TRATAMENTO DE DEPRESSÃO ATRAVÉS DA HIPNOSE Heleno Felix Torres1 Palavra cada vez mais comum no cotidiano moderno, a depressão é uma doença que atinge entre 3% e 11% da população mundial do ocidente, com duração média de 20 semanas. Geralmente, junto com ela associam-se dificuldades relacionadas ao trabalho e à saúde do indivíduo. No entanto, cabe observar que quando a este quadro se associam outras doenças, estes números podem variar, de acordo com a doença, a idade, o sexo do paciente, sendo que nas mulheres sua prevalência é de duas a três vezes maior do que nos homens2. Os sintomas de depressão nem sempre são facilmente identificáveis, mesmo porque existem diversas graduações da doença e que devem ser tratadas de acordo. Principalmente, atentar para a diferença não apenas quanto à linguagem, mas à forma: há uma diferença crucial entre ESTAR deprimido e SER deprimido. Assim, um paciente que apresenta alguns sinais de depressão em razão de uma situação específica e que deve desaparecer em algumas semanas não pode receber o mesmo tipo de tratamento de outro paciente que já se encontra no estágio que se ouve comumente dizer como DEPRESSÃO PROFUNDA. Por esta razão, o primeiro passo é um diagnóstico o mais preciso possível para estabelecer a linha de tratamento deste indivíduo. Nos dias atuais, vê-se uma grande incidência de tratamento para depressão à base de medicação e é bem verdade que elas são necessárias em muitos casos. Entretanto, em outros tantos ela pode ser perfeitamente substituída por terapias alternativas que alcançam grande sucesso, como a Hipnoterapia. Nos casos em que junto com a medicação, o paciente deve se submeter a um tratamento psicológico, a Hipnoterapia tem igualmente se mostrado um excelente método de tratamento. Isso porque ela procura focalizar exatamente o que Ferreira (2008) reporta como pensamentos automáticos, ou seja, aqueles pensamentos que ocupam a mente do paciente deprimido durante o dia3. 1 , Formação em Psicologia Especialista em Psicopedagogia e Phd em Psicanálise. FLECK et al. Diretrizes da Associação Médica Brasileira para o tratamento da depressão. Rev Bras Psiquiatr, 2003; 25(2):114-22. 3 FERREIRA, Marlus Vinícius Costa. Tratamento coadjuvante pela Hipnose. São Paulo: Atheneu, 2008. 2 Nesse sentido, o hipnoterapeuta primeiramente deve se concentrar em ajudar o paciente a encontrar soluções possíveis para as situações que o angustiam. No caso dos pensamentos recorrentes, por exemplo, mostrar ao indivíduo que ele é capaz de controlar seus pensamentos, numa tarefa diária e constante. Num paciente deprimido, sua sensação mais presente é a de que as coisas não podem mudar e que ele permanecerá nessa condição. As projeções negativas sobre si mesmo e sobre a sua relação com as outras pessoas e com o mundo que o cerca devem ser analisadas minuciosamente. A partir daí, o paciente deve ser ensinado a reconhecer as potencialidades que possui, recuperando sua auto-estima. Com o tratamento, o hipnoterapeuta deverá mostrar a este paciente todas as possibilidades que ele tem de mudar a situação a seu favor. Especialmente na depressão, Ferreira4 refere a importância do cuidado que se deve ter com o vocabulário empregado, uma vez que falar em “profundo”, por exemplo, ao iniciar as sessões de terapia hipnótica, pode fazer com que o paciente interprete a sua situação como “fundo do poço”, uma expressão bastante comum utilizada pelas pessoas que vivem essa angústia. Esta atenção ao vocabulário referida pelo autor acima também encontra respaldo nos estudos feitos por Michael Yapko 5 em seu livro Trancework: an introduction to the practice of clinical hypnosis. O autor assinala que, independentemente da abordagem utilizada para influenciar o paciente e ajudá-lo nas mudanças necessárias ao seu restabelecimento, o hipnoterapeuta faz uso da comunicação. Isso significa dizer que as palavras utilizadas em cada sessão hipnótica devem ser cuidadosamente escolhidas para cada caso a fim de que produzam os efeitos desejados. À medida que o tratamento avança, o paciente percebe as mudanças que vão acontecendo no seu dia-a-dia e torna-se mais confiante para buscar mudanças naquelas situações mais penosas. A terapia hipnótica é especialmente valiosa porque ajuda o paciente a reconstruir suas defesas e ativar meios de proteção interna que o preservam desses sentimentos negativos que alimentam a depressão. 4 Idem. Yapko, Michael D.Trancework: an introduction to the practice of clinical hypnosis. 3a ed. New York: Brunner-Routledge, 2003, p. 117. 5