INTRODUÇÃO TOM REGAN 1. NÓS SOMOS O QUE COMEMOS As preocupações éticas com o meio ambiente começam com a comida em nosso prato. Se “somos o que comemos”, o alimento deveria nos mostrar muito sobre o que somos, tanto individualmente quanto como nação. Aqueles que moram nos Estados Unidos como nós são abençoados por terem comida em abundância e também são agradecidos com os modernos sistemas de transportes, as inovações na agricultura e com as competitivas lojas varejistas. Nós somos capazes de escolher o que quisemos comer dentro de uma enorme variedade de comidas saborosas disponíveis ao longo do ano a um custo baixo – ao menos os custos são baixos quando comparados com os preços de qualquer outro lugar! A sabedoria popular nacional diz que temos melhor alimentação, a melhor vestimenta e moradia do que as outras pessoas no mundo. Nós temos? E qual o custo disso para o meio ambiente e para as pessoas com quem o dividimos? Muitas das preocupações sobre as nossas comidas consistem no método usado para produzi-las. A agricultura moderna tem se desenvolvido quimicamente e como monocultura. É monocultura porque uma colheita particular, como trigo, milho, semente de feijão e cevada, cresce na mesma região ano após ano; as colheitas não são rotativas, considerando a hipótese que o solo se renova por si. É quimicamente intenso por causa do uso intensivo de fertilizantes, herbicidas, pesticidas e coisas do gênero. Embora essa forma de agricultura tenha produzido, sem dúvida muitos benefícios, ela também levanta várias questões sérias a seu respeito. Os resíduos de pesticidas no alimento preocupam. Atualmente são aproximadamente quatrocentos pesticidas diferentes usados na agricultura. Três diferentes agências governamentais – a Agência de Proteção ao Meio Ambiente (EPA), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e a Administração de Comidas e Drogas (FDA) – são encarregadas de assegurar que os resíduos de pesticidas em alimentos, incluindo pesticidas conhecidos como cancerígenos, não excedem o nível de tolerância determinado pelo governo. Alguns críticos da políticas de governos são incrédulos, entretanto, talvez nenhum mais que Lewis Regenstein o qual, em seu recente livro America the Poisoned, declarou que “uma análise da atitude do governo em definir e reforçar níveis de tolerâncias de pesticidas tóxicos se dá primeiramente pela inescapável conclusão de que o programa existe em primeiro lugar para assegurar ao público que está sendo protegido de resíduos químicos maléficos. De fato, o programa, como atualmente administrado, faz pouco para minimizar ou mesmo monitorar a quantidade de veneno na nossa comida, e serve aos interesses dos utilizadores e produtores de pesticida em vez dos interesses do público” Se Regenstein está certo, o alimento que comemos nos envenenaria e levaria à morte. Adicionando resíduos de pesticidas em nosso alimento, surgem outras preocupações sérias de contaminação das nossas águas, decorrentes de pesticidas e substâncias químicas normalmente usadas na agricultura. Mais de cinqüenta por cento dos americanos usam água de reservas subterrâneas e aproximadamente quarenta por cento dessa água é utilizada nos sistemas de irrigação de fazendas desse tipo. A pureza dessa água, que não passa por sistema de filtração, é seriamente comprometida pela presença de substâncias químicas tóxicas, incluindo os pesticidas usadas na agricultura. Dibromocloropropano (DBCP), por exemplo, muito usado como pesticida na Califórnia, antes de ser proibido em 1977, foi achado em metade das irrigações e poços de água no San Joaquin Valley dois anos depois. DBCP é carcinógeno conhecido. Mesmo as águas que vêm de fontes não subterrâneas (rios, lagos e coisas do tipo) e que passam por sistemas de filtração municipal nem sempre estão livres das substâncias químicas tóxicas, incluindo resíduos de pesticidas da agricultura usados provavelmente a milhões de milhas de distância. “A maior parte da água que pode ser bebida nas cidades americanas” escreveu Regenstein, “é responsável pela maioria das causas do câncer, por conta das substâncias químicas e outros resíduos tóxicos”, um número que pode ser medido com os intensos métodos químicos usado para produzir o alimento dos nossos pratos. Pesticidas, é claro, e outras substâncias químicas essenciais na monocultura não ocorrem na natureza, mas são produzidas pelas indústrias petroquímicas. O alimento em nosso prato é, portanto, casualmente relacionado com as indústrias e, neste ponto, é indiretamente relacionado com a poluição causada pelas instalações petroquímicas. Críticos como Regenstein reinvidicam que essa poluição ao lado das adversidades, que afetam a qualidade da água que bebemos e da comida que comemos, direta ou indiretamente, causam impactos nocivos na qualidade do ar que respiramos. Diretamente, a qualidade é afetada pelas instalações petroquímicas, pelo fato de que o ar contém substâncias tóxicas, implicando em um aumento na incidência de doenças respiratórias, como enfisema e bronquite, e também uma variedade de cânceres, especialmente câncer de pulmão. Indiretamente as indústrias petroquímicas, pesticidas, e o alimento em nosso prato são também responsáveis pela baixa qualidade do ar porque indústrias precisam de muita energia, o que é freqüentemente alcançado por métodos próprios, em detrimento da qualidade do ar que respiramos. O fenômeno conhecido como chuva ácida ilustra um emaranhado de causas e efeitos. A química parece simples. Óxidos sulfúricos e óxidos de nitrogênio emitidos para o ar formam um ácido quando combinado com o vapor d´água. Esses ácidos caem sobre a terra quando está chovendo ou nevando, e o resultado é que ambos, a terra e a água, aumentam sua acidez. O estudo do EPA estima que a acidez da queda de água em algumas partes dos Estados Unidos, por exemplo, tem aumentado cinqüenta por cento nos últimos vinte e cinco anos, e pode ser até cem vezes mais ácida que a chuva normal. Embora as estimativas variem, provavelmente mais de oitenta por cento da emissão do enxofre, que é a primeira ligação na cadeia de eventos que resultam na chuva ácida, resultam de atividades humanas. Com o aumento na acidez da chuva se prevê o aumento na incidência de doenças respiratórias agudas e crônicas, havendo também sérias razões para se questionar a continuidade da fertilidade da terra. Até mesmo os produtos criado pelos homens – construções, monumentos e coisas do tipo – não são imunes à chuva ácida. Para citar só um exemplo: em 1883 Cleopatra´s Needle, momumento de granito, depois de passar por volta de trinta e cinco séculos no Deserto do Egito foi colocado no Central Park em Nova Iorque. Exposto ao sol, ao vento e à areia, o monumento resistiu aos rigores do ambiente do deserto por três mil e quinhentos anos – melhor do que em nova Iorque onde, em apenas cem anos, perdeu parte do granito, principalmente por causa da chuva ácida. Criações humanas, nosso meio ambiente urbano, podem sentir um pouco da acidez da chuva, e não apenas a natureza dos nossos corpos. Antigas plantas com o poder de queimadura, que aparecem ao longo do rio Ohio são uma das principais causas da chuva ácida. Mas a poluição se estende e as áreas mais afetadas pela chuva ácida são aquelas dentro do estado até seus limites nacionais. Rios “mortos” – que não apresentam nenhuma planta ou vida aquática – são encontrados por todo o nordeste dos Estados Unidos e pelo sudeste do Canadá. Há mil lagos “mortos” em Wisconsin e talvez dez mil ameaçados. Existem lagos “mortos” no Colorado e na Califórnia, e em outros países, como na Suécia, que tem aproximadamente quinze mil lagos afetados. Existem previsões de que cerca de cinqüenta mil lagos ou mais no Canadá e nos Estados Unidos irão “morrer” nos próximos quinze anos em decorrência da chuva ácida. Quanto tempo a vegetação que circunda a área pode suportar e qual o prazo para o planeta Terra ainda ser fértil ninguém adivinhará. Poderá o alimento nos nossos pratos estar ameaçado no futuro, caso se permita que o problema continue a existir? As previsões do futuro nos levam a uma etapa posterior as necessidades que gostaríamos sobre nossa saúde. Se barradas as catastróficas guerras nucleares nós não seremos a última geração na Terra; um indefinido número de gerações futuras virão após a nossa. O efeito dessas práticas que nós permitimos no presente, incluindo o efeito de pesticidas na cadeia alimentar as contaminações do ar pela indústria petroquímica, ainda permanecerão aqui além da nossa geração. Lagos “mortos” deverão permanecer aqui e, então, a água que beberemos será perigosa à nossa saúde. As fontes de água subterrânea mencionadas anteriormente se movem na superfície da terra lentamente (como caracol). Parte da água que bebemos dessas fontes hoje provém da chuva que caiu há mais cem anos, e a chuva de hoje, absorvida pelos poços subterrâneos, não deverá ressurgir antes do século vinte e dois. Com o aumento da chuva ácida atribuída às atividades humanas, incluindo o poder de usinas energéticas para abastecer as usinas petroquímicas produtoras de pesticidas usados na produção de alimentos e ignorando, se possível as muitas outras fontes de contaminação química do suplemento da água da terra, estamos fazendo o que realmente deveríamos para respeitar as próximas gerações? Deveríamos estar fazendo isso, invés de acreditar no poder do carvão e em usinas nucleares, acarretando sérios problemas para nós e para nossos descendentes, tendo que armazenar os desperdícios nucleares? A comida que comemos hoje – isto inclui uma mensagem para o futuro das pessoas – nos condena por atitudes atuais e faz com que tenhamos a visão de agir agora para proteger os interesses vitais das próximas gerações? Exceto para os descendentes do Marquês de Sade poucas pessoas chegam a ver com entusiasmo qualquer tipo de poluição. Isto é, como alguns têm dito, existe um mau público: público porque a poluição se espalha e, assim, coloca em risco toda a população; mau porque o efeito da poluição naqueles que estão expostos são simplesmente ou potencialmente nocivos. Então, provavelmente, poucos de nós chegamos a ser favoráveis à poluição dessa maneira, a partir do momento que nos prejudica, ou põe em risco de dano as pessoas em geral (talvez até nós mesmos!). Se nós considerarmos o problema de um ponto de vista político (não política no sentido deste ou daquele partido político real, mas teoricamente – do ponto de vista daqueles que buscam, dizer qual o melhor arranjo político sob o qual as pessoas podem viver) como podemos tratar desse problema dos males públicos? Escolher entre as opções é um desafio desencorajador. Algumas teorias políticas permitirão muita poluição; outras poderão rejeitá-las em tudo; entre esses dois extremos existem diferentes concepções do estado ideal e de suas respectivas políticas sobre poluição. Que há poluição em toda a América, e que a história do alimento em nosso prato envolve o uso de pesticidas e outros produtos químicos que todos devem concordar que pode poluir e alguns reivindicam que de fato polui, nos diz agora sobre os arranjos políticos sob o qual nós de fato vivemos. Devemos tolerar os poluidores? Devemos ser menos preocupados do que nós já somos? Ou nós devemos restringir sua presença, possivelmente proibindo-os completamente? Quando nós pensamos no alimento que comemos podemos racionalmente evitar fazer-nos estas perguntas? E uma vez que são perguntadas, podemos racionalmente recusar fazer um esforço para respondê-las da melhor forma possível? A menos que aconteça de estarmos entre os 20 a 25 milhões de vegetarianos estimados nos Estados Unidos, a nossa alimentação provavelmente inclui carne. Parte da sabedoria nacional sobre os americanos como sendo “as pessoas mais bem alimentadas do mundo” inclui nosso acesso a alimentos de carne – galinha, bife, presunto, porco, hambúrgueres, cachorros-quentes, e mais. Não apenas alguns críticos da indústria animal têm argüido questões acerca disso, do ponto de vista da nossa saúde individual, nós poderíamos estar melhores se nós comêssemos nenhum ou muito pouca carne. O principal risco para a saúde, segundo estes críticos, novamente envolve produtos químicos. Como outras formas de agricultura contemporânea, a agricultura animal tende a ser quimicamente intensificada, as fontes de alimento que recebem produtos químicos neste caso não são cenouras nem trigo mas, sim, porcos e galinhas, vacas e perus. Baseado em sistemas de confinamento, próximo ou o que chamamos de “fazendas fábricas”, animais rurais cada vez mais vivem confinados em populações densas, em gaiolas ou estaleiro. Estes animais são alimentados com dietas a base de produtos químicos do nascimento até a morte – estimulantes do crescimento, por exemplo, e drogas para prevenir e controlar sustos de doenças contagiosas. Resíduos desses produtos químicos são armazenados em vários tecidos e órgãos do corpo desses animais. Alguns são tóxicos e por vez podem causar sérios problemas de saúde, quando consumidos por humanos. Outros, como os antibióticos, podem perder suas propriedades curativas em pessoas que, consumindo carne de animais e ou produtos derivados de animal, poderiam também consumir quantidades incalculáveis destas “drogas maravilhosas”. Essa carne em nosso prato – talvez haja mais do que os olhos podem ver? Uma segunda questão relacionada ao consumo da carne envolve desperdícios e necessidades humanas. Carne e produtos derivados de animais, como ovos, leite, queijo, são fontes de proteína completa, um nutriente essencial para a saúde humana. Fontes vegetais de proteínas são incompletas, consideradas individualmente, mas quando combinadas de varias formas (por exemplo, manteiga de amendoim em pão de trigo integral) ficam completas em rendimento protéico. Então, enquanto a proteína completa é essencial para a saúde humana, carne e produtos animais não o são. Além disso, com comparativamente poucas exceções (principalmente pequenas fazendas familiares) os animais selecionados para o consumo humano são alimentados com produtos vegetais, como milho e cevada, que os fornece os mesmos nutrientes que seriam fornecidos ao homem que os comesse. A quantidade de proteína proveniente dos animais abatidos no entanto, é sempre em quantidade menos do que a quantidade de proteínas que eles consomem. Um boi, de acordo com estimativas, consome de 8 a 9 libras de proteínas vegetais para ganhar 1 libra, enquanto a tava de conversão para porcos deve ser tão alta quanto 4 ou 5 libras consumidos por cada quilo fornecido. Um crítico da indústria animal, Francis Moore Lappé, tem caracterizado esse uso de mais proteína para produzir menos como “fábrica de proteína ao reverso”. Lappé viu o sistema como perdas angustiantes. Alguns vêem isso como um exemplo do nosso desperdício enquanto milhões de outros precisam. Esses “outros” estão estimados em 10000 pessoas que morrem de fome todos os dias e mais milhões que são cronicamente mal nutridos. Nós não poderíamos fazer um uso mais eficiente, um uso mais humano de nossas fontes de alimentos vegetais se, ao invés de usá-los como combustível para uma fábrica de proteínas ao reverso, nós os distribuíssemos para aqueles que verdadeiramente precisam – para os quais a necessidade de alimentos nutritivos é literalmente uma questão de vida ou morte? Há, ou muitos críticos da política de distribuição de comida argumentam, mais que o suficiente para alimentar a população humana, não apenas agora, mas num futuro indefinido. A maioria daqueles cuja necessidade é maior, isso é verdade, são desconhecidos para nós e vivem além das nossas fronteiras nacionais, muitos são o que às vezes são referidos como os estranhos distantes. Ainda, se nós podemos ter obrigações com pessoas através dos limites do tempo (dever com futuras gerações), nós não deveríamos também ter obrigações além dos limites de espaço (deveres com os estranhos distantes)? Nós devemos isto para essas pessoas fazendo mudanças no nosso próprio estilo de vida, ajudando-as a terem uma chance real de ter uma existência humana minimamente digna? Em particular nós devemos tomar uma decisão seguindo o princípio de não mais apoiar fazendas da indústria animal por que eles estão atando laços para a tragédia da fome mundial massiva? Nós somos moralmente obrigados, por essas razões, a parar de colocar carne em nossos pratos? E se nos somos obrigados a fazer isso, quão grande deve ser uma mudança no estilo de vida americano com que se supra nossos deveres para com os estranhos distantes? Nossas obrigações com eles começam e terminam com o alimento em nosso prato – se, na verdade, eles começam aí? A questão sobre o alimento em nosso prato diz respeito aos animais que são selecionados nas fazendas-fábricas. Que tipo de criaturas são porcos e vacas, galinha e peru? Poucos hoje concordariam com o filósofo matemático René Descartes (1596-1650) em considerá-los como “máquinas naturais”, vazios de qualquer semblante de consciência. A maioria concordaria que, como nós, eles experimentam o prazer e a dor, estão cientes do que os cerca, e têm necessidades e conscientemente sentem preferências que são frustradas pelas condições de confinamento em que eles são obrigados a viver. Para frustrar os desejos de um ser humano que não tem feito nada de errado e que não gera nenhum risco em que outros pudessem se beneficiar, desta forma, para ser errado, e fazer isto não apenas para um, mas para centenas de milhões de indivíduos anualmente parece apontar para uma prática que, apesar de ser muito apoiada por aqueles que se beneficiam disso ou se aproveitam de seus frutos, é moralmente duvidosa. Ainda, isto é o que tem sido feito literalmente em centenas de milhões de fazendas de animais todos os anos. Se nós seriamente indicássemos as implicações éticas a respeito dos animais que acabam em nosso prato criaturas que não pertencem à nossa espécie, mas que dividem a terra conosco, nós não deveríamos questionar sobre o tratamento dado aqueles animais que têm seu último lugar tomando a forma de Kentucky Friend Chicken ou num Big Mac? É possível que estejamos violando seus direitos? Questões morais acerca do tratamento que é dado aos animais não se restringem apenas a fazendas ou outras variedade de domesticação. Animais selvagens também entram no mérito dos inquéritos morais, um ponto em foco diz respeito ao interesse que muitos povos mantém em preservar espécies em perigo de extinção. Esse interesse é geralmente seletivo, com poucas espécies exóticas, misteriosas, ou simbólicas que são favorecidas em relação à outras (incluindo algumas espécies de plantas) que estão igualmente em perigo de extinção. Para os americanos, a águia careca começa em ressonante “sim!”, o caracol um politicamente vociferante “não!”. O que quer que nós digamos ou deveríamos dizer a respeito da seletividade da preocupação sobre as espécies ameaçadas, uma variedade de causas – incluindo, não surpreendentemente, a contaminação química do ar, da água e da terra, que estão relacionadas com o alimento em nosso prato – pondo um grande número de espécies em risco. Mais, a provável relação entre nossa comida e espécies ameaçadas envolve também a destruição do seu habitat natural. Um padrão de destruição repete-se numa escala global. As cidades e suas populações crescem, empurrando-os mais ainda para o campo, fora do centro. Terras antes destinadas apenas à agricultura são transformadas em residência e outros usos urbanos, e as áreas selvagens, onde estavam delicados e equilibrados sistemas de vidas (ecossistemas), são claramente desconsiderados, passando a fazer parte das novas fazendas apenas para haver crescimento urbano em terras agrícolas novamente, e assim sucessivamente. Espécies capturadas no movimento de expansão urbanas são tratadas. Algumas sobrevivem, outras não. As pressões do crescimento urbano, então, são uma das principais causas que contribuem para a extinção de espécies. Se isso fosse uma causa de algo bom sobre outra, nós poderíamos ficar contentes de que algum tipo de justiça cósmica prevaleceria. Mas existem problemas nos dois lados da questão como descrita. A maioria de nós vive num ambiente urbano – numa cidade ou vila de um tamanho ou de outro, ou nos subúrbios, periferias. Bem distante do impacto do crescimento urbano nas espécies em extinção, o quanto grande é muito grande? Ou seja, existe um limite para o tamanho do ambiente urbano a partir do qual não é mais ideal para nós vivermos? Se há (e muitos críticos do crescimento do centro e do subúrbio pensam assim), então, nós não podemos automaticamente assumir que o crescimento urbano é “uma coisa boa”. Nem nós podemos aventar desconsiderar questões dobre o que no nosso ambiente urbano vale a pena conservar quando, como nós precisamos freqüentemente, temos que escolher entre preservação e redesenvolvimento. Se isso é o limite para quanto crescimento dos nossos centros urbanos nós devemos permitir, há também importantes questões sobre qual, se algum, de nossas fronteiras urbanas e vizinhas nós devemos preservar. A idéia de que a sobrevivência de uma espécie por si “é algo bom” apresenta questões fundamentais no seu bojo. Para uma larga escola, o desenvolvimento industrial, tecnológico e agrícola que tem conduzido e agora desmentindo a variedade de alimentos disponíveis para nós, tem agora posto a suposição tácita que os interesses humanos são a medida de todas as coisas valoradas – pelo menos, coisas no planeta Terra. “Antropocentrismo” é o nome usualmente dado para a visão do valor. Considerar seriamente que a continuidade da existência das espécies é “uma coisa boa” é nos forçar a questionar as referências do antropocentrismo. É possível que as espécies por elas mesmas tenham um tipo de valor que não é reduzível para o grau no qual eles servem aos interesses humanos? Muitos iriam rejeitar isso. Valos, ele dizem, deve ser fixado em termos econômicos, medidos por parâmetros da satisfação humana como determinada por aquilo que nós estaríamos dispostos a pagar por essa satisfação. O valor de um carro, de uma casa, um casaco é ajustado pelo quanto que estaríamos dispostos a pagar por isso ou, se nós já fôssemos donos, pelo quanto que estaríamos dispostos a receber em troca. Falar do “valor das espécies ameaçadas”, então, nesse ponto de vista, é um caminho circular se referindo a quanto nós estaríamos dispostos a pagar para tê-los vivos. Estabelecer o montante que nós estaríamos dispostos a pagar deve ser difícil, mas muitos proponentes da teoria da economia do valor acreditam não ser impossível. Espécies como estas não têm nenhum valor, numa dada teoria econômica do valor, como também não têm valor qualquer outra coisa, nem verdade, nem beleza, nem bondade (não econômica). Muitas pessoas, incluindo aquelas preocupadas em proteger as espécies ameaçadas, rejeitam teorias econômicas de valor. Mesmo entre aqueles que são da opinião em rejeitar tais teorias, entretanto, sérias e possíveis questões permanecem. Em que o (suposto) valor das espécies como tal consiste, e como o valor das espécies, assumindo que elas têm um valor, podem corresponder ao valor ou a parte individual de seus membros, assumindo que cada membro tem um tipo (não econômico) de valor? Ou novamente, se espécies que têm valor é independente dos interesses humanos, incluindo interesses humanos econômicos, é possível que nós devamos isto às espécies em si, para protegê-las contra os agentes e forças humanas as quais, se fossem permitidos a operar, causariam a extinção dessas espécies? Se, por exemplo, pessoas em certas localidades, respondendo a pressões populares estão destruindo o habitat natural dos últimos representantes conhecidos de uma espécie ameaçada de extinção – devemos para esta pressão humana, não em nome dos interesses humanos, mas para o bem do valor das espécies em si? Devemos talvez fazer isto independentemente dos custos para os humanos mais diretamente envolvidos, aqueles que precisam de novas terras agrícolas para alimentar as novas bocas que de outro modo provavelmente passarão fome? Dispensar essa questão como fora de nosso alcance é correr o risco de aceitar o antropocentrismo sem qualquer crítica. O alimento no nosso prato é, alguém pode dizer, um símbolo da conquista da natureza pelos nossos antepassados, uma conquista que foi possível pela aceitação difundida do antropocentrismo. Aquela comida, então, deve nos lembrar dos nossos débitos com ela. Mas isso também deve acarretar em nossa curiosidade crítica em avaliarmos a visão moral antropocêntrica que eles têm nos passado. Para fazer assim, neste caminho, é pagar esta dívida para nossos antepassados, desde o ideal que eles nos legaram (alguém precisa apenas pensar naqueles verdadeiros revolucionários, pais da descoberta da América) é ser curioso, questionar as opiniões recebidas e práticas comuns do dia. Aquelas opiniões e práticas operativas de hoje são, metaforicamente falando, parte do que nós comemos, quando nós comemos, como nós fazemos. Se nós somos o que nós comemos, então entender o alimento nos nossos pratos promete nos mostrar ser um bom entendimento sobre o que nós somos, como pessoas e nações. E, talvez, um bom entendimento a mais sobre o que podemos e devemos ser. 2. ÉTICA AMBIENTAL Começar a identificar algumas questões que formam o maior contexto econômico, político, tecnológico, médico, e histórico dos alimentos que comemos é apenas isso – um começo. Questões levantadas não são questões respondidas, e as questões levantadas no §1 podiam ser extraídas, considerando virtualmente qualquer aspecto de nossa vida diária, não apenas dos nossos hábitos alimentares. Ainda, para se ter um sentido da escala das questões que podem ser suscitadas quando se reflete sobre algo como o alimento em nossos pratos – perguntas examinadas ao longo dos diversos ensaios que compreendem este volume, incluindo em particular Willian Aiken em “Ethical Issues in Agriculture” (Questões éticas na agricultura) – busca de alguma maneira para expressar um sentido de caráter e aspirações de filósofos morais. Filósofos morais são pessoas que têm um interesse especial em pensar cuidadosamente sobre o certo e o errado, o bom e o ruim, o justo e o injusto, o dever e a obrigação. Quando esse interesse está focado primeiramente em preocupações ambientais, seja no uso de pesticida na agricultura ou no alerta para conservar as espécies ameaçadas, a preservação da selva ou fontes alternativas de energia, as questões que estão sendo levantadas são propriamente chamadas de questões da ética ambiental. Se é verdade que há divisões internas em outras disciplinas, a divisão entre ética ambiental e outras áreas dentro da filosofia moral não é ajustada concretamente. Perguntas sobre deveres com as gerações futuras, por exemplo, são levantadas na ética médica e na ética dos negócios como também quanto a ética ambiental; então, “a parede” que separa ética ambiental das outras áreas da filosofia moral deve ser vista como uma membrana porosa através da qual as idéias, idéias como o valor do papel do individuo e do próprio governo, do respeito pela justiça e do especo da obrigação, passam livremente. Essa é a perspectiva na qual alguma idéia são vista e os ajustes reais a que se aplicam, melhor que a presença dessas idéias em si, que marcam um ensaio, um livro, uma palestra como pertencendo à ética ambiental. Como outros que procuram substituir a opinião com a compreensão, os filósofos morais nem sempre concordam com o que é verdade. Os contribuintes desse volume não provam nenhuma exceção. Alguns afirmam que os indivíduos têm valor, mas negam que as espécies ou ecossistemas também o tenham, por exemplo: outros pensam que ambos possuem valor. Alguns discorrem que as pessoas têm direitos onde outros falham em vê-los. Então, nós não podemos esperar encontrar unanimidade em todas as questões importantes nas páginas que se encontram adiante. Mas apesar da presença de alguns desacordos vitais, os contribuintes deste volume concordam sobre muitas questões essenciais; por exemplo, eles pensam que há algumas maneiras temporárias, embora equivocadas ou confusas, de responder questões morais. Acordo nesse nível é importante, sem isso a presente coleção dos ensaios teria tanta organização quanto Joe, Curleye Moe têm quando eles tentam entrar à porta no mesmo momento. O resto dessa introdução atenta para elucidar alguns dos entendimentos compartilhados que os contribuidores trazem em seus trabalhos, assunções que mais do que nunca não deixam de ser ditas. A esperança é que, entendendo o que elas não dizem nós, poderemos entender melhor o que elas dizem. I- META-ÉTICA §3 ANÁLISE CONCEITUAL A primeira idéia que requer atenção é aquela da análise conceitual; Filósofos freqüentemente usam as palavras “análise conceitual” para se referir a atividade de clarear nossos conceitos ou idéias. Desde que usamos as palavras para expressarmos mais claro do significado das palavras. Atingir tal clareza é absolutamente vital. Se nós não tivermos esse claro entendimento do significado das palavras, nós não iremos ter um claro entendimento das nossas questões. E se nós não entendermos nossas questões, nós não iremos entender o quão importante é respondê-las. Isso é certo ou errado – por exemplo, se é errado destruir um marco urbano para construir um espaço para estacionamento. Se nós não entendermos o que é um marco, como nós podemos ao menos começar a considerar questões sobre se isso seria errada destruir um? Uma maneira de pensar sobre a analise conceitual é nos termos de condições necessárias e suficientes. Se X é a condição necessária para Y, então Y não pode ser um caso se X também não o for; em outras palavras, se não X, então não Y. Ser uma figura fechada plana, por exemplo, é condição necessária para algo ser um triângulo. A condição suficiente é diferente. Se A é a condição suficiente para B, então B será o caso se A for o caso: isto é, se A, então B. Ser uma figura fechada plana com três lados ou com três triângulos internos, por exemplo, é uma condição suficiente para algo ser um triângulo. A condição necessária pode não ser suficiente e vice-versa. Por exemplo, enquanto ser uma figura fechada plana é uma condição necessária de algo ser um triângulo, isso não é suficiente: existem muitas figuras fechadas planas que não são triângulos – por exemplo, os retângulos. Novamente, que algo é um Cadillac Seville, não é uma condição suficiente para ser um carro, mas ser um Cadillac Seville não é a condição necessária para ser um carro: pois existem muitos carros que não são Cadillac Seville. As idéias de condições necessárias e suficientes se relacionam com a atividade da análise conceitual na seguinte maneira. A análise conceitual pode ser entendida como a tentativa de declarar as condições necessárias e suficientes para o uso correto de um dado conceito. Os objetivos da análise conceitual, dentro dessa visão, assim (1) para expressar, tanto quanto possível, as condições as quais, se não forem satisfeitas, previnem o conceito na questão de serem corretamente aplicadas – as condições necessárias do uso correto e (2) para declarar que essas condições as quais, se forem satisfeitas, permitem o conceito de serem corretamente aplicadas – as condições suficientes do uso correto. Nessa visão da análise conceitual, uma análise é em si mesma correta para o entendimento de afirmar as condições necessárias e suficientes para o uso correto. Atualmente, às vezes não é possível dar uma completa programação das condições necessárias e suficientes, e algumas vezes as condições dadas não podem ser muito precisas. Por exemplo, embora um triângulo não deva ter nem mais nem menos que ângulos internos, quantos cabelos uma pessoa deve ter faltando para ser careca está longe de ser preciso. Nós não devemos esperar que todos os nossos conceitos sejam analisáveis com precisão como nos conceitos matemáticos. Algumas análises desprezadas no sentido de que não é possível ser dada uma completa descrição de condições verdadeiramente precisas, necessárias e suficientes. Mesmo no caso desses conceitos, no entanto, deve-se esforçar-se para alcançar o grau mais alto de precisão possível. Quanto mais completo e exato o entendimento de um dado conceito que nós podemos fazer mais provavelmente nós iremos entender as questões que os conceitos nos colocam. Se nós pensarmos sobre os conceitos que ocupam o lugar central dos ensaios deste volume – o valor das espécies, os direitos dos animais, as obrigações com as futuras gerações, as obrigações com os estrangeiros distantes, por exemplo – nós podemos antecipar alguns problemas da análise conceitual. Esses conceitos não são muito precisos como “triângulos”, e não é fora do comum achar debates sobre o que eles devem ser entendidos. Gera risco. Algumas pessoas oferecem uma análise desse conceito que identifica o risco com probabilidade de fatalidade e, então, eles usam o que é conhecido e querido sobre risco para defender uma tese controversa (por exemplo, usinas de energia nuclear devem ser aceitar porque o risco de associado com tê-las o risco associado com o carvão mineral). Mas é essa a análise confiável do risco? E se não é, quais então seriam os argumentos para se confiar nessa análise? Isso e questões relacionadas ao risco são exploradas posteriormente por Kristin Shrader Frechette em seu ensaio “Ética e Energia”. Discutir estas questões cuidadosamente, examinando-as em todos os seus lados, não é uma curiosidade semântica em vão. Questões morais importantes (por exemplo, devemos nós encorajar o desenvolvimento de usinas de energia nuclear?) relacionam-se com a resposta dos seus conceitos. Os argumentos a favor e contra análises conceituais discordantes do conceito de risco devem aguardar a leitura de “Ética e Energia”. E remarcações similares aplicam-se em análises alternativas de outros importantes conceitos que figuram proeminentemente nos outros ensaios. No ensaio “Água em Perigo: Justiça Global e Recursos Oceânicos”, por exemplo, Robert Simon considera que a visão de que as nações não podem agir imoralmente porque (1) apenas os indivíduos podem fazer o que é errado e (2) nações não são indivíduos. Ser um indivíduo, nessa visão, em outras palavras, e a condição necessária de ser um objeto apropriado para o julgamento moral. Simon rejeita essa análise. Ou considera o conceito de interesses. Alguns filósofos analisam esse conceito na maneira que implicam que somente as pessoas, que existem atual e presentemente. Uma análise que implica que nós não podemos considerar o significado completo dos interesses das futuras gerações. Annette Baier discute essa análise em sua obra “Para a Atenção das Futuras Gerações”. Como esses exemplos ilustram, os filósofos, mesmo que não concordem em como dados conceitos devem ser analisados, concordam que precisam ser analisado. Os méritos da variedade de análises certamente é uma das coisas que irão ter que ser consideradas em todos os ensaios a seguir. §4 EXISTE UM MÉTODO CORRETO PARA RESPONDER A QUESTÕES MORAIS? A análise conceitual dos conceitos morais chaves é uma parte do que é chamado de “meta-ética”. O outro componente importante da meta-ética é inquirir dentro de um método correto para responder a questões morais. Tal método funcionaria no caso das questões morais na medida em que elas são análogas em como o método científico funciona nesse caso das questões científicas. Esse método mais recente não contém em si mesmo respostas para as questões particulares (por exemplo, sobre o que ocorre na pressão de um gás quando a temperatura cresce). Na verdade, o método científico pode ser entendido especificando como nós devemos entender questões particulares se nós estamos para dar respostas científicas para elas; isso define, poderia-se dizer, o que é pensar sobre questões “a partir do ponto de vista científico. Bem, se existe um método correto para responder questões morais, coisas similares poderiam ser verdade sobre isso: isso não iria conter em si mesmo respostas para questões morais particulares (por exemplo, se um ponto de referência urbano ou uma selva devem ser preservador somente se isso for economicamente interessante, questões exploradoras respectivamente, por Mark Sagoff em “Ética e Economia no Direito Ambiental” e Dale Jamieson em “A Cidade ao Nosso Redos”); na verdade, isso especificaria como nós devemos entender as questões, se nós devemos dar respostas morais para elas – se, isto é, nós estamos para dar respostas “do ponto de vista moral”. Se não existe um método, não surpreendentemente, isso é uma questão muito controversa. Alguns filósofos pensam que existe; outras pensam que não. E entre aqueles que pensam existir, alguns pensam existir uma coisa, enquanto outros pensam algo diferente. Não seria possível examinar essa controvérsia em todos os detalhes que merece. Ao invés, um esboço rudimentar vai ser dado de alguns dos pontos centrais. Duas idéias em particular são importantes. Primeiramente, existe um problema de como não responder questões morais; essa idéia é explorada no §5. Em segundo, existe a idéia de um julgamento moral ideal; isso é discutido no §6. A relevância dessas idéias nos ensaios será aplicada no decorrer do nosso trabalho. §5 ALGUMAS MANEIRAS DE NÃO RESPONDER QUESTÕES MORAIS Julgamentos morais e preferências pessoais. Algumas pessoas gostam de música clássica, outras não. Algumas pessoas pensam que Bourbon é muito bom, outras pessoas detestam o sabor. Algumas pessoas ficam a tarde inteira debaixo de um sol quente na praia, outras pensam que não há nada pior que isso. Em todos esses casos desacordos e preferências existem. Alguns gostam de algumas coisas; outros não. São desacordos morais, desacordos sobre se algo é moralmente certo ou errado, bom ou rim, justo ou injusto, o mesmo que os desacordos em preferências? Não parece ser. Para uma coisa, quando uma pessoa (digamos, Jack) diz que gosta de algo, ele não está negando o que outra pessoa (Jill) diz, se ela diz que ela não gosta disso. Suponha Jack diz “eu (Jack) gosto de Bourbon”, e Jill diz “eu (Jill) não gosto de bourbon”. Então claramente Jill não nega o que Jack diz. Para negar o que Jack diz Jill teria que dizer, você, Jack, não gosta de Bourbon”, o que não é o que ela fala. Então, em geral, quando duas pessoas expressam preferências pessoais diferentes, uma não rejeita o que a outra afirma. Isso é perfeitamente possível para duas expressões opostas de preferências pessoas sendo verdade no mesmo momento. Quando duas pessoas expressam julgamentos conflitantes sobre a moralidade de algo, entretanto, o desacordo é sensivelmente diferente. Suponha que Jack diz “a poluição deve ser permitida se for necessária para o crescimento das taxas de produção e emprego”, enquanto Jill diz “a poluição não deve ser permitida por essas razões”. Aí Jill está negando o que Jack afirma, ela está negando que a poluição deve ser permitida para as razões que Jack deu, se o que ela falou for verdade, o que Jack disse vai ter que ser falso. Alguns filósofos tem rejeitado isso. Eles têm mantido que o julgamento moral deve ser entendido como expressões de preferências pessoais. Apesar, dessa visão merecer ser mencionada com respeito, isso é duvidável que seja correto. Quando pessoas dizem que algo é moralmente certo ou errado, é sempre apropriado pedi-las. As para darem as razões que apoiaram seus julgamentos, razões para aceitar seus julgamentos como corretos. No caso de preferências pessoais, entretanto, tais questionamentos são inapropriados. Se Jack diz que ele gosta de ir para praia isso dificilmente parece apto para pressioná-lo a dar razões que apóiem seu julgamento; na verdade, dificilmente parece que ele tenha feito um julgamento. Se ele diz que poluição é aceitável se for necessária para crescer a produção e emprego, no entanto, um julgamento foi expressado e isso é altamente relevante para testar o julgamento de Jack através do exame das razões que ele dá por pensar da forma que ele pensa. Esta diferença entre expressões de preferência pessoais diferentes e julgamentos morais conflitantes aponta para um modo de não responder as questões morais. Dado que os julgamentos morais não são apenas expressões da preferência pessoal, segue que erros e acertos morais não podem ser determinados apenas expondo as preferências pessoais de uma pessoa em particular – digamos, Jack. Isso é verdade inclusive no caso de nossas próprias preferências. Nossas preferências pessoais certamente são importantes, mas nós não podemos responder questões morais dizendo somente o que gostamos ou deixamos de gostar. Julgamentos Morais e Sentimentos – Os sentimentos de uma pessoa são proximamente conectados com suas preferências pessoais, e alguns filósofos têm sustentado que as palavras “certo” e “errado” são dispositivos que nós usamos meramente para expressar como nos sentimos sobre algo. Nesta visão, quando Barbie diz que nós devemos proteger áreas da região selvagem do desenvolvimento comercial, o que ela demonstra é que determinados sentimentos positivos sobre as políticas que protegem a região selvagem; enquanto quando Ken diz que é errado excluir estas áreas do desenvolvimento comercial, o que ele expressa é que tem sentimentos de desaprovação sobre tal proteção. É como se Barbie aplaudisse a proteção da região selvagem, enquanto Ken a vaiasse. Esta posição encontra problemas do mesmo tipo que aqueles levantados na seção precedente. Não é apropriado pedir sustentação no exemplo de meras expressões do sentimento. Verdade, se Ken for sincero, qualquer um pode deduzir que ele tem fortes sentimentos negativos para a proteção da região selvagem. Mas ela dizer que a região selvagem não deve ser protegida do desenvolvimento comercial não parece ser simplesmente uma maneira de demonstrar seus sentimentos (ou de eliciar nossos). Como no caso das preferências de uma pessoa, assim também como no caso dos sentimentos dela. Ninguém por si mesmo dá respostas às perguntas morais. Porque pensar assim não o faz assim – O mesmo é verdadeiro sobre o que alguém pensa. Com exceção dos sentimentos, Bonnie, se ela for sincera, pensa que nós, que somos bons, devemos fazer sacrifícios para ajudar a alimentar muitos povos que morrem de fome no mundo se ela disser que nós devemos fazer assim. Não obstante, se seu julgamento for um julgamento moral, o que ela quer dizer não poder ser “Eu (Bonnie) penso que nós que somos bons deveríamos fazer sacrifícios para ajudar a alimentar muitos povos que morrem de fome no mundo. Se fosse assim, então, ela não estaria dizendo algo que Clyde nega, quando ele diz “nós, que somos bons, não deveríamos fazer tais sacrifícios”. Cada um estaria meramente indicando o que cada um pensa de algo, e é certamente possível para ambos ser verdadeiro que Bonnie pensa que nós deveríamos fazer sacrifícios por aqueles que são famintos e, ao mesmo tempo, que Clyde pensa que nós não deveríamos fazê-lo. Então, se Clyde está negando o que Bonnie afirma, ele não pode estar meramente indicando que ele pensa que nós não deveríamos fazer sacrifícios por essas pessoas. Assim, o fato de Clyde chegar a pensar que o que ele faz é irrelevante para estabelecer se nós deveríamos ou não fazer sacrifícios para ajudar aqueles que estão morrendo de fome é como os sentimentos de Ken sobre a preservação da região selvagem. E o mesmo é verdade concernente sobre o que nós pensamos. Nosso pensamento de que algo é certo ou errado não é o que faz isso ser certo ou errado. A irrelevância da estatística – Alguém pode pensar que o que uma pessoa pensa ou sente sobre questões morais não endireita a questão, o que todo mundo ou a maioria das pessoas pensam ou sentem endireitam a questão. A pessoa individual é apenas uma voz; o que todos ou a maioria das pessoas pensam ou sentem representa muito mais. Existe um poder nos números. Assim, o método correto para responder questões sobre certo ou errado é procurar o que a maioria pensa ou sente. A opinião pública deveria ser conduzida, e as estatísticas compiladas. Isso revelaria a verdade. Esse entendimento para questões morais é deficiente. Toda aquela opinião pública pode revelar o que todos ou a maioria da população pode pensar ou sentir sobre determinada questão moral – por exemplo, “deveria o governo subsidiar pesquisa e desenvolvimento da tecnologia de energia solar?”. O que a opinião pública não pode determinar é se o que a maioria da população pode pensar sobre uma determinada questão é razoável ou verdade, ou se o que a maioria da população pode pensar é apropriado. Pode existir poder nos números, mas não verdade, ao menos não necessariamente. Isso não significa que “o que nós somos (sentimos)” é irrelevante para responder questões morais. Depois disso, de fato (§8), nós iremos ver como certas condições dadas têm sido encontradas, “o que nós pensamos” nos provê com um possível espaço de onde começar a pesquisa para o que faz atos certos ou errados, bem como um possível teste de adequação de teorias competindo o que é certo ou errado. Sem embargos, meramente para estabelecer o que a maioria das pessoas possa pensar que fontes de energia solar devem ser preferidas a usinas de energia nuclear não é para estabelecer que a anterior deva ser preferida. Em tempos passados, a maioria da população, possivelmente toda ela, pensava que o mundo era um plano. E, possivelmente, muitos ou toda a população se sentiu agradada ou acalmada para pensar que o mundo tinha essa forma. Mas o que eles pensaram e sentiram não fez disso verdade, que o mundo era plano. A questão, dessa forma, não foi respondida meramente por procurar o que muitas pessoas pudessem pensar ou sentir. Não existe razão para acreditar que questões morais diferem nesse respeito. Questões sobre certo e errado não podem ser respondidas por apenas contar cabeças. Como Tibor Machan argui no seu ensaio (“Poluição e Teoria Política”), o que a maioria pode fazer em favor de uma dada política de poluição não é garantia de sua moralidade. O apelo para a autoridade moral – Suponha que é concedido que não possamos responder questões morais apenas por procurar o que Jack, Jill, Ken ou Barbie possam pensar ou sentir; ou procurar o que a maioria das pessoas pode pensar ou sentir. Depois de tudo, indivíduos como Jack, Jill ou a maioria como eles, devem pensar ou sentir uma maneira quando eles devem pensar ou sentir diferentemente. Mas suponha que a pessoa que nunca erra quando caminha para questões morais: se essa pessoa julga que algo é moralmente certo, isso é moralmente certo, se isso é julgado errado, isso é errado. Nenhum erro é cometido. Chamemos tal pessoa de “autoridade moral”. Deve-se apelar para o julgamento da autoridade moral ser o método correto para responder questões morais que pesquisamos? Muitas pessoas que pensam que existe uma autoridade moral pensam que essa autoridade não é uma pessoa ordinária, mas um deus. Isso causa problemas imediatamente. Se existe um deus (ou deuses) é uma questão muito controvertida e para acomodar questões sobre certo ou errado sobre o que um suposto deus diz (ou deuses dizem) já é para embasar a moralidade numa não definida fundação intelectual. Essas dificuldades vão muito além disso, entretanto, mesmo que exista um deus que é a autoridade moral, muitas questões sérias deverão surgir concernentes a se as pessoas sempre entendem o que essa autoridade diz sobre certo e errado. As dificuldades que existem quando Judeus e Cristãos consultam a Bíblia podem ser tomadas como ilustrativas. Problemas de interpretação abundante. Alguns dos que pensam que nós fomos criados para sermos vegetarianos pensam que eles acham evidência na Bíblia, que Deus pensa assim também; outros pensam que eles acham evidências de que Deus não pensa assim. Alguns dos que pensam que Deus nos permite explorar a natureza sem considerar seu valor citam que o que eles pensam tem suporte em capítulos e versos; outros citam outros capítulos e versos que eles pensam que mostram que Deus não permite isso, ou eles citam as mesmas passagens e argúem que eles devem ser interpretados diferentemente. A gravidade disso e os problemas de interpretação semelhantes não devem ser subestimados. Mesmo se existe a autoridade moral e se a adoração a Deus pelos Judeus e Cristãos deve acontecer para ser essa autoridade, não faria disso um simples problema para descobrir o que é certo ou errado. O problema de achar o que Deus pensa nesses problemas irá remanescer e será especialmente aguçado em áreas onde a Bíblia oferece muito pouco, senão nada, guia direto, um ponto que Annete Baier faz considerando a falta de direção bíblica no problema de obrigações com as futuras gerações. Problemas de interpretação de lado, é claro que o método correto para responder questões morais não pode consistir meramente em descobrir o que uma alegada autoridade moral diz. Mesmo se existe autoridade moral, aqueles que não são autoridades morais podem ter boas razoes para pensar que não existe uma, a não ser os julgamentos dessa suposta autoridade possam ser checadas para sua verdade ou razoabilidade, sem confiar nesse julgamento deles mesmos como espaços para as suas verdade e razoabilidade. Não é possível fazer isso, ao menos o que é verdade ou razoável, considerando que certo ou errado possa ser conhecido independentemente do que essa suposta autoridade diz. Um exemplo de uma outra parte deve tornar esse ponto mais claro. Um encanador prova “sua autoridade como encanador”, não meramente no que ele diz, mas na qualidade de seu trabalho, que pode ser verificado independentemente do que ele diz em qualquer caso particular. Depois nós temos que vir a saber em espaço independente, que o particular julgamento do encanador confiável, então nós temos razão para confiar no seu julgamento no futuro. O mesmo é verdade da autoridade de um julgamento, digamos, em ciência, economia, direito e moralidade. A credibilidade de alguém nessas ciências pode ser estabelecida no caso de julgamento moral somente se existem maneiras independentes de testar julgamento moral contra o que é sabido ser verdadeiro ou razoável. Assim, desde que na natureza desses casos deve existir alguma maneira independente de saber que julgamentos são verdadeiros ou razoáveis em ordem de testar para que a autoridade do julgamento moral de outro, para apelar para isso ou que a “autoridade moral “não possa por si mesma ser o método que procuramos para responder questões morais. §6 O JULGAMENTO MORAL IDEAL As idéias discutidas no §5 são relevantes para os ensaios deste volume porque os autores nunca argúem que algo é certo ou errado, meramente nos espaços de suas preferências pessoais, ou meramente porque eles pessoalmente sentem de uma maneira ou de outra, ou apenas porque eles pensam isso certo ou errado, ou somente porque a maioria das pessoas possa sentir ou pensar de uma certa maneira, ou porque alguma suposta autoridade moral tenha dito ou revelado que algo é certo ou errado. Isso é importante para perceber as maneiras que esses filósofos não argúem; e isso é também importante para entender alguns dos argumentos que possam ser dados contra argüir dessas maneiras. Isso é o que tem sido minuciosamente explicado no §5. O que agora precisa ser descrito é a aproximação com as questões morais que não estão abertas para as objeções surgidas contra os métodos considerados adiante. A aproximação descrita no que se segue aciona como a seguinte questão é respondida: “que requerimentos alguém poderia ter que encontrar para fazer o julgamento moral ideal?”. Considerando idealmente, isto é, o que são as condições que alguém teria que satisfazer para alcançar o julgamento moral tanto livre de faltas e erros quanto possível? Através dessa natureza, um julgamento moral ideal é apenas aquilo – um ideal. Talvez ninguém tenha tido ou nunca irá encontrar completamente todos os requerimentos programados adiante no ideal. Mas que não faz disso irracional para esforçar-se para se aproximar o quanto possível preenchendo isto. Se nós nunca podemos chegar ao fim, nós podemos continuar nos movendo a alguma distância da linha inicial. Existem ao menos seis diferentes idéias que devem encontrar o lugar em nossa descrição do julgamento moral ideal. Uma minuciosa discussão sobre cada um deles se segue. Claridade conceitual – Nós não podemos responder questões morais nos nossos armários. Questões morais surgem no mundo real, e o conhecimento da programação do mundo real em que elas surgem é essencial se nós somos sérios em procurar racionalidade para respondê-las. Por exemplo, no debate além da prática alternativa agrícola, algumas pessoas clamam que a produtividade é aumentada por confiar no extensivo uso de plantação de monocultura (que é plantar a mesma safra no mesmo hectare ano após ano). Isso é verdade? Isso é um fato? Em seu ensaio “Questões éticas em Agricultura”, William Aiken nos relembra que nós temos que sair dos nossos armários para responder a isso (ou para achar a resposta que outros têm tentado para achar as bases de suas pesquisas); e nós devemos responder isso se nós temos que alcançar um julgamento informado sobre as dimensões éticas de práticas alternativas agrícolas. A importância de ter esses fatos, de ser informado, não é restrita apenas para esse caso, por qualquer significado. Isso tudo se aplica através da ampla varredura da indagação moral. Racionalidade – Racionalidade é um conceito multifacetado. O aspecto que diz respeito a nós aqui é quando a racionalidade é entendida como uma habilidade de reconhecer a conexão entre diferentes idéias – a habilidade para lembrar, que é, certas declarações são verdades, então algumas outras declarações dever ser verdadeiras enquanto outras devem ser falsas. Agora, é nessa lógica que regras são programadas adiante para especificar quando declarações seguidas de outras, e é por causa disso que a pessoa que é racional algumas vezes é dita como lógica. Quando nós falamos da necessidade de ser racional, então, nós estamos dizendo que nós precisamos observar as regras da lógica. Para alcançar um julgamento moral ideal, entretanto, nós devemos não somente nos empenharmos em fazer nossos julgamentos contra um passado de informação e clareza conceitual; nós devemos também tomar cuidado para explorar como nossas crenças são logicamente relacionados com outras coisas que nós fazemos ou não acreditamos. Por exemplo, imagine que Ozzie pensa que não é certo expor pessoa a risco se eles voluntariamente decidem corrê-los; e suponha que sua mulher, Harriet, recentemente tenha começado a trabalhar numa usina nuclear que a exponha a riscos que ela não deveria de outra forma correr. Aí Ozzie não está sendo racional ou lógico se ele clama que isso é errado da companhia expor Harriet a esses riscos. Racionalmente, ele não pode acreditar nisso enquanto acreditar em outras coisas, que nós assumimos que ele acredita. Logicamente, é impossível que ambas as afirmações seguidas sejam verdades: (1) não é errado expor pessoas a riscos se eles voluntariamente decidem corrê-los, e (2) é errado a companhia expor Harriet a riscos que ela voluntariamente decidiu correr. Quando alguém é cometido para um pensamento ou grupo de pensamentos que não possam possivelmente todos serem verdade ao mesmo tempo, a pessoa é dita como sendo comprometida para um contradição. Ozzie, então, é comprometido para uma contradição. Para decair a mínima parte do julgamento moral ideal, por comprometer alguém para a contradição, é decair tão pouco quanto alguém possa. Imparcialidade – Parcialidade envolve favorecer alguém ou algo sobre outros. Por exemplo, se um pai é parcial com um de seus filhos, então ele será inclinado a dar à criança favorecida mais do que ele dá a outra criança. Em alguns casos, parcialidade é uma coisa boa; mas uma parcialidade que exclui até pensando ou ter notícias das outras está longe de ser o necessário em um julgamento moral e ideal. O fato de alguém ter sido, por exemplo, parece sempre ser uma consideração relevante, se esta pessoa for favorecida por nós ou não. No esforço para alcançar as respostas corretas para questões morais, portanto, devemos nos esforçar para evitar os extremos, a parcialidade inquestionável; do contrário correremos o risco de ter nosso julgamento nublado pelo preconceito. A idéia de imparcialidade está no coração do que algumas vezes é referido como o princípio formal da justiça; a justiça é o similar, e a injustiça, o diferente, tratamento dos casos similares. Este princípio serve para expressar o princípio formal da justiça porque por ele mesmo não especifica quais fatores são relevantes para determinar o que faz casos similares ou não similares. Para decidir isso, alguém deve complementar o princípio formal da justiça com uma interpretação substantiva ou normativa da justiça. Mais será dito sobre este assunto (§10). Até nessa conjuntura, contudo, podemos reconhecer o rico potencial que o princípio formal da justiça pode ter em um argumento sobre a moral certa ou errada. Seríamos nós a aprovar as práticas que causam sofrimentos desnecessários aos animais de fazenda enquanto denunciamos tais práticas quando aqueles que sofrem são seres humanos, seria apropriado perguntar por que os casos são julgados de formas diferentes. Por que eles devem ser diferentes se, quando estamos assumindo, tratamento diferente é permitido. Se em respostas a nossa questão nos foi dito que a diferença é que seres humanos pertencem a uma espécie enquanto os animais da fazenda pertencem a outras, seria novamente apropriado perguntar como essa diferença em membros da mesma espécie pode fazer alguma diferença moral para a moralidade do tratamento nos dois casos. Para sancionar práticas que causam sofrimento desnecessário aos animais de fazendo enquanto se desaprovam as práticas similares no caso de humanos porque membros da mesma espécie parecem ser um sintoma de parcialidade injustificada (o que alguns chamam de especismo), uma questão levantada por muitos contribuintes deste volume. Enquanto o princípio formal de justiça não nos diz por ele mesmo quais são os fatores relevantes para determinar quando o tratamento é similar ou diferente, tal princípio deve ser observado se formos fazer o julgamento moral ideal. Não para observar, é um sintoma do preconceito ou da parcialidade, defeitos racionais que devem ser identificados e superados se nós formos fazer o melhor julgamento moral que pudermos. Calma – Todos nós sabemos como é fazer algo no calor da raiva que mais tarde nos arrependemos. Sem dúvida também já tivemos a experiência de ficar tão excitado que fazemos algo que mais tarde desejaríamos não ter feito. Emoções são forças poderosas e, embora a vida seja um terreno baldio monótono sem elas, precisamos apreciar que o mais volátil entre elas pode nos enganar; emoção forte não é um guia confiável para fazer (ou julgar) o que é melhor. Isto nos traz a necessidade de sermos “calmos”. Ser calmo aqui significa “não está num estado emocionalmente excitado, estar num estado mental de calma emocional”. A idéia é que por mais esquentados (mais carregados emocionalmente) que estejamos, mais propensos estamos a alcançar uma conclusão moral errada, enquanto que quanto mais frios (mais calmos) estejamos, maiores as chances de evitar erros. Esta posição nasceu de experiências comuns. Pessoas que estão num estado de excitação terrível podem não ser capazes de conter sua racionalidade; por causa do seu profundo envolvimento emocional, eles podem não ser capazes de manter a imparcialidade; e quando eles estão num estado emocional, excitados, eles podem até não se importar com o que aconteceu ou porque aconteceu. Como o provérbio sobre atirar primeiro e perguntar depois, a falta de calma pode facilmente levar as pessoas a julgar primeiro e perguntar os fatos mais tarde. A necessidade de ser “calmo”, então, parece merecer um lugar na nossa lista. Princípios morais válidos – O conceito de um princípio moral tem sido analisado de diferentes maneiras. Pelo menos isto parece muito claro, contudo: para um princípio ser qualificado como um princípio moral (tão distinto de, digamos, um princípio legal ou científico), deve prescrever conduta para todos os agentes morais. Agentes morais são aqueles que podem trazer razões imparciais ( ex: razões que respeitam o requerimento de imparcialidade) para pressionar na decisão de como eles devem agir. Eles são, portanto, concebidos, para serem ambos racionais e autônomos. Indivíduos que não possuem a habilidade de entender ou agir a base de razões imparciais (ex: crianças jovens) fracassam ao se qualificar como agentes morais. A eles não podem significativamente ser dito que eles têm obrigações a cumprir, ou parar de fazer, o que é moralmente certo ou errado. Somente agentes morais podem ter esta posição, e princípios morais podem ser aplicados apenas para determinação de como os agentes morais devem se comportar. Como a idéia de um princípio moral válido relaciona-se com o conceito de um julgamento moral ideal? Em um julgamento moral ideal não é suficiente que o julgamento seja baseado numa informação completa, numa imparcialidade completa, numa clareza conceitual completa, etc. Também é essencial que o julgamento seja baseado num princípio moral válido ou correto. Se possível, alguém que não quer somente fazer um julgamento correto mas fazê-lo pela razão correta. A idéia de princípios morais corretos será discutida completamente na parte II, Ética Normativa. §7 NÃO É PERMITIDO DUPLO-NÍVEL O retrato do julgamento moral ideal apresentado no §6, ou algo semelhante, forma a origem de muitos ensaios nessa antologia. Os autores não dizem explicitamente sempre que, por exemplo, imparcialidade ou racionalidade são ideais sobre os quais valha a pena se esforçar; mas o modo no qual eles discutem fica claro que estes ideais desempenham um papel importante nas suas análises das visões dos outros. Conseqüentemente, estes filósofos insinuam que seria correto aplicar estes mesmos ideais aos seus próprios pensamentos. No caso de cada ensaio, portanto, podemos perguntar: 1 – Os conceitos importantes foram analisados e, se assim for, eles foram analisados corretamente? 2 – O autor discute a partir de uma base de conhecimento da vida real na qual uma questão moral surge? 3 – o autor é racional? (Os argumentos apresentados observam as regras da lógica?) 4 – Há falta de imparcialidade? (Alguém, ou algum grupo, está arbitrariamente foi favorecido sobre outros?) 5 – As coisas são discutidas num estado de fortes emoções? (Os sentimentos profundos estão retoricamente ventilados no lugar do pensamento forte?) 6 – Os princípios morais usados são válidos? (Algum esforço é feito para mostrar que eles encontrem o critério apropriado) Estas seis perguntas, então, embora não esgotem todas as possibilidades, pelo menos dão um ponto de partida. É pertinente perguntar como nossos autores colocam esta pergunta das pessoas cujas visões eles examinam. Mas o correto requer que estar mesmas perguntas sejam feitas da visão de cada autor também. Nenhum duplo-nível é permitido. II – ÉTICA NORMATIVA No início, meta-ética foi caracterizada como investigação sobre o significado dos conceitos-chave (por exemplo, risco e direitos) também como a investigação sobre se há um método correto para responder a questões morais. Questões meta-éticas, contudo, de maneira alguma esgotam um interesse dos filósofos da ética moral. Uma segunda área principal da investigação é comumente referida como ética normativa. Os filósofos engajados na ética normativa planejam ir além das questões que concernem ao significado e método que surgem na meta-ética; a meta que eles planejam é nada curta em determinar quais princípios morais são válidos – estes princípios, isto é, pelos quais todos os agentes morais deveriam moralmente ser guiados. Há, então, uma conexão importante entre a meta da ética normativa e o conceito de um julgamento moral ideal. Um julgamento moral ideal, temos dito, deve ser baseado nos princípios morais válidos, e é apenas a questão, “quais princípios são os válidos?”, que está no coração da ética normativa. A menos que o filósofo da ética normativa tenha sucesso em revelar quais princípios morais são válidos, portanto, uma parte vital do julgamento moral ideal não será preenchido porque seria desconhecido. Quais princípios morais são válidos? Não surpreendentemente, uma variedade de respostas tem sido oferecida. Nem todas elas podem ser aqui consideradas, e nenhuma pode ser considerada em muito detalhe. Mas o suficiente pode ser dito para fazer as idéias importantes inteligíveis. §8 TEORIAS CONSEQUENCIALISTAS Uma maneira de começar a procurar pelos princípios morais válidos é começar com nossas crenças consideradas (também referida por alguns como nossas “instituições reflectivas”). Estas crenças ou instituições não são para serem identificadas com o que nós apenas por acaso acreditamos independente de nossa reflexão crítica; ou melhor, nossas crenças consideradas são aquelas crenças que temos como certas e erradas, boas e más, justas e injustas após termos feito um esforço consciente para pensar nessas crenças com um olhar enquanto dos cinco requerimentos do julgamento moral ideal explicado no §6. Tais crenças são crenças consideradas ou instituições reflectivas, em outras palavras, somente se tivermos feito nosso melhor esforço para pensar sobre eles com a máxima clareza conceitual, friamente e imparcialmente, e contra a cortina do ideal da informação completa. Aquelas crenças morais que continuamos a suspeitar ou viemos a suspeitar após termos pensado sobre elas, nesses termos, são nossas crenças consideradas, e é pelo menos em parte por concordar com tais crenças que muitos filósofos morais pensam que filosofia moral normativa pode estar em curso e contra o qual seu sucesso possível possa ser testado de forma justa. Nem todos os filósofos morais, é verdade, possivelmente nem todos aqueles que contribuíram com este volume, estão de acordo neste ponto metodológico fundamental. Mas, deixemos ver como este ponto de acordo na teoria, onde se obtém, pode funcionar na prática. Supondo que pudéssemos chegar num acordo sobre um corpo de crenças consideradas; então acreditaríamos na demonstração de que certos atos são certos ou errados, justos ou injustos, e coisas do gênero. Assumindo isto podemos, então, perguntar como este corpo de crenças pode ser unificado; podíamos perguntar, em outras palavras, quais princípios morais gerais podem ser unificados; nós podíamos perguntar, em outras palavras, o que princípios morais gerais unificam estas instituições ao identificar sua plausível base comum. Como exemplo, imaginemos que George e Gracie são fazendeiros e vendem seus produtos em barracas ao longo de rodovias. Os negócios de George sofreram um atraso por causa da recente competição causada pela nova barraca de Gracie, e ele decide eliminar a competição contratando um incendiário profissional com o qual ele teve acordos no passado. Os inspetores de incêndio concluíram que o fogo que destruiu a casa de Gracie foi por causa de defeito na fiação, os negócios de George ganham sua antiga vitalidade, e Gracie, que mal tinha dinheiro suficiente para começar seu negócio e sem seguro, é deixado num estado de pobreza. Se nos julgarmos que o que George fez foi errado e se fizéssemos esse julgamento não só inicialmente, mas depois que tivéssemos feito um esforço consciente para pensar sobre o caso friamente, imparcialmente, e assim por diante, o que poderia plausivelmente iluminar o erro do ato de George? Bem, Gracie sentirá alguma tristeza certamente. Quando ela pensa no seu antigo negócio ela fica desesperada e frustrada, e a alegria que ela teria se os negócios tivessem continuado a crescer, está impossibilitada. Gracie, então, fica numa situação pior do que ela teria estado, ambos em termos da infelicidade da sua atual condição e em termos do seu aproveitamento perdido. Pensar sobre isso levou alguns a teorizar que o que faz George (e o incendiário) agirem errado é que é a causa dos maus resultados, nesse caso, a frustração, raiva, desapontamento, e infelicidade geral causada a Gracie. Agora imaginem este caso. Suponhamos que as pessoas aceitaram uma regra geral cuja observância dava proteção desigual aos empregados masculinos e femininos. Esta regra (R) requer que aos homem sejam dadas roupas protetoras quando estejam expostos a toxinas químicas, enquanto nega tal proteção às trabalhadoras. Tal regra deve nos por em alerta como radicalmente injusta. Mas por quê? Bem, imagine como as mulheres poderiam se sentir em tais circunstâncias. Não é implausível imaginar que elas sentirão raiva, ressentimento e inveja. Estes sentimentos (raiva, ressentimento e inveja) não são desejáveis. Além disso, porque elas são consideradas mais vulneráveis a ambientes perigosos no local de trabalho, as trabalhadoras são mais propensas a sofrer condições debilitantes, os resultados que também não são bons para elas. Como no exemplo anterior de George e Gracie, então, nós novamente temos uma situação onde (1) julgaríamos com reflexão que algo está errado, e (2) o que julgamos ser errado causa maus resultados. Muitos filósofos não pararam com apenas estes tipos de casos. Veementemente falando, a característica comum e peculiar de toda ação errada, eles têm teorizado, é que leva a maus resultados, enquanto que uma característica comum e peculiar de toda ação correta, novamente falando, veementemente, é que leva a bons resultados. Filósofos que aceitam este tipo de opinião são comumente referidos como consequencialistas, um nome apropriado dada a sua forte ênfase nos resultados ou conseqüências. Teorias desse tipo também são chamadas teorias teológicas, do grego “telos” significando “fim” ou “finalidade”, um outro nome adequado de acordo com estes pensadores, uma vez que, ações não são certas ou erradas nelas mesmas; elas são certas ou erradas de acordo com estas teorias, se elas promovem ou frustram a finalidade da moralidade – a saber, se elas provocam maior balanço possível das conseqüências do bem sobre o mal. Atos são como flechas que atiramos: atos corretos atingem o alvo (ou seja, causam os melhores resultados); atos errados, não. Agora, na ética normativa quando alguém avança num princípio que afirma que o que faz todos os atos certos como certos e todos os atos errados como errados, eles o fazem no curso e no avanço da teoria da ética normativa. Considerada abstratamente, há pelo menos três diferentes tipos de teorias normativas éticas teológicas. 1. Egoísmo ético: de acordo com esta teoria, duramente falando, se alguma pessoa (A) tem feito o que é moralmente certo ou errado depende unicamente em quão boas ou más são as conseqüências das ações de A para A. Como os outros são afetados é irrelevante, a não ser que como eles são afetados, alterariam as conseqüências para A. 2. Altruísmo ético: de acordo com esta teoria se uma pessoa (B), tem feito o que é moralmente certo ou errado depende unicamente de como as conseqüências boas ou más das ações de B são para todos, exceto para B. Como B é afetado é irrelevante, a menos que como B é afetado altere as conseqüências para todos os outros. 3. Utilitarismo: de acordo com esta teoria, se uma pessoa (C) fez o que é moralmente certo ou errado depende unicamente de quão boas ou más são as conseqüências das ações de C para todos afetados. Embora como C é afetado é relevante; também é relevante como os outros são afetados. Como todos os envolvidos são afetados pelas conseqüências boas ou más é relevante. Estes não são exatamente as declarações desses três tipos de teorias normativas ética teológicas, mas o suficiente foi dito sobre duas delas – a saber, egoísmo ético e altruísmo ético – para nos tornarmos aptos a entender porque a maioria dos filósofos as acham insatisfatórias. Ambas parece estar longe do ideal de imparcialidade, egoísmo ético porque parece colocar importância arbitrária e exclusiva no bom e no bem-estar do agente individual, e altruísmo ético porque parece colocar importância arbitrária e exclusiva no bom e no bem estar de todos os outros. Além disso, ambas as teorias possivelmente levam a conseqüências que coincidem com uma ampla variação de intuições reflectivas. Isso talvez seja mais claro no caso do egoísmo ético, dado que, em tudo considerado, queimar a casa de Gracie levou a conseqüências que foram tão boas para George quanto qualquer outra que ele tivesse praticado. Mas o que ele fez não foi moralmente errado de acordo com o egoísmo ético. Mas é algo que nos gostaríamos muito de não corroborar, não somente em casos envolvendo incêndios, mas em muitos outros tipos de casos (por exemplo, assassinato, estupro, que também não seriam errados se as conseqüências para o agente fossem pelo menos tão boas como aquelas que tivemos resultado se o agente tivesse agido de outra maneira). Confrontado com a escolha entre aceitar o egoísmo ético ou desistir de uma grande classe de crenças consideradas, muitos filósofos escolheram rejeitar a teoria e reter as convicções. É o utilitarismo, então, que parece representar o mais forte tipo possível de teoria teológica. Certamente é a única que tem atraído os mais fiéis aderentes; e não inesperadamente, entretanto, é a única que figura mais proeminentemente nos ensaios neste volume. Valerá a pena, portanto, contudo, examiná-lo melhor. §9 UTILITARISMO “O princípio da Utilidade” é o nome dado ao princípio fundamental defendido por aqueles que chamam utilitaristas. Este princípio tem sido formulado em diferentes maneiras. Aqui está uma formulação comum. “Atos são corretos se eles provocam um maior balanço possível do bem intrínseco sobre o mal intrínseco, para todos os envolvidos, ou eles serão errados.” Deve ser enfatizado que os utilitaristas não concordam com tudo. Em particular, eles não concordam com o que é intrinsecamente bom e mau. Alguns filósofos (os hedonistas valiosos) pensam que o prazer e só o prazer é intrinsecamente bom (ou bom nele mesmo), enquanto que a dor, ou a ausência de prazer, e só isso é intrinsecamente mau (ou o mau nele mesmo). Outros (os chamados utilitaristas preferenciais) acreditam que a satisfação dos desejos de alguém ou preferências do que é bom e sua frustração má. Os utilitaristas clássicos – Geremy Bentham (1648-1832) e John Stuart Mill (1806-73) eram favoráveis ao utilitarismo hedonístico. Os mais recentes utilitaristas, especialmente aqueles que procuram aplicar uma teoria econômica às questões éticas, são favoráveis ao utilitarismo preferencial. Se ambas as visões dizem respeito ao valor intrínseco ser adequado é uma questão que nós podemos deixar passar nessa conjuntura, uma vez que as idéias de importância especial para nosso objetivo atual pode ser discutida independentemente do hedonismo do valor, por exemplo, é uma opinião razoável. Ato e regra –utilitarismo – Uma idéia de importância especial é a diferença entre ato-utilitarismo e regra-utilitarismo. Ato-utilitarismo é a visão de que o princípio da utilidade deveria ser aplicado às ações individuais; regra-utilitarismo afirma que o princípio da utilidade deveria ser aplicado principalmente para regras de ação. O ato-utilitarismo diz que toda vez que as pessoas têm que decidir o que fazer, elas deveriam por em prática aquele ato que trará o melhor balanceamento possível do bem intrínseco sobre o mal intrínseco. Regra-utilitarista diz algo diferente: as pessoas têm que fazer o que é requerido pelas regras morais justificadas. Isso são regras, que alguns regra-utilitaristas mantém, que levariam às melhores conseqüências possíveis, tudo considerado, se todos fossem concordar com eles. Regras reconhecidas como válidas por esses regra-utilitaristas, em outras palavras, não precisam ser regras que a maioria das pessoas aceita a age de acordo – o que podemos chamar moralidade convencional. Regras reconhecidas como válidas são aquelas em que todos deveriam agir porque todos estão fazendo, que levariam aos melhores resultados. Se uma regra justificada de forma sem ser ambígua se aplica a uma situação, e se nenhuma outra regra moral justificada se aplica, então a pessoa naquela situação deveria escolher fazer o que a regra manda, mesmo se nessa situação particular executar este ato não levasse a conseqüências boas. Entretanto, ato-utilitaristas e regra-utilitaristas podem alcançar julgamentos morais opostos. Um ato que é errado de acordo com a regra utilitarista, porque ele é contrário a uma regra moral justificada, pode não ser errado segundo a posição do ato-utilitarismo. Alguns problemas para o ato-utilitarismo – o ato-utilitarismo é correto? Muitos filósofos respondem que não. Uma razão dada contra esta teoria é que o atoutilitarismo se confronta com uma grande variedade de nossas crenças consideradas. Lembremos do exemplo do incêndio. De acordo com o atoutilitarismo, se o emprego do incendiário por George foi errado ou não depende só disso e isso sozinho: as conseqüências interligadas para todos foi afetada pelo resultado no mínimo tão bom quanto às conseqüências que resultariam se ele tivesse agido de outra forma? Não é só os resultados ruins com os quais Greice tem que viver (sua frustração, raiva, ou coisas do tipo) que são relevantes. Como os outros são afetados também é relevante, dado o ato-utilitarismo, e não há razão para que só porque Greice ficou numa situação pior do que ela teria ficado como um resultado das decisões de George, a soma ou total das boas e más conseqüências para todos os envolvidos não deve alcançar o alvo utilitarista. Os benefícios vindo de George ao eliminar a competição de Greice, o dinheiro que o incendiário recebe, e os possíveis prazeres e satisfações dos outros (exemplo: talvez o filho de George possa agora ir para a faculdade e a mulher do incendiário possa ter seus dentes restaurados) – estes prazeres e satisfações, também, não apenas a miséria de Greice têm que ser levado em conta. Em princípio, então, não há razão porque as conseqüências, todas consideradas, não podem ser somadas ao melhor equilíbrio do bem sobre o mal, ou pelo menos, igualar um equilíbrio que é tão bom como qualquer outro que teria resultado se George tivesse agido de outra maneira. E se as conseqüências forem pelo menos tão boas quanto outras que George teria obtido se tivesse agido de outra maneira. Então, ato-utilitarismo implica que o que ele fez foi certo. E embora seu envolvimento na destruição do negócio de Greice provavelmente nos fará enxergar como errado. Contudo, novamente parecemos encarar uma escolha entre (1) conservar uma crença considerada ou (2) aceitar uma teoria normativa ética particular. E a mesma escolha se repetiria no leque de outros casos envolvendo nossas instituições reflectivas (exemplos: intuições acerca do erro, do assassinato e do estupro, casos individuais que possivelmente poderiam levar ao melhor equilíbrio os resultados bons sobre os maus, quando o bom e o mau para os indivíduos envolvidos são totalizados). Há muitos tipos de casos onde as implicações do ato-utilitarismo estão ou parecem estar em conflito com as nossas crenças consideradas. Diante de tais conflitos, muitos mantêm-se no lado de reter nossas convicções e rejeitar as teorias. Ato-utilitaristas ativamente defendem sua posição contra a linha do criticismo. O debate é entre o mais vivo e o mais importante em ética normativa. O ponto que se enfatiza aqui é que regra-utilitaristas não acreditam que sua versão do utilitarismo possa ser rejeitada pelo argumento precedente. Isto é, porque eles mantém que o que George fez foi errado porque violou a regra moral válida – a regra contra destruir a propriedade de outro. Ainda, a regra-utilitarista diz que a posição dele não apenas não leva a uma conclusão que se choca com a convicção de que o que George fez foi errado; esta posição atualmente é iluminada porque viola a regra que é adotada por todos que podem ser defendidos por uma proximidade com o Princípio da Utilidade. Alguns problemas para os regra-utilitaristas – Um sucesso não garante que tudo vá bem, contudo, e muitos filósofos pensam que a regra-utilitarismo também é inadequada. Umas das mais importantes objeções leva em consideração a justiça. O ponto de objeção é que regra-utilitarismo possivelmente pode justificar a adoção de regras que seriam excessivamente injustas. Para ficar claro, relembre a regra que figurou no nosso exemplo sobre emprego: os homens recebem roupas protetoras no local de trabalho, mas as mulheres não. A injustiça dessa regra é evidente. É injusto discriminar as pessoas no local de trabalho na maneira R requer. Esta regra não deve ser justiçada por aproximação à regra-utilitarismo? Certamente parece possível que, quando as conseqüências boas ou ruins para cada ano de vida afetado são levadas em consideração e totalizadas, podemos achar que adotar (R) acarretaria no melhor balanço dos bons e maus resultados. Garantindo que a inveja, o ressentimento e a raivas das empregadas devam ser levadas em consideração. Mas então, e também os benefícios dos homens seguros. Assim, no balanço o “menos” para as mulheres deve ser mais do que contrabalançado pelo “mais” dos homens, especialmente se houver muito poucas trabalhadoras, muitas das quais são casadas com homens que ganham o suficiente para sustentar seus dependentes. Se, então, a regra-utilitarismo pudesse sancionar regras injustas, não somente no emprego, mas através da ampla varredura das políticas sócias (por exemplo, na educação, no voto, e na saúde, onde devem ser evitados benefícios oferecidos a outros em nome do “bem comum”) – se isso for verdade, então, regrautilitarismo não é a teoria ética adequando que seus proponentes supõem ser. Pode os regra-utilitaristas defenderem sua posição contra esta linha de ataque? Filósofos não são unânimes na sua resposta. Como era a verdade do debate sobre o som do ato-utilitaismo, este debate é muito extenso para ser examinado aqui. Contudo, o bastante foi dito para sugerir a importância do utilitarismo, uma importância confirmada quando notamos que, embora nenhum dos filósofos neste volume explicitamente endosse o utilitarismo, aquela teoria aparece em cada um dos ensaios. Na visão da importância da visão histórica e contemporânea da teoria utilitarista, e à luz da frenquência com a qual é discutida na presente coleção, nós estaremos armados se fizermos as seguintes questões para cada ensaio. 1. – O filósofo que está sendo lido é utilitarista? 2. – Se for, de que tipo? Ato ou regra? 3. – Se o filósofo é um utilitarista os argumentos persuasivos se oferecem como exemplo em apoio às respostas utilitaristas dadas? 4. – O possível confronto entre a justiça e a utilidade é examinado? 5. – Se o filósofo que está sendo lido não for utilitarista, quais argumentos, se houver algum, são dados contra a validade dos princípios da utilidade e quão convincentes racionalmente são esses argumentos? 6. – Se o filósofo não for um utilitarista, que outro princípio (ou princípios) é (ou são) aprovado (s)? 7. – Quão convincentes racionalmente são os argumentos, se houver algum, que são dados em apoio aos princípios? §10 – NÃO-CONSEQUENCIALISMO “Não-consequencialismo” é um nome dado frequentemente às teorias de ética normativa que não são formas de consequencialismo. Em outras palavras, qualquer teoria que afirme que a moral certa e a errada não são determinadas unicamente pelo balanço relativo das conseqüências intrinsecamente boas sobre as conseqüências intrinsecamente más é comumente chamada de teoria nãoconsequencialista. Teorias destes tipo também são chamadas de teorias deontológicas, do grego “deon” significa dever. Tais teorias podem ser (1) extremas ou (2) moderadas. Uma teoria deontológica extrema assegura que o bom ou o mal intrínsecos das conseqüências são totalmente irrelevantes para determinar o que é moralmente certo ou errado. Uma teoria não-consequencialista moderada assegura que o bom e o mau intrínsecos das conseqüências são relevantes para determinar o que é moralmente certo ou errado, mas que elas não são as únicas coisas que são relevantes e podem não ser de grande importância em alguns casos. Uma grande variedade de teorias não-consequencialistas, extremas e moderadas, foram ampliadas. Por que alguns filósofos têm sido atraídos por tais teorias? O problema da justiça – Um argumento central avançado contra todas as formas de consequencialismo por muitos não-consequencialistas é que nenhuma teoria consequencialista (nenhuma forma de egoísmo ético, altruísmo ético, ou utilitarismo) pode representar as convicções básicas sobre justiça e injustiça – por exemplo, que é injusto permitir políticas que discriminam pessoas em relação a raça ou sexo. O ponto que esses deontologistas fazem é que tal discriminação não somente é errada; não é justa com a pessoa que esta sendo discriminada. Fundamentalmente de acordo com estes pensadores, bem separadas do valor das conseqüências para as vítimas ou outros, que todas as teorias consequencialistas em ultima análise provam ser deficientes. Suponhamos que deontologistas estivessem corretos – uma grande suposição! Alguma teoria deontológica seria então exigida. Uma quantidade de tais teorias tem sido desenvolvida. Aquela associada ao filósofo alemão Immannuel Kant (1724-1804) é inquestionavelmente a mais influente. Na visão de Kant, todas as pessoas (todas racionais, indivíduos autônomos) têm um distinto tipo de valor, um preço, um custo único ou dignidade. O valor que estas pessoas têm Kant pode ser interpretado a fim de se acreditar, não é redutível ao valor do seu estado mental (exemplo, seu prazer) e é, de fato, incomensurado com este último tipo de valor; alguém não pode significativamente perguntar se o valor de um indivíduo é igual a quanto prazer. Seria como tentar comparar maçãs e laranjas. Além disso, o valor de uma pessoa não é redutível aos talentos dos indivíduos (por exemplo, nos esportes ou na música), nem às utilidades dos indivíduos ou serviços a outros (um cirurgião não tem maior ou menor valor do que um lavador de pratos, um santo nem mais nem menos que um vendedor de carros usados), nem como os outros se relacionam com aqueles indivíduos (o amado e admirado não é mais nem menos valioso que o desprezado e abandonado). Todos que têm valor ou valia como indivíduos, para encurtar, têm valor igualmente. Agora, para tratar tais indivíduos como a moralidade requer, devemos nunca tratá-los de maneira que falhassem em mostrar respeito apropriado pelo seu valor único. Já isso é precisamente do que nós seríamos culpados, no esforço de justificar, tratar certa pessoa de uma dada maneira, nós clamamos que assim sendo, deu lugar ao melhor balanço somado do prazer sobre a dor, ou a preferência das satisfações sobre as frustrações, por todos os efeitos dos resultados. Para Kant, isto é tão sério quanto ignorar os distintos tipos de valor que as pessoas têm como indivíduos; é tratá-las como mero significado para promover os fins que outros têm, não como fins em si mesmos. Qualquer e todo tratamento desrespeitoso é encarado, para Kant, quaisquer que sejam as conseqüências. Este entendimento Kantiano para as questões morais oferece uma interpretação diferente da igualdade do que daquilo oferecido pelos utilitaristas. Para Kant, são os indivíduos que são iguais em valor, quando, para os utilitaristas, o que é igual em valor são prazeres similares ou satisfações preferenciais. Ainda, a posição de Kant nos mostra um caminho bem diferente para a aproximação das questões do tratamento justo, algo que nós podemos ilustrar chamando novamente a regra (R): Homens estão para receber roupas de proteção no trabalho, mas as mulheres não. Como foi sugerido antes (89), uma justificativa utilitarista em adotar R é no caso de se observar R iria-se produzir o melhor balanço agregado do bom sobre o mau para aqueles que foram afetados pelos resultados, assumindo que as preferências ou os prazeres de todos devem ser considerados e pesados equitativamente. O fato que, se essa regra fosse adotada, empregadas iriam correr um risco de saúde maior que os homens, por isso não há objeção em adotar isso, na teoria utilitarista. O que a cada pessoa é devido está em igual consideração e peso de seus prazeres e preferências, e como isso é o que cada um ganha, neste caso não deveria haver choro nem injustiça. Kant seria de uma opinião diferente. A mesma abordagem para a justificação de R prescrita pelos utilitaristas é moralmente falha. O que está previsto para todos é respeito por seus valores como indivíduos, algo que falharíamos em mostrar se nós atentássemos a decidir a moralidade dos atos ou regras ao perguntar qual entre eles causa o melhor balanço somado do bem sobre o mal (ex. prazer sobre a dor) para todos afetados pelo resultado. Se então, a justificação de R é que sua adoção “promoveria o bem estar geral”, aqueles que seguem Kant observariam melhor sua adoção. A conduta prescrita pela regra em questão está errada porque ela trata as mulheres como algo menos do que o respeito a elas devido, tratando-as como se o valor delas como indivíduos pudesse ser ignorado se fazendo assim seriam trazidas as melhores conseqüências. § 11 DIREITOS MORAIS E LEGAIS Filósofos simpáticos a Kant podem usar as visões dele no que concerne o valor do único indivíduo como uma fundação na qual apoiar sua posições sobre os direitos dos indivíduos. Para ficar mais claro, seria útil primeiro explicar algumas diferenças entre o conceito de direitos legais e morais. Primeiro – direitos morais, se houver algum, são universais enquanto direitos legais não precisam ser. Direitos legais dependem da lei deste ou daquele país, e o que seria um problema de direito legal em um país podia não ser no outro. Por exemplo, nos Estados Unidos, qualquer cidadão com dezoito anos ou mais tem o direito legal de votar nas eleições federais; mas nem todos em toda nação tem o mesmo direito legal. Se, contudo, as pessoas morando nos Estados Unidos têm um direito moral a, digamos, vida, então toda pessoa em toda nação tem o mesmo direito moral, se ou não for também reconhecido como um direito legal. Segundo – ao contrário dos direitos legais, direitos morais são direitos iguais. Se todas as pessoas têm um direito moral à vida, então todos têm este direito igualmente; não é um direito que alguns (por exemplo, homens) podem possuir em maior parte do que outros (por exemplo, mulheres). Nem então, pode este direito moral ser possuído numa maior parte por habitantes de um país (por exemplo, o seu próprio) do que por habitantes de alguns outros paises (por exemplo, um país pobre em agricultura e com uma população humana crescente e faminta). Terceiro – Os direitos morais são ditos inalienáveis, significando que eles não podem ser transferidos para outros – eles não podem ser emprestados ou vendidos. Se Frankie tem um direito moral à vida, então é dela e não pode tornar-se de outra pessoa. Frankie pode dar à vida dela por seus pais, sacrificá-la em nome da ciência, ou destruir-se num ataque de raiva ou desespero. Mas ela não pode dar, sacrificar, ou destruir seu direito à vida. Direitos legais, por outro lado, são paradigmamente transferíveis, quando Frankie transfere seu direito legal de uma herança para Johnie ou dá a ele seu carro. Quarto – direitos morais são algumas vezes ditos como “direitos naturais”, não no sentido de que eles são detectáveis pelo estudo da natureza do ponto de vista científico, mas no sentido de que não são convencionais como são os direitos legais, criados pelos atos dos seres humanos comuns. As visões de Kant do valor único das pessoas se conectam perfeitamente com estas quatro características do conceito de um direito moral. (1) Todas as pessoas têm um valor único (este valor é universal entre as pessoas): (2) Ninguém possui este valor em nenhum grau maior (isto é, todos que tem este valor o tem igualmente); (3) Aqueles que tem este valor único não podem transferi-lo para ninguém, ou vendê-lo ou comprá-lo (este valor único é inalienável); E, finalmente, (4) O valor ou a dignidade que as pessoas possuem é delas independente dos atos ou das decisões de outras pessoas (é, ou seja, “natural”, no sentido explicado). Deve-se saber, então, que aqueles filósofos enamorados da visão de que os indivíduos têm direitos morais deveriam achar um forte aliado nas visões de Kant sobre o valor dos indivíduos. § 12 JUSTIÇA LEGAL E MORAL Direitos morais e legais são ligados de maneira importante com a justiça moral e legal. Justiça legal requer que alguém respeite os direitos legais de todos, enquanto a justiça moral ordena que os direitos morais de todos devem ser honrados. Os dois – a justiça legal e a justiça moral – não coincidem necessariamente. Os críticos “da lei” frequentemente clamam que certas leis são moralemente injustas. Por exemplo, um país pode ter uma lei que permite que uma empresa pertencente a brancos polua, mas não aquelas pertencentes a negros. Então a justiça legal pode ser feita nesse país se esta lei for cumprida. Se as pessoas tem direitos morais, contudo, a justiça moral não estaria sendo feita. Que não dependeria se há uma lei particular neste pais, mas se a lei reconhece e protege os direitos morais dos habitantes do país. Se o fizer, então a lei é legalmente e moralmente. Se não for assim, então, a lei pode ser justa legalmente, faltando a ela justiça moral. Entretanto, essa lei em particular e “a lei” em geral são objetos apropriados da avaliação da moral, um tema que caracteriza uma quantidade de ensaios deste volume, incluindo, por exemplo, “ética e economia na Lei Ambiental”, por MARK SAGOFF. § 13 DIREITOS NEGATIVOS E POSITIVOS Mesmo que concordássemos que as pessoas definem para elas mesmas uma única forma de valor e direitos morais firmados nesse valor, podemos ainda discordar em quais direitos eles realmente possuem. Uma das maiores fontes de discordância a este respeito concerne ao que alguns chamam de “direito do bemestar”. Embora a terminologia freqüentemente se altere, todos os filósofos que defendem a validade dos direitos morais parecem concordar que alguns desses direitos são Direitos de Liberdade, ou seja, em muitos casos, ter um direito é simplesmente estar em liberdade para agir como escolher (por exemplo, ir a um concerto, ou ficar em casa). Outros direitos são os direitos de reinvidicação; aqueles que possuem tal direito tem uma reinvidicação válida. Para ser tratada de certas maneiras (por exemplo, não ser ferido ou ter mentiras espalhadas sobre elas, ou serem mortas). Os dois tipos de direito tem obrigações correlativas. Se Eleanor está na liberdade de ter o bolo de chocolate ao invés do iogurte de morango, então Franklin tem a obrigação de não negar a ela o exercício da sua liberdade quando ela faz a sua escolha, fazendo algo para forçá-la ou coagi-la para que ela escolhesse o que ele quisesse. Se, Eleanor tem direito a vida, então Franklin tem a obrigação de não matá-la exceto, talvez, em circunstâncias excepcionais (ex. em legítima defesa). Agora, ambas as ações correlacionadas com direitos a liberdade e aquelas correlacionadas com direitos de reinvidicação são obrigações negativas. Elas prescrevem o que as pessoas não devem fazer como elas não devem agir, dado que outros tem tais direitos. Assim como foi dito, parece que podemos cumprir estas obrigações não fazendo nada. Ou seja, se Franklin não matar Eleanor pessoalmente, então ele parece fazer tudo que é preciso fazer para respeitar o direito dela à vida, enquanto que se ele não interfere pessoalmente no exercício da liberdade dela, então parece que ele teve que fazer tudo que foi obrigado a fazer para respeitar o direito à liberdade. As obrigações correlacionadas com direito do bem-estar, no entanto, diferem fundamentalmente, se houver tais direitos. Se as pessoas têm direito ao bem-estar, temos uma obrigação de ajudá-las, não meramente uma obrigação de não feri-las ou não interferir na liberdade deles. E o desempenho desta obrigação de ajudar, se esta obrigação esta correlacionada com o direito ao bem-estar é algo que eles merecem, é portanto dar a eles ajuda como uma questão de justiça moral. Dois exemplos ajudarão a tornar mais claro à importância do direito do bem-estar. O primeiro diz respeito à mineração do fundo do mar, uma questão mencionada anteriormente. As nações do Terceiro Mundo não dispõem de tecnologia e de poder econômico para impulsionar esta empreitada. Se o único direito que as pessoas têm são direitos negativos, então aquelas nações que tiverem capacidade de explorar o fundo do mar, ou empresas privadas operando dentro da jurisdição de tais nações, não possuem nenhum dos benefícios segurados pelas suas operações de mineração, como uma questão de direitos do indivíduo, para aquelas pessoas que habitam as nações do Terceiro Mundo. Se todos os direitos humanos são negativos, aqueles que se beneficiam da exploração do mar poderiam obviamente repartir alguns dos seus benefícios com estas pessoas, fora da caridade ou boa – vontade, mas eles não devem nada a eles por uma questão de justiça ou de respeito aos direitos individuais. Se, por outro lado, seres humanos em qualquer lugar possuem certos direitos positivos ou de bem-estar, então, a questão moral pela obrigatoriedade de dividir os benefícios da exploração com aqueles incapazes de explorar por conta própria é muito mais problemática. Se as pessoas têm direito ao bem-estar, nos devemos isto a eles para ajudá-los quando eles precisarem, assumindo que não violamos os direitos de ninguém mais durante o processo. As pessoas do Terceiro Mundo precisam de muita assistência financeira e também de outros tipos. Se as pessoas possuem direito ao bem-estar, estas pessoas, então, têm um direito de dividir os benefícios da exploração do mar? Ou, até assumir que eles têm, tal direito, aquele que tem a habilidade de desenvolver e instalar as tecnologias exóticas necessárias para realizar a atual mineração tem um direito maior de manter os benefícios que eles estão aptos a asseguras por seus próprios trabalhos e iniciativas? Robert Simon explora este assunto e questões relacionadas no seu ensaio, “Troubled Waters: Justiça Global e Recursos Oceanográficos”. Seu exame ilustra bem a importância da idéias de que as pessoas possuem direitos positivos ou de bem-estar e as complexidades que a apresentação dessa a idéia adicionam ao nosso pensamento moral sobre a questão da atual urgência política e econômica. Pela maneira do segundo exemplo, considere novamente a questão da poluição. Se as pessoas possuem uma série de direitos ao bem-estar (ex. direito a emprego, uma casa decente, e cuidado com a saúde), então é argumentável que o papel principal do governo é criar e sustentar leis e instituições que reconheçam e protejam esses direitos. Suponha que, para obter uma alta taxa de emprego necessária para mostrar respeito próprio para os direitos de seus cidadãos ao trabalho, é necessário para o governo permitir que as leis, anti-poluição sejam menos rigorosas. Alguns cidadãos, na verdade, estariam então mais propensos a sofrer os efeitos dos poluentes industriais do que sofreriam se as leis fossem mais duras; ainda, considerando tudo isso, é possível que um número maior de pessoas assegurassem empregos se o aumento da poluição fosse permitida. Então isso pode ser discutido. Deveríamos aceitar esta posição? Novamente isso depende muito noção espinhosa e difícil sobre direitos ao bem-estar, um assunto que Tibor Marchan desenvolve na sua contribuição “Poluição e Teoria Política”. Como Marchan discute, se as pessoas não tivessem nenhum direito ao bem-estar então o governo não poderia defender as políticas de poluição como algo necessário para proteger tais direitos; em particular, o abrandamento da legislação sobre poluição não pode ser justificado como algo necessário para respeitar o direito dos cidadãos ao trabalho, ao cuidado com a saúde e a moradia. A própria posição de Machan em relação ao papel principal do governo quando está relacionado com poluição precisa aguardar uma leitura cuidadosa desse ensaio, mas não dependerá do respeito aos direitos de ninguém, pois trata-se de algo que podemos saber antes mesmo de lê-lo. § 14 – O DIREITO DOS ANIMAIS Um aspecto final das recentes controvérsias sobre direitos do indivíduo merece uma leve menção aqui. Tradicionalmente, teorias do direito limitaram os direitos aos seres humanos. Nem sempre estará correta uma teoria interpretada para sustentar que (1) todos seres humanos tem certos direitos morais, ou (2) somente alguns seres humanos possuem estes direitos; porém ele chega a ser frequentemente mais clara que dadas teorias que sustentam que somente seres humanos as possuem. Esta última declaração tem sofrido ataques nos anos recentes, e a idéia que certos animais (ex: chimpanzés e porcos, lobos e gatos) tem certos direitos morais, outrora descartadas retoricamente até mesmo pessoas instruídas, se não teve apoio sempre, agora passa a ser respeitada. A posição que tomamos no assunto dos direitos animais certamente fará importante diferença na instância dos vários assuntos discutidos nesta antologia. Se os animais possuem direitos morais, parece provável que alguns dos seus direitos sejam negativos, e dentre os direitos particulares que eles possuem, há o direito de não ser maltratados, ou seja, não ter seu bem-estar individual adversamente afetado pelos atos dos agentes morais. Isto esclarece, portanto, uma série de práticas sociais atuais, como o comércio de animais, as caçadas e armadilhas para capturar animais selvagens, causam tamanho mal-trato, e este fato está propenso a, ou pelo menos deveria, fazer uma diferença ao julgamento moral que fazemos sobre a aceitabilidade dessas práticas. Esta introdução não é nem a hora e nem o lugar para argumentar a favor ou contra o reconhecimento dos direitos dos animais, nem é a ocasião apropriada para oferecer a avaliação moral da variedade de práticas maldosas aos animais que caracterizam a maioria das sociedades do mundo. Mundo é dito nesses assuntos, por exemplo, o ensaio de ALASTAR GUNN, “preservando espécies raras”. § 15 ATOMISMO E HELOÍSMO MORAL Apesar de suas muitas diferenças todas as teorias de ética normativa discutidas até aqui são “Atomísticas”; ou seja, cada um pensa que é de crucial importância moral que indivíduos sejam considerados igualmente. Algumas das teorias, é verdade, enfatizam a importância de considerar os direitos ou valor dos indivíduos, enquanto outras enfatizam a consideração dos interesses ou preferências do indivíduo. E ainda, todos tem a noção da importância do indivíduo como uma espécie de dado moral em termos nos quais devemos constituir uma opinião sobre o que é moralmente certo ou errado. Como freqüentemente acontece na filosofia, uma ampla suposição compartilhada deu vazão a uma cadeia de críticos, pessoas que por variados motivos discutem que a importância tradicional ligada ao indivíduo na teoria moral é está fora do lugar na melhor das hipóteses e é moralmente perversa na pior delas. No lugar de uma extensa ênfase “atomística” dentro da teoria moral, esses críticos teriam que nos desenvolver uma visão “holística”, uma visão que localiza o valor definitivo em sistemas, ao invés de localizá-lo nos indivíduos que os seguem. Isto é, dentro desta visão, o equilíbrio, a sustentabilidade, a diversidade, a integridade – até mesmo a beleza – dos grandes ecossistemas ou comunidade de coisa-vivas que deveriam estar no foco de nosso pensamento moral. A importância do indivíduo, como o “imperador do conhecimento”, não possui cobertura. Esta invasão de pensadores holísticos dentro da importância tradicionalmente ligada ao indivíduo, e o crescente debate sobre os direitos dos animais, são talvez os estudos mais significativos referentes a área geral da ética ambiental. A visão não-antropocêntrica dentre aqueles que discutem pelos direitos animais, esses pensadores holísticos estão tentando articular uma transformação radical de como devemos ser éticos, ou pelo menos termos uma ética ambiental, e o seu possível sucesso nessa empreitada teria, se viesse a calhar, muito importantes para todas as questões discutidas nessa antologia. Por exemplo, um grande número de pensamentos recentes tem sido direcionadas para questões sobre a existência e a escassez de nossas obrigações para com as futuras gerações. Levando em conta a suposição de que as questões que concernem a política ambiental dependem das obrigações para com as futuras gerações, contudo temos que levar em conta pelo menos o que é discutível para que continuemos a perpetuar a visão “atomística” das críticas morais holísticas que estão determinadas a mudar. Na visão deles, ou pelo menos ao que parece, isso diz respeito ao bem estar e aos direitos do indivíduo, incluindo até mesmo os nossos descendentes (uma preocupação que encontramos, por exemplo, em Dale Jamieson: “A cidade ao nosso redor! E em Kristin Frechette: “Ética e energia”), e por isso se torna muito reducionista por o foco – como vendo sendo feito – apenas nos direitos, interesses, ou valores do indivíduo ao invés de olharmos a beleza, estabilidade, equilíbrio e sustentabilidade dos ecossistemas. Deveríamos aceitar esta “mudança de paradigma” que separa o indivíduo do ecossistema? Não é fácil dizer. Mas isso deveria vir não como uma surpresa, já que os motivos e implicações dessa abordagem holística para a ética ambiental deveria ser o objeto de análise crítica em alguns dos ensaios deste volume, incluindo em particular Edward Johnson: “Tratando a Sujeira – Ética ambiental e Teoria Moral”. § 16 UM CONJUNTO DE QUESTÕES FINAIS A discussão de idéias nas sessões anteriores nos dão poucas, se não nenhuma, resposta, mas como algo já discutido anteriormente nos permite formular um conjuntos de questões que podemos levar para as leituras que seguem. Aqui estão alguns exemplos: 1 O autor que esta sendo lido, faz uso da idéia dos direitos ao indivíduo e, se assim faz os direitos invocados por ele, são direitos legais ou morais? 2 Algum esforço foi feito para dizer quais direitos são (ou seja, como a noção de um direito, seja ele moral ou legal, deve ser analisada?). Se assim o for, quão adequada é a análise oferecida? 3 Se direitos morais são invocados, eles são direitos negativos ou positivos (o bem-estar), ou ambos? E algum argumento será oferecido para dar um suporte de reconhecimento da validade dos direitos apresentados? 4 O autor direciona a questão do escopo dos direitos (ou seja, a questão de quem ou que possui direitos?). Por exemplo, a questão concernente ao direito dos animais é examinada e, se assim for, como é respondida? 5 O autor implicitamente ou explicitamente subscreve a uma visão antropocêntrica da moralidade? Os direitos e interesses humanos, e somente os direitos e interesses humanos, podem ser assumidos como a medida do certo e errado? 6 O autor implicitamente ou explicitamente confirma uma visão “atomística” da moralidade, uma visão que coloca os direitos e interesses do indivíduo no centro do nosso pensamento moral, ou é uma visão “holística” que é defendida, uma visão que põe valor na integridade e estabilidade de todos os sistemas ou, talvez, de toda a biosfera? Em cada caso, quais argumentos, se há algum, são oferecidos para dar suporte a visão do autor sobre o sistema moral das coisas, e como racionalmente estão compelidos estes argumentos? Como antes, esse conjunto de questões finais esgotam veementemente aquilo que poderíamos perguntar aos filósofos, cujo trabalho nós iremos ler, quando colocarmos as nossas questões em termos de, digamos, os direitos do indivíduo ou o valor dos ecossistemas ou seus habitantes não-humanos. Como as questões anteriores, todavia, aquelas que nos foram dadas com um mapa de espécies, ajudam a nos guiar através de um grupo de idéias que nos farão lembrar de algumas das questões que precisaremos perguntar se quisermos entender onde estamos e para onde iremos. Filosofia, como diria Aristóteles, começa em querer saber, e querer saber é perguntar seriamente “O quê?”, “Por quê?”, “Como?” – ou seja, é questionar. Para ter uma gama de questões a nosso dispor, portanto, questões que nós seriamente colocaremos nos ensaios que seguem, e já terá começado a jornada, isto é, filosofia. §17 LIMITES TERRESTRES? Introduções tratam das primeiras palavras, e não das últimas, representam o começo, e não o final. As palavras finais do ensaio final nesta coleção fazem dessas verdades, verdades ainda mais evidentes. “Para o bem ou para o mal”, Edward Johnson escreve, “não seremos limitados para sempre”. A ameaça iminente da aniquilação nuclear, tem alguma chance, talvez até boas ocasiões, que os humanos terão que desenvolver capacidades tecnológicas de mandá-la para além dos limites da terra de uma forma mais ou menos permanente. Estações espaciais, com um núcleo de habitantes terrestres; operações de mineração em meteoros, até acampamentos em outros planetas ou satélites de agricultura em órbita – tudo isso, e mais, devem passar a existir durante a vida daqueles que leram este livro. Estas novidades tecnológicas serão uma benção ou uma maldição? Elas ajudarão a resolver muitos dos problemas ambientais que enfrentamos hoje ou estes problemas serão meramente mudados para outro lugar? Questões sobre poluição, direitos do bem-estar, eficiência da energia, métodos de produção da agricultura, e outras coisas mostradas nesta introdução e nos ensaios que seguem – estas questões provavelmente não irão desaparecer se direcionarmos nossas próprias necessidades e interesses para um outro lugar. Independentemente do que futuro que nos reserva, qualquer que sejam as inovações que nos aguarda, nossas próprias histórias e nossa humildade nos pede que vejamos que nossa atual rede de problema clama por sabedoria dentro dos limites do que conhecemos melhor – uma sabedoria que olha a espécie humana indefinitivamente, mesmo que não para sempre, como seres limitados à Terra. Por existir, além de tudo, poucas chances de semearmos a semente da sabedoria através do cosmos, se continuarmos sendo incapazes primeiro de fazer isso tudo neste planeta que dizemos ser a mão de todos nós.