1 FACULDADE REDENTOR DEPARTAMENTO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E ATUALIZAÇÃO APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE: O ORIENTADOR EDUCACIONAL COMO POTENCIALIZADOR DO PROCESSO. Autora: Dulcinéia Rodrigues Afonso Prof.ª Msc. Ivanete da R. S. Oliveira Três Rios, RJ 2011 2 FACULDADE REDENTOR DEPARTAMENTO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E ATUALIZAÇÃO Aprendizagem de alunos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: o Orientador educacional como potencializador do processo. Artigo apresentado ao Curso de Pós-graduação em Administração, Supervisão e Orientação Escolar como requisito à obtenção do título de especialista em Administração, Supervisão e Orientação Escolar. Aluna: Dulcinéia Rodrigues Afonso Orientadora: Prof. Msc. Ivanete da R. S. Oliveira Três Rios, RJ 2011 3 FOLHA DE APROVAÇÃO A aprendizagem de alunos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: o Orientador educacional como potencializador do processo. Dulcinéia Rodrigues Afonso Alunos Orientador: Banca Examinadora: Prof. Msc. Ivanete da Rosa Silva de Oliveira Prof. Dr Adilson Pereira 4 Dedico este trabalho à minha querida mãe. E aos meus alunos, que motivaram a escolha do tema. 5 AGRADECIMENTO Agradeço A Deus por me dar forças para realizar este trabalho em um momento tão difícil da minha vida. 6 A aprendizagem de alunos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade: o Orientador educacional como potencializador do processo. Dulcinéia Rodrigues Afonso1 Prof.ª Ms Ivanete da Rosa Silva de Oliveira2 RESUMO O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade, que será chamado neste TCC pela sigla TDAH, é um assunto pertinente a problemas de aprendizagem apresentados por algumas crianças durante a idade escolar. As considerações feitas nesse trabalho são produtos de estudo, pesquisa teórica e reflexão pessoal. Procurou-se aqui discorrer sobre como o TDAH prejudica a criança no desempenho escolar, as possíveis causas para o baixo rendimento, e indicações alternativas para o diagnóstico correto, tendo como abordagem principal, o papel da escola, do Orientador Educacional e do professor, no processo de tratamento e aprendizagem do aluno. O objetivo principal deste trabalho é compreender as dificuldades de aprendizagem causadas pelo TDAH e procurar soluções, apresentado propostas, que possam contribuir para amenizar o sofrimento dos alunos portadores desse transtorno. Também, pretende gerar uma reflexão sobre a importância de a escola atender, de modo diferenciado, aos alunos portadores de necessidades educacionais, especialmente com TDAH, sugerindo tarefas de apoio pedagógico adequada para alunos que apresentam deficiência em aprendizagem, em consonância às leis da Educação Especial no Brasil, dando uma contribuição significativa para a atuação do professor, tanto no contexto da sala de aula quanto no processo avaliativo. Palavras-chave: Aprendizagem; Orientador Educacional; Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade. SUMMARY The Attention Deficit Disorder with Hiperratividade, to be called by the acronym ADHD CBT this is an issue relevant to learning problems presented by some children at school age. The considerations in this work are the result of study, theoretical research and personal reflection. We tried to talk here about how ADHD impairs the child's academic performance, the possible causes for the lowincome, and alternative directions for the correct diagnosis, with the main approach, the role of the school's Guidance Counselor and teacher in treatment process and student learning. The main objective of this work is to understand the learning difficulties caused by ADHD and seek solutions, submitted proposals, which could contribute to alleviatethe suffering of students with this disorder. Also, you want to generate a reflection on the importance of the school meet, differently, tostudents with educational needs, especially with ADHD, suggesting tasks appropriateeducational support for students who havelearning disabilities, in accordance with the laws of Special Education in Brazil, giving asignificant contribution to teacher performance, both within the classroom and in the evaluation process. Keywords: Learning, Guidance Counselor,Attention Deficit Disorder with Hyperactivity. Licenciatura Plena em Pedagogia ( Habilitação em Administração Escolar do Ensino Fundamental e Médio e Supervisão Escolar do Ensino Fundamental e Médio ( USS) pós-graduanda em Administração, Supervisão e Orientação Educacional (FACREDENTOR) Professora da Rede Municipal de Ensino de Vassouras-RJ e Orientadora Pedagógica da Rede Municipal de Ensino de Paraíba do Sul-RJ. 2 Doutoranda em Políticas Públicas (UERJ), Mestre em Educação (UniFOA), Mestre em Educação Física (UGF), Licenciada em Pedagogia (UNIRIO), Bacharel e Licenciada em Educação Física (UniFOA). Professora de Ensino Superior (UniFOA) e da Rede Estadual de Ensino do Rio de Janeiro. 1 6 1- INTRODUÇÃO O tema central deste estudo é o (Transtorno de déficit de Atenção com Hiperatividade – TDAH), tendo como principal foco de interesse a contribuição dessa análise para a compreensão de como esse transtorno afeta a criança no desempenho escolar e propor alternativas motivadoras pertinentes ao Orientador Educacional, junto aos docentes, para amenizar as dificuldades de aprendizagem desses alunos. Segundo Rohde; Benczik (1999, p. 39), “este é um problema de saúde mental que tem três características básicas: a desatenção, a agitação ou hiperatividade e a impulsividade”. O transtorno poderá acarretar na criança diversas dificuldades emocionais, de relacionamento familiar e social, bem como um baixo rendimento escolar. O objetivo é compreender os comportamentos que interferem na aprendizagem. Portanto, acredita-se que essa compreensão contribuirá na busca de soluções que amenizem o sofrimento da criança, que na maioria das vezes, é a mais atingida. O interesse em realizar esse trabalho sobre TDAH, surgiu pelas dificuldades observadas em alguns alunos de baixo rendimento escolar, causado pela desatenção, agitação e impulsividade, apresentando dados essenciais como: frequentes falhas em terminar tarefas, não ouvir, agir sem pensar, dificuldade de concentração em trabalhos escolares e principalmente a incapacidade de permanecer sentado. O embasamento metodológico deste trabalho se deu através de referenciais bibliográficos e de uma pesquisa qualitativa-descritiva, analisando os vários fatores que podem influir nas dificuldades de aprendizagem dos alunos com TDAH, objetivando melhor compreensão e proximidade com o assunto e buscando soluções para o mesmo. Recorrendo a vários autores como ANTUNES (2002), BENCZIK e RODHD (1999), BOSSA (2000), DROUET (2000). REGO (1998), SMITH e STRICK (2001). VYGOTSKY (1998), foi possível aprender a conceituação, bem como a caracterização desse transtorno que, por muitas vezes, marginaliza a criança e contribui para a introjeção de esteriótipos: produzidos, principalmente pelas dificuldades de aprendizagem. 7 3- DESENVOLVIMENTO “Em 1980, a Academia Americana de Psiquiatria, considerando imprecisos os conceitos de DCM, hiperatividade, criança hipercinética, distúrbios de aprendizagem e outros, unificou-os em uma nova síndrome, ADM (Attention Déficit Disordes) ou TDA (Transtorno de Déficit de Atenção)” (HUGHES,1983,p.45). A justificativa foi que o "defeito” básico situar-se-ia na esfera da atenção, daí decorrendo todas as possíveis manifestações clínicas, seja de comportamento ou de aprendizagem. A criança em fase escolar será o alvo central do estudo. Nesta fase quando a hiperatividade começa a se manifestar, é hora do professor e da escola, intervir e buscar ajuda de um profissional que irá esclarecer e orientar sobre o processo de tratamento. Este trabalho constitui-se em um estudo sobre os vários aspectos desse transtorno, viabilizando uma maior compreensão dos sintomas, apresentando uma proposta para a educação de crianças com TDAH e atividades que poderão ajudá-las, para que seja integrada na escola, alertando da necessidade do conhecimento sobre o assunto por parte dos educadores. Porém, antes de aprofundar o assunto sobre TDAH, é importante que se discorra sobre aprendizagem, dificuldades de aprendizagem e causas das dificuldades de aprendizagem. Bossa (2000) afirma que nascemos com uma tendência nata para a aprendizagem e que a curiosidade é uma característica que surge bem cedo na nossa vida, assim a aprendizagem e a construção do conhecimento, são processos naturais e espontâneos na espécie humana, e caso isso não ocorra, algo está sendo contrariado na lei da natureza e é preciso identificar a causa e combater o sintoma. Segundo Bossa (2000), a aprendizagem no indivíduo acontece gradualmente. Assim, aprende-se aos poucos durante toda nossa vida. Então, a aprendizagem é um processo contínuo e cada indivíduo tem o seu ritmo próprio de aprendizagem. Isso acontece quando as experiências anteriores juntam-se à nova aprendizagem. O primeiro estágio de desenvolvimento da inteligência é chamado sensoriomotor e termina mais ou menos aos 2 anos de idade. Neste estágio a inteligência é o tipo prático, isto é, a criança “conhece” o mundo através dos órgãos dos sentidos e dos movimentos ou das ações. ( DROUET, 2000, p 13) Entre dois e sete anos de idade é o momento em que a criança tem alto grau de aprendizagem, e por volta dos cinco anos se forem devidamente estimuladas, dominam com facilidade suas expressões em sua ação com os outros e sabem usar símbolos. 8 “Nesta fase vivem o que em sua teoria Jean Piaget chamou de estágio préoperatório e evoluem rapidamente na capacidade de representação mental do objeto, pessoas ou evento”. (ANTUNES, 2002, p.22) No estágio pré-operatório as crianças aprendem não só agindo mas também refletindo suas ações, estando assim esse estágio à frente do sensório-motor. “Já por volta dos 7 anos, a criança já começa a perceber algumas limitações e entra no estágio que Piaget define como operatório-concreto”. (ANTUNES, 2002, p. 23) Nesse momento da vida a criança já usa o pensamento para resolver problemas do dia-a-dia, nessa fase há um aprimoramento da memória e aumento da memória de curta duração. É quando está iniciando o ensino fundamental e é de suma importância que tenha professores que priorizem a construção de significados em suas aprendizagens. De acordo com Drouet (2000), entretanto, seu sistema nervoso, seus sentidos e todos os órgãos devem funcionar perfeitamente. Enfim, é necessário que a criança apresente bom estado mental e físico. Se algo não vai bem em qualquer área do organismo, pode implicar em problemas de aprendizagem. Segundo Smith e Strick (2001, p.21) “Os fatores biológicos que contribuem para as dificuldades de aprendizagem podem ser divididos em quatro categorias gerais: lesão cerebral, erros no desenvolvimento cerebral, desequilíbrio neuroquímico e hereditariedade.” Falaremos a seguir sobre cada um deles separadamente, e sobre alguns fatores ambientais que podem influir na aprendizagem e no desenvolvimento. Segundo Smith e Strick (2001), a Lesão cerebral é uma grande causadora das dificuldades de aprendizagem. Entre esses tipos de lesão estão: “acidentes, hemorragias cerebrais e tumores, doenças como encefalite e meningite, transtornos glandulares nãotratados na primeira infância, a desnutrição e a exposição a substâncias químicas tóxicas (como chumbo e pesticidas)” Tratamentos com radiação e quimioterapia, principalmente se a radiação foi aplicada no cérebro, também causam dificuldades de aprendizagem. De acordo com as autoras, ocorrem lesões cerebrais ao feto, quando acontecem doenças durante a gravidez, como: diabete, doença renal, sarampo, entre outras. Assim como, a exposição pré-natal a drogas que “está claramente associada a uma variedade de dificuldades de aprendizagem, incluindo atrasos cognitivos, déficits da atenção, hiperatividade e problemas de memória.” (SMITH; STRICK ,2001) Muitas vezes as crianças que sofreram lesão cerebral apresentam problemas físicos tão urgentes, que problemas como dificuldades de aprendizagem, são ignorados. Porém, após ocorrer lesão cerebral, é importante que se busque por um programa que envolva vários tipos 9 de apoio coordenados, como: terapia física, fonológica, apoio psicopedagógico e se for necessário com um programa de educação especial. Erro no desenvolvimento cerebral: “Nos nove meses que antecedem o parto todas as estruturas básicas do cérebro são formadas. O sistema nervoso de um feto cresce em estágios com diferentes regiões cerebrais, formando-se em diferentes momentos durante a gravidez.” (SMITH E STRICK ,2001, p.24) Desde a concepção já começa o desenvolvimento do cérebro. Um período crítico do desenvolvimento é do quinto ao sétimo mês de gestação, quando as células movem-se para suas posições apropriadas no córtex cerebral. O córtex, uma estrutura de múltiplas camadas que forma a carapaça externa do cérebro, está envolvido em praticamente todos os aspectos da atividade consciente. O funcionamento apropriado do córtex cerebral é essencial para o pensamento e a aprendizagem. (SMITH; STRICK, 2001, p.24) Os especialistas acreditam que alterações no desenvolvimento cerebral pré-natal, durante períodos críticos de formação do cérebro, podem causar erros que serão responsáveis por muitas dificuldades de aprendizagem. “Uma vez que a aprendizagem e outros comportamentos complexos dependem da ativação de circuitos, envolvendo diversas áreas do cérebro, pode afetar o crescimento em outro ponto do sistema.” (SMITH E STRICK, 2001, p.24) Dificilmente um aluno que apresenta dificuldades de aprendizagem tem um único problema isolado. O processo contínuo de amadurecimento cerebral explica porque as crianças tornam-se gradualmente capazes de fazer coisas que não faziam antes. Os bebês aprendem a falar e andar, por exemplo, porque as conexões neurais necessárias são formadas entre um e dois anos de idade. Em alguns casos, o cérebro desenvolve-se a ponto de a criança poder assumir desafios notavelmente sofisticados. (SMITH; STRICK ,2001, p.24) Desequilíbrios neuroquímicos: os desequilíbrios neuroquímicos podem contribuir para alguns transtornos de aprendizagem, como transtorno de déficit de atenção/ hiperatividade (TDAH). O desequilíbrio neuroquímico acontece da seguinte forma: As células cerebrais comunicam-se umas com as outras por meio de “mensageiros” químicos chamados de neurotransmissores. Qualquer mudança no clima químico delicadamente equilibrado do cérebro pode interferir nesses neurotransmissores e prejudicar a capacidade do cérebro para funcionar adequadamente. (SMITH; STRICK ,2001, p. 26, grifo do autor). Hereditariedade: De acordo com pesquisas já realizadas, o desenvolvimento de dificuldades de aprendizagem podem ser causadas por hereditariedade, ou seja, os desequilíbrios neuroquímicos podem ter origem genética, visto que, estudos feitos sobre crianças de famílias com dificuldades de aprendizagem, indicam incidência mais alta que a média de parentes com problemas similares. Descobriu-se que 60% das crianças com 10 dificuldade de aprendizagem tinham pais e/ou irmãos com problemas de aprendizagem, enquanto 25% identificaram avós, tios e tias com dificuldades de aprendizagem. (SMITH; STRICK, 2001, p. 28). Na maioria das vezes as dificuldades de aprendizagem são causadas por problemas fisiológicos. Porém, as condições em que as crianças vivem em seu ambiente doméstico ou escolar, podem afetar seu desenvolvimento intelectual e seu potencial para aprendizagem, causando dificuldades de aprendizagem. Pois se essas crianças forem privadas de um ambiente estimulante, principalmente nos primeiros anos de vida, irão adquirir habilidades cognitivas básicas, mais lentamente. Demonstrando também pouca habilidade social, pouca curiosidade ou interesse em aprender, não desenvolverão autoconfiança. Consequentemente, essas crianças, já entrarão para escola com atrasos sociais e cognitivos significativos e raramente chegarão ao mesmo patamar que outras, mesmo com auxílio especial, e dificilmente juntarão recursos necessários para superarem deficiências neurocognitivas, porque esses alunos são menos persistentes que outras crianças, quando encontram problemas. De acordo com Smith e Strick (2001), muitos aspectos do ambiente doméstico podem prejudicar a capacidade de aprendizagem de uma criança, como: fraca nutrição alimentar, sono insuficiente, crianças freqüentemente enfermas devido a pouca higiene ou a cuidados médicos abaixo do aceitável, crianças criadas por pais separados, que falam mal o idioma, que não oferecem material escolar, horário para realização de tarefas, local relativamente tranqüilo para estudo, pouco encorajamento, baixas expectativas, a ansiedade em relação a dinheiro ou a mudança de residência, a discórdia familiar, crianças que vêem muita televisão – estes tendem a ter atraso na fala, o que afeta sua capacidade de expressar e compreender, ficando assim em situação de risco para problemas de leitura e escrita. Qualquer um desses fatores pode reduzir de modo significativo as chances de uma criança superar certa dificuldade de aprendizagem, de assumir riscos e ser receptiva a novas situações que são importantes para o sucesso escolar. Entretanto, segundo pesquisas, um ambiente estimulante e encorajador produzirá estudantes dispostos a aprender, mesmo que tenha problemas fisiológicos, pois com estímulos buscarão formas de contornar suas deficiências Assim, sem descartar as definições biológicas da espécie humana, Vygotsky, atribui uma grande importância a dimensão social nas relações do indivíduo com o mundo. Diz que “o desenvolvimento pleno do ser humano depende do aprendizado que realiza a 11 partir da interação com outros indivíduos da sua espécie”. (VYGOTSKY, 1998). “O aprendizado pressupõe uma natureza social específica, um processo através do qual a criança penetra na vida intelectual daqueles que a cercam”. (REGO, 1998, p.71) Segundo Vygotsky (1998), há dois níveis de desenvolvimento: o real e o potencial. O nível de desenvolvimento real refere-se àquelas conquistas que já estão consolidadas na criança, ou seja, já consegue utilizar sozinha porque são funções ou capacidades que ela aprendeu e domina, sem assistência de alguém mais experiente. São ciclos de desenvolvimento que já se completaram. O nível de desenvolvimento potencial também se refere àquilo que a criança é capaz de fazer, só que necessita da ajuda de outras pessoas. Segundo Rego (1998), “À distância entre aquilo que ela é capaz de fazer de forma autônoma (nível de desenvolvimento real) e aquilo que ela realiza em colaboração com os outros elementos do seu grupo social (nível de desenvolvimento potencial) Vygotsky chama de zona proximal ou potencial”. Smith e Strick (2001) afirmam que, as crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem passam por grande sofrimento, porque fica em maior evidência as dificuldades nas áreas que interferem na aquisição de habilidades básicas, como leitura, escrita e matemática. Sofrem um bloqueio, sentindo–se desvalorizadas, porque vão mal nessas áreas que muitas vezes são mais valorizadas pela sociedade, em detrimento das outras que conseguem ser mais criativas. Segundo Smith e Strick (2001), a situação das crianças com dificuldades de aprendizagem torna-se muito complicada quando ele ingressa na escola, por que enfrentam muitos problemas. Estas crianças costumam distraírem-se com muita facilidade, muitas vezes perdem o interesse pelas atividades ou deixa-as inacabadas ou pulam etapas, devido a pouca atenção. Seguir instruções para elas torna-se complicado por causa da dificuldade de entendê-las completamente, por esse motivo, pede ajuda o tempo todo para exercer tarefas simples, ou costumam ser muito teimosas e inflexíveis, não aceitando ajuda ou sugestões, mesmo quando as coisas não funcionam. Demonstram muita imaturidade, agindo como se fosse mais jovem que a idade cronológica. Tem dificuldades para se organizar ou planejar suas atividades, parecem não ter sensação de tempo e freqüência. Estão sempre atrasadas, esquecem compromissos ou esquecem de fazer tarefas, tem dificuldades em realizar várias tarefas, se perdem ou não sabem por onde começar. Costumam perder as lições, roupas e objetos. 12 Tem grandes dificuldades na coordenação motora, derruba objetos, deixa cair as coisas, derrama, parecem desajeitadas, demonstrando dificuldade para atividades esportivas. Costumam tem péssima caligrafia. Muitas vezes não controlam seus impulsos, mexem em tudo que prende sua atenção, falam sem pensar ou tem dificuldades de esperar a vez de falar ou mudam de assunto repentinamente. Esses comportamentos surgem a partir das mesmas condições neurológicas que causam problemas de aprendizagem. Porém, um dos distúrbios mais freqüentes, causadores das dificuldades de aprendizagem e que é o ponto central do nosso trabalho é o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade). “O TDAH se caracteriza por dois grupos de sintomas: (1) a desatenção e (2) a agitação (ou hiperatividade) e a impulsividade”. (ROHDE; BENCZIK, 1999). Os déficits de atenção podem ocorrer com ou sem hiperatividade, assim como também existem crianças que são hiperativas e impulsivas e apresentam menos problemas de atenção. Os sintomas que fazem parte da lista que sugerem o TDAH, de acordo com o manual mais usado pelos profissionais da área, Segundo Smith e Strick (2001, pág 39),os sintomas abaixo fazem parte do grupo de desatenção: Deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras; tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas; parece não escutar, quando lhe dirigem a palavra; não segue instruções e não termina seus deveres escolares e tarefas domésticas; tem dificuldades para organizar tarefas e atividades; reluta em envolver-se em tarefas ou atividades ou evita-as (por exemplo, tarefas escolares ou deveres de casa); perde coisas (como brinquedos, tarefas de casa, livros, lápis); distrai-se facilmente com visões e sons irrelevantes; apresenta esquecimento em tarefas diárias. Ainda segundo Smith e Strick (2001, p. 39), os sintomas a seguir fazem parte do grupo de Hiperatividade e Impulsividade: Retorce os pés e as mãos, remexendo-se na cadeira; deixa a cadeira na sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado (como à mesa do jantar); corre e sobe demasiadamente nos objetos em situações nas quais isso é impróprio; tem dificuldade para brincar em silêncio; com freqüência, está “a mil” ou age como se “impulsionada por um motor”; fala excessivamente; dá respostas precipitadas antes de as questões terem sido completadas; tem dificuldades em esperar sua vez; com freqüência, interrompe ou intromete-se nos assuntos de outros (intromete-se em conversas ou brincadeiras). 13 Pesquisas mostram que para que se pense em um diagnóstico de desatenção ou de hiperatividade/impulsividade, é necessário que haja pelo menos seis de um dos sintomas e que esse se prolongue por um grande período. Entretanto, segundo Rohde e Benczik, (1999), sabe-se mais sobre o que não causa o TDAH do que sobre as reais causas do transtorno. Entretanto, pesquisas mais recentes, tem sugerido algumas pistas como: hereditariedade, problemas durante gravidez ou parto, alimentação, hormônios ou problemas familiares, “Tais características familiares englobam: funcionamento familiar caótico; alto grau de discórdia conjugal; baixa instrução materna; família com apenas um dos pais, ou que o pai abandonou a família.” (ROHDE; BENCZIK, 1999, p.61) Não existe idade exata para que o TDAH se inicie, pode ser notado em crianças pré-escolares na faixa etária de 3 a 6 anos, entretanto os sintomas ficam mais evidentes dos 7 aos 12 anos, quando se exige uma atividade mais concentrada e prolongada do cérebro. Sabemos que hoje em dia, com seis meses, muitas crianças já freqüentam creches. Muito cedo a escola começa a fazer parte da vida do ser humano, onde começam seus relacionamentos com outras, extravasam impulsos, conquistam espaços, conhecem seus limites, definem sua personalidades e apresentam suas características. É exatamente aí que são percebidos os distúrbios, é quando começam a apresentar comportamentos diferentes dos padrões da normalidade. Porém, para que seja diagnosticada como portadora de TDAH, estes devem ser notados também em outros ambientes em que a criança freqüenta, para que possa diminuir a chance de considerar que o problema esteja acontecendo apenas na escola ou apenas em casa. “As crianças com TDAH, são difíceis de cuidar em casa e de ensinar na escola, estão entre as crianças mais propensas ao encaminhamento para auxílio pedagógico, ação disciplinar e serviços de saúde mental.” (SMITH; STRICK , 2001 p 38). É preciso estar atento ao comportamento desses alunos para que o diagnóstico seja realizado o mais breve possível, visto que pesquisas apontam que cerca de 5% das crianças e adolescentes com TDAH entre delinqüentes, estes apresentam problemas de comportamento, como: agressividade, mentiras, roubo, oposição ou desafios às regras. Também podem estar mais propensos a abusos ou dependência de drogas como: maconha, cocaína, tabagismo ou outras substâncias e álcool. Portanto, esses problemas de conduta, junto com baixa auto-estima e fraco desempenho escolar diminuem as chances de terminarem os estudos e encontrarem emprego. Segundo Smith e Strick, (2001) tempos atrás, pensava-se que o TDAH acometia mais meninos que meninas, hoje, especialistas acreditam que ambos apresentam o mesmo 14 risco. Entretanto os meninos com o transtorno, tendem a exibir comportamentos agressivos com mais freqüência, por esse motivo as chances de serem mais notados e encaminhados para avaliação e auxilio especial são maiores que as meninas, que já que não chamam tanta atenção para si correm o risco de não obterem ajuda necessária. Assim, também estão menos propensos a serem encaminhados para tratamento, meninos que tem déficits de atenção sem hiperatividade. Segundo Gonçalves, (2011), todo comportamento como: incapacidade de atenção, hiperatividade ou impulsividade, deverá ser encaminhado para orientação específica, pois pode estar contido em um espectro mais amplo, talvez precisando de ajuda profissional especializada.” De acordo com Moraes, geralmente, crianças portadoras de TDAH são as mais prejudicadas na escola, porque usam raciocínio e estratégias que fogem a exigências acadêmicas. Para essas crianças é necessária maior flexibilidade em sala de aula. Devem ter professores capacitados para lidar com os mesmos, professores que as encorajem a trabalhar ao seu próprio modo, para que assim possam progredir. Caso contrário estes estudantes não conseguem manter-se motivados por muito tempo. Segundo Smith e Strick (2001) o ambiente escolar inapropriado pode levar até mesmo as mais leves deficiências a tornarem-se grandes problemas. De acordo com a LDB nº 9.394/96 em seu Capítulo V, artigo 58: a educação especial refere-se à modalidade de educação escolar “oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educandos portadores de necessidades especiais”.(LDB nº 9.394/96) Considera-se “alunos com necessidades educacionais especiais aqueles que apresentam significativas diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais decorrentes de fatores inatos ou adquiridos, de caráter permanente ou temporário, que resultem em dificuldades ou impedimentos no desenvolvimento do seu processo ensino-aprendizagem.” (LDB nº 9.394/96 , Capítulo V, artigo 58) O Estatuto da Criança e do Adolescente- ECA, Lei nº8.069/90, no artigo 55, reforça os dispositivos legais ao determinar que “os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino” As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º, determinam que: “Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades educativas especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos (MEC/SEESP, 2001).” 15 “O princípio da inclusão aponta para uma pedagogia equilibrada, entendendo que as diferenças humanas são normais e que a aprendizagem deve ajustar-se às necessidades de cada aluno, e não os alunos adaptarem-se ao ritmo imposto pelo processo educativo” (GOFFREDO, 2007, p 55) Ao receber a criança com TDAH, a escola deve estar apoiada nos parâmetros da “educação inclusiva” para que estas não se sintam estigmatizadas ou rotuladas e não percam o interesse pela educação. É necessários que sintam-se integradas ao meio escolar para que suas aprendizagens aconteçam. É importante que a escola esteja bem atenta, pois o TDAH pode vir acompanhado de outros transtornos como Dislexia, Disgrafia e Discalculia ou outras síndromes neurológicas e psiquiátricas, alem de problemas sociais no ambiente escolar. “Então, a educação como fator de inclusão educacional e social irá demandar seu desenvolvimento sob a égide do professor crítico na escola, locus legítimo para o exercício do ensino-aprendizagem dos alunos com deficiência” (COSTA, 2007, p 63) Muitos pensam que se a criança não apresenta comportamento hiperativo pode ser descartada a possibilidade de TDAH, isso porque o público leigo conhece esse transtorno apenas como Hiperatividade. Porém, é necessário estar atento aos sintomas, visto que, quanto mais tempo o portador do transtorno permanecer sem diagnóstico, maior será o sofrimento do paciente e maior será a necessidade de tratamento psicoterápico e pedagógico. Quanto mais precocemente à criança for diagnosticada maior será sua recuperação e adaptação à escola. Se diagnosticada ainda na pré-escola menor será o efeito psicológico negativo, enquanto em um adulto sua recuperação pode ser muito difícil por já ter sofrido com tantos problemas sociais. Pessoas que conheçam os sintomas podem até suspeitar que a criança apresente o transtorno, porém o diagnóstico é fundamentalmente clínico e só deve ser realizado por um profissional da área de saúde mental. “É de extrema relevância o conhecimento profundo do desenvolvimento normal e patológico.” (ROHDE; BENZICK, 1999) Pois segundo as autoras, é muito difícil o diagnóstico baseado apenas nas atitudes da criança, até para os especialistas, e o trabalho em equipe com outros profissionais enriquece muito o processo diagnóstico “Para haver certeza de um diagnóstico de TDAH, é necessária uma avaliação completa. A American Psychiatric Association recomenda que todas as condições a seguir sejam reunidas, antes de um diagnóstico de TDAH poder ser confirmado”: (SMITH; STRICK, 2001, p 41) 16 muitos sintomas do transtorno estão presentes; os sintomas são suficientemente graves para prejudicar o funcionamento escolar e/ ou social;os sintomas são inconsistentes com o nível de desenvolvimento de uma criança ; os sintomas persistiram seis meses ou mais; os sintomas estavam presentes antes dos sete anos de idade;os sintomas são observados tanto na escola quanto em casa;não existem evidências de uma condição de saúde ou doença mental que pudesse causar problemas similares. (SMITH; STRICK, 2001, p.41). Segundo Ronde e Benczik, (1999) após a avaliação, é necessária a combinação de várias das seguintes intervenções: ”esclarecimento familiar sobre o TDAH; orientação de manejo para a família; intervenção psicoterápica com a criança; uso de medicação; intervenção psicopedagógica e/ou de reforço de conteúdos; orientação de manejo para os professores.” O primeiro passo que a escola deve tomar é o esclarecimento familiar. Isso é fundamental para que tenham a noção exata da situação em que a criança se encontra pra que “rótulos” e noções erradas possam ser corrigidos. Orientação de manejo para os pais: relacionar-se com os filhos que apresentam o transtorno é muitas vezes desgastante e complicado. Portanto dificilmente os pais conseguirão solucionar sozinhos a situação, mesmo seguindo dicas e/ou estratégias que podem ser muito úteis. Porém dificilmente as estratégias propostas funcionarão sem a associação com intervenções psicoterápicas. Os pais devem aprender a reagir aos limites de seu filho de maneira positiva e ativa. Aceitar o diagnóstico de TDAH significa aceitar a necessidade de fazer modificações no ambiente da criança. A rotina deve ser consistente e raramente variar. As regras devem ser dadas de maneira clara e concisa. Atividades ou situações em que já ocorreram problemas devem ser evitadas ou cuidadosamente planejadas. (BASTOS; BUENO, 2001) É preciso que os pais entendam que simplesmente punir os filhos, não irá reduzir os sintomas de TDAH. A punição só trará mudança de comportamento para crianças com o transtorno, se for acompanhada de uma estratégia de controle, relacionada apenas a um comportamento declaradamente desobediente. “O ser humano, ao nascer, não tem ainda uma ética definida. E somos nós, os pais que temos esta tarefa fundamental e espetacular- passar para as novas gerações esses conceitos tão importantes e que conferem ao homem a sua humanidade” (ZAGURY, 2002, p. 19). Intervenção psicoterápica: crianças e /ou adolescentes que apresentam TDAH, na maioria das vezes necessitam de um acompanhamento psicoterápico. Estratégias cognitivocomportamentais são fundamentais para o manejo adequado dos sintomas deste transtorno, 17 visto que, muitas vezes é acompanhado de sintomas de ansiedade, de depressão e de baixa auto-estima. Medicação: é de responsabilidade do profissional que está atendendo a criança o uso ou não de medicação, bem como o tipo a ser utilizado. Vários estudos já realizados, afirmam que com o uso correto de remédios, mais de 70% das crianças e adolescentes, apresentam melhoras significativas dos sintomas de desatenção, de hiperatividade ou impulsividade na escola e em casa. Porém, é preciso muita atenção dos especialistas ao fazer o diagnóstico, pois nem todas as criança e adolescentes com TDAH precisam de medicamentos. As que apresentam sintomas leves e que tem boa capacidade cognitiva podem necessitar apenas de estratégias de manejo cognitivo-comportamentais na escola ou em casa acompanhados de intervenção psicoterápicas. Intervenção psicopedagógica: Uma média de 25 a 30 % das crianças e adolescentes com TDAH apresentam problemas de aprendizagem secundários ou associados ao transtorno. Portanto, a intervenção psicopedagógica é fundamental. Nesses casos reforço de conteúdo ou tratamento sintomatológico não irão resolver as lacunas na aprendizagem. É necessário um trabalho de reconstrução das habilidades e conteúdos que ficaram para trás, que deve ser feito por um psicopedagogo ou fonoaudiólogo, ou seja, por um profissional especializado. Um trabalho individualizado com essa criança será de grande valia para o sucesso de suas aprendizagens. Orientação de manejo para os professores: Os professores têm um papel de suma importância no processo de aprendizagem de alunos portadores de TDAH e devem estar capacitados, devem receber orientação especial para trabalhar na educação dessas crianças, para que o problema não acentue, baixando ainda mais a auto-estima e a concepção que terão sobre a escola. Contatos freqüentes do professor com os pais desses alunos e uma boa relação entre escola e pais, é fundamental para que a criança de maior feedback na aprendizagem. Apesar de cuidados especiais e professores com preparo especial, a maior parte das crianças com o transtorno não precisa de educação especial. A menos que seus problemas sejam bastante sérios, esses estudantes podem funcionar bem em salas de aula normais com auxilio de professores atenciosos, boas técnicas de manejo em sala de aula, e ocasionalmente medicamentos. (SMITH; STRICK, 2001, p.41) A consciência do professor, de que o transtorno limita a capacidade da criança e seu lado sensível tanto emocional quanto criativo, será de grande importância para o sucesso no desenvolvimento do seu trabalho. Se a aula for bastante interessante a criança se sentirá motivada e estimulada e muitas daquelas que apresentam o transtorno, terá 18 capacidade de ficar parada, quietas e atentas por bastante tempo, principalmente se os estímulos forem individualizados. Para que possam receber maior atenção do professor, deve-se evitar colocar crianças com tais transtornos em classes com um número muito grande de alunos, ou com muitos estímulos visuais. Caso não seja possível será necessário que nessa classe haja um monitor para auxiliar esse aluno em suas atividades, para que não fiquem desatentos e hiperativos, visto que, as crianças com problemas de aprendizagem têm grandes dificuldades para estudar sozinhas, geralmente precisam de um tempo e de orientação extras, para dominarem as informações. Entretanto quando alguma coisa é aprendida, os estudantes com TDAH recordam e usam a informação tão bem quanto qualquer outra pessoa. Ensinar bons hábitos de estudo e organização, poderá ajudar muito em suas aprendizagens. É preciso perceber também qual o estilo de aprendizagem desse aluno, e fazer mudanças e adaptações curriculares para que alunos atrasados em seu desenvolvimento intelectual não se tornem mais desatentos e entediados sem saber o que está acontecendo. Uma criança que se distrai com facilidade, por que têm problemas para manter a atenção, não conseguirá concentrar-se em locais com muitos estímulos visuais ou auditivos. Intervenção do Orientador Educacional. De acordo com estudos já realizados pelos autores citados neste trabalho, o Orientador Educacional poderá usar algumas estratégias, tornando mais fácil e agradável o trabalho do professor em sala de aula com alunos com TDAH, ou até mesmo com alunos que não apresentam o transtorno, no sentido de obter maior qualidade do processo ensino-aprendizagem, como veremos a seguir: O orientador poderá sentar-se com a criança ou adolescente em um lugar onde possam estar a sós, e perguntar como ela acha que aprenderá melhor. Aproveitar as sugestões que ela dará. Isso pode acontecer semanalmente por alguns minutos com cada criança. Dar um feedback de como ela está se saindo nesse processo de aprendizagem, percebendo seu progresso ou dificuldades e ouvindo também a opinião dela. Uma oportunidade de melhorar a comunicação entre os pais e Orientador Educacional, seria criando um caderno para casa onde os pais pudessem acompanhar o desenvolvimento do seu filho. Orientar os professores a desenvolver as tarefas de forma mais lúdica, de modo a motivar a aprendizagem, a assinalar e elogiar o sucesso da criança. O Orientador poderá ver se há possibilidade de uso de outra alternativa, como digitar no computador, porque escrever a mão para essas crianças pode ser uma tarefa difícil. 19 Muitas dessas crianças apresentam dificuldades de manter a atenção e seguir regras, portanto a avaliação seria mais interessante e com melhores resultados, se fossem avaliados mais pela qualidade que pela quantidade. O importante é que se aprenda, não o quanto se aprenda. Evitar testes cronometrados. O orientador Educacional deverá orientar o professor a manter uma rotina de trabalho o mais constante e previsível possível. Quando for necessária qualquer mudança nessa rotina o aluno deve ser avisado, pois crianças com TDAH necessitam de ambiente muito bem estruturado para não se perder. Orientar o professor a dividir as tarefas, em várias pequenas tarefas. Elas não conseguem prender a tensão por longo tempo em uma mesma atividade, perdem o estímulo e acabam por não terminar. A variação de recursos de ensino também é importante para que mantenha a atenção. Geralmente aprendem melhor quando tem a oportunidade de visualizar, ler em voz alta, e são estimuladas a participar. O reforço positivo do comportamento esperando, como elogios ou recompensas, é a base da redução do comportamento hiperativo e/ou impulsivo. O trabalho do orientador nesse momento é muito importante. Deve-se evitar ao máximo, punições, expulsões ou advertências. Quando estratégias punitivas forem realmente necessárias, deve–se explicar a elas claramente o motivo pelo qual estão sendo punidas, imediatamente, é fundamental que estabeleçam relação causa-efeito. Em alguns momentos essas crianças, por estarem tão hiperativas, necessitam se organizar internamente. Uma boa estratégia, é permitir que saia de sala por alguns minutos, acompanhadas quando necessário, ou se possível sozinhas. É importante que o orientador tenha claro e deixe claro para o professor, que a criança enquanto aprende desenvolve novas habilidades e aumenta suas possibilidades cognitivas. Do mesmo modo, se desenvolvendo, constrói estruturas que dão oportunidades para novas aprendizagens, pois aprendizagem e desenvolvimento interagem constantemente. Portanto, para suprir essas deficiências a criança precisa constantemente de novas atividades estimuladoras. Formular uma proposta, com embasamento nos dispositivos legais e com implementação de políticas públicas advindas desses dispositivos, para que a criança e o adolescente com TDAH estejam integrados na escola a na sociedade, é muito importante na prática pedagógica do Orientador Educacional, vinculando a possibilidade de os professores coletivamente voltarem-se para este problema compreendendo-o em sua essência. 20 4- CONCLUSÃO As metodologias examinadas mostraram-se adequadas para a elaboração desse TCC, porém é importante enfatizar que a compreensão sobre as causas do baixo rendimento escolar motivada pelo TDAH, e indicações alternativas para o diagnóstico correto é ainda inicial. Através da elaboração desse trabalho, pode-se notar que apesar de o TDAH não ser um problema novo, somente no último século começou-se a estudar tal assunto que atinge uma grande parcela da população. Percebe-se que o conhecimento sobre TDAH na comunidade científica está bem avançado, o que não acontece com a população leiga. A demora do diagnóstico acaba tornando-se um dos maiores problemas em relação à doença, acarretando dificuldades na escola e também sociais, levando crianças e adolescentes a terem problemas na aprendizagem. Nota-se também a importância de um acompanhamento multidisciplinar da criança ou adolescente com TDAH. A interação psicofarmacológica, psicoterápica, psicopedagógica, orientações aos pais e professores são fundamentais para ajudar os hiperativos a integrarse socialmente. A escola, como instituição que objetiva preparar o indivíduo para o convívio em sociedade, tem papel fundamental, assim como o Orientador Educacional, no processo de auxílio ao tratamento, usando de estratégias de manejo dessas crianças e adolescentes, para que haja a inserção das mesmas na sociedade. Na tentativa de aliviar o sofrimento, desde os problemas de aprendizagem ao relacionamento social que para estas crianças e adolescentes é geralmente conturbado. Aos profissionais de educação, uma conscientização maior e, acima de tudo, a postura de verdadeira responsabilidade do educador no sentido de que olhem o problema de vários pontos de vista. Embora as dificuldades de aprendizagem tenham se tomado o foco de pesquisas mais intensas nos últimos anos, elas ainda são pouco entendidas pelo público em geral, entre professores e outros profissionais da educação. Portanto, ainda existe muito trabalho a ser feito. Em muitas escolas, a falta de consciência sobre as necessidades de estudantes com deficiência e o apoio inadequado para os professores, as exigências de currículo, ausência de uma clara filosofia educacional, continuam impedindo programas de qualidade. 21 5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, C. Novas maneiras de ensinar, novas formas de aprender. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2002. BASTOS, Fernando L. BUENO, Marcelo. C. Diabinhos: Tudo sobre o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (ADD), 2001. Disponível em http://www.profala.com/arteducesp28.htm Acesso em 10/09/2011. BOSSA, N. A. Dificuldades de aprendizagem, o que são? Como trata´-las? Porto Alegre: Artmed. 2000. Brasil. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Marcos Político-Legais da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. – 2010. CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. Câmara de Educação Básica. Resolução CNE/CEB 2/2001. Diário Oficial da União. Brasília, 14/09/2001. COSTA, V. A. da. Os processos de inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais: políticas e sistemas. Rio de Janeiro: Ed. UNIRIO/CEAD, 2007. DROUET, R. C. da R.. Distúrbios da aprendizagem. 4 ed. São Paulo: Ática, 2000. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. Ministério da Justiça. Secretaria da Cidadania e Departamento da Criança e do Adolescente: Brasília, 1990. GOFFREDO, V. F. S. de. Fundamentos da Educação Especial. 1 ed. Rio de Janeiro: Ed. UNIRIO/CEAD, 2007. GONÇALVES, P. S. Coleção eu gosto mais, usar e gostar só começar. Hiperatividade e distúrbio de déficti de atenção. IBEP - Coleção Eu Gosto, 2011. Disponível em http://www.colecaoeugosto.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=158:hip eratividade-e-disturbio-de-deficit-de-atencao&catid=76:sala-dos-professores&Itemid=6 Acesso em 24/08/2011. LDB – Lei de Diretrizes e Bases nº 9394 / 96. Brasília, 20 de dezembro de 1996, RESOLUÇÃO CNE/CEB 4/2009. Diário Oficial da União, Brasília, 5 de outubro de 2009, Seção 1, p.17. MORAES, T. C. V. Psicopedagogia e aprendizagem. Disponível em http://www.terezacristina.com/psicopag2.1.htm Acesso em 14/09/2011. 22 REGO, T. C.. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 5 ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 1998, RODHD, L. A P. BENCZIK, E. B. P. Atenção hiperatividade: o que é? Como ajudar? Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. SMITH, C. STRICK, L. Dificuldades de aprendizagem de A a Z. Porto Alegre: Ed. Artmed, 2001. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1998 ZAGURY, T. Limites sem trauma: construindo cidadãos. 43 ed. Rio de Janeiro, São Paulo: Ed. Record, 2002.