Instituto Tecnológico de Aeronáutica Divisão de Engenharia Mecânica-Aeronáutica MB-210 Probabilidade e Estatística Profa. Denise Beatriz Ferrari www.mec.ita.br/∼denise [email protected] 2o. semestre/2013 Apresentação Idéias Básicas Probabilidade Latim probare = provar, testar Estatística Grego stokhastikós = conjectura, adivinhação, sujeito às leis do acaso I Uso coloquial: “provável”, incerteza, desconhecimento, risco, dúvida. Chance e Incerteza ... são conceitos originados com a civilização Garantia de sobrevivência: I Clima (chuvas, secas), suprimentos de alimentos (colheitas, pragas), etc. I Esforço em minimizar as incertezas do meio que nos cerca bem como seus efeitos a fim de garantir a sobrevivência Um pouco de História Antigüidade I 3500 A.C.: jogos de azar que utilizavam objetos criados a partir de pedaços de ossos ou madeira (precursores dos dados modernos). I 2000 A.C.: dados cúbicos, com marcas quase idênticas aos dados atuais Os jogos de azar sempre foram muito populares desde essa época e tiveram um papel importante para o desenvolvimento da Teoria das Probabilidades. Um pouco de História Era Moderna I Século XVI: Primeiros Estudos – Cardano (1501–1576) e Galileu (1564–1642) calcularam valores de probabilidades para várias combinações de dados. I Século XVII: – Fermat (1601–1665) e Pascal (1623–1662) * Métodos de análise combinatória * “fundadores” da teoria matemática das probabilidades – Huyghens (1629–1695) * primeiro tratado científico sobre o assunto “De Ratiociniis in Ludo Aleae” – Bernoulli (1654–1705) e Moivre (1667–1754) * trataram esta teoria como um ramo da Matemática “Ars Conjectandi” Um pouco de História Era Moderna I Século XVIII: – Laplace (1749–1827) * Definição Clássica * Aplicações práticas e científicas “Théorie Analytique des Probabilités” – * * * Gauss (1777–1855) Aplicação científica Método dos mínimos quadrados Leis fundamentais da distribuição de probabilidades Um pouco de História Atualidades I Século XX: – Cheyshev, Markov – von Mises, Kolmogorov – Definição Axiomática (1933) “A Teoria das Probabilidades, como disciplina matemática, pode e deve ser desenvolvida a partir de axiomas, exatamente como a Geometria ou a Álgebra” A. Kolmogorov (1903–1987) Probabilidade e Estatística em Engenharia Uma parte essencial em projetos de Engenharia consiste na tomada de decisões na presença de incertezas: I Informação incompleta: acesso a recursos limitados I Variabilidade de processos Exemplos: I Qual o comportamento de um determinado avião quando submetido a rajadas de vento? I Qual o tamanho ideal de um terminal de passageiros em um determinado aeroporto? I A utilização de um determinado veículo híbrido é viável? Probabilidade e Estatística em Engenharia O conhecimento de elementos de probabilidade e técnicas estatísticas auxilia a coleta de informação e transformação da informação a uma forma que possa ser utilizada para apoiar o processo de tomada de decisões. O engenheiro emprega conhecimentos de Probabilidade e Estatística das seguintes maneiras: I Descrevendo e analisando a aleatoriedade no fenômeno em estudo I Planejando cursos de ação em situações de incerteza Teoria de Probabilidades Consiste no estudo matemático das probabilidades I Busca quantificar a noção de “provável”, ou seja, define uma medida da incerteza para um determinado fenômeno em estudo. Investigação e descoberta de padrões regulares (ou leis) em eventos aleatórios, bem como construção de modelos satisfatórios. Inferência Estatística Consiste no campo científico que se dedica à coleta, organização, análise e interpretação de dados I Busca realizar inferência sobre as características de uma determinada população a partir das observações em uma amostra. Desenvolvimento de métodos capazes de auxiliar o processo de tomada de decisões na presença de incertezas e variabilidade. Probabilidade × Estatística Teoria de Probabilidade Processo Dedutivo: Conclusões a respeito de características de uma amostra da população são alcançadas com base em atributos conhecidos da população. Inferência Estatística Processo Indutivo: Conclusões a respeito de características da população são alcançadas com base em atributos observados em uma amostra da população. Probabilidade × Estatística Probabilidade POPULAÇÃO Estatística AMOSTRA Plano da Disciplina Ementa do Curso Probabilidade: Semana Conteúdo 1 Introdução à probabilidade. Conceitos de probabilidade clássico e de frequência relativa. Probabilidade condicional e independência. Teorema da probabilidade total e teorema de Bayes. 2 Exame Diagnóstico 3 Variáveis aleatórias. Distribuições de probabilidade: discretas, contínuas, acumuladas, conjuntas, marginais. Valor esperado e variância. Desigualdades de Markov e de Chebyshev. 4 Principais distribuições de probabilidade discretas: Bernoulli, Binomial, Geométrica e Poisson. 5 Principais distribuições de probabilidade contínuas: Exponencial Negativa, Normal e Weibull. 6 Momentos e função geratriz de momentos. Funções de Variáveis Aleatórias. 7 Prova bimestral. 8 Independência estatística, covariância e coeficiente de correlação. Ementa do Curso Estatística: Semana Conteúdo 9 Princípios de estatística. Amostras aleatórias. Distribuições amostrais. Teorema do limite central. 10 Estimador, estimativa e propriedades dos estimadores. Estimação pontual de parâmetros para uma e duas amostras: Métodos dos momentos e da máxima verossimilhança. 11 Intervalos de confiança (estimação por intervalo). Tamanho da amostra. Princípios de testes de hipóteses. 12 Testes de hipóteses para uma e duas amostras. 13 Testes não-paramétricos (associação, independência e de aderência). 14 Prova bimestral. 15 Regressão linear simples e correlação. 16 Aplicações de modelos de regressão linear. Material de Estudo – Notas de aula – Listas de exercícios – Bibliografia Principal: 1. Devore, JL (1999). Probability and Statistics for Engineering and the Sciences, 5th Ed, Duxbury Press. – Bibliografia Complementar: 2. Rheinfurth, MH and Howell, LH (1998). Probability and Statistics in Aerospace Engineering, Marshall Space Flight Center, Alabama. 3. Ross, MS (1999), Introduction to Probability and Statistics for Engineers and Scientists, 2nd Ed, Harcourt/Academic Press. Atenção: As notas de aula não substituem a leitura de um livro texto ou a presença em sala de aula. Avaliação I Provas bimestrais Datas: B1: S07 (12/set/2013) B2: S14 (7/nov/2013) I Exame final Introdução à Probabilidade Roteiro Definições Iniciais Interpretações de Probabilidade Definição Axiomática Propriedades Probabilidade medida de incerteza Objetivos Queremos: I investigar e descobrir padrões regulares em eventos aleatórios I descrever incerteza em termos de modelos probabilísticos Para isso, precisamos... ... descrever a estrutura geral de tais modelos e suas propriedades Definições Iniciais Um modelo probabilístico consiste em uma descrição matemática de uma situação de incerteza. Principais ingredientes: Lei de Probabilidade Evento B Experimento Aleatório (E) Evento A P (B) P (A) Espaço Amostral (Ω) A B Eventos Definições Iniciais Experimento Aleatório (E ) I Processo que pode (pelo menos conceitualmente) ser repetido indefinidamente sob condições idênticas. I Sempre é possível obter um resultado que pertence a um conjunto fixo e conhecido de possibilidades. I É chamado “aleatório” pois o resultado a ser obtido é desconhecido e imprevisível. Espaço Amostral (Ω) I É o conjunto de todos os resultados possíveis em um experimento aleatório. Exemplos Definições Iniciais Evento (A ⊆ Ω) I É qualquer subconjunto (conjunto de resultados) do Espaço Amostral. Um evento (A) é especificado por um conjunto de resultados de um experimento aleatório (E ) que satisfaz determinadas condições. I Evento impossível I Evento intersecção I Evento união I Evento complementar I Eventos mutuamente exclusivos I Partição do espaço amostral Lei de probabilidade (P[A]) I Atribui a um determinado evento A um número não negativo que codifica nossa crença na propensão para a ocorrência de A. Conceito Clássico PN (A) = nA N Premissas: I Número finito de possíveis resultados I Hipótese de equiprobabilidade de resultados I “Princípio da indiferença” Deficiências: I Não faz sentido para N infinito I Conceito de equiprobabilidade de resultados baseado no conceito de probabilidade que queremos definir I Não é capaz de definir a probabilidade de eventos supostamente não equiprovavéis Conceito de Freqüência Relativa PN (A) = lim N→∞ n(A) N Premissas: I Número “suficientemente” grande de repetições do experimento aleatório I Condições uniformes para realização do experimento I Princípio da “Regularidade Estatística” Deficiências: I Definição de um número “suficientemente” grande I Não é capaz de definir a probabilidade de eventos que não podem ser repetidos Conceito Subjetivo Premissas: I Não necessita da hipótese de repetição do experimento Probabilidade assinalada a um determinado evento é baseada nas experiências pessoais e informação individual sobre o processo I Não há aferição do resultado I Pode ser matematicamente formalizado sob determinadas condições de consistência I Deficiências: I Humanos são seres inconsistentes e contraditórios I Não permite chegar a resultados únicos I A natureza pessoal limita a utilização desse conceito em aplicações científicas e de Engenharia Definição Axiomática Função Probabilidade Álgebra de Eventos (A): Uma coleção de eventos é A quando são satisfeitas as seguintes condições: 1. Ω ∈ A 2. Se A ∈ A =⇒ AC ∈ A 3. Se A ∈ A e B ∈ A =⇒ A ∪ B ∈ A Função Probabilidade: (Kolmogorov) P : A −→ < 1. Se A ∈ A =⇒ P[A] ≥ 0 2. P[Ω] = 1 3. A1 , A2 , . . . , eventos tais que Ai ∩i6=j Aj = ∅ =⇒ P [∪∞ i=1 Ai ] = ∞ X i=1 P[Ai ] Definição Axiomática Função Probabilidade I Definição matemática I Estabelece conjunto de funções de probabilidade I Não determina valor de P para um determinado evento conhecido A Propriedades da Função Probabilidade (Conseqüências da definição axiomática) 1. P[∅] = 0 Pn 2. P [∪ni=1 Ai ] = i=1 P[Ai ] (se A1 , A2 , . . . , An forem mutuamente exclusivos) 3. P[A] + P[AC ] = 1 4. 0 ≤ P[A] ≤ 1 5. P[A ∪ B] = P[A] + P[B] − P[A ∩ B] I outras propriedades I demonstração através dos axiomas