A RECONSTRUÇÃO FILOSÓFICA NA PERSPECTIVA DE JOHN DEWEY Jorge Alexandre Bieluczyk i Dr. Altair Alberto Fávero ii Resumo O projeto de reconstrução filosófica, apresentado por John Dewey na obra intitulada “Reconstrução em Filosofia”, é cogitado numa perspectiva teórica e metodológica. O ponto central da discussão não consiste no abandono radical das filosofias do passado, mas num aperfeiçoamento do pensamento filosófico que ilumine e conduza a bom termo os novos desenvolvimentos coevos. Conectando a filosofia com a vida presente, a reconstrução tem a tarefa de desenvolver, formar e produzir os meios intelectuais que conduzirão à ciência, a política, a economia, as indústrias, a vida em sociedade em direção a um desenvolvimento humano pleno. Guiado os novos desenvolvimentos através da inteligência, o novo mister do filósofo é conectar a filosofia a vida humana, através da investigação, compreensão, interpretação, atualização e significação da existência e do universo. Palavras chaves: Filosofia, Reconstrução, Experiência, Inteligência, Vida, Metodologia. Abstract The project of philosophical reconstruction, presented by John Dewey in the titled work “Reconstruction in Philosophy”, is cogitated in a theoretical and methodological perspective. The central point of discussion doesn’t consist of the radical abandon of the past philosophies, but it consists of an improvement of the philosophical thought which illuminates and conducts in a good manner the new contemporary development. Linking the philosophy with the present life, the reconstruction has the task of growing, forming and producing the intellectual means which will take science, politics, economy, industries, life in society toward a complete human development. Guided the new development through the intelligence, the new occupation of the philosopher is connect the philosophy with the human life, through the investigation, understanding, interpretation, updating and meaning of the existence and the universe. Key words: Philosophy, Reconstruction, Experience, Intelligence, Life, Methodology. 1. Considerações Iniciais A presente reflexão tem como objetivo apresentar ao leitor uma reconstrução das ideias de John Dewey, presente nos primeiros quatro capítulos da sua obra intitulada “Reconstrução em Filosofia”. As ideias organizadas, nas linhas abaixo, propõem uma mudança teórica no campo filosófico moderno. John Dewey é considerado um dos fundadores do movimento filosófico conhecido como pragmatismo americano (CUNHA, 1998, p.19). Viveu as grandes mudanças sociais, tecnológicas e o empenho por um sistema político democrático junto com George H Mead, Willian James e Charles S Pierce, co-fundadores da escola filosófica pragmatista, cujos princípios podem ser resumidos em três pontos: 1) o pensamento e a ação são elementos intrínsecos, ou seja, indivisíveis; 2) o mundo mesmo em movimento não é um complexo acabado e imutável; e 3) a inteligência humana proporciona a mudança das condições da experiência humana. A obra “Reconstrução em Filosofia” foi publicada pela primeira vez logo após a Primeira Guerra Mundial e republicada vinte e cinco anos depois. A conjuntura da sua segunda edição indicava com clareza em que pontos a reconstrução dos fundamentos filosóficos deveriam se ater, já que a urgência era muito maior no momento atual do que quando a obra fora trazida a público. Na primeira metade do século XX, configurado pelas incertezas, batalhas e pelo aprimoramento da técnica, a filosofia encontrava-se com pouca credibilidade para contribuir na reflexão e resolução dos problemas do presente. A má fama filosófica se dá por dois motivos: 1) o contexto histórico é guiado pelo aperfeiçoamento da técnica motivado pela Primeira Guerra Mundial; 2) a filosofia se encontra presa aos sistemas do passado que não iluminam mais o presente. Diante dessa situação, a reconstrução dos fundamentos filosóficos parece ser de extrema urgência no intuito de ajustar a filosofia ao momento presente. O projeto de reconstrução da filosofia de John Dewey prevê uma hipótese explicativa de como as transformações do presente se operaram com tanta amplitude, profundidade e rapidez; e uma exposição do que significa desenvolver, formar e produzir os meios intelectuais que conduzirão a pesquisa no âmbito da vida humana. O trabalho está estruturado em quatro partes: na primeira, retomo as mudanças nas concepções de Filosofia. O homem é um ser que se difere dos outros animais pela capacidade de memória. Armazenando e evocando os fatos do passado, elabora um conhecimento baseado nos desejos. Na medida em que passa a consolidar as lendas e a submeter todo conhecimento construído ao sistema lógico mergulha no campo intelectual da especulação. A especulação desencadeia um conhecimento complexo guiado pelas tecnologias e pelo método experimental. Diante de duas tradições, uma metafísica e outra positivista, o conhecimento se dividiu da seguinte forma: os elementos morais ficaram presos ao metafísico, enquanto os ligados ao físico prenderam-se ao positivismo. Na segunda parte, reconstruo alguns elementos históricos na reconstrução da filosofia. Na modernidade com Bacon, o conhecimento passa a ser elemento de poder. Negando a Escolástica e o método aristotélico por prender-se em um sistema rígido para determinar a episteme, Bacon apresenta a investigação como novo método para conhecer. A investigação rompeu com as crenças tradicionais e despertou novas ideias e curiosidades. O novo contexto levou ao surgimento de uma nova ciência, movida pela pesquisa e por novas operações ligadas ao controle da natureza. Nesse novo contexto, a filosofia se vê desafiada a pensar a sua reconstrução. Na terceira parte, apresento o fator científico na reconstrução filosófica. A mudança científica é oriunda de dois elementos: da transformação de espírito e de prática. O mundo dos filósofos caracteriza-se por uma esfera fechada, fixa, imutável e eterna, enquanto a ciência moderna consiste num mundo aberto, dinâmico, rápido e ilimitado. A ciência extrapola o mundo aristocrático, dividido em classes, e mergulha nas novas ideias tratando a natureza como um conjunto de jogos mecânicos. Por fim, na quarta parte, edifico as concepções mudadas de experiência e de razão. A experiência deixa de ser associada aos costumes e hábitos e passa a ser vinculada com o fazer experimental. A Razão, embora tenha sido conceitualizada como uma faculdade racional pura, não ganha o mesmo sentido dentro do campo empírico. Para os empíricos, a razão ganha um significado de conexão, ou seja, é o que aproxima as experiências numa conexão intima entre agir e sofrer. 2. Mudanças Conceituais de Filosofia A capacidade humana de elaborar e de conservar na memória as experiências passadas colocou o homem num universo simbólico e complexo da prática da vida. As lembranças que conectam os eventos do passado com do presente localiza-se, num primeiro momento, no campo da emoção, ou seja, a fantasia e a imaginação sobressaem à memória intelectual e prática. Assim, o drama que vai se efetivando na rememoração é muito mais significativo do que a própria realidade do fato. No segundo momento, a elaboração vai guiando o pensamento que consolida num corpo coerente e sistemático os aspectos rememorados. O fato de que o homem não recordava senão para o seu deleite, empresta a esse recordar o feitio mítico e fantasioso de drama e poesia, que é o seu característico histórico. O homem primitivo – fora dos momentos vigorosos da luta ou da vida prática – vivia, assim, literalmente em um reino de memórias que eram sobretudo um recanto fantasiado de sua vida, um longo sonho acordado. (TEIXEIRA, 1978, p. 134). Os processos de rememoração e de sugestão ocuparam o homem por um longo período da história. Segundo Dewey (1959a, p. 48), é nesse período que emerge a filosofia com um conteúdo simbólico de receios e esperanças, figurativo, arranjado de imaginações e sugestões. Na medida em que a questão da sobrevivência humana tornou-se um elemento de suma importância e de preocupação para toda a humanidade, substitui-se um conhecimento resultante dos desejos por uma ciência voltada à pesquisa, especulação e estudos intelectuais. O novo método fundamenta-se em regras racionais, lógicas e objetivas. Temos que a filosofia, dada a sua origem, não representou historicamente uma atividade desinteressada do espírito humano para a pesquisa da verdade; mas um esforço da inteligência, para justificar, com fundamentos racionais, costumes, crenças e instituições tradicionais da espécie humana. (TEIXEIRA1978, p. 140). Segundo Dewey (1959a, p. 48-51), o filósofo que despreza o material primitivo, crenças e tradições que buscavam explicar cientificamente o mundo, comete um grave equívoco. No entanto, esse material precisa enfrentar dois estágios: 1) consolidação das histórias e lendas, ou seja, a institucionalização do material de caráter fatual e lendário-mitológico que proporciona a vitalidade emocional da experiência e a conduta moral dos indivíduos; 2) aprovação intelectual de sistema lógico, que acopla os elementos normativos e os ideais da moralidade, impregnados na tradição, com o conhecimento positivo da realidade que se transforma de forma gradual. Por um longo período, o homem deixou-se guiar pela sugestão e fantasia, no entanto, na medida em que as artes e ocupações foram se desenvolvendo ampliaram-se os conhecimentos positivos e comprovados. O progresso da ciência positiva desencadeou um crescimento do hábito mental de experimentação, libertando da pura regra do costume e da rotina. Sempre que possível, essas duas conjunturas se mantiveram conectadas. Mas, o caráter de independência revelou uma associação exclusiva de classes sociais diferentes. O grupo dominante apossou-se das crenças religiosas e poéticas, por assumirem uma função e valor de ordem política e social, enquanto, a classe inferior, dos operários e artífices, coube-lhe o saber prático. “Desde que o artífice industrial mal se elevava na escala social acima da categoria de escravo, o tipo de conhecimento que cultivava e o método, de que dependia tal conhecimento, teriam de ficar igualmente destituídos de prestigio e autoridade.” (DEWEY, 1959a, p. 52-53). O progresso e o desenvolvimento do conhecimento positivo geraram um conflito com a índole das crenças tradicionais imaginativas. Segundo Teixeira (1978, p. 137), é nesse conflito que John Dewey percebe a origem da filosofia entendida no mundo ocidental, ou seja, nas modificações trazidas pelo progresso das artes e do comércio que se revelavam incompatíveis com os costumes e religiões. Sem entrar em detalhes de “como” e “porque”, a Grécia é exemplo dessa vivência de enfrentamento, tendo o movimento sofístico como oponente a tradição. Para Dewey (DEWEY, 1959a, p. 53), os sofistas que deram origem a filosofia, da maneira como foram apresentadas no mundo ocidental, foram alvo de depreciação por parte de Platão e Aristóteles, desprezo de que jamais conseguiram libertar-se do sistema tradicional de crenças religiosas e o código moral de comportamento a ele enlaçado. O choque entre as crenças tradicionais e os conhecimentos reais e todo o contexto histórico-intelectual, levaram a Platão assumir uma postura negativa diante dos velhos costumes e das absoletas crenças da época. A saída, tanto para Platão como para seu antecessor Sócrates, era desenvolver um método fundamentado na pesquisa e na prova racional. Isso levaria a uma purificação da tradição e a conservação da mesma. A tradição era nobre quanto ao fim e alcance, porém incerta quanto aos fundamentos. A vida sem perguntas, dizia Sócrates, não era própria para ser vivida pelo homem, que é um ser interrogador, por isso mesmo que é racional. Daí a necessidade de buscar a razão das coisas, e de não aceitar passivamente a resposta do costume e da autoridade política. (DEWEY, 1959a, p. 55). Tendo em vista todo o conflito entre o sistema tradicional e o conhecimento positivo, a tese de Dewey (1959a, p. 56) em relação à origem da filosofia consiste numa tentativa de reconciliar dois tipos de produto mental, ou seja, a imaginação e o conhecimento positivo, constituindo uma filosofia livre de uma natureza negativa e heterodoxa. Trabalhar com uma reconciliação significa conceber a gênese da filosofia dentro de um universo imparcial e imune de preconceitos, visando garantir as crenças tradicionais do passado e as bases racionais das crenças e dos costumes. Nas palavras de Teixeira, “Trata-se de uma filosofia que desce das alturas metafísicas em que usualmente se coloca o pensar e se embrenha nas coisas terrenas que dizem respeito diretamente à vida das pessoas.” (TEIXEIRA, 1978, p. 32) Procurando assegurar a aliança entre os dois produtos mentais surge a necessidade de uma lógica formal para amparar e sustentar a ciência racional. Muito mais do que uma ciência fundamentadora, a filosofia procura oferecer hipóteses com o objetivo de tornar a mente humana mais sensível para o mundo e para si mesmo. Nessa perspectiva, o pensamento filosófico tornou-se rival a institucionalização dos elementos imaginação e a autoridade assumidas pelos mesmos no seio das comunidades. A saída para romper com as crenças imaginativas fora apropriar-se de um sistema lógico e de certeza, ganhando a universalidade da reflexão que antes se limitava às crenças. Diante do contexto filosófico que foi se edificando, todas as filosofias clássicas adotaram um dos dois reinos de existência: 1) o mundo comum e empírico da experiência do cotidiano; 2) o mundo religioso e sobrenatural da tradição popular, no qual a metafísica se tornou o universo mais elevado e último da realidade. As mais das vezes, esses dois reinos representavam duas classes distintas de pessoas. As primeiras ganhavam a vida, trabalhavam e lutavam com os conhecimentos positivos e empíricos que vinha conquistando a humanidade e que lhe deram os instrumentos de caça e guerra, o domínio do fogo, e todas as artes práticas que permitiram ao homem viver. A outra classe de pessoas era a dos guardas das crenças, superstições e religiões, guardas do espiritual, que distribuíam aos demais as consolações e ilusões necessárias para florirem as árduas vicissitudes da sua luta. (TEIXEIRA, 1978, p. 135). Para Dewey (1959a, p. 60-62), a filosofia não tem origem em elementos puramente intelectuais, mas sim de elementos sociais e emotivos. Tendo presente essa hipótese, as filosofias tradicionais passarão a ser entendidas dentro de um novo prisma no desenvolvimento das civilizações e da cultura. A filosofia passada serve de escopo para a filosofia que está porvir, conseguindo eliminar a esterilidade e iluminar as forças morais que movem a humanidade em direção a uma felicidade ordenada e inteligente. 3. Fatores Históricos na Reconstrução Filosófica Na era moderna um novo espírito começou a soprar em direção ao campo intelectual. Para Dewey (1959a, p. 63), Francis Bacon foi um dos pioneiros a ser envolvidos pelo avivamento que emanava nas esferas sociais e históricas a pedido de uma reconstrução intelectiva. Motivado pelo aforismo “conhecer é poder”, Bacon censurou todo um conjunto de saber existente como não-conhecimento. Classificou o saber erudito de sua era com três rótulos: 1) sutil, ou seja, toda a erudição literária que ocupou um longo tempo a vida intelectual; 2) fantástico, ou então, uma concepção de uma ciência mágica; 3) ligitioso por utilizar um método inadequado e tortuoso. Criticando o método aristotélico pelas suas formas rígidas que visavam demonstrar e persuadir, Bacon apresenta o método investigativo como superior na tarefa de descobrir novos fatos e novas verdades. “Os princípios e leis científicas não se encontram à superfície do mundo natural, mas estão ocultos e precisam de ser arrancados à natureza mediante ativa e complicada técnica de pesquisa.” (DEWEY, 1959a, p. 65-66). Acreditando no progresso, como busca e prova do puro conhecimento, Bacon trata da lógica clássica como responsável pela fixidez e passividade do espírito, que se acostumou a confiar nas respostas prontas do passado sem nenhuma crítica. No âmbito do novo método, as verdades do passado encerram num prisma crítico, ou seja, necessitam de serem comprovadas por novas experiências, mais do que ensinadas por meio de métodos dogmáticos e herdados pela obediência cega. Nessa perspectiva, a ciência passa a significar e a imergir num universo desconhecido e não apenas a repetição do que já é conhecido. “No mundo em movimento e em transformação em que vivemos, a atividade é sempre uma aventura no desconhecido. Os que esperam um mundo em que tudo seja seguro e certo para ser felizes, estão a acalentar a mais vã de todas as esperanças.” (TEIXEIRA, 1978, p. 131). Focando nosso olhar no conhecimento dos eruditos podemos constatar dois elementos: 1) a epistemologia erudita fundamentada numa lógica clássica é constituída por uma pseudociência com muitos erros. Muitos desses são oriundos de interesses de classes e por esse motivo sobreviveram por imposição autoritária; 2) o segundo elemento é proveniente das crenças instintivas do espírito humano, que se harmoniza com uma lógica consciente e crítica. O que, no passado, se denominava ciência nada mais era do que essa teia construída e imposta pelo homem. Os homens olhavam para o resultado do trabalho de seus próprios cérebros e pensavam ver realidades na natureza; em verdade estavam adorando, sob o nome de ciência, os ídolos de sua própria lavra. (DEWEY, 1959a, p. 68). Evitando cair no erro e nas fontes fixas e equivocadas da lógica tradicional, Bacon, segundo Dewey (1959a, p. 68-69), apresenta duas oposições ao modelo tradicional lógico. Primeira toma a obra aristotélica, Organon, e significa com uma nova lógica, atribuindo a tarefa de proteger a mente contra si mesma, ou seja, de ensiná-la a colocar-se diante da infinita pluralidade e particularidade de fatos, obedecendo ao intelecto, a fim de dominar a prática. Segunda é a consideração do espaço social como lugar da descoberta e da investigação. Nesse sentido, a conquista e o fim do conhecimento encontram-se no âmbito social, onde o espírito não está preso a uma poltrona, mas vive das lutas e disputas que se localizam no seio da comunidade. Enfatizando o aspecto social e coletivo como conquista e fim do conhecimento, Bacon, na perspectiva deweyana, poderia ser considerado um profeta de uma concepção pragmática do conhecimento. Muitos erros pragmatista poderiam ter sido evitados se o pensamento baconiano sobre o âmbito social tivesse sido observado com mais cuidado. No entanto, outros fatores históricos, além dos histórico-intelectuais, são importantes quando Dewey trata da reconstrução filosófica. No âmbito material é indispensável mencionar as grandes viagens, descobertas e os novos rumos comerciais, que aniquilou as crenças tradicionais fechadas em si mesmas. Com isso, se criou uma nova consciência investigativa do novo mundo e das conquistas, com novos métodos de fabricação, de comércio e pesquisa. “Os conflitos de costumes e de crenças tradicionais dissiparam a inércia e a indolência mental, despertando viva curiosidade por ideias novas e diferentes.” (DEWEY, 1959a, p. 71). De acordo com Dewey (1959a, p. 71), as grandes descobertas no aspecto geográfico e comercial desencadearam o verdadeiro espírito humano, colocando em crise todas as crenças e métodos antigos levados pelos costumes e tradições de caráter fixo e eterno. Os produtos das descobertas substituíram a ordem metafísica e teológica pela material. Com os avanços da produção e dos transportes surgiram novos estímulos investigativos, ensaios experimentais e novas concepções na ciência. Nessa perspectiva, o conhecimento científico passou a ser compreendido como controle das energias naturais. As mudanças políticas também contribuíram para a implantação da nova ciência e suas aplicações na indústria. Os elementos políticos proporcionaram a emancipação do individuo, dando origem a uma estrutura política fundamentada na escolha livre. Os estados modernos tornaram-se mais humanos por aproximarem-se da existência e por libertar os sujeitos das instituições tradicionais que limitavam a consciência e a liberdade. Junto com o individualismo 1 político surgiu o individualismo religioso e moral. “Com o tempo, foi-se desenvolvendo e formulando a crença na sacralidade da consciência individual e no direito à liberdade de opinião, de crença e de culto.” (DEWEY, 1959a, p. 76). O novo movimento religioso desintegrou as instituições estabelecidas, multiplicando o número de seitas e igrejas, desencadeando uma cultura da tolerância religiosa. Novas ideias surgem e vão alimentando o contexto moderno. Vejamos algumas: 1)transferência do eterno e universal para o instável e específico, concreto; 2) decadência da 1 O termo individualismo não é entendido no sentido negativo do termo. Em discussão concluímos que hoje poderíamos traduzir por individualidade política. autoridade das instituições fixas e das distinções e relações de classes; 3) crença na capacidade e na inteligência individual, guiada pelos métodos de observação, experimentação e reflexão; 4) a importância na ideia de progresso; 5) o estudo experimental da natureza. Nesse contexto industrial, político e religioso que estimulam mudanças e novos caminhos para a nova ciência e para novas concepções, a filosofia moderna depara-se com o desafio de aliar a teoria tradicional, de base racional e ideal, da matéria e fim do universo com os novos interesses da mente individual. A filosofia clássica ainda mostra-se forte, impedindo uma reconstrução radical. Uma reconstrução filosófica dos fundamentos exige uma atividade livre de influências do material herdado e incompatível com a nova conjuntura. A nova reconstrução considerará a inteligência como elemento fundamental para levar em conta as fases da natureza e da vida que impedem o bem-estar social; o individuo como agente responsável pela re-criação do mundo e pela transformação do mesmo mundo em instrumento e possessão da inteligência. 4. Fator Científico na Reconstrução Filosófica A filosofia começa a ganhar corpo quando se apropria de elementos conscientes, articulados e comunicáveis. Em relação às transformações científicas, influenciadas pelas mudanças econômicas, políticas e eclesiástica, o desenvolvimento ocorre na mudança de espírito e de atitude prática dos homens, colocando a crença de natureza física e humana num mundo relativo, gerando oposição entre a ciência antiga e moderna. Estabelecendo um paralelo histórico-científico podem-se perceber dois mundos conceituais, ou dualistas: 1) dos filósofos clássicos fundamentados em formas fixas, eternas, fechadas e com fronteira bem definidas; 2) os pensadores modernos baseados numa compreensão variável, aberta e sem fronteiras. Cada universo conceitual expressava-se de forma direta no plano da conduta humano-social. Por exemplo, a sociedade dos antigos reduzida a números de classes, espécies, formas, hierarquizações, eternas, aristocráticas, etc. Segundo Dewey (1959b, p. 96-97), em Platão é pelo processo de educação que indivíduo descobre qual é o seu lugar dentro da sociedade. Alguns deixam se dominarem pelos apetites e constitui a classe dos trabalhadores manuais e do escravos; outros revelam a coragem e tornam-se servidores do estado, defensores de guerra e zeladores da paz; e por fim os que possuem a mais elevada espécie de educação e se convertem em legisladores. O pensamento clássico acolheu um sistema de ordem de classes dispostas em superior e inferior. No seio da classe inferior os indivíduos se mesclam entre a multidão e nada de específico lhe distingue, a não ser o nascimento. No caso contrário, classe superior, o princípio de parentesco é forte singularizando o grupo. Nesse sentido, todos que não pertencem à realidade objetiva que inclui antepassado e parentesco não pertencem à confraria. “Além disso, numa sociedade organizada em moldes feudais, cada parentesco, grupo ou espécie, ocupa lugar definido e é marcado pela posse de uma categoria específica, superior ou inferior relativamente a outros graus.” (DEWEY, 1959a, p. 88) Por sua vez, o feudalismo clássico agregava também um modelo de base de serviço militar, que media a defesa armada e a proteção. A ideia de lei é forte e é sinônimo de ordem. Diante dessa realidade fixa e eterna, as mudanças intelectuais dos últimos séculos podem ser denominadas de revolução, pois as mutações modernas ocorrem dentro de uma perspectiva aberta, ilimitada, constante, etc. “Em vez de um universo fechado, a ciência brinda-nos agora com um universo ilimitado no espaço e no tempo, sem limites aqui ou ali, nesta extremidade, por assim dizer, ou naquela, e tão infinitamente complexo na estrutura quanto na extensão.” (DEWEY, 1959a, p. 86). Segundo Dewey (1959a, p. 86), a mudança e as leis caracterizadas pelo movimento, geração e conseqüência passam, na modernidade, a serem a medida da realidade. O cientista moderno fala de leis, enquanto os antigos mencionam a espécie ou essência, buscando trazer à tona as mudanças que se correlacionam. A ciência moderna deu seus primeiros passos com a cisão entre as forças elevadas sublimes e ideais, atuantes no céu, e forças baixas e materiais que atuam sobre os acontecimentos terrestres. Segundo Teixeira (1978, p. 143), os dualismos impediram os gregos de usufruírem do método experimental, abalando o progresso da inteligência humana até o século XVII. Em suma, a ciência moderna quebrou com o dualismo céu-terra, afirmando que as leis são válidas em toda parte. Nas palavras de Dewey: Ao invés de apresentarem valor superior, o que apresentam são problemas: não são meios de esclarecimento, são reptos. A terra não é superior, em categoria, ao sol, à lua e às estrelas, mas igual em dignidade, e as ocorrências que nela se verificam fornecem a chave para compreender os eventos celestes. (DEWEY, 1959a, p. 90). Com a negação de que a terra era o centro do universo, excluiu-se a ideia de um universo centrado em si e a de barreiras celestiais que o cercavam. Esse esquema mental estava associado com o conhecimento helênico, relacionado com a estética, o finito e o perfeito. Nessa perspectiva, tudo que era objeto de conhecimento precisava ter caráter acabado e limitado, caso contrário seria incompreensível. O conhecimento moderno libertou-se dos fins fixos, tornando a observação, a imaginação e a experiência finalidades científicas e práticas. Com o abandono dos princípios eternos, a mecânica passou a ser integrada como uma ciência fundamental para explicar as manobras da natureza. “A natureza inteira se transformou em cenário de impulsos e atrações, de engrenagens e alavancas, de movimentos de partes ou de elementos, aos quais eram diretamente aplicáveis as fórmulas de movimentos produzidos por máquinas familiares.” (DEWEY, 1959a, p.92). A nova compreensão do mundo gerou um empobrecimento de ideal e espiritual. A interpretação mecânica da natureza eliminou a estética da natureza, distanciando a natureza e as ciências humanas do contato com a poesia, com a religião e com as coisas divinas. Muitos filósofos preocuparam-se com a questão e foram em busca da reconciliação entre o mundo mecânico e a crença, visando salvar a vida do puro materialismo. 5. Mudanças Conceituais de Experiência e Razão O que é experiência? O que é razão? A experiência por si só apresenta bases sólidas para o plano científico? Existe uma razão acima da experiência que dita os princípios certos para a ciência e para a conduta? A filosofia tradicional já tem suas respostas edificadas, onde a experiência num nível particular só transcende com o apoio da razão. Segundo Dewey (1959a, p. 99), os empíricos admitem essa ideia, mas não aceitam a ideia da existência de uma razão pura. A chave do problema conceitual sobre a experiência reside na própria produção do entendimento de experiência. “Se outra concepção de experiência agora é possível, é-o precisamente porque a qualidade da experiência, tal como hoje pode ser vivida, sofreu profunda mudança social e intelectual relativamente à experiência dos tempos idos.” (DEWEY, 1959a, p.99). Com o desenvolvimento da ciência e as mudanças conceituais, a experiência vai organizando uma significação que extrapola o nível particular ganhando caráter universal. Para Dewey (1959a, p. 100), a única universalidade e certeza localizam-se acima da experiência, na região do racional e do conceito. A ênfase do racional sobre a experiência é perceptível em Platão, Aristóteles e na Filosofia Escolástica que criticavam as profissões por serem modos de experiência focados na ação prática. Os filósofos que se declaravam empirista no período moderno, como: Locke e Hume, tinham na mente um propósito crítico contra toda a tradição passada, que carregava um conjunto de crenças e instituições que não tinham mais crédito. Por isso, “Assumiram a si a tarefa de mostrar que qualquer crença ou instituição, que reivindicasse a sanção de ideias inatas ou de concepções absolutas, ou se atribuísse uma origem fundada em revelação autoritária da razão, procedia, de fato, de origens mais modestas, ou seja, da experiência, e se havia consolidado por acidente, por interesse de classe, ou mercê de autoridade facciosa.” (DEWEY, 1959a, p. 101). Por sua vez, os racionalistas criticavam os empiristas e apresentavam o argumento de que a experiência necessitava do suporte racional. A partir das críticas fica a pergunta: qual é o lugar da razão na experiência? A questão nos remete a dois pontos: 1) a operacionalização da natureza da experiência, dentro do conteúdo, do método e da vivência da mesma; 2) o desenvolvimento de uma psicologia baseada na biologia, que possibilitou uma nova formulação científica a respeito da natureza da experiência. A nova concepção de experiência converte-se numa relação ativa entre seres e meio. “Em conseqüência, as mudanças produzidas no meio ambiente reagem sobre suas atividades, de sorte que o ser vivente experimenta e sofre as conseqüências de seu próprio comportamento.” (DEWEY, 1959a, p. 104). Dewey (1959a, p. 104), ressalta que interações desconexas e sofrimentos desconexos não são experiências, ou seja, toda atividade precisa estar diretamente conectada com o meio, com a vida dos seres. Segundo Cunha (1998, p. 30-31), a concepção de experiência deweyana revela uma continuidade entre o caráter biológico e a natureza cultural do ser humano. O ser biológico marcado pela herança singular que vai sendo moldado pelo aspecto social e tendo que se adaptar ao meio em que vive. O processo adaptativo não é passivo e consequentemente recebe configurações culturalmente determinadas, que vai modificando os elementos recebidos do meio e acomodando as suas necessidades. Vejamos algumas conclusões que decorrem para a filosofia nesse contexto da nova concepção de experiência: 1) composição de uma categoria básica que consiste na interação do organismo com o meio ambiente; 2) para o campo epistemológico infere-se que o conhecimento não é algo separado e auto-suficiente, mas está ligado com o processo da vida e o que a envolve; 3) os sentidos deixam de serem os portões do conhecimento e passam a ser estímulos à ação; 4) o amparo da experiência são os processos adaptativos da ação, funções ativas, conexões de ação e reação, coordenações sensório-motoras. A nova concepção de experiência rompe com um processo vital e de sensações atomizadas, ou seja, o novo entendimento coloca a experiência num universo conceitual orgânico, organizacional e vital. A organização é parte intrínseca da experiência que fundamenta o desenvolvimento da inteligência como elemento organizacional dentro da experiência. “a amplitude em que tanto a organização biológica quanto a social concorrem para a formação da experiência humana.” (DEWEY, 1959a, p. 108). A conjuntura conceitual de experiência foi sendo traçada na história de maneira emancipadora. Para Platão experiência era escravização ao passado, à tradição, ao costume. Girava em torno da repetição e da obediência cega do hábito. A razão era detentora do poder da sujeição aos acidentes do passado. No período moderno com Bacon, encontramos uma inversão, ou seja, a razão passa ser o elemento conservador e escravizador do espírito; e a experiência torna-se libertadora. “A fé na experiência não produz devoção ao costume, mas sim esforço ao progresso.” (DEWEY, 1959a, p. 109). A experiência passou por uma reelaboração conceitual, autoconstrutiva e autoreguladora, deixando de ser empírica e tornando-se experimental. Os homens antigos empregavam os resultados de suas experiências anteriores somente para formar costumes que, daí em diante, deveriam ser cegamente seguidos, senão cegamente quebrados. Ora, agora, a experiência anterior é usada para sugerir propósitos e métodos para se produzirem experiências novas e melhores. (DEWEY, 1959a, p. 110). Os limites da experiência são morais e intelectuais, devido aos defeitos de boa vontade e conhecimento. Em si, a experiência não possui defeitos, pois ela possui uma autogestão inteligente. Este reconhecimento do lugar que o pensamento ativo e planejador ocupa dentro dos processos próprios da experiência altera radicalmente as condições tradicionais dos problemas técnicos do particular e universal, dos sentidos e da razão, do perceptivo e do conceptual. Mas a alteração reveste significado muito mais profundo do que simplesmente técnico. Com efeito, a razão passa a ser a inteligência experimental, concebida segundo os moldes da ciência, e usada na criação de artes sociais. Tem uma tarefa a cumprir: libertar os homens da servidão do passado, devida à ignorância e aos acidentes que se congelaram em costumes; abrir perspectivas de um porvir mais sorridente e auxiliar os homens a realizá-lo. (DEWEY, 1959a, p. 111). Na reelaboração conceitual, a razão também acabou ganhando um novo espaço e um novo sentido, ou seja, ela nasce e se comprova dentro da experiência. Como a experiência possui um auto-regulamento ela utiliza-se da razão para criar, expandir e enriquecer o elemento experimental. A razão voltou a ter um caráter absolutista com Kant. De um empirismo inglês cético e de um racionalismo alemão apologético, o mundo moderno tem sofrido porque a filosofia lhe tem oferecido uma escolha livre entre posições opostas. Segundo Cunha (1998, p. 28), Dewey apontou dois erros cometidos pelo kantismo: 1) irresponsabilidade intelectual, ou seja, absolutização dos conceitos racionais como auto-suficientes e superiores à experiência; 2) negligência, por tornar os homens desleixados no que se refere a observação da experiência. Diante dessas mudanças conceituais de que reconstrução filosófica John Dewey está tratando? Dewey (1959a p. 115), trata de uma reconstrução filosófica que liberte os homens do ofício de optar entre uma experiência empobrecida, de um lado, e uma razão artificial e impotente, do outro, terminando com a luta entre dois inimigos conceituais e permitindo a cooperação daqueles que respeitam o passado e as instituições estabelecidas visando um futuro livre e mais feliz. 6. Considerações Finais. O projeto de reconstrução filosófica deweyano é essencialmente conceitual e metodológico. Re-pensar os fundamentos filosóficos e os métodos da filosofia tornou-se, na realidade moderna, uma questão de necessidade, pois os alicerces do passado de caráter fixo, imutável e eterno predominavam dentro do conhecimento filosófico. Segundo Cunha (1998, p. 25), Dewey procura o significado da experiência humana que esteja ao alcance do conhecimento. Para isso, o filósofo analisa duas correntes filosóficas: 1) corrente tradicional baseada na crença, onde a experiência é entendida como defeituosa e obstáculo que separa o homem da natureza; 2) corrente moderna, não negavam a existência de um poder transcendental, no entanto pensavam que essa faculdade superior só vinha colocando espinhos na vida humana. Os empiristas modernos criticavam as crenças e as instituições que se apoiavam nelas e defendiam a ideia de que a experiência possibilitava o acesso do homem ao conhecimento. A preocupação de Dewey é apresentar uma filosofia conectada com a vida humana. Nesse sentido, o pensador norte americano compreende a gênese da filosofia como um processo reconciliador entre dois tipos de produto mental: imaginação e razão, ou seja, a iluminação racional das crenças do passado sem excluir o material primitivo. Dewey propõe uma nova concepção de filosofia fundamentada na autoridade, na tradição do trabalho imaginativo do homem, no amor e ódio, na razão e emoção, etc. Essa proposta conceitual revela a origem da filosofia marcada não por elementos puramente intelectuais, mas por aspectos sociais e emotivos. “Dewey espera que sua filosofia seja ‘algo como despir-se intelectualmente’. Os ‘hábitos intelectuais que contraímos e vestimos quando assinalamos a cultura de nosso tempo e de nosso lugar’ deve ser abandonados, para que possam ser inspecionados criticamente de maneira a permitir que se descubra ‘sua constituição e seu uso para nós’. (CUNHA, 1998, p.34). O movimento reconstrutivo é movido pelo rompimento com uma tradição conceitual e metodológica antiga e com o surgimento de uma ciência fundamentada em princípios e leis que visam o controle das energias naturais. As grandes descobertas no aspecto geográfico e comercial proporcionaram ao homem um novo olhar sobre as crenças e tradições de ordem metafísica e teológica. O avanço na produção desencadeou um método investigativo com base na experiência. A mudança na política emancipou o homem dos sistemas de classes e dominador, aproximando o Estado do homem. Diante desse contexto complexo e em constante mudança, a reconstrução deve se guiar pela inteligência como elemento essencial para levar em conta às fases da natureza, da existência e a emancipação individual e coletiva. As novas concepções de experiência e razão subjazem a questão: qual é o lugar da razão na experiência? Essa problemática só apareceu devida todo processo de transformação conceitual em que a razão cedeu lugar para a experiência. Ganhando um novo lugar, a razão no entendimento dos empiristas nasce e se comprova dentro da experiência. Sendo está a relação ativa entre os seres e o meio. Em suma, a razão passa a ser a inteligência experimental com a missão de libertar os homens da servidão, da ignorância e dos costumes, abrindo expectativas de um futuro mais feliz. A nova filosofia busca através da investigação, mediada pela inteligência, não só a verdade cientifica, mas valores, sentido, interpretação, compreensão que pode ser menos ou mais rica da existência humana e do universo. O conteúdo investigativo é a mescla de um conjunto de conhecimentos atualmente existente e o que carregamos dentro do nosso ser. A reconstrução filosófica trata-se de um trabalho intelectual que tem por objetivo conduzir os novos desenvolvimentos que se encontram confuso e sem orientação. Não se trata de um abandono radical dos sistemas passados, mas sim de uma atualização dos mesmos, que visem à significação da vida humana no presente. 7. Bibliografia DEWEY, John. Reconstrução em Filosofia. 2ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959a. DEWEY, John. Democracia e Educação. 3ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959b. CUNHA, Marcos Vinícius. John Dewey: Uma filosofia para educadores em sala de aula. 2ed. Vozes, Petrópolis: 1998. TEIXEIRA, Anísio. Pequena introdução à filosofia da educação. 8ed.Companhia Editora Nacional, São Paulo: 1978. i i Possui graduação em Teologia (Bacharel) pelo Centro Universitário La Salle (2005). È acadêmico de Filosofia (LP) na Universidade de Passo Fundo – Rio grande do Sul. Atualmente é professor titular de Filosofia do Ensino Fundamental e Animador de Pastoral no Colégio La Salle Carazinho. É religioso pertencente à Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs (Irmãos Lassalistas) presentes em mais de 80 países. Tem experiência no trabalho de Ensino Religioso e de Filosofia. Faz parte do projeto de pesquisa Pragmatismo, filosofia e educação: as interfaces entre experiência, reflexão e políticas de ensino, em andamento desde 2008 e coordenado pelo professor Dr. Altair Alberto Fávero. E-mail: [email protected] ii ii Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2007). Atualmente é professor (graduação e mestrado) e pesquisador pela Universidade de Passo Fundo. Orientador no presente trabalho.