3. A dimensão da Ação Humana e dos valores. A dimensão ético-política 3.2. A dimensão social e pessoal da Ética – o si mesmo, o outro e as instituições Os códigos morais (por exemplo a Constituição da República, a Bíblia) só têm importância se as pessoas os aceitarem e praticarem. Os atos só podem ser considerados morais se forem assumidos de forma consciente, livre, responsável e pessoal. Logo, a dimensão social da moral não se realiza sem a dimensão pessoal. Antes de formularmos e obedecermos a normas morais, antes da dimensão social da moral temos a constituição do sujeito moral. A dimensão ética exige que não se pense apenas nos interesses individuais mas que haja uma preocupação com os interesses dos outros em geral. Tomar consciência do outro, é fundamental quando falamos de ética. No fundo, está só faz sentido na relação com os outros. O outro que nos olha e avalia, o outro que tem exatamente os mesmo direitos do que eu. O outro que é diferente, o outro que deve ser respeitado enquanto pessoa e para isso é necessário que o eu (si mesmo) se torne também um sujeito moral, uma pessoa. Isto implica uma consciência das normas morais e um sentido de responsabilidade: A responsabilidade é um conceito fundamental em ética. O eu tem de ser responsável pelos seus atos, só assim ele age moralmente. A moral implica responsabilidade. Outro factor importante é a consciência moral. Esta identifica-se frequentemente com a “voz da consciência”, aquela voz interior que nos diz o que devemos ou não fazer (o certo e o errado), que condena os nossos atos, que causa remorsos mas também nos faz sentir bem quando agimos da forma mais correta, segundo os nossos princípios morais. Esta consciência moral cria o sentido de responsabilidade, comos moralmente conscientes dos nossos atos, livres e responsáveis. A estrutura desta consciência moral é composta por valores, normas morais, deveres e obrigações que foram interiorizadas de forma livre e responsável, mas muitas das vezes inconscientemente. A consciência moral funciona como o nosso juiz interior, que avalia e julga as nossas ações mas também indica e obriga a seguir determinados caminhos. Uma das preocupações dos filósofos, ao longo dos tempos, tem sido tentar explicar a origem da consciência moral. Para alguns pensadores ela é: Inata: nas com o Homem, sendo universal é anterior a qualquer experiência. Exemplo: a conceção desenvolvida por Platão. Kant e Rousseau. Adquirida: através da experiência e do contacto social. Exemplo: a conceção desenvolvida por Nietzsche, Freud e Marx. As instituições surgem como produto da convivência com os outros. As instituições são organizadas de forma a protegerem o sujeito, a estabelecerem uma ordem e um equilíbrio que visa o bem-estar de todos. Quando falamos de instituições podemos estar a falar de uma comunidade de pessoas como a família, a escola, os tribunais, as polícias, o Estado no seu todo, etc. mas também podemos estar a falar de estruturas organizativas como a democracia e os direitos humanos. Estas instituições tendem a ter como base fortes princípios morais. ______________________________ Edições Sebenta, 2007. Autoria de Elisabete Silva, 10º Ano