos insumos protege deformações nos componentes, sob as condições prescritas nas suas instruções de uso para transporte e armazenamento; O ajuste da forma, da flexibilidade e da qualidade do material e do corte da agulha / bisel para sua introdução permite sua adequada penetração na pele, migração pelo espaço subcutâneo e entrada no vaso, prevenindo esforços indevidos e acidentes de perfuração vascular com dor, lesões, extravasamentos e hematomas no local de punção; A qualidade e consistência do material do fio guia permitem progressão e manipulação adequadas para a efetivação do procedimento, bem como a efetiva solda de suas partes evita agravos; O corpo do cateter é feito com material de alta qualidade, íntegro e com suficiente rigidez, flexibilidade e consistências exatas para uma inserção correta, bem como resistência para prevenir dobras e fraturas assegurando vias livres para a introdução das terapias sob as condições normais de utilização, evitando irritação mecânica no sistema vascular, possuir boa termoestabilidade, aderência/fixação suficiente de células resistência e tecidos química, e e baixo nível trombogenicidade. de Estas características definem qual é o tipo de cateter mais apropriado para cada situação. Ambos, cateteres de poliuretano e silicone possuem boa bioestabilidade e baixa trombogenicidade. Os cateteres venosos centrais de poliuretano, no entanto, têm paredes mais finas permitindo lúmen com maior diâmetro, são mais duros e mais resistentes, se dobram menos, suportam maior pressão e possuem maior resistência aos químicos, mas apresentam restrição de uso com soluções antissépticas à base alcoólica, como a clorexidina, as quais elevam o risco de fratura/quebra do cateter. Por outro lado, cateteres de silicone, de inserção periférica possuem maior grau de termoestabilidade, são mais maleáveis, mais resistentes a dobras e pinçamentos e compatíveis com soluções antissépticas à base alcoólica, mas suas paredes mais espessas reduzem o diâmetro de seu lúmen e suportam menos pressão. Além disto, as múltiplas vias apresentam a vantagem de permitir a infusão de drogas incompatíveis simultaneamente e maior controle e conforto, com menor número de punções venosas nos pacientes. Estas partes estão solidamente soldadas entre si garantindo o fluxo necessário, sem obstruções ou vazamentos, mas também apresentam a desvantagem de aumentar proporcionalmente o risco de infecções devido ao inerente aumento em sua manipulação. 3.9A intervenção do enfermeiro no controle da infecção É importante que o enfermeiro dedique seu tempo implantando medidas de controle e treinamento de pessoas em vários níveis. O êxito das medidas preventivas e de controle dependerá da assimilação e aplicação dos princípios e normas por multiprofissionais no exercício de suas atividades (MESQUITA, 2006). De acordo com Cucolo, Fariae Cesarino(2007), o enfermeiro assume um importante papel diante dessas ações o qual é capaz de: planejar, implementar e participar dos programas de formação, qualificação contínua e promoção da saúde dos trabalhadores. O profissional de saúde deve atuar com olhar deengenheiro clínico, prevalecendoà funcionalidade, a segurança, a confiabilidade, organização, a otimização e a gestão de materiais e pessoas. Deve incorporar também conceitos de biossegurança, para controle de infecções de acordo com normatizações sanitárias em relação aos materiais de saúde (HINRICHSEN, 2007). De acordo com a Resolução RDC/ANVISA n.º 45, de 12 de março de 2003que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas de Utilização das SoluçõesParenterais (SP) em Serviços de Saúde: “Oenfermeiro é o profissional de saúde responsável pela administração das SP e prescrição dos cuidados de enfermagem em âmbito hospitalar, ambulatorial e domiciliar”.Deve regularmente desenvolver, revere atualizar os procedimentos escritos relativos aos cuidados com o paciente sob sua responsabilidade.Sinais e sintomas de complicações devem ser comunicados ao médico e registrados no prontuário do mesmo e em livro de registro. “E assegurar que todas as ocorrências e dados referentes ao paciente e seu tratamento sejam registrados garantindo a disponibilidade de informações necessárias à avaliação do paciente, eficácia do tratamento e rastreamento em caso de eventos adversos.”. Promover atividades de treinamento operacional e de educação continuada, garantindo a atualização da equipe de enfermagem. Escolher o acesso venoso central, em consonância com o médico, considerando as normas da Comissão de Controle de Infecção em Serviços de Saúde. O acesso intravenoso central e a inserção periférica, central ou não, e o curativo no local de inserção do cateter devem ser realizados obedecendo aos procedimentos estabelecidos em consonância com Comissão de Controle de Infecção em Serviços de Saúde. 4Considerações Finais Podemos observar que há diversos fatores para ocorrência de infecção hospitalar nos cateteres venosos.O cateterismo venoso tornou-se um procedimento largamente utilizado no tratamento dos pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva. Seu emprego permite maior segurança no manejo desses pacientes, propiciando uma via adequada para a infusão de soluções e medicamentos e para a determinação de parâmetros cardiocirculatórios. Mas apesar dos inúmeros benefícios que proporciona, o cateterismo representa uma fonte potencial de complicações infecciosas, a infecção hospitalar, relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. Vários fatores de risco proporcionam a possibilidade da colonização e posterior infecção relacionada ao cateter. Fatores relacionados à baixa imunidade do paciente ou ao próprio acesso vascular. O cateter pode ser contaminado pelos microrganismos presentes na pele do próprio paciente ou pelas mãos da equipe que manuseia o sistema. Múltiplos lumens aumentam o trauma no sitio durante inserção e a manipulação, a gravidade da doença de base e a vulnerabilidade aumentama probabilidade para infecções somadas com procedimento invasivo que aumenta a instabilidade homeostática favorecendo o fenômeno da adesão bacteriana. A falta de controle do tempo de permanência e da periodicidade da troca proporciona a colonização e multiplicação de bactérias e fungos. O procedimento do enfermeiro na manipulação do curativo, a falta de habilidade técnica na inserção do cateter, a falta de perícia na escolha do local de inserção, a falta de avaliação das características do cateter, tipo de curativo realizado, todos contribuem para a incidência das infecções pelo cateter. É imprescindível que o enfermeiro assuma a responsabilidade pela educação continuada de sua equipe, assim como a constante supervisão e assistência nos procedimentos a fim de melhorar a qualidade dos cuidados e a valorização dos recursos humanos em saúde. O enfermeiro é um multiplicador em ações relacionadas na prevenção de infecções hospitalares. E com a parceria daRede Sentinela e a tecnovigilância atuando como multiplicador e parceiros , avaliando o desempenho dos produtos de saúde para reduzir o risco associado a fatores de risco e a reação adversa causada por desvio de qualidade ou por condições que levam a ocorrência dos adventos ou incidentes. Através de elaboração de um protocolo de prevenção das principais infecções, com detalhamento escrito de rotinas e prevenção como: o tipo de cateter a ser utilizada, a importância da higiene das mãos, a escolha do local de inserção, o preparo da pele do paciente, a manutenção do cateter vascular assim como o tipo de curativo, a troca do cateter, podeajudar no controle da infecção hospitalar, assim como diminuir a morbimortalidade do paciente e o tempo de internação. Entende-se que deve haver todo um trabalho de conscientização da equipe de enfermagem e que esta deve ser estendida a todos os profissionais inclusive àqueles que prestam serviços esporádicos na unidade como é o caso dos técnicos de raios-X e dos técnicos de laboratório. A prevenção e o controle de infecção também devem fazer parte da filosofia de formação profissional em ensino técnico e graduação, pois através do conhecimento e desenvolvimento das capacidades individuais e coletivas dos futuros profissionais de saúde é que formaremos cidadãos com diferencial em ações restabelecendo a segurança do paciente assim como toda equipe de saúde multidisciplinar do hospital. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMADEI, JL; DAMASCENO, KS. Avaliação da Adesão às medidas de Prevenção de Infecção Relacionadas a Cateteres entre Profissionais de Saúde de hospitais de Maringá – PR. Vol. 10 nº 01, jan/jun 2008. Iniciação Cientifica CESUMAR. Disponível em: <www.cesumar.br/pesquisa/periodicos>. Acesso em: 21 de abril 2012. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) Brasil.Resolução RDC nº 33, de 25 de fevereiro 2003a. Disponível em<http://www.anvisa.gov.br> Acesso em 30 de outubro de 2012. ANVISA - Agência Nacional de Vigilância sanitária. 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