109 Infecção hospitalar associada ao uso do cateter venoso central e seus cuidados. Rosana Aparecida dos Santos Enfermeira, Pós graduanda de Enfermagem cuidados críticos/cardiologia UNIVAP – São José dos Campos Profª. Me. Maria Angélica Borges da Silva Zago Profª. Me. Vania Maria de Araújo Giaretta Professoras da Universidade do Vale do Paraíba – UNIVAP – São José dos Campos RESUMO A infecção hospitalar é um problema de saúde pública e seu aumento ocorre com os avanços tecnológicos relacionados aos procedimentos invasivos para diagnóstico e tratamento de doenças causadas por microorganismos multirresistentes aos antimicrobianos. De natureza descritiva exploratória longitudinal, a pesquisa envolveu o levantamento estatístico, em banco de dados da CCIH da Instituição. Sendo as Infecções Hospitalares um acontecimento histórico abordado até a atualidade, há a preocupação de identificá-las e evitá-las, pois aumentam o número de dias de internação e o consumo de antibióticos. Os CVC estão entre os procedimentos invasivos que podem ser contaminados, devendo ser observados desde a punção até a sua retirada. Para evitar tal infecção, surgem os bundlles, pacote de medidas simples e de fácil acesso, reconhecidos pela ANVISA e pelo COREN. O estudo comprovou que prevalece a internação no sexo masculino, e que, entre as causas das doenças, as pulmonares se destacam, as infecções estão relacionadas ao S. aureus, que pode ser removido com a simples lavagem das mãos. Demonstrou-se que a utilização de insumos gerou um gasto relevante para a Instituição, pois a utilização é maior que a estipulada pela ANVISA, ainda assim acontece infecção na UTI. Palavras-chave: Cateter Venoso Central, Unidade de Terapia Intensiva, Sepse 110 ABSTRACT The hospital infection is a public health problem and its increase with technological advances related to invasive procedures to diagnose and treat diseases caused by antimicrobial resistant microorganisms. Exploratory longitudinal descriptive in nature, the research involved the statistical survey on the REGIONAL database. Hospital infection being a historical event approached until nowadays, there is the concern to identify them and avoid them, they increase the number of days of hospitalization and the consumption of antibiotics. The CVC are among the invasive procedures that may be contaminated and should be observed from the puncture site until his retirement. To avoid such an infection, the bundlles, simple package and easily accessible, recognized by ANVISA and COREN. The study proved that prevails the hospitalization in males, that among the causes of disease, the lung infections among The study proved that prevails the hospitalization in males, that among the causes of disease, the lung infections among relate to S. aureus, which can be removed with a simple hand-washing. Demonstrated that the use of inputs has generated an expense with the institution, because the use is greater than the required by ANVISA still happens infection in ICU. Keyword: Central venous catheter, intensive care unit, Sepsis INTRODUÇÃO A infecção hospitalar teve origem em 460-370 a.c. quando dados históricos descreviam que Hipócrates conhecia a importância da lavagem das mãos e em 325 d.c. o Imperador Constantino convenceu os religiosos a criarem um hospital. No decorrer da história outros relatos são encontrados, entre eles Ignas Philipp Semmelweis tornou-se o primeiro epidemiologista, em 1847 após identificar e calcular o número de infecções causadas nas puerperas que iam a óbito devido aos estudantes de medicina não lavarem as mãos após dissecarem cadáveres e fazerem o parto dessas mulheres e Florence Nightingale que desenvolveu princípios de enfermagem, de higiene e técnicas assépticas, na sua participação na Guerra da Criméia (1) . Em 1960, no Brasil, teve início o controle de infecções hospitalares com a implementação de Comissão de Controle. Em 1973, no Rio de Janeiro, foi criada a CCIH, estimulada pelo Instituto Nacional de Previdência Social, sendo reforçada essa orientação pela Ordem de Serviço de Assistência Médica n°039.24, de 20 de agosto de1986, Em 1996 foi transferido o controle de infeção hospitalar para a Associação Nacional de Vigilância 111 Sanitária (ANVISA). Em 6 de Janeiro de 1997 foi publicada a Lei Federal n°9431/MS, mantendo obrigatório o Programa de Infecção Hospitalar em todos os hospitais e estabelecendo a vigilância epidemiológica com medidas administrativas (1) . Sendo as infecções hospitalares um problema de saúde pública e seu aumento ocorrer com os avanços tecnológicos, relacionados aos procedimentos invasivos para diagnóstico e tratamento de doenças causadas por microorganismos multirresistentes aos antimicrobianos, as políticas públicas de implantação do Sistema Único de Saúde (SUS) procura, a mudança do modelo assistencial, com a formação e a educação continuada, representando os esforços para o controle de infecção, na sua interdisciplinaridade e intersetorialidade. Surgiu a definição de Infecção Hospitalar (IH) pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 12 de maio de 1998, como uma infecção adquirida após a admissão do paciente, cuja manifestação ocorreu durante a internação ou após a sua alta (1-2-3-4) . Estima-se que aproximadamente dois terços das IH são de origem autógena, significando o desenvolvimento da infecção, a partir da microbiota do paciente, que pode ter origem comunitária ou intra-hospitalar. Em ambas as situações, a colonização precede a infecção, sendo difícil determinar se o paciente trouxe o microrganismo da comunidade ou adquiriu de fonte exógena durante a internação (4) . A infecção pode ter origem endógena, aquela interligada à doença de base e ou a agravos do paciente e a exógena relacionada aos procedimentos invasivos e cirúrgicos e estas informações podem tornar-se um indicador de qualidades de assistência prestada, conforme a Portaria GM/MS n° 2616 (1) . Os indicadores e a classificação da infecção na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) ocorrem devido à concentração de pacientes clínicos ou cirúrgicos mais graves, necessitando de monitorização e suporte contínuo de suas funções vitais. Sendo este um local de alto risco, consideram-se: o tempo de permanência, o uso de imunossupressores e antibióticos, os procedimentos invasivos, doença de base, queimaduras, sexo feminino, condições nutricionais e idade, se a clientela apresenta doenças ou condições clínicas predisponentes a infecções(5-7). Quando ocorre o quadro infeccioso na UTI, há um aumento de quatro dias, em média, no tempo total de sua internação, gerando aumento no custo do tratamento e elevando o índice de mortalidade da população acometida (3) . A faixa etária de 60 anos, juntamente com o processo infeccioso, aumenta a taxa de morbidade e mortalidade desses clientes em relação aos jovens, pois as alterações fisiológicas 112 do envelhecimento, o declínio da resposta imunológica, a realização de procedimentos e multiplas internações predispõem às infecções (3) . Evidencia-se, também, que muitos dos pacientes atendidos na UTI já estão infectados ao serem admitidos na unidade e a maioria é submetida a procedimentos invasivos ou imunossupressivos com finalidades diagnostica e terapêutica (5-6) . Além do uso de imunossupressivos e procedimentos invasivos, a OMS associa à pobreza, propaganda de novas drogas e acesso inadequado aos medicamentos, deficiência de profissionais de saúde, facilitando a falha terapêutica e o uso preferencial por medicamentos de largo espectro, medicamentos falsificados, alimentos contaminados com microorganismos resistentes, deficiência da Vigilância Epidemiológica extra e intra-hospitalar, como indicação para o aumento da multirresistência microbiana (7) . Para a CCIH, o conhecimento dos mecanismos de defesa das infecções constitui o grande desafio no aperfeiçoamento das buscas ativas, com a Portaria Ministerial de 27 de Agosto de 1992, quando surge a definição dos membros que compõem a comissão (8-9-10) . Além da CCIH, que tem a responsabilidade de orientar os profissionais e compartilhar a responsabilidade entre todos, construindo um conhecimento e desenvolvimento de habilidades técnicas no exercício profissional, surge a comissão que visa à qualidade no atendimento, intitulada Comissão de Qualidade Hospitalar (CQH), com a finalidade de estimular e facilitar as mudanças organizacionais e a melhoria de desempenho das organizações, através de um processo de aprendizado, podendo adotar os bundles específicos para prevenção da infecção do cateter vesoso central, sendo compostos por cinco medidas de eficácia comprovada na prevenção desta infecção e, quando implementadas em conjunto, resultam na melhoria do atendimento (4,11-12) . Como se pode observar, certamente em nenhuma época da história se publicou tanto sobre segurança do paciente, visto que desde 2002 este tema é prioridade à OMS. Portanto, a busca da segurança e qualidade nos serviços de saúde não é fato novo, assim, espera-se que os conteúdos apresentados contribuam para gerar novos conhecimentos e despertar reflexões e condutas que conduzam à mudança, no dia a dia do cuidado (13) . Os cateteres venosos estão interligados à infecção hospitalar. Eles surgiram, a partir da década de 1970, inicialmente simples e com poucos recursos, e foram evoluindo cada vez mais. Para a sua fabricação são utilizados materiais, como: o politetrafluoretileno (PTFE), o 113 poliuretano, silicone, a poliamida e o poliéster, além do aço inoxidável, que é utilizado na fabricação de cânulas metálicas, introdutores bipartidos para a inserção de cateteres e dispositivos com asa. O cloreto de polivinil e o polietileno são utilizados na fabricação de introdutores (14,15) . O silicone é utilizado em cateteres de longa duração, como cateteres centrais de inserção periférica, cateteres tunelizados e totalmente implantáveis e, também, em cateteres centrais, pois é considerado um material mais resistente a dobras, mais flexível e com maior estabilidade em longo prazo do que o poliuretano (15) . O cateter venoso central pode ser classificado como de curta permanência. Eles atingem os vasos centrais como subclávia, jugular, femoral e são instalados por venopunção direta e não são tunelizados, sendo utilizados, quando há necessidade de acesso central por curtos períodos entre 10 a 14 dias (15) . O cateter venoso central de longa permanência atinge também os vasos centrais e é instalado cirurgicamente. Apresenta mecanismo para evitar a colonização bacteriana pela via extra luminal. Esses são utilizados quando há necessidade de acesso acima de 14 dias (15) . As infecções de acesso vascular, conforme estudos realizados, ocorrem em menor número quando comparadas às de outros sítios, como: Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAVM), infecção urinária e de ferida operatória, porém, elas apresentam maior morbidade e mortalidade. Os estudos realizados citam a Pseudomonas aeruginosa como um patógeno comum entre pacientes críticos e as cepas multirresistentes; são cada vez mais isoladas das colonizações e infecções epidêmicas e endêmicas, nas unidades de terapia intensiva (8,16) . Sendo o Brasil um país com uma população extremamente heterogênea, no que diz respeito a diferentes realidades regionais, e com diferentes condições de acesso aos serviços de saúde, fatores como o desenvolvimento de políticas, implicam em um rastreamento e controle de infecção adequado (7,16) . Assim, a ANVISA, a partir de 2010, informou que os indicadores de infecção de corrente sanguínea em pacientes em uso de Cateter Venoso Central (CVC) em UTI devem ser notificados obrigatoriamente no âmbito nacional e monta um manual de condutas para a realização da somatória da infecção (17) . Para a realização da notificação deve-se realizar a somatória de Paciente/dia que é a somatória de dia de internação do paciente, durante o mês e a somatória do paciente com CVC/dia correspondente a uma unidade de medida que representa a intensidade da exposição 114 dos pacientes aos cateteres centrais. Este número é obtido por meio da soma de pacientes em uso de cateteres centrais, a cada dia, durante o mês. Quando o paciente tiver mais que um cateter central, estes deverão ser contados apenas uma vez, por dia de permanência na unidade (17) . O cálculo de CVC/dia deve ser contado por cada paciente com algum tipo de CVC, apenas uma vez a cada dia, de preferência no mesmo horário, independente do número de cateteres venosos centrais que o paciente esteja usando (17) . Além da contagem, só devem ser incluídos na notificação os pacientes internados em UTI, com dez ou mais leitos, em uso de cateteres venosos centrais que tenham sido inseridos a pelo menos 48h, e esta vigilância deve ser separada por meses, para facilitar a análise dos dados (17) . Além do cálculo realizado, a vigilância epidemiológica das infecções associadas à assistência à saúde deve ser realizada mediante a busca ativa dos casos, por meio da avaliação de dados laboratoriais, como, por exemplo, a hemocultura e cultura de ponta de cateter, juntamente com a revisão de prontuários, discussão de casos suspeitos com a equipe multiprofissional, análise de registros de sinais vitais e outras anotações feitas pelos profissionais da unidade de saúde (17) . Para a confirmação da Infecção primária de corrente sanguínea laboratorial com a confirmação microbiológica, deve-se preencher um dos seguintes critérios: o paciente com uma ou mais hemocultura positiva coletada, preferencialmente de sangue periférico, e o patógeno não está relacionado com infecção em outro sítio, ou pelo menos um dos seguintes sinais, ou sintomas deve apresentar: febre (>38°C), tremores, oligúria (volume urinário<20ml/h), hipotensão (pressão sistólica- 90mmHg) e duas ou mais hemoculturas em diferentes punções, com intervalo máximo de 48h, com contaminante comum de pele (ex.: difteróides, Bacillus spp, Propionibacterium spp, S. coagulase negativo, micrococos) (17) . No entanto a confirmação da infecção de corrente sanguínea clínica, sem confirmação laboratorial, deve conter a presença de sinais e sintomas iguais sendo a: Hemocultura negativa ou não realizada, nenhuma infecção aparente em outro sítio, o médico institui terapia antimicrobiana para sepse (17) . Além das infecções, os cateteres podem predispor a outras complicações como: hematoma, trombose, estenose, pneumotórax e hemotórax. A colonização do cateter pode ocorrer pelo sítio de inserção, pela parede externa do cateter, pela via hematogênica, pela 115 infusão de solução contaminada, pela conexão do cateter com o equipo e pelas mãos dos profissionais contaminadas (12,18-19) . Na UTI é importante localizar o foco da infecção e determinar o microorganismo, porém, é difícil determinar a colonização, levando o intensivista a iniciar de maneira empírica o tratamento antimicrobiano. Além da colonização, os fatores de risco para a complicação podem estar associados ao tempo de duração em dias do uso do cateter, ao tipo do cateter, ao número de lumens, ao tipo de infusão, à técnica de inserção e ao sítio de inserção (20,21) . O uso de antissépticos tem sido investigado como método eficaz de diminuir a colonização microbiana do cateter e, atualmente, existem diferentes coberturas no mercado para protegerem contra a colonização, sendo que as de gaze e fita e/ou filme transparente de poliuretano são as mais utilizadas. Essas coberturas variam na durabilidade, facilidade de aplicação, capacidade de desenvolver reação cutânea e capacidade de prevenir infecções (22,23). O papel da equipe de enfermagem é de extrema importância na realização de técnicas adequadas de manipulação dos cateteres e medidas de prevenção de sepses, sendo que a chave para o controle das infecções de cateter é a educação continuada dos profissionais de saúde, devendo rever frequentemente os protocolos de cuidado ao acesso vascular, cuja padronização deve ser clara e disponível a todos (15) . O respectivo trabalho pretende contribuir, identificando o número de infecção hospitalar associado ao uso do cateter venoso central e propor a utilização do método bundles de prevenção de infecções, contribuindo para a qualidade da assistência prestada ao cliente. MÉTODO É um estudo descritivo exploratório transversal que envolveu levantamento de dados estatísticos, dos últimos seis meses, em banco de dados da CCIH da Instituição, localizada no Médio Vale Paulista, contendo 138 leitos, sendo 10 deles localizados na UTI. O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética, em pesquisas da Faculdades Integradas Tereza D`Ávila (FATEA), após a obtenção de parecer favorável de número 101/2011, e à autorização do responsável legal da Instituição, iniciou-se a fase de coleta de dados. Os clientes incluídos na pesquisa foram internados, no período de janeiro a junho de 2012. Eles foram cadastrados no sistema da CCIH da Instituição, após a realização da busca ativa, e apresentaram sinais e sintomas, descritos conforme critérios de inclusão da ANVISA 116 para IH, devido ao uso do CV. Dentre os critérios de exclusão estão os clientes admitidos de outros hospitais. Para a coleta dos dados, elaborou-se um instrumento próprio para a pesquisa ao banco de dados da Instituição e arquivos da CCIH. Durante a coleta realizou-se também uma orientação sobre os bundles, composto por: higienização simples das mãos; máximas Precauções de Barreira durante a inserção; antissepsia da pele com Clorohexidina; otimização do local de inserção do CVC, evitando a femoral para CVC em adultos; rever diariamente a necessidade de manter o cateter, removendo-o prontamente (14,24,25) . Os dados relevantes relacionandos aos objetivos deste estudo foram coletados nos arquivos da CCIH e tabulados eletronicamente com auxilio de planilhas do Microsoft Excel 2010. As variáveis numéricas da pesquisa foram agrupadas em categorias e assim expressas por meio de frequência e porcentagem por meio de Tabelas e Figuras. RESULTADOS No período pesquisado foram internados 130 pacientes. Estes totalizaram 1107 pacientes/dia. Tabela 1- Perfil sociodemográfico de pacientes, por sexo, internados na Unidade de Terapia Intensiva . São José dos Campos, 2012. N=130. Pacientes Paciente/dia % Homens 66 50,8% No período de internação, de janeiro a junho, o maior número de atendimento ocorreu entre os homens Mulheres 64 49,2% Tabela 2- Perfil sociodemográfico de pacientes, por idade, internados na Unidade de Terapia Intensiva . São José dos Campos, 2012. N=130. Idade Paciente % 20-39 8 6,2 40-59 38 29,2 60-79 55 42,3 80-99 28 21,5 100-119 1 0,8 A idade entre 60 a 79 anos, correspondeu a 42,3% das admissões e o menor atendimento ficou entre 100 a 119 anos, com 0,8% das internações. Houve a internação de um paciente de 12 anos no mês de março, sendo considerada internação atípica. 117 Tabela 3- Perfil sociodemográfico dos diagnósticos dos pacientes admitidos no período de janeiro a junho, na Unidade de Terapia Intensiva . São José dos Campos, 2012. N= 130. Variáveis Jan/Jun Sepse 16,27% Neoplasia 1,16% Cardíaco 16,27% Pulmonar 25,58% Neurológico 8,13% Renal 4,65% Abdominal 13,95% Choques 9,30% Outros 4,65% Segundo a tabela 3, os pacientes admitidos na UTI tinham como diagnóstico de maior ocorrência a doença pulmonar com 25,58%, seguido do diagnóstico de sepse e cardiaco com 16,27%. Vale salientar que no ítem “outros” estão presentes os diagnósticos de diabte mellitus e candidíase. Tabela 4- Hemoculturas realizadas nos pacientes internados com suspeita de infecção associado a ao CVC, no período de janeiro a junho. São José dos Campos, 2012. N= 1107 pacientes/dia. Variáveis Valor % Stap. SP. Coagulase negativa 1 4,3 A. eruginsa 1 4,3 E. aerogenes 2 8,7 M morganii 4 17,4 Klebisiella oxytoca 3 13,0 Proteus vulgaris 1 4,3 S. epidermidis 3 13,0 S. aureus 8 34,8 118 Dentre os resultados das hemoculturas dos pacientes com diagnóstico de IH associado ao CVC, destaca-se o S. aureus, correspondendo 34,8% das contaminações. No mês de abril houve uma cultura de ponta de cateter, os demais meses foram associados os resultados após resultado de hemocultura. O maior número de internação em uso de CVC, por paciente dia, aconteceu no mês de junho e a taxa de infecção está em 8,54%, sendo o mês de janeiro com a média de utilização do CVC de 146 pacientes/dia, com uma taxa de infecção de 27,39% das infecções, como se observa na Figura 2. Ressalta-se que os pacientes recebidos de outras instituições com resultados positivos de IH associado ao CVC não estão incluídos na pesquisa e dentre os resultados positivos de janeiro a junho somente uma ponta de cateter foi encaminhada para cultura no período de janeiro, sendo a infecção confirmada através de hemocultura. 250 x 1000 paciente-dia 200 150 100 50 0 n ICS CVC n pct-dia CVC Tx ICS CVC Jan 4 146 27,39 Fev 3 190 15,78 Mar 2 189 10,58 Abr 2 193 10,36 Mai 1 155 6,4 Jun 2 234 8,54 Figura 1- Número de pacientes/ dias internados no período de janeiro a junho de 2012, na Unidade de Terapia Intensiva em uso de cateter venoso central e o número de pacientes acometidos com infecção hospitalar. São José dos Campos, 2012. N= 1107 pacientes/dia. A Figura 2 demonstra a maior média de permanência no mês de junho, com 7,2%; e a menor média no mês de maio, com 4,8%. 119 Figura 2- Média permanência dos pacientes internados na UTI. São José dos Campos, 2012. n= 130. A Figura 3 demonstra que a ANVISA preconiza 20ml de uso de àgua e sabão para a lavagem das mãos e de àlcool em gel, porém, no període da pesquisa o mês de março ultrapassou a utilização de àgua e àlcool em gel, demonstrando que a Instituição teve um gasto significativo e a taxa de infecção permaneceu. Figura 3- Realização da lavagem das mãos pela equipe multlidisciplinar da Unidade de Terapia Intensiva e o uso do álcool em gel, antes e após os cuidados com os pacientes. São José dos Campos, 2012. n= 45. DISCUSSÃO A infecção hospitalar é uma preocupação da CCIH das instituições hospitalares e um problema de saúde pública; pensando em realizar um atendimento de qualidade, surgem os bundles, que são um pacote de medidas para auxiliar na prevenção da infecção do CVC, sendo reconhecido pela ANVISA e pelo COREN. Tais medidas foram apresentadas a equipe de enfermagem da instituição pesquisada e os mesmos informaram que embora não utlilizassem, já as conheciam. Estudos demonstram que a equipe de enfermagem apresenta um grande rigor na adoção dos princípios da assepsia, durante os procedimentos invasivos, porém na maioria das vezes, pode ocorrer inobservância ou desobediência aos princípios de assepsia, sendo comum a contaminação de campos, instrumentais e cateteres durante o procedimento ou durante avaliações clínicas pela equipe de saúde (5) . Outros fatores, além da observação e cuidados com os princípios de assepsia, são descrito para a profilaxia e o controle das IH, que corresponde à existência e adoção de rotinas 120 de prevenção coerentes e de funcionários em número suficiente, qualificado e preparado para o cumprimento das atividades (5) . Além da falta de tempo, em pacientes entubados e com traqueostomia a secreção pode cair no curativo do cateter e umidecê-lo, tornando-se um local de colonização. A equipe de enfermagem descreve que o material utilizado para o curativo, como clorexidine ou povidine- iodo, é realizado conforme prescrição médica, sendo o curativo transparente colocado após 24h de inseção do cateter. Além das práticas com o curativo, deve-se verificar a validade do cateter diariamente, fazer a desinfecção de conectores antes de serem acessadas, coberturas com aspecto adequado (sem sujidade e umidade), a troca de sistema de infusão no tempo adequado e a identificação da data de troca do sistema de infusão (15) . Entre os pacientes admitidos na UTI neste estudo, 50,8% eram do sexo masculino e 49,2% do sexo feminino, tinham entre 20 a 119 anos e correspondiam a maior número de internações do SUS. Outros estudos demonstram consonancia com os resultados desta pesquisa, ao descreverem que a maior parte das internações são do sexo masculino, em torno de 63,5%, no ano de 2007. Em um Hospital Universitário do Sul, os 54% dos pacientes eram do sexo masculino, com uma idade média de 58,6 anos não mudando muito o perfil dos pacientes admitidos. Além da idade eles justificam que os idosos frequentemente necessitam de internação hospitalar para cuidados de suas condições clínicas, pois está mais suscetível a adquirir infecção hospitalar devido a alterações fisiológicas do envelhecimento, declínio da resposta imunológica e realização de procedimentos invasivos (3,6,21) . Esta pesquisa identificou que 23 dos pacientes foram infectados por meio da coleta de hemocultura, após o aparecimento de sinais flogísticos e hipertermia, e em um paciente foi realizado a cultura da ponta de cateter e dentre as culturas, a maior parte Staphylococos aureus (S. aureus), correspondendo 34,8%; em segundo lugar, a Morganela morganii com 17,4%. Pode-se comparar com a pesquisa realizada no sul, que o sinal infeccioso prevalente foi a hipertermia, encontrado em 89,2% dos pacientes, seguida de secreção purulenta (27%) e hiperemia (18,9%). (6) 121 Históricamente na era pré-antibiótica predominavam as bactérias Streptococcus pyogenes e S. aureus como causadores de infecção hospitalar, porém, com o surgimento da penicilina e a pressão seletiva exercida pelos antimicrobianos, S. aureus passou a ser o principal microrganismo associado a epidemias e as culturas das pontas de CVC apresentaram um maior número de S. aureus, evidenciando o encontrado na literatura (2, 20) . A figura nº3 demonstra que a lavagem aconteceu de maneira ineficaz e com um gasto significante para a Instituição, pois a lavagem das mãos aconteceu além do esperado e a fricção com álcool 70% também foi elevada e, mesmo assim, a infecção no cateter aconteceu. Relatos descrevem que as mãos constituem a microbiota transitória que coloniza a camada mais superficial da pele, entre eles o S. aureus, S. epidermidis, Enterococcus spp. e Enterobacteriaceae, e a sua remoção pode ser realizada com a higienização das mãos com água e sabão, sendo eliminada facilmente, quando utilizada solução anti-séptica (25) . Medidas simples como a lavagem das mãos evitam a IH, visto que os dados demonstrados no estudo são comprovados quando comparados com outros artigos. CONCLUSÃO A IH é um acontecimento histórico e abordada até a atualidade. As Instituições hospitalares procuram identificá-las e evitá-las, pois aumentam o número de dias de internação e o consumo de antibióticos. Durante a pesquisa constatou-se que os pacientes admitidos na instituição tinham entre 20 a 119 anos, prevalecendo a idade entre 60 a 79 anos, 66 deles eram do sexo masculino e 64 feminino. Entre os diagnósticos de internação as doenças pulmonares se destacam e em seguida a sepse. Os CVC estão entre os procedimentos invasivos que podem ser contaminados, devendo ser observados desde a punção até a sua retirada. Entre os 1107 pacientes/dia com CVC, 14 foram contaminados, sendo a maioria das infecções causadas por S. aureus, sendo que estes são removidos com a simples lavagem das mãos. Para evitar estas infecções, surgem os bundlles, que são medidas simples e eficazes reconhecidos pela ANVISA e pelo COREN. REFERÊNCIAS 1. Mesiano ERAB. Infecções Hospitalares do Trato Urinário e Corrente Sanguínea e fatores associados em pacientes internados em Unidades de Tratamento Intensivo no 122 Distrito Federal. Universidade de Brasília. Faculdade de Ciência da Saúde. Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde, 2007 2. Leiser JJ, Tognim MCB, Bedendo J. Infecções hospitalares de um centro de terapia intensiva de um hospital de ensino do norte do Paraiba. Cienc Cuid Saùde 2007 Abr/Jun; 6(2):181-186 3. Villas Bôas PJF, Ruiz T. 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