II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIENCIAS INTEGRADAS DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ Posicionamento de marketing, na geração de melhores preços aos consumidores finais: Estudo de caso no setor atacadista. Autor: Adriano Maniçoba da Silva Graduando em Administração FALS - Faculdade do Litoral Sul Paulista E-mail: [email protected] Co-autor: Henrique Cesar Nanni Mestrando em Gestão de Negócios - UNISANTOS E-mail: [email protected] Co-autora: Rosana Cammarosano Segnini Mestranda em Gestão de Negócios - UNISANTOS [email protected] Orientador: Prof. Ms. Ruy Cordeiro Accioly Docente - FALS - Faculdade do Litoral Sul Paulista E-mail: [email protected] Resumo Este trabalho estuda as conseqüências de posicionamentos de marketing distintos adotados por duas empresas no setor do atacado. Por meio dos método de estudo exploratório e estudo de caso foram analisadas duas empresas, atualmente as maiores do Brasil no ramo de Atacado, com o objetivo de verificar qual posicionamento traz mais benefícios e resultados positivos para cada empresa. O estudo exploratório evidenciou que apesar das empresas serem semelhantes quanto a sua forma de atuação, Atacado de Auto-Serviço, as mesmas adota posicionamentos distintos em relação ao seu público-alvo, uma focando suas operações a comerciantes, autônomos, e profissionais liberais e a outra atendendo a empresas e também o consumidor final. A pesquisa analisou os resultados das empresas nos últimos 6 anos e foi inferida a empresa que adotou o posicionamento para os dois segmentos teve melhores resultados. Conclui-se que a empresa que adotou a estratégia de único segmento deve se reposicionar para que possa crescer a níveis compatíveis com o seu setor. E ainda que o posicionamento estratégico deva buscar a sinergia entre a estrutura da empresa e as necessidades do público-alvo. Palavras-chave: Posicionamento estratégico, Atacado, Gestão de Marketing. Seção 2 – Artigo científico - Posicionamento de Marketing Apresentação – Oral 1. Introdução O objetivo principal deste estudo é analisar, pelo método de estudo de caso, duas empresas e verificar qual posicionamento de marketing trazem mais resultados, e ainda propor soluções para o posicionamento da empresa mais enfraquecida no mercado. Pelo motivo de as empresas atuarem no mesmo setor, com sistema de vendas semelhantes, surgiu o questionamento do por que as empresas adotam posicionamentos distintos e qual estratégia traz mais benefícios e ainda até que ponto um posicionamento é melhor que o outro. Estes questionamentos levaram à suposição de que um posicionamento melhor que o outro traz mais resultados positivos para a empresa. Como não foram identificados outros estudos equivalentes sobre o tema, que permitissem a formulação direta de hipóteses, primeiramente optou-se por um estudo exploratório, e em seguida pela análise dos resultados do estudo inicial. Devido à amplitude do assunto foi necessária uma revisão da literatura existente sobre o tema assim como alguns conceitos de marketing e de metodologia da pesquisa. Os principais motivadores da escolha do setor e das empresas são: a importância do setor atacadista na economia mundial e do país movimentando mais de R$ 176 bilhões ao ano e empregando mais de 130 mil pessoas, a carência de pesquisas sobre o tema, e o porquê das empresas adotarem posições distintas perante o mercado operando da mesma forma. A crescente concorrência enfrentada pelas empresas atualmente tem levado a uma necessidade de tomar decisões estratégicas assertivas e condizentes com o mercado em que estas empresas atuam, pois assim podem garantir sua competitividade em um ambiente incerto e repleto de mudanças. Erros nas decisões estratégicas podem incorrer em consideráveis perdas para a empresa. O desafio é escolher o segmento de mercado certo, compatível com as vantagens competitivas da empresa. O posicionamento no ramo de atacado é ainda um tema pouco explorado em pesquisa, este trabalho consistirá também numa fonte de novas hipóteses para pesquisas posteriores. Por definição, atacado é o comércio em larga escala realizado entre produtores e revendedores com o objetivo de fazer o produto chegar ao consumidor final. No Brasil, o atacado remonta ao período colonial (1530-1822), com a exploração do pau-brasil e, depois, com o cultivo da cana-de-açúcar. O atacado confunde-se com o surgimento do próprio comércio na época da criação das cidades. A função tradicional do setor é ser um parceiro da indústria, cobrindo a distribuição de produtos em áreas ou canais não atendidos diretamente pelas empresas. Esse sistema de vendas existe até hoje, mas no fim da década de 60 e no início dos anos 70 surgiu uma nova opção: o atacado de auto-serviço, que se caracteriza por grandes lojas, com disponibilidade imediata de uma linha variada de produtos. Neste contexto este estudo visa verificar o posicionamento eficaz ante este ambiente complexo e repleto de rápidas mudanças. 2. Metodologia A pesquisa bibliográfica indicou que o posicionamento estratégico de marketing é uma decisão estratégica e é feita de acordo com o mercado que se deseja satisfazer. Deste contexto surgiu o interesse de se analisar o posicionamento de duas empresas do setor de atacado e seus resultados. Para a obtenção das informações que orientaram o desenvolvimento deste estudo foi realizado um levantamento da bibliografia existente, informações de revistas, Internet, pesquisas de campo e com os consumidores. Considerando falta de estudo relativa ao tema e especificamente sobre posicionamento no setor de atacado, optou-se por realizar um estudo exploratório e posteriormente para apresentar os resultados um estudo de caso. Conforme GIL (1987:44) pesquisas exploratórias são realizadas com a finalidade de se ter uma visão geral do problema e para formular novas hipóteses. Segundo YIN (2001) “Estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos.” Para CASTRO (1977:89) “diante dos problemas desconhecidos pode-se observar o todo de forma incompleta (estudo do universo) ou procurar conhecer bem uma pequena parte deste todo, mesmo que não se saiba o quanto ela é representativa do universo. É a esta última relação que se chama estudo de caso”. Com base nestas características e considerações apresentadas, pelo tipo de informações e análises desejadas optou-se pelo estudo exploratório pelo método de estudo de caso. Com o objetivo de preservar a identidade da empresa foram utilizadas letras maiúsculas para identificação das mesmas. A escolha das empresas se deu a partir de três formas, estar entre as dez maiores empresas de atacado do país, atuar da mesma forma e adotar posicionamentos diferentes. Na apresentação dos resultados foram utilizadas técnicas comparativas como tabelas com as características das duas empresas, tendências no faturamento e pesquisas de campo. 3. Referencial Teórico e conceitual 3.1 Gestão de Marketing A Gestão de Marketing em uma organização é efetuada em fases, em uma ordem de execução e, seguindo uma metodologia, algumas etapas são interdependentes uma das outras para serem realizadas, devem seguir uma seqüência lógica para que tenham efetividade, pois uma utilizará as informações e resultados da outra. KOTLER (1999:46) destaca cinco etapas no processo de Administração de Marketing, que são elas: Pesquisa de Mercado, Segmentação, Definição de público-alvo e Posicionamento, elaboração do Marketing Mix (4 P’s) Implementação e Controle. Como primeira etapa na Administração de Marketing, a Pesquisa de mercado tem como função identificar as oportunidades de negócios que a empresa pode explorar, nesta fase é realizada a quantificação e qualificação dos desejos e necessidades dos consumidores que a empresa deseja satisfazer e ou continuar satisfazendo. Fatores importantes revelados na pesquisa são também as tendências do mercado bem como as oportunidades e ameaças presentes e futuras, as quais a empresa poderá explorar e se preparar. Feito este estudo o próximo passo é a segmentação, que divide o mercado em grupos com características semelhantes. 3.2 O Processo de Segmentação Segundo KOTLER (1999:42) segmento é todo grupo, dentro de um mercado, com características semelhantes, sejam elas: “demográficas, de anseios por benefícios, de consumo por ocasião, por nível de utilização ou por estilo de vida”. Segmentação é o processo de delimitar o campo ou espaço o qual a empresa irá atuar, segmentos são formados por consumidores com características semelhantes entre si e distintas em relação a outros segmentos. Nesta etapa deve-se decidir quais nichos de mercado seguir, a empresa deve focar nos segmentos em que ela pode oferecer serviços e produtos superiores aos dos concorrentes e ainda com um alto grau de rentabilidade, pois dificilmente uma empresa terá recursos financeiros suficientes para atender às várias necessidades diferentes do mercado (KOTLER, 1999). 3.3 O Posicionamento de marketing É necessário criar uma imagem na mente do consumidor de acordo com os benefícios oferecidos pela empresa, que faça a empresa se diferir dos seus concorrentes e ainda esses atributos vindo de encontro às necessidades do consumidor NICKELS e WOOD (1999). HEMZO (1992) afirma que “a empresa necessita delimitar o seu domínio competitivo”, ou seja, oferecer produtos e serviços competitivos em relação aos seus concorrentes, então é preciso escolher o segmento mais atrativo e que a empresa possa atuar com competitividade. DIMINGO apud HEMZO (1992), afirma que: “o verdadeiro posicionamento é o processo de distinguir uma empresa ou um produto de seus competidores com base em dimensões reais – produtos ou valores corporativos significativos para seus consumidores, para se tornar a empresa ou o produto preferido no mercado.” Conforme KOTLER (1999) “Posicionamento é o esforço de implantar o benefício chave e a diferenciação nas mentes dos clientes.” O Processo de Posicionamento pode ser dividido em duas etapas, o posicionamento de mercado, onde a empresa estabelece sua posição frente ao ambiente competitivo e o posicionamento psicológico, onde será definida a forma de comunicação para o mercado. O posicionamento de mercado estabelece a posição desejável no mercado, já no posicionamento psicológico a empresa define a forma de comunicação dessa posição para o mercado, é o desenvolvimento de uma identidade entre os serviços oferecidos pela empresa e as necessidades do consumidor, É possível traçar um mapa perceptual com base no que os clientes percebem os posicionamentos das empresas e com base nisto é possível migrar de uma posição para outra, este fenômeno é chamado de reposicionamento de marca, como explana NICKELS e WOOD (1999). KOTLER (1999), afirma que é muito mais proveitoso para a empresa focar suas atividades para nichos específicos e para elas adotar posicionamentos de acordo com o mercado-alvo escolhido. O posicionamento é feito com base em duas variáveis, o tipo de consumidor que se deseja atender, os tipos de consumidores são explicitados na segmentação do mercado, e a proposta de valor que a empresa deseja oferecer. 3.3.1 Estratégias de posicionamento no setor Atacadista/Varejista Conforme (HEMZO apud WORTZEL, 1992), o posicionamento no varejo se reflete em vários fatores dentre os principais, estão os tipos de loja, a linha de produtos e serviços oferecidos, ambiente de loja, etc. O autor também afirma que “(...) cada segmento requer do varejista o desenvolvimento de uma estratégia específica de posicionamento psicológico.” O posicionamento do varejo deve ser feito com base nas dimensões de valor, economia de tempo e alto contato pessoal e sensorial (BERRY apud HEMZO 1992). A estratégia de posicionamento de valor está baseada na premissa de que os produtos e serviços oferecidos pela empresa devem ser acompanhados de um “pacote” atrativo com vários serviços adjuntos que beneficiarão o cliente. Já a economia de tempo, sugere a eficiência operacional para oferecer serviços cada vez mais rápidos aos clientes, visto que os consumidores cada vez mais dispõem de menos tempo. E um alto contato pessoal e sensorial admite a venda pessoal como um diferencial competitivo importante neste setor, e ainda uma comunicação adequada no ambiente de vendas. 3.4 Elaboração do Marketing Mix A decisão do posicionamento do produto e sua estratégia competem à alta administração e é comunicada ao mercado pelo Marketing Mix (Produto, Preço, Praça e Promoção), essa comunicação é gerenciada a nível tático nas organizações. Definidas as linhas de atuação da empresa, esses diferenciais chegarão ao mercado por meio de decisões táticas, que envolvem alocação de recursos e o composto de marketing, existem várias composições de fatores para se chegar o mercado, os mais conhecidos são os quatro P’s: Produto, Promoção, Preço e Praça, agrupados por (MAcCARTHY apud HEMZO 1992). O produto: representa a oferta tangível com o qual a empresa satisfaz a necessidades do consumidor. O preço: é o valor que a empresa espera receber do mercado pela oferta do produto, incluindo descontos, prazo de pagamento e juros. A promoção: são as atividades de comunicação dos atributos do produto que engloba: promoção de venda, propaganda, vendas pessoais, relações públicas e marketing direto. O ponto de venda ou praça: correspondem às atividades que tornarão acessíveis os produtos aos consumidores, envolvem decisões referentes a canais de distribuição, estoques, localização e transportes. O processo final de gerenciamento de marketing é implementação e controle dos resultados, para verificação e consulta posteriores nos próximos planejamentos. 4. O Atacado no Brasil O setor de atacado no Brasil atua em vários formatos dentre os quais se destacam os de distribuidor, atacado de entrega, auto-serviço e de balcão, operador de vendas e operador logístico. O Atacado de entrega, auto-serviço e o de balcão se caracterizam como um agente de distribuição que compra e vende produtos de fornecedores da indústria. Distribuidor é o agente de distribuição que compra e vende produtos de fornecedores da indústria, com os quais possui vínculo de exclusividade de produtos e/ou de território. No mercado brasileiro há diversas empresas que atuam como atacadistas para um determinado grupo de fornecedores ao mesmo tempo em que atuam como distribuidores para um outro grupo de fornecedores, estas são caracterizadas como empresas atacadistas e distribuidores. O setor é responsável por abastecer mais de 900 mil pontos de venda no país, como mostra o quadro abaixo. Quadro 1 – Os números do setor de Atacado no Brasil NUMEROS TOTAIS DO SETOR ATACADISTA E DISTRIBUIDOR Faturamento total Participação no mercado Mercearil Pontos de vendas atendidos Área de Armazenagem Funcionários Vendedores diretor Representantes Comerciais Autônomos Frota de veículos Própria Frota de veículos terceirizada R$ 76,5 bilhões (preços varejo-2004) 55,4% 900 mil 4.800 milhões de m2 131 mil 12 mil 65 mil 26 mil 22 mil Fonte: ABAD (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores) A maior contribuição para o Faturamento advém dos pequenos varejistas como mostra a figura 1 abaixo. Participação dos setores no Faturamento do Atacado Figura 1 - Fonte: ABAD (Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores - 2004) 4.1 Empresa (A) A Empresa (A) foi fundada em 12 de abril de 1962 na cidade de Maringá, Paraná, onde hoje funciona sua matriz, seu capital é inteiramente nacional. Iniciou suas atividades operando primeiramente como atacado de entrega através de centros de distribuição, mais tarde entrou no segmento de Auto-Serviço que hoje é o segmento que maior contribui para o faturamento da empresa mostrado na figura 2. Operando no sistema de Auto-Serviço tem como seu foco de atendimento, desde o comerciante até a dona de casa. Há um incentivo para a compra de produtos com embalagem de atacado oferecendo assim um desconto na compra de produtos em embalagem fechada. A forma de pagamento visa facilitar tanto o consumidor final como o pequeno comerciante, a empresa aceita pagamentos a vista, cheques e cartões de débito, o acesso a suas instalações é livre sendo obrigatório o cadastro somente para pagamentos com cheque. A empresa hoje possui um número aproximado de 395.430 clientes ativos. Dentre os slogans divulgados na mídia confirmando seu posicionamento que é voltado para o comprador profissional e a dona de casa, destacam-se: “lugar de comprar barato”. “Na empresa (A) vale a pena. E se comprar de caixa o preço abaixa.” Hoje a empresa ocupa uma posição de destaque no cenário nacional e está entre as maiores empresas do seu segmento no país, com 25 lojas de auto-serviço e 6 centrais de distribuição em 2004, conta com mais de 6.500 funcionários. Seu mix de produtos é da ordem de 15 mil itens distribuídos em alimentos em geral, frios e laticínios, hortifruti, bebidas, conservas e enlatados, doces e biscoitos, higiene pessoal, limpeza, bazar, pet shop, automotivo, eletroeletrônicos, entre outros. Cada item disposto nas prateleiras é ofertado em quantidades diferentes para atender desde o consumidor que deseja comprar em quantidade para revender até aquele que pretende adquirir uma única unidade de enlatado, por exemplo. 4.2 Empresa (B) Fundada em 1968 na Holanda, suas atividades iniciaram-se no Brasil em 1972 com a primeira loja na cidade de São Paulo. Atualmente, é a maior organização Mundial a operar pelo sistema cash-and-carry. No Brasil sua presença está em 21 estados no Brasil e no Distrito Federal (DF), com um total de 47 lojas em 2004 com áreas de venda entre 3100 e 9900 metros quadrados. Comercializa e distribui uma enorme variedade de produtos, sendo mais de 14.000 itens em alimentos e não-alimentos. As vendas são exclusivas a comerciantes, autônomos ou profissionais liberais. Não é aberta ao público em geral, seu acesso é restrito aos possuidores do passaporte. Dentre o seu foco de atendimento destacam-se os micro empresários comerciais, produtores rurais, Hotéis, Restaurantes, Lanchonetes, Padarias, Hospitais, Indústrias. Os produtos são oferecidos em "pallets", caixas fechadas, embalagens institucionais e embalagens fracionadas com quantidade que variam de 6 a 36 unidades. O atendimento é rápido, uma nota fiscal com 30 itens é emitida em apenas dois minutos do momento em que o cliente passa no caixa com a mercadoria. Isso é possível porque o passaporte eletrônico contém todos os dados necessários para preencher o documento fiscal e porque os produtos recebem códigos internos e de barra. A empresa ainda conta com um Jornal de Ofertas, uma publicação quinzenal, pode chegar a uma tiragem de 1,2 milhões de exemplares. Os slogans anunciados confirmam o posicionamento da empresa: “O estoque do comerciante”. “Muito mais vantagens para o comerciante”. 5. Apresentação dos resultados O faturamento das empresas nos últimos anos tem se aproximado um do outro, com oscilações conforme figura 2. Em 2004 a Empresa (B) passa a não ser mais o maior atacadista no País, posição que ocupava desde 1995 e recupera em 2005. Levando em consideração o resultado de 2003, a liderança do setor passa para a Empresa (A). Gráfico 2 – Evolução do Faturamento das Empresas US$ milhões Evolução do Faturamento Empresa (B) Empresa (A) 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Período Figura 2 - Fonte: Revista Exame: Melhores e Maiores. No conceito de crescimento das vendas a Empresa (A) apresenta crescimento superior a sua rival, conforme gráfico abaixo: Gráfico 3 – Crescimento das Vendas Figura 3 - Fonte: Revista Exame: Melhores e Maiores Ambas as empresas adotam posicionamentos distintos, que se refletem em mudanças no seu Marketing Mix, sua comunicação com o mercado, conforme figura 3. Quadro 2 – Posicionamento e Marketing Mix das empresas Posicionamento e Marketing Mix Empresa (A) Empresa (B) Vender tanto para o cliente Posicionamento profissional como para o estratégico consumidor final Preço Produto Praça Promoção Preços competitivos e descontos conforme aumenta a quantidade Produtos a granel e embalagens institucionais Auto-Serviço permitindo o acesso de todos os consumidores em potenciais Slogan voltado para os dois segmentos "lugar de comprar barato" Empresa voltada somente a compradores profissionais, comerciantes, autônomos e profissionais liberais. Preços competitivos Predominância de Embalagens institucionais Auto-Serviço com acesso restrito ao seu público-alvo munido do passaporte Slogan exclusivamente voltado ao seu público-alvo "O lugar do comerciante" Fonte: Os Autores A Empresa (A) atua com uma estratégia de posicionamento sobre benefícios, divulgando assim como diferencial competitivo o preço baixo, e ainda em relação ao segmento atendido a mesma realiza uma cobertura de mercado classificada como especialização seletiva, pois está voltada para os dois segmentos, pessoas físicas e jurídicas, conforme Quadro abaixo. Quadro 3 – Classificação dos posicionamentos das empresas Empresa (A) Empresa (B) Posicionamento Comercializar produtos para o comerciante e o consumidor final Estratégia de baixo custo, a multisegmentos Posicionamento Sobre Benefícios Diferenciação da Empresa Estratégia de Posicionamento Estratégia de Cobertura Especialização Seletiva de Mercado Público-Alvo Pessoas Jurídicas, autônomos e profissionais liberais Customização de Segmento Posicionamento sobre categoria do usuário Concentração em um Único Segmento Fonte: Os Autores Já a empresa (B) utiliza uma estratégia de posicionamento sobre categoria de produtos ou serviços, voltando o seu Marketing Mix a um segmento de mercado os clientes profissionais ou pessoas jurídicas, com relação a sua cobertura de mercado realiza a que se concentra em um único segmento. 5. Análise dos casos Diante dos dados apresentados podemos fazer algumas análises que poderão ser úteis a inferir sobre qual empresa adota o melhor posicionamento de marketing Com uma análise do faturamento das duas empresas percebe-se que o modelo de negócios da empresa (A) está suplantando o da empresa (B), adicionando-se uma linha de tendência nas vendas das duas empresas e as vendas da empresa (A) apresentam-se em uma curva ascendente, enquanto que o da sua concorrente mostra uma curva descendente. Com base nos resultados mostrados acima, supõe-se que a empresa (B) perdeu mercado para sua principal rival, devido ao seu erro de posicionamento. A empresa com melhor resultado aproveitou as instalações para atender outro segmento e devido a essa estratégia está crescendo a níveis maiores que a outra empresa conforme já mostrado no gráfico 3. A empresa (B) ao longo dos últimos anos, apesar de possuir quase o dobro lojas que a sua rival, (47 lojas), tem seu faturamento em 2003, menor que a empresa (A). Uma possível explicação para este fato seria de que a empresa (B) vem faturando menos por loja, ao longo dos últimos anos, devido ao avanço da empresa (A), conforme mostra quadro abaixo: Quadro 4 – Faturamento por loja Faturamento mensal por loja (em US$ milhões) Empresa (B) Empresa (A) 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 4,3 4,9 3,2 4,2 2,8 4,2 2,5 3,5 2,3 3,3 2,0 4,2 2,4 3,6 Fonte: Os Autores Assim as lojas da empresa (A) são mais produtivas que a sua concorrente faturando uma média de US$ 3,06 milhões por mês em 2004, enquanto a empresa (B) somente US$ 2,4 milhões em 2004. O principal motivo deste fenômeno seria o preço praticado, pois, conforme a pesquisa apresentada o preço recebeu 100% de importância no momento da escolha do local de compra para o consumidor profissional, público-alvo da empresa (B), e conforme comprovado a empresa (A) pratica um preço menor que sua rival. Com relação à diferença de preço entre as empresas, supõe-se que a empresa (A) visualizou uma forma de incrementar suas vendas e aumentar a rotatividade dos estoques vendendo seu produto para os dois segmentos de clientes, sem aumentar seu custo fixo e faturar mais que sua rival por loja. Conseguindo assim praticar preços mais baixos. Este foi o fator do sucesso do posicionamento da empresa (A), conforme mostrado na figura 4. Figura 4 – Fator de sucesso da Empresa (A) Nota-se que a estratégia da empresa (A) para conquistar mais mercado é a utilização do seu espaço físico, para obter incremento nas vendas atendendo também o consumidor final. 5.1 - Recomendação estratégica para a empresa (B) Diante do exposto conclui-se que a empresa (A) adquiriu vantagem competitiva se diferenciando por meio de seu posicionamento, conseguindo praticar preços baixos. Já que o modelo de negócio tem uma instalação física que suporte volume de gente considerável, a empresa poderá ganhar economia de escala vendendo também para compradores não profissionais. A empresa pode com o mesmo custo fixo obter incremento nas vendas. Assim como estratégia possível para a empresa (B) reverter sua posição, é fazer o reposicionamento da empresa. E mudar sua posição na mente do consumidor para que o consumidor tenha uma percepção de atacado popular e com preço mais baixo. Conforme figura 5 abaixo. Figura 5 – Reposicionamento proposto – Empresa (B) Este posicionamento para os dois segmentos já foi experimentado pela empresa (B) entre o final dos anos 80 e o início dos 90, a empresa (B) emitiu cerca de meio milhão de passaportes “cartão do cliente” a pessoas físicas com o objetivo de aumentar as vendas. Mas segundo a empresa ocorreu o inverso: o varejista, comprador de volumes generosos começou a se afastar da empresa (B) ao notar que a mesma fonte que lhe abastecia as prateleiras também vendia para sua freguesia. Se a empresa (B) optar pelo reposicionamento incorrerá no risco de acontecer como no passado. Mas pelas informações coletadas é possível que este fenômeno não se repita, devido ao sucesso da empresa (A), e também pelo fato da pesquisa mostrar que a maioria dos clientes corporativos do atacado auto-serviço, utilizam os produtos como insumos de produção para prestação do serviço, como restaurantes, hotéis, lanchonetes, hospitais, padarias, indústrias, pizzarias, bares e similares. Apenas uma pequena parcela destes clientes compra a mercadoria para revenda, como no caso dos mini-mercados, estes geralmente preferem realizar suas compras em atacados de entrega, devido ao alto volume comprado, ou se organizarem em centrais de compras que associam várias empresas pequenas. 6. Considerações finais Os resultados mostram que a estratégia vencedora foi a da empresa (A), que aproveitou suas instalações para aumentar as vendas e assim aumentar sua participação no mercado. O Estudo deste caso leva-nos a refletir sobre o processo de definição do posicionamento, a teoria apresentada anteriormente resumidamente diz que a empresa deve se posicionar ante o segmento que deseja atender. Segundo KOTLER e os outros autores o posicionamento estratégico deve ser feito com base nas necessidades e expectativas do público-alvo, o estudo deste caso nos remonta a uma outra análise, a estrutura e a capacidade da empresa. Neste caso a empresa obteve uma sinergia entre o as necessidades de seu públicoalvo, preços baixos, e as peculiaridades de suas operações, auto-serviço, permitindo obter incremento nas vendas com o acesso do consumidor final. 7. Referências Bibliográficas 1. CASTRO, Claúdio de Moura. A Prática da Pesquisa. McGraw-Hill. São Paulo, 1977p.45. 2. DIMINGO, Edward. The fine Art of Positioning. The Journal of Business Strategy. March/April 1988. p.34-38. 3. Gil, A, C. Métodos e técnicas de pesquisa social, São Paulo: Atlas, 1987. 4. HEMZO, Miguel Angelo. 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