COMUNICAÇÃO DE PROJETOS EM ANDAMENTO O AMARELINHO Tecoma stans (L.) Jussieu ex. Kunth (BIGNONIACEAE) – SUA DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL, PRÁTICAS DE MANEJO E A BUSCA DE SEU CONTROLE BIOLÓGICO NO BRASIL Bredow, E. A. 1,2, Pedrosa-Macedo, J. H. 2 O amarelinho Tecoma stans (L.) Jussieu ex. Kunth (BIGNONIACEAE) planta arbórea natural do México e sul dos Estados Unidos, distribui-se mundialmente. Encontrada nas cidades brasileiras como ornamental, na arborização urbana e invadindo terrenos ociosos. É descrita como espécie clímax e por vezes confundida como nativa. Ocasionalmente recomendada em projetos de recuperação de áreas degradadas e como fitoterapeutica. Introduzida no Paraná na década de 70, acredita-se que ocupe cerca de 60 mil hectares em 120 municípios paranaenses, cuja velocidade de dispersão ainda é pouco estudada. Em áreas rurais degradadas ou de baixo valor comercial, invade, suprime pastagens e substitui vegetação nativa, principalmente nas margens de rodovias. Dispersa-se pelo vento, atingindo rapidamente novas áreas e quanto maior a densidade dos indivíduos, maior é sua eficácia na dispersão. Sua propagação por estacas é simples e fácil. O uso de práticas culturais e controle químico são onerosos, degradantes ao meio ambiente e pouco eficientes. Em três anos retorna ao estado anterior de invasora. No Paraná, conforme a lei estadual 11200/95 de 1995, a planta é considerada nociva ao meio ambiente e é vetado o seu uso e comercialização. O Subprojeto “Seleção de Agentes para o Controle Biológico de Tecoma stans” – Projeto do PROBIO/MMA foi coordenado pela Fundação Universidade Regional de Blumenau - FURB e contou com a parceria da Universidade Federal do Paraná UFPR e da Universidade Estadual de Londrina UEL. As atividades iniciaram-se oficialmente no primeiro semestre de 2002 e terminou no primeiro semestre de 2004. Participaram, além dos três orientadores/pesquisadores, dois engenheiros florestais, um engenheiro agrônomo recém formados e quatro bolsistas de iniciação científica. O objetivo, desta fase inicial do subprojeto, foi reconhecer e estudar potenciais agentes de controle biológico, registrar a ocorrência, a utilização, o comportamento da espécie e realizar uma revisão bibliográfica completa. T. stans tem como sinonímia Stenolobium stans e possui uma centena de nomes vulgares, os quais depende da língua e da região: yellow-bells, yellow-elder, trumpetbush (EUA e outros países de língua inglesa), tekoma (Ilhas Cook), piti (Tonga) tornador, Iluvia de oro, corneta, borla de san pedro, flor de san pedro, palo de arco (México), XK’antol (Maya). É registrada como planta invasora no Brasil e em países da América central, nas ilhas dos oceanos Índico e Pacífico e desde 1961 nas Antilhas Francesas. É uma planta invasora na África do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Índia, Paquistão, Panamá e em países da América do Sul e na Europa Central. Sua dispersão nas Américas, natural e invasora, desde o Estados Unidos (Missouri em 1961) até o norte da Argentina (1915) seus limites boreal e austral . No Brasil foi registrada, inicialmente, em Santos SP (1871), em Rio Pardo SP (1923), em Porto Alegre RS (1950), Manaus AM (1955) e em Piracicaba (1975). O Grupo de pesquisa registrou sua presença de 2001 a 2005 em Belém, Manaus, Fortaleza, Recife, Brasília, Goiânia, Uberaba, Frutal, Campina Verde, Prata, Uberlândia, São Joaquim da Barra, Ituverava, Igarapava, Ribeirão Preto, Holambra, São Pedro, Embú, São Paulo, Londrina, Assai, Cianorte, Maringá, Jacarezinho, Santo Antônio da Platina, Borrazópolis, Campo Mourão, Mauá da Serra, Telêmaco Borba, Irati, Curitiba, Pinhais, Rio Negro, Concórdia, Santa Maria, Gramado, Canela, São Francisco de Paula e Butiá. Com porte de aproximadamente 12m e 25cm de DAP, folhas compostas com até 13 pares de folíolos e 3 a 13cm de comprimento e 4 cm de largura, a inflorescência é terminal ou axilar, multifloral com até 28 flores por inflorescência, flores glabras ou esparsamente pilosas com linhas avermelhadas em direção ao nectário, néctar com 25% de açúcar. Fruto selíqua com até 22cm de comprimento e 7mm de largura, sementes aladas com 30mm de comprimento e 7mm de largura, contendo em média 70 +-10 sementes. Com germinação 1 Mestrando na linha de pesquisa: Desenvolvimento de Tecnológicas e Planejamento para Sustentabilidade Agrícola e Urbana Departamento de Solos e Engenharia Agrícola - UFPR. Tema: Tecoma stans. e-mail: [email protected] 2 Laboratório Neotropical de Controle Biológico de Plantas – Instituto Neotropical de Controle Biológico de Plantas SCA/UFPR - Curitiba - PR - www.lncbp.ufpr.br - e-mail: [email protected] rápida e eficiente chegando a 98%. Em regiões com inverno definido, floresce de julho a novembro e frutifica até janeiro. Na Índia há registro de floração constante. Não tolera frio intenso mas é resistente a geadas e ao estresse hídrico. Os pólens ficam inativos se expostos a mais de 34 °C. Apresenta três variedades: T. stans var. stans presente também no Brasil, T. stans var. angustata somente no norte do México e no sul dos Estados Unidos, facilmente reconhecida pois está adaptado ao clima xérico da região, de forma arbustiva com folhas de 4 a 10 vezes mais compridas que largas e serreadas e a T. stans var. velutina de altitudes acima de 1500m, também registrado, no Peru, a 3000m. Há citações na Índia, Brasil e México de seus usos como fitoterápico, anti-diabético e usos em arcos, escoras de vinhedos, cestos, cercas vivas e localmente no México como lenha. A flor é símbolo das Ilhas Virgens. Portanto é uma planta controvertida e conflitante. Pode ser planta hospedeira alternativa de fungos e pragas agrícolas. A literatura cita vários gêneros de insetos associados como seus inimigos naturais. O potencial como pasto apícola é baixo. Para a obtenção dos resultados almejados, as ações necessárias abrangem a fiscalização da resolução estadual 151/97, fomento no desenvolvimento do controle biológico, na criação de uma legislação específica e campanhas de conscientização ambiental sobre o amarelinho, incentivos do desenvolvimento de bioherbicidas e micoherbicidas, e a criação de disciplinas sobre o controle biológico, espécies invasoras e plantas indesejáveis na graduação e pós-graduação. Desta maneira, estudos complementares estão sendo realizados em mestrados e doutorado, tendo o amarelinho como foco de estudos. Durante este período, foram divulgados e apresentados seis trabalhos em eventos científicos nacionais e internacionais, bem como palestras e três capítulos em um livro. O grupo de pesquisa está apresentando uma proposta da implementação do manejo com espécies florestais de crescimento rápido. Espera-se com este sistema de manejo deter a invasora pelo sombreamento. Estas espécies florestais devem ser um fator de estimulo de produção de madeira, especialmente onde estas são escassas, para fins de desenvolvimento regional. Na África do Sul há interesse de uma parceria com o Brasil para o estudo sobre controle biológico do amarelinho (Zimmermann, 2003, comunicação pessoal). Para atingir esta meta no futuro, o controle biológico do amarelinho, deverá contar com a busca conjunta e seleção de seus inimigos naturais na origem da planta. Além disso Brasil e África do Sul necessitam da permissão e cooperação com o México e os Estados Unidos. Os resultados comprovaram mais de quatro dezenas de espécies de artrópodes associados ao amarelinho no Brasil distribuídas em várias ordens. A ordem Homóptera, mais abundante com 45%, Diptera com 21%, Acari com 12% e a Lepidóptera com 11% dos insetos coletados. O restante das coletas (11%) ficou distribuído entre Coleoptera 5%, Hymenoptera, Hemiptera e Orthoptera com 3%. Concluí-se que todos estes artrópodes são generalistas, incluindo algumas espécies de pragas agrícolas, e como conseqüência, não podem ser empregados no controle biológico do amarelinho. Estes fatos resultantes indicam que se faz necessário buscar os inimigos naturais do amarelinho na origem. Por outro lado, ficou claro o registro da presença fungo Prospodium appendiculatum (Wint.) Arth. (Uredinales: Pucciniaceae), estudado pela equipe da Fundação regional de Blumenau que comproveu alto grau de especificidade ao amarelinho. Este fungo foi relatado por Zimmermann, (2003) em excursão ao México. Ainda como resultados foram concluídos dois trabalhos de mestrado, sendo um com o fitopatógeno acima, e outro com ácaro vermelho. As pesquisas com fitopatógeno continuam com um trabalho de doutorado e mais um trabalho de mestrado em solos. Concluí-se que os epicentros críticos da invasão do amarelinho situam-se nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, com características distintas. No caso do Paraná, ocorre a invasão de áreas antropizadas e no caso do Rio Grande do Sul, em áreas nativas da serra gaúcha, onde o manejo necessita ser implementado urgentemente. Desta maneira, estudos complementares em doutorado e mestrado estão sendo realizados tendo o amarelinho como foco do estudo. Durante este preíodo, foram divulgados e apresentados seis trabalhos em eventos técnicos-científicos nacionais e internacionais, bem como palestras e três capítulos em um livro. Algumas destas informações poderão ser encontradas no endereço eletrônico www.lncbp.ufpr.br/projetoamarelinho.htm da Universidade Federal do Paraná. Finalmente o grupo, através da coordenação do subprojeto está apresentando uma proposta para o plano de manejo. LITERATURA CONSULTADA Diniz, M. V. et al. Proposta para plano de manejo para a espécie Tecoma stans. Estudo de Agentes para o Controle Biológico de Tecoma stans - amarelinho. Blumenau, FURB, 2005. Pedrosa-Macedo, José Henrique & Bredow, Edgard Alfredo. Princípios e Rudimentos do Controle Biológico de Plantas: Coletânea – Curitiba: [s.n.], 2004. xiii, 205p.: il. Ricardo Segura. CSIRO/México; Helmunt Zimmermann, Stephan Neser e Arne Witt. ARC/Africa do Sul, 2004. Comunicações pessoais.