ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NOS CUIDADOS AO PACIENTE

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ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NOS CUIDADOS AO PACIENTE ONCOLÓGICO
EM USO QUIMIOTERAPIA: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO
Ana Paula Perdiz1
RESUMO
O paciente com câncer traz várias apreensões pelo enfrentamento da doença. É
caracterizado pelo medo, ansiedade, crenças e atitudes que necessitam de
intervenções individualizadas para minimizar a ameaça à sua integridade física e
psíquica, o que leva a equipe multiprofissional, propriamente o enfermeiro a
confrontar-se com estes aspectos. Este artigo possui como objetivos analisar as
produções cientificas sobre a atuação do enfermeiro nos cuidados prestados ao
paciente oncológico em uso de quimioterapia; descrever as atribuições do
enfermeiro na prestação dos cuidados ao paciente oncológico; destacar a
importância dos cuidados paliativos para o paciente oncológico na minimização dos
efeitos da quimioterapia e enfatizar os benefícios do apoio físico, psíquico, social e
espiritual tanto ao paciente quanto para a família no processo de enfrentamento da
doença. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de caráter descritivo e exploratório
através da coleta de produções científicas nas bases de dados eletrônica da
Scientific Electronic Library Online (SciELO). Defifiu-se na coleta de dados como
critérios de inclusão: estudos publicados na língua portuguesa, artigos publicados
entre o período de 2006 a 2014 e publicações em revistas brasileiras de
enfermagem. Concluiu-se que realizar o planejamento da assistência ao paciente
com câncer em uso de quimioterapia vai além da prescrição de cuidados; envolve
acompanhar sua tragetória, vivenciar a experiência da família desde o diagnóstico
da patologia, início do tratamento, remissão, reabilitação e muitas vezes até na fase
final da doença. O enfermeiro dentro desse contexto deverá estabelecer objetivos da
assistência prestada, bem como determinar metas específicas e desenvolver
estratégias adequadas a execução do processo terapêutico.
Palavras-chave: Paciente oncológico. Quimioterapia. Enfermeiro. Planejamento da
assistência ao paciente.
1
Enfermeira. Pós-graduanda em Enfermagem Oncológica pela Atualiza Cursos, Salvador-Bahia.
Email: [email protected]
Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para obtenção do título de especialista
em Enfermagem Oncológica, sob a orientação do professor (a) Max . Salvador, 2014.
2
1 INTRODUÇÃO
O câncer representa uma causa importante de morbidade e mortalidade,
gerador de efeitos que não se limitam apenas ao próprio paciente, mas se estende
principalmente aos familiares, destacando-se de ordem emocional e social.
Segundo Silva e Cruz (2011) a incidência do câncer vem crescendo no Brasil,
em um ritmo que acompanha o envelhecimento populacional. Essa característica é
resultado das transformações globais das últimas décadas, urbanização, estilo de
vida, alimentação inadequada e a hereditariedade.
Para Hercos et al. (2014) os avanços tecnológicos nos cuidados dos
pacientes com câncer possibilitaram maior probabilidade de controle ou reversão da
doença. Entretanto, os tratamentos mais agressivos como quimioterapia e cirurgia
oncológica implicam diretamente na maior utilização de leitos nas unidades
especializadas.
Os agentes antineoplásicos, também denominados citotóxicos, são usados no
tratamento de neoplasias quando a cirurgia ou a radioterapia não é possível ou é
ineficaz, como coadjuvantes para cirurgia ou em leucemias, como tratamento inicial.
A terapêutica com esses agentes é curativa em alguns casos, porém exercem uma
ação paliativa sobre os sintomas ou prolonga a vida dos doentes. (MACHADO;
PAIVA; JUNIOR, 2000).
O paciente com câncer necessita de uma assistência diferenciada,
principalmente pelas características que envolvem ele e a família. O planejamento
dos cuidados quanto ao tratamento, caracteriza-se como a primeira etapa da
atividade assistencial da enfermagem. Antes de mais nada é preciso estabelecer os
objetivos da assistência, analisar as consequências que podem surgir de diferentes
atuações, determinar metas específicas e a forma de como alcançá-las, e
desenvolver estratégias adequadas à execução da terapêutica adequada (SILVA;
CRUZ, 2011).
O planejamento e a prática de enfermagem sofre a interferência dos
sentimentos, atitudes, valores e crenças pelo envolvimento com o paciente
oncológico e a família. É nesse contexto que o enfermeiro (a) e a equipe de
enfermagem devem estar fundamentados no conhecimento teórico-prático-científico,
como também oferecer a este paciente o maior apoio possível.
3
O principal papel da enfermagem é proporcionar o cuidado e educação para
estes pacientes e familiares que representa um significante desafio. Sendo assim, o
enfermeiro é o profissional mais habilitado e disponível para apoiar e orientar o
paciente e a família na vivência do processo de doença, tratamento e reabilitação,
afetando definitivamente a qualidade de vida do paciente (BARBOSA et al., 2012).
Os profissionais de enfermagem que atuam em unidades especializadas
devem possuir conhecimento técnico científico e ser capacitados para lidar com a
perda, a dor, o sofrimento e todo estresse que o trabalho exige (HERCOS et al.,
2014).
Assim, diante do exposto acima, questiona-se: Como as produções científicas
abordam a atuação do enfermeiro nos cuidados ao paciente oncológico em uso de
quimioterapia?
O câncer é uma patologia de grande incidência que provoca transtorno e dor
ao paciente e familiares, pois traz alterações em dimensões fisicas, psiquicas,
sociais e espirituais. Os cuidados de saúde prestados ao paciente requer atenção da
equipe multiprofissional, principalmente quanto as habilidades clínicas específicas
realizadas durante o processo terapêutico. O principal papel do enfermeiro é
proporcionar o cuidado e orientações para estes pacientes e familiares, o que
representa um significante desafio. Sendo assim, o enfermeiro é o profissional mais
habilitado e disponível para apoiar e orientar o paciente e a família na vivência do
processo de doença, tratamento e reabilitação, afetando definitivamente a qualidade
de vida do paciente.
Este trabalho justifica-se através da vivência profissional enquanto enfermeira
de ums hospital especializado em oncologia, por observar como é necessário a
presença do enfermeiro no cuidado ao paciente oncológico. Os pacientes que
frequentam este tipo de serviço são envolvidos principalmente pelo fator emocional,
por estarem frenquentemente lidando com o medo, a desesperança, acometidas por
uma patologia crônica, das quais cerca de dois terços evoluem para óbito. Esses
pacientes estão envolvidos no processo de diagnóstico, tratamento, cura e óbito, ou
seja, eles necessitam de uma assistência especializada. Portanto, se faz relevante
realizar pesquisas neste contexto visando identificar a importância da atuação do
enfermeiro frente ao paciente em uso de quimioterapia, descrevendo também as
características, medos, anseios, estado psicológico e o enfrentamento de uma das
patologias mais preocupantes, o câncer. Estas informações poderão contribuir de
4
forma acadêmica enriquecendo o acervo da biblioteca da Atualiza, como também
incentivar outros profissionais a realizar estudos que abordem a mesma linha de
pesquisa.
Este artigo tem como finalidade realizar um estudo bibliográfico de caráter
descritivo e exploratório através da coleta e análise das produções científicas
eletrônicas sobre a atuação do enfermeiro no cuidado ao paciente em uso de
quimioterapia. Apresenta como objetivos analisar as produções cientificas sobre a
atuação do enfermeiro nos cuidados prestados ao paciente oncológico em uso de
quimioterapia; descrever as atribuições do enfermeiro na prestação dos cuidados ao
paciente oncológico; destacar a importância dos cuidados paliativos para o paciente
oncológico na minimização dos efeitos da quimioterapia e enfatizar os benefícios do
apoio físico, psíquico, social e espiritual tanto ao paciente quanto para a família no
processo de enfrentamento da doença.
Inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico em livros encontrados
nos acervos de bibliotecas que abordem a temática escolhida. De acordo com o
projeto de pesquisa anteriormente apresentado, foi traçado como como critérios de
inclusão: artigos indexados nas bases de dados do SciElo, artigos publicados em
revistas científicas brasileiras de enfermagem, estudos publicados entre o período
de 2006 a 2014.
A coleta de dados foi realizada nas bases de dados eletrônicas da Biblioteca
Virtual em Saúde (BVS) e no portal Scientific Electronic Library Online (SciELO). A
organização dos dados se deu da seguinte forma: leitura integral dos artigos
coletados, a fim de conhecer as ideias centrais dos autores; seleção de parágrafos
que sintetizassem as afirmações mais importantes; organização das ideias
separando por ordem de relevância; conceitos e atualidades, onde foi eliminada toda
contextualização desnecessária e podendo assim, destacar o essencial para a
solução do problema proposto na pesquisa. Também foram utilizados livros
didáticos, teses, dissertações disponíveis nas bibliotecas das Instituições de Ensino
Superior e disponíveis na internet.
Por fim, na seção análise e discussão dos resultados os mesmos foram
discutidos através das afirmações dos autores das publicações selecionadas com o
problema apresentado neste estudo, a fim de se alcançar os objetivos propostos.
5
2 DESENVOLVIMENTO
2.1
O
PACIENTE
COM
CÂNCER:
O
USO
DE
QUIMIOTERÁPICOS
ANTINEOPLÁSICOS
A quimioterapia consiste no tratamento que utiliza substâncias químicas,
isoladas ou em combinação, com o objetivo de eliminar neoplasias malignas. Esse
método terapêutico surgiu nas civilizações antigas do Egito e Grécia pela utilização
de drogas quimioterápicas sob a forma de sais metálicos como o arsênico, cobre e o
chumbo. No entanto, foi somente durante a 2ª guerra que a terapia antineoplásica
passou a ser estudada. A partir da publicação, em 1946, dos estudos clínicos feitos
com o gás mostarda e das observações sobre os efeitos do ácido fólico em crianças
com leucemias, verificou-se crescente avanço da quimioterapia antineoplásica.
(VIEIRA et al, 2012).
Os agentes antineoplásicos também denominados citotóxicos são utilizados
para o tratamento de neoplasias quando a cirurgia ou a radioterapia não é possível
ou é ineficaz, como adjuvantes para a cirurgia ou em leucemias, como tratamento
inicial. A terapêutica com esses agentes é curativa em poucos casos, porém exerce
uma função paliativa sobre os sintomas ou prolonga a vida dos doentes.
(FONSECA, 2000).
Os avanços verificados nas últimas décadas têm facilitado consideravelmente
a aplicação de outros tipos de tratamento de câncer e permitido maior número de
curas. Atualmente, os quimioterápicos mais ativos e menos tóxicos encontram-se
disponíveis para uso na prática clínica. (VIEIRA et al, 2012).
A quimioterapia pode ser utilizada em combinação com a cirurgia e a
radioterapia. De acordo com as suas finalidades, a quimioterapia é classificada em:
curativa - utilizada com o objetivo de se conseguir a eliminação completa do tumor;
adjuvante - quando se segue à cirurgia curativa, tendo o objetivo de destruir células
residuais locais ou circulantes, diminuindo a incidência de metástases à distância;
neoadjuvante ou prévia – realizada antes do tratamento cirúrgico, quando indicada
para se obter a redução parcial do tumor, visando permitir uma complementação
terapêutica com a cirurgia ou a radioterapia e paliativa - é utilizada apenas com a
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finalidade de melhorar e aumentar a qualidade da sobrevida do paciente. (VIEIRA et
al, 2012).
Segundo Fonseca (2000) e Vieira (2012) os agentes antineoplásicos são
classificados de acordo com a especificidade no ciclo celular e com a estrutura
química e a função em nível celular:
Espeficidade no ciclo celular: são incluídos os fármacos que podem atuar
sobre a célula durante todo o seu ciclo (também chamados inespecíficos de fase) e
os que atuam dando preferência a uma ou mais fases fora do repouso, conhecidos
como específicos de fase. As fases do ciclo celular são a pré-sintética (G1), a
síntese de ADN (S), a pós-sintética (G2) e a mitose (M).
Estrutura química e a função em nível celular: nesta classificação, os agentes
são subdivididos em aquilantes, antimetabólicos e produtos naturais.
Agentes Aquilantes: se ligam ao DNA impedindo a separação dos dois
filamentos de DNA na dupla hélice, fenômeno indispensável à replicação. Os
agentes alquilantes afetam a célula em todas as fases do ciclo celular de modo
inespecífico e provocam múltiplas lesões nas células em divisão ou não. O efeito
final da interação entre os agentes
aquilantes e o DNA seria alteração da
informação codificada na molécula de DNA. Devido a esta interação, esses agentes
não são específicos de fase, sendo que alguns deles são inespecíficos para o ciclo
celular. Raramente produzem efeito clínico ótimo sem a combinação com outros
agentes fase-específicos.
São
exemplos de
agentes
aquilantes:
mostarda
nitrogenada (clorambucil, ciclofosfamida, ifosfamida, estramustina, mecloretamina,
melfalano), derivado etilamina (tiotepa), alquilsufonato (bulssulfano), nitrossuréias
(camustina, lomustina, semustina, estreptozocina), triazina (dacarbazina), sais
metálicos (cisplatina, carboplatina).
Agentes
Antimetabólicos: inibem enzimas envolvidas na síntese de
nucleotídeos purina e pirimidina. Desta forma, afetam as células inibindo a formação
de componentes essenciais do DNA e RNA, impedindo a multiplicação e função
normais da célula. Os antimetabólicos são mais ativos nas células em crescimento,
além de serem específico de fase, em sua grande maioria. Existem três sucategorias
de
antimetabólicos:
análogos
da
purina
(mercaptopurina,
tioguanina,
desoxicoformicina, 2-clorodesoxiadenosina, fludarabina), análogos da pirimidina
(azacitidina, citarabina, fluxoridina, fluorouracil) e análogos do ácido fólico (o
metotrexato).
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Inibidores da mitose: interferem na polimerização e despolimerização das
tubulinas celulares, paralisando a mitose na metáfase. A proteína tubulina forma os
microtúbulos que constituem o fuso espiralar pelo qual migram os cromossomos.
Desta forma, os cromossomos ficam impedidos de migrar, durante a metáfase,
ocorrendo a interrupção da divisão celular. Exemplos: vincristina, vimblastina e um
derivado semi-sintético, a vindesina.
Antibióticos: constituem um grupo de agentes antimicrobianos produzidos
pelo Streptomyces em cultura. Todos os antibióticos clinicamente úteis afetam a
síntese e a função dos ácidos nucléicos.
Bleomicina: age mediante quebra da cadeia do DNA. Acredita-se que a
fragmentação resultante desse processo esteja ligada à atividade citotóxica do
fármaco.
Outros agentes: algumas drogas não podem ser classificadas em nenhuma
classe de ação farmacológica, como é o caso da dacarbazina, indicada no
tratamento do melanoma avançado e sarcomas de partes moles e da procarbazina,
cujo mecanismo de ação ainda não foi completamente elucidado.
2.1.1 Os Efeitos dos Quimioterápicos
Ao longo dos anos, a indústria farmacêutica, juntamente com os grandes
centros de pesquisa, tem investigado uma grande quantidade de substâncias com
ações antitumorais, uma vez que os fármacos usados atualmente também agem nas
células normais e acarretam grandes prejuízos aos pacientes submetidos ao
tratamento.
Os agentes antineoplásicos mais potentes atingem células que estão em
processo de divisão celular, e consequentemente os tecidos normais mais
acometidos por estes medicamentos são os que têm maiores frações de
crescimentos.
As células da medula óssea, linfoblastos, mucosas, a pele e as gônadas são
as mais acometidas pelo potencial tóxico dos fármacos. Como a produção de
leucócitos mielógenos é mais rápida e sua fração de crescimento é maior do que a
dos eritrócitos, a depressão da medula óssea pode causar neutropenia e
trombocitopenia, em vez de anemia.
8
A supressão da proliferação de células mucosas produz mucosite (ulceração
aftosa e gastrintestinal). A interrupção da proliferação de células epiteliais pode
causar alopecia e às vezes, descamação da pele. As ações sobre os túbulos
seminíferos podem produzir azoospermia e as ações sobre os ovários, amenorréia.
As células do sistema imunológico proliferam rápido e são muito susceptíveis
a certos agentes citotóxicos e a imunosupressão faz com que o paciente fique mais
vulnerável às infecções.
A droga quimioterápica ideal deveria erradicar as células tumorais sem
danificar os tecidos normais. Entretanto, tal agente não existe e os medicamentos
existentes afetam, de alguma forma, as células normais. O sucesso da quimioterapia
se sustenta na maior sobrevida das células saudáveis com relação às tumorais.
A toxicidade para o trato gastrintestinal impede a administração oral de muitos
fármacos. Essa toxicidade inclui náuseas, vômitos, diarréia, cãimbras, constipação
intestinal, alterações cutâneas, alterações da sexualidade e reprodução, cistite
hemorrágica, alteração de fluidos e eletrólitos e toxicidades pulmonar, hepática e
neurológica
etc,
que
também
são
efeitos
colaterais
agudos
de
muitos
antineoplásicos administrados por via endovenosa. Enfim, a toxicidade dos
antineoplásicos muitas vezes é fator limitante de um tratamento quimioterápico.
A produção de anticorpos monoclonais, contra proteínas específicas,
encontradas nas paredes das células neoplásicas é um dos grandes
avanços na terapia anticâncer. Estes anticorpos ajudariam o sistema imune
a reconhecer as células neoplásicas como estranhas. Poderiam também,
carregar consigo toxinas que atingiriam apenas as células com aquela
proteína, no caso, as células do câncer. Os anticorpos monoclonais também
podem ser desenvolvidos contra antígenos associados ao tumor e
desempenham papel importante no diagnóstico e no desenvolvimento de
novas estratégias terapêuticas (VIEIRA, 2012, p. 248).
2.2 A ENFERMAGEM NO PLANEJAMENTO DA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE
COM CÂNCER
O estado da doença não é somente um fator de acometimento físico, mas um
problema que diz respeito ao indivíduo como um todo, o que inclui o corpo, as
emoções e a mente. As alterações emocionais têm uma função importante no que
diz respeito tanto à suscetibilidade, como à recuperação de qualquer doença.
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A abordagem do tratamento ao paciente com câncer lida não só com os
aspectos físicos, mas também com seus aspectos emocionais, suas crenças, a
reabilitação e a capacidade de resolver os seus problemas emocionais. Cada
indivíduo apresenta sua história de vida incluindo seus aspectos culturais, religiosos
e sociais. (OLIVEIRA et al, 2011).
Os profissionais da saúde devem fazer parte deste contexto, para que esses
pacientes possam ser atendidos da forma mais integral possível. Desta forma, os
profissionais que compõem a equipe são: médico, enfermeiro, fisioterapeuta,
terapeuta ocupacional, psicólogo, psicoterapeuta, psicanalista, psiquiatra, líder
religioso, assistente social e voluntários. (OLIVEIRA et al, 2011).
Algumas instituições hospitalares incluem o voluntário nas atividades de visita
da equipe multiprofissional a fim de promover companhia durante o período noturno,
alívio da ansiedade. As atividades dos voluntários dependerão da aceitação dos
pacientes e suas famílias.
Para Oliveira et al. (2011, p. 58): “o impacto na família está relacionado com
longos períodos de hospitalização, reinternações frequentes, terapêutica agressiva,
dificuldade de separação da família, limitações na compreensão do diagnóstico,
angústia, dor e sofrimento.”
O enfermeiro deve prestar um cuidado que ofereça suporte, conforto, cuidado
holístico, atenção humanizada, associados ao agressivo controle de dor e de outros
sintomas; ensinar ao doente que uma morte tranquila e digna é seu direito; contribuir
para que a sociedade perceba que é possível desassociar a morte e o morrer do
medo e da dor. É dever dos profissionais de enfermagem preservar a autonomia do
paciente, exercitando sua capacidade de se autocuidar, reforçando o valor e a
importância do doente e seus familiares de participar ativamente nas decisões do
tratamento, assim como nos cuidados. (FONSECA, 2000).
É muito importante, devido a relação da equipe de enfermagem com o
paciente, que ela tenha habilidade para perceber a comunicação não verbal do
paciente, estando atento às suas expressões faciais e para saber silenciar no
momento certo, ou seja, usar adequadamente o silêncio e tocar de forma afetiva e
não apenas no momento técnico, quando realiza o exame físico. (OLIVEIRA, 2011).
10
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram identificadas um total de 30 publicações que abordavam o tema da
pesquisa, entretanto, somente 05 foram selecionadas, nas quais 01 datam o período
de 2014, 01 publicação de 2012, 01 publicação de 2011, 02 publicações de 2008.
Os dados foram analisados qualitativamente, buscando-se evidenciar as a
atuação do enfermeiro no cuidado ao doente oncológico. Os dados foram
correlacionados com o objetivo de chegar a uma hipótese apresentada no estudo.
O câncer é uma doença que impõe grande sofrimento biopsicossocial para os
indivíduos que são acometidos por essa patologia, bem como às suas famílias. A
doença traz consigo abruptamente a associação com a morte, embora se saiba que
em muitos casos a cura é possível, dependendo principalmente, da localização do
tumor e do seu estágio de desenvolvimento.
Para Silva e Cruz (2011) perceber as necessidades do paciente com câncer
traz significados diversos, mudanças de valores, crenças e atitudes que demandam
intervenções apropriadas e individualizadas, para minimizar a ameaça à sua
integridade física e psíquica, o que leva o profissional enfermeiro e toda equipe
multiprofissional a ficarem susceptíveis.
Assistir ao paciente com câncer vai além de uma prescrição de cuidados:
envolve acompanhar sua história, início da doença, aceitação da família, desde os
procedimentos diagnósticos, tratamento, remissão, reabilitação, possibilidade de
recidiva e fase final da doença, ou seja, vivenciando situações do momento do
diagnóstico à terminalidade. (SILVA; CRUZ, 2011).
No contexto do cuidado, a equipe de enfermagem é totalmente coparticipativa nesse processo. Os profissionais devem ter excelente conhecimento
técnico-científico e ser capacitados para lidar com a perda, a dor, o sofrimento e
todo estresse que o trabalho requer. Situações como essas podem levar ao burnout
que é uma resposta do organismo diante de um estado de estresse prolongado
quando o enfretamento não foi utilizado, falhou ou foi insuficiente. Está vinculado ao
trabalho, causado por repetitivas pressões emocionais, associados ao envolvimento
com pessoas por longo período de tempo. (HERCOS et al, 2014).
Hercos et al. (2014) afirma que a qualidade da assistência prestada pela
equipe de enfermagem aos pacientes oncológicos requer um planejamento
11
assistencial pelo enfermeiro, muitas vezes tornando-se inviável sabendo que as
atribuições do enfermeiro na rotina de trabalho são extensas.
Realizar o planejamento de enfermagem, caracteriza-se como a primeira
etapa de qualquer atividade assistencial. Implica em estabelecer objetivos, analisar
as consequências que poderiam advir de diferentes atuações, optar entre
alternativas e desenvolver estratégias adequadas à execução da terapêutica
adequada.
Para Barbosa et al. (2012) o principal papel da enfermagem é proporcionar o
cuidado e educação para estes pacientes e familiares o que ainda é visto como um
grande desafio. O enfermeiro é o profissional mais habilitado e disponível para
apoiar e orientar o paciente e a família na vivência do processo de doença,
tratamento e reabilitação, afetando definitivamente a qualidade de vida do paciente.
Vale ressaltar a Portaria nº 2.439 de 8 de dezembro de 2005, que institui a
Política Nacional de Atenção Oncológica, onde ressalta que o atendimento ao
paciente oncológico deve ser ampliado, garantindo-se a universalidade, a
equidade,a integralidade, o controle social e o acesso à assistência oncológica.
Os profissionais que atuam diretamente junto a esses pacientes, devem ter
acesso à educação em saúde para qualificar a assistência prestada e assegurar a
instituição dos principios do Sistema Único de Saúde (SUS).
O estudo realizado por Fontes e Alvim (2008) relata que para oferecer um
melhor planejamento da assistência de enfermagem é necessário utilizar o diálogo
com o paciente oncológico. Eles afirmam que a perspectiva dialógica abre caminho
para o estabelecimento de uma relação horizontal, cujos sujeitos interagem de forma
ativa, refletindo sobre seu contexto de vida e agindo sobre ele. Esta prática facilita a
interação com o cliente e colabora no enfrentamento da patologia.
Hercos et al (2014) relata que para a melhoria da qualidade da assistência e
das condições de trabalho dos profissionais, há que se considerar as características
sociodemográficas, bem como a experiência profissional, afinidade pela área,
educação permanente em aspectos específicos sobre Oncologia, que influenciam no
desenvolvimento do cuidado e nas relações dos profissionais com os pacientes e
familiares, e também entre os diferentes profissionais que atuam nessas unidades.
12
4 CONCLUSÃO
A Oncologia é uma área de especialidade da saúde que é composta por
vários desafios desde seus diagnósticos, intervenções, tratamentos e que requer
dos profissionais que atuam nessa área constante capacitação e atualização.
Observou-se nos artigos coletados e discutidos que o paciente oncológio traz
consigo o medo, a ansiedade e denota na equipe de saúde a esperança e confiança
da cura. Notou-se ainda que a atuação do enfermeiro frente ao paciente oncológico
é imprescindível para o processo de enfrentamento da doença, principalmente pelo
contato advindo do processo assistencial, pela rotina dos procedimentos,
orientações e efeitos do tratamento e suporte psicológico que é oferecido a ele e a
família.
A presença do enfermeiro nas unidades que atendem pacientes oncológicos é
essencial, sendo necessária a sua especialização, pois a fundamentação téóricocientífica, liderança, discernimento, responsabilidade e prática clínica oferece
suporte para o planejamento da assistência aos clientes, no gerenciamento e
coordenação da equipe.
Vale ressaltar que a pesquisa bibliográfica incentiva o trabalho integrado a
diversas áreas da saúde, principalmente no que se refere a atuação da equipe de
enfermagem em suas diversas especialidades, em suma, a oncologia, tratando-se
de uma área ainda em evolução de pesquisas científicas.
Concluiu-se que realizar o planejamento da assistência ao paciente com
câncer em uso de quimioterapia vai além da prescrição de cuidados, envolve
acompanhar sua tragetória, vivenciar a experiência da família desde o diagnóstico
da patologia, início do tratamento, remissão, reabilitação e muitas vezes até na fase
final da doença. O enfermeiro dentro desse contexto deverá estabelecer objetivos da
assistência prestada, bem como determinar metas específicas e desenvolver
estratégias adequadas a execução do processo terapêutico.
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ABSTRACT
The cancer patient brings several arrests for fighting the disease. It is characterized
by fear, anxiety, beliefs and attitudes that require individualized interventions to
minimize the threat to their physical and psychological integrity, which leads the
multidisciplinary team, properly nurses to confront these issues. This article has as
objective to analyze the scientific production on Nursing interventions in the care
provided to cancer patients on chemotherapy; describe the nurse's responsibilities in
providing care to cancer patients; highlight the importance of palliative care for
cancer patients in minimizing the effects of chemotherapy and emphasize the
benefits of physical, psychological, social and spiritual support both the patient and
family in coping with the disease process. This is a literature search through the
collection of scientific works in the electronic databases of the Scientific Electronic
Library Online (SciELO) in the period from November to December 2014, which were
defined as inclusion criteria: studies published in Portuguese, articles published
between the period 2006-2014 and publications in Brazilian nursing journals. It was
concluded that carry out the planning of patient care with cancer on chemotherapy
goes beyond prescription care; involves follow its trajectory, experience the family's
experience from diagnosis of the disease, early treatment, remission, rehabilitation
and sometimes even in the final stage of the disease. The nurse in this context
should establish goals of care, and to determine specific goals and develop
appropriate strategies to implement the therapeutic process.
Keywords: Cancer patient. Chemotherapy. Nurse. Planning of patient care.
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