Conhecer o cliente. Como a estratégia de relacionamento é desenvolvida no Agrodistribuidor para criar valor para os fornecedores. André Luiz Pinotti Kita Caetano Haberli Jr. A experiência mostra que uma das melhores definições de marketing é aquela que foi escrita por Raimar Richers no livro “Marketing – Uma visão brasileira” (2000), explicada como a intenção de entender e atender o mercado. Esta, portanto, não é uma definição filosófica e sim uma definição tática e operacional. Fazer marketing começa, fundamentalmente, com o conhecimento do mercado, mas não só pelos aspectos e fundamentos macro-ambiental do segmento da indústria que se deseja conhecer. É muito importante ter a visão de uma arena bem maior que esta, onde se travam as grandes batalhas entre competidores para oferecer o seu produto: a mente do consumidor. Um ponto importante é que Marketing não pode ser considerado uma ciência pura. Marketing é multidisciplinar, é a aplicação dos conhecimentos das ciências econômicas, administrativas e das ciências humanas, sociologia, psicologia, antropologia e a filosofia. Isso torna esta disciplina tão atraente e desafiante no dia-a-dia das empresas, do varejo, dos fornecedores, ou seja, de todo um ambiente organizacional nas diversas atividades industriais. Da economia, buscando entender e estabelecer fundamentos para a construção dos cenários do setor estudado, o marketing empresta os conceitos de análises do macroambiente e da microeconomia. Da administração, o marketing toma as lições de estratégia para o estabelecimento de vantagens competitivas para criar e capturar valor no mercado. É fundamental, para que seja possível competir em condições de superioridade com os concorrentes, a compreensão dos compradores, consumidores e demais clientes principalmente para determinar os clientes potenciais. Para isso, o profissional de marketing aplica conhecimentos da psicologia que é estudo dos processos do pensamento. A psicologia se concentra, portanto, principalmente no indivíduo. Também o marketing precisa entender como os indivíduos se comportam em grupos. Conhecer conceito de sociologia ajuda na compreensão dos processos que envolvem nossos consumidores. Por fim a filosofia. A filosofia significa a amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber. É uma atividade de clarificação das próprias condições do conhecimento humano e esses conhecimentos permitem também, para o marketing, conhecer os compradores. Por que isso é importante? Parece bem razoável pensar que se um fornecedor conhece com quem negocia ofertando os produtos e serviços que desenvolve, poderá fazer com que o esforço de vender se torne mais baixo. Peter Drucker citou em 1992 que “pode-se presumir que sempre haverá alguma necessidade de vender. Mas, a meta do marketing é tornar a venda supérflua, é conhecer e entender tão bem o consumidor que o produto ou o serviço se adapte a ele e se venda sozinho”. Ou seja, conhecer o consumidor é conhecer seus problemas e as suas necessidades explícitas. Um caso típico de sucesso é o da empresa Apple. Seus produtos, de confiança e de qualidade, se enquadram diretamente no perfil do consumidor que desenvolveu uma paixão pela marca gerando resultados de alto impacto e com custos otimizados de marketing. Para que isso aconteça, na prática, o responsável de marketing terá que definir alguns pontos estratégicos. Terá que selecionar qual o público-alvo sua empresa e seus produtos serão capazes de atender, compreender a dinâmica de compra dos consumidores, posicionar seus produtos e serviços de forma diferenciada e pesquisar o mercado para encontrar oportunidades e minimizar ameaças. Após essas decisões, é possível, para o profissional de marketing, desenvolver produtos ou serviços para determinado público comprar, com o preço que eles estão dispostos a pagar, com a comunicação de marca, condizentes com as necessidades dos compradores e por fim, escolher e desenvolver o canal de distribuição mais adequado para alcançar os seus objetivos e metas de vendas, com o objetivo de obter o lucro desejável e dar o retorno suficiente para “pagar” o investimento e o capital investido pelos acionistas. Todo esse processo ocorre também no canal de distribuição: revendas, cooperativas e pontos de vendas. Nota-se que o Agrodistribuidor possui, além da capacidade de conhecer o seu cliente, também tem a condição de desenvolver uma relação duradoura para a retenção de uma quantidade suficiente de consumidores para alcançar rentabilidades almejadas. Para que isso seja possível algumas ferramentas de marketing podem ser utilizadas pelo Agrodistribuidor: 1. Elaboração da estratégia da revenda para alcançar seu principal objetivo – atender e ter uma relação duradora e de lealdade com seus compradores; 2. Estabelecer qual será o foco de venda do agrodistribuidor e segmentar seus clientes; 3. Adequação dos produtos escolhidos pelo agrodistribuidor para compor seu portfólio com um mix de produtos ideal para seus clientes; 4. A disposição dos produtos nas gôndolas buscando uma maior facilidade de acesso pelos seus clientes; 5. Estudar as necessidades dos consumidores visando obter o máximo de informações; 6. Gerar e entregar valor ao cliente; 7. Realização de alinhamentos estratégicos e atendimento de seus principais fornecedores; Essas questões afetam o Agrodistribuidor para a definição de suas competências em atender o mercado. Consequentemente, define o seu desempenho frente à concorrência, frente aos seus clientes. A gestão estratégica de marketing destes elementos busca quebrar as lacunas que por ventura possam impedir o crescimento e o desenvolvimento da Agrodistribuição. As implicações do conceito “entender para atender o mercado”, estão ligadas diretamente ao planejamento de longo prazo dos canais de distribuição. Um exemplo prático da falta de estratégia e planejamento é observado no layout da revenda, ou seja, alguns não sabem desenhar o “porta retrato” para que os clientes sejam retidos em um primeiro contato. Outro exemplo da falta de planejamento é a perda de clientes potenciais para os concorrentes ou a não retenção deles, deixando de explorar possibilidades de se criar lealdade (clientes que compram por convicção) e fidelidade (clientes que compram por conveniência), por parte do cliente. Esses são alguns aspectos que são supridas pelas ações que envolvem o marketing em geral. Planejar as atividades para o conhecimento do cliente passa por processos de CRM (Customer Relationship Management), que carrega as diversas disciplinas transversais ao marketing. Conhecer os clientes e suas relações com o fabricante e o agrodistribuidor são os atributos que mais proporcionam rentabilidade ao longo do tempo, consomem em menor proporção os recursos de marketing e de vendas, suportam um maior volume de compra e são os testes para o desenvolvimento de novos produtos e dos estudos de marcas preferidas presentes na prateleira do Agrodistribuidor. Isto é entender o mercado para depois atender o mercado. O Agrodistribuidor tem nas mãos todos os recursos e ferramentas para desenvolver as vantagens competitivas de qualquer fornecedor. Pense, refita e aplique.