os cuidados de enfermagem aos pacientes submetidos

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OS CUIDADOS DE ENFERMAGEM AOS PACIENTES SUBMETIDOS AO
SUPORTE NUTRICIONAL ENTERAL E PARENTERAL
Luiz Carlos Schimitez1
Claudia Regina Felicetti
Talita Cristina Maffei Da Rosa
RESUMO
Entende-se por terapia nutricional um conjunto de procedimentos terapêuticos
empregados para manutenção ou recuperação do estado nutricional. Os nutrientes
podem ser fornecidos utilizando-se do trato gastrintestinal, através da nutrição oral ou
enteral, ou de via intravenosa pela nutrição parenteral. Sabendo da importância desta
terapia na melhora do estado nutricional, redução das taxas de mortalidade, risco de
infecção e melhora da resposta imunológica, este trabalho tem como principal objetivo
estudar os cuidados adequados de enfermagem para evitar as complicações que o
suporte nutricional possa causar. Foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o
suporte nutricional, suas aplicações, complicações e cuidados de enfermagem. Para isto,
foi realizada revisão literária em livros, periódicos e banco de dados da internet, no
período entre 1993 a 2008. Pode-se verificar que o suporte nutricional é fundamental na
recuperação do paciente. No entanto, o seu uso inadequado ou em excesso está
associado a várias complicações que retardam a melhora do quadro clínico. Na
prevenção de complicações, é importante a sistematização da assistência de
enfermagem, através de ações específicas, bem como o acompanhamento e avaliação da
terapêutica empregada. É responsabilidade da equipe multiprofissional estabelecer
metas para melhor assistir os pacientes que recebem suporte nutricional enteral e
parenteral.
PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem. Nutrição enteral. Nutrição parenteral. Assistência
de enfermagem.
INTRODUÇÃO
Conforme Barbosa e Freitas (2005) a alimentação é condição essencial para a
sobrevivência humana. No entanto, o índice de desnutrição de pacientes hospitalizados
é alarmante, pois não se alimentam suficientemente para atingir suas necessidades
calórico-protéicas devido aos mais variados fatores, como a doença de base, dor,
náuseas, vômitos, ansiedade, inapetência, disfagia, depressão, incapacidade funcional,
1
Enfermeiro, especialista em Urgência e Emergência pela FAFIPA, Faculdade Estadual de Educação,
Ciências e Letras de Paranavaí, Cascavel, PR (2009). Técnico de Enfermagem do Hospital Universitário
do Oeste do Paraná, Cascavel. Professor de enfermagem do CENAP Centro de Educação Profissional de
Cascavel, PR. Endereço: Rua José Caldart, 1118, Jardim Maria Luiza CEP 85819-570. Cascavel – Paraná
Telefones: (45) 3037 3062 / 8804 5024. [email protected] / [email protected]
1
tratamentos agressivos, e mesmo pelo ambiente hospitalar. Em decorrência disso, o
estado geral e a resposta aos tratamentos ficam comprometidos. Diante desse cenário, a
terapia nutricional tem conquistado, a cada dia, maior reconhecimento de sua
importância, tanto para a recuperação do estado nutricional quanto para a sua
manutenção.
Preservar as defesas do organismo, a perda de massa magra, evitar deficiências
de nutrientes e melhorar o resultado clínico são quatro condições básicas que justificam
um suporte nutricional especializado (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2003). Por outro
lado, as dietas mal administradas podem conduzir os pacientes ao agravamento de sua
saúde e adquirir diversas complicações, retardando sua plena recuperação.
A enfermagem desempenha papel fundamental no sucesso do tratamento, uma
vez que acompanha de perto o paciente. Há a necessidade de avaliação global e
sistematizada do paciente, conhecimento da afecção patológica e do tipo de operação
para que as ações de enfermagem sejam precisas e positivas (PINOTTI, 1997).
OBJETIVOS
Os objetivos deste trabalho foram estudar o suporte nutricional enteral e
parenteral; identificar as complicações do tratamento; descrever os cuidados adequados
de enfermagem para minimizar o desconforto dos pacientes durante o tratamento.
METODOLOGIA
No presente trabalho utilizou-se uma pesquisa bibliográfica com abordagem
descritiva e exploratória. Foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o suporte
nutricional enteral e parenteral, suas aplicações, complicações e cuidados de
enfermagem. Para isto, foi realizada revisão literária em livros, periódicos e banco de
dados da internet, no período entre 1993 a 2008.
Segundo Cervo e Bervian (2002) a pesquisa descritiva busca conhecer as
diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica e demais
aspectos do comportamento humano, portanto analisa, observa, registra e correlaciona
2
fatos sem manipulá-los. E a pesquisa exploratória realiza descrições precisas da situação
e quer descobrir as relações existentes entre os elementos componentes da mesma.
SUPORTE NUTRICIONAL ENTERAL
Segundo Simon et al. (2007) a nutrição enteral infundida por sonda, é um
método seguro de prover nutrientes no qual a via digestiva fisiológica é utilizada para
fornecer suporte nutricional a indivíduos que não têm condições de se alimentar por via
oral, mas que tenham um trato gastrintestinal funcionante. Atualmente, a nutrição
enteral é amplamente utilizada por ser segura, econômica e por preservar a imunidade e
os mecanismos de defesa de pacientes, quando comparada com a nutrição parenteral.
A nutrição enteral, portanto, visa oferecer todos os nutrientes necessários para
a manutenção da vida, o crescimento celular e tecidual, minimizando e/ou revertendo o
impacto da desnutrição. Por se tratar de terapêutica de alta complexidade, não isenta de
complicações, o planejamento e a implementação da nutrição enteral devem integrar o
tratamento dos pacientes, especialmente nos indivíduos desnutridos (LUFT et al.,
2008).
Para Peckenpaugh e Poleman (1997) uma vez que o suporte nutricional esteja
implementado, o profissional da saúde deve estar consciente de quaisquer complicações
potenciais. O desenvolvimento de diarréia, constipação, perda contínua de peso ou
ganho excessivo ou desvio do regime prescrito deve chamar a atenção de todos os
profissionais que estão prestando assistência ao paciente.
Segundo Pinotti (1997) o enfermeiro deve também manter seu grupo de
trabalho bem informado e atualizado, a fim de prestar assistência adequada, prevenindo
ou detectando as complicações.
As complicações da terapia nutricional enteral se relacionam basicamente com
mau posicionamento da sonda, contaminação, administração inadequada da dieta ou
intolerância a algum componente da fórmula. As complicações que podem ocorrer nas
ostomias são basicamente as mesmas encontradas quando se usam sondas nasogástricas
e nasoentéricas. A pele ao redor da ostomia deverá ser mantida sempre limpa e seca ou
devem ser utilizadas placas adesivas de hidrocolóide (UNAMUNO; MARCHINI,
2002).
3
As complicações decorrentes do suporte nutricional enteral incluem as
anormalidades gastrointestinais, complicações mecânicas, metabólicas, infecciosas,
respiratórias e psicológicas (WAITZBERG, 2000).
Segundo Riella (1993) independente do tipo de sonda utilizada, todas têm
potencial para se deslocar ou experimentar entupimento. A prevenção deste tipo de
complicação envolve o cuidado meticuloso com a fixação e manutenção da sonda. As
sondas devem ser lavadas com água após o seu uso e em intervalos regulares. A posição
das sondas deve ser verificada com cuidado para prevenção de complicações.
A equipe de enfermagem deve conhecer a importância da terapia nutricional
enteral e prestar os devidos cuidados aos pacientes que estão sob esta terapia mediante a
organização de informações e integração da equipe multidisciplinar, contribuindo na
detecção precoce de complicações (KNOBEL, 2005).
O planejamento assistencial de enfermagem deve ser individualizado,
considerando globalmente o paciente, analisando seus aspectos físicos, psicossociais e
espirituais. Quando bem identificados e controlados, podem facilitar o sucesso no
tratamento (PINOTTI, 1997). Pois cada via de acesso requer um cuidado específico,
como fixação, volume, velocidade de infusão, movimentação, curativos, higienização e
estética (WAITZBERG, 2000).
Os objetivos da assistência de enfermagem durante o suporte nutricional
enteral são proporcionar um método seguro e eficaz, adotar os princípios rigorosos de
anti-sepsia durante o manuseio da dieta evitando a contaminação. Administrar
corretamente a dieta, evitando complicações (RIELLA, 1993).
O papel do enfermeiro quando o paciente está sob suporte nutricional enteral
inclui a inserção da sonda através das vias oral e nasal, dando preferência às sondas de
calibre fino, material flexível e não reativo. Certificando-se de sua localização através
da ausculta abdominal, aspiração do conteúdo gástrico ou por meio de radiografias, é
fixada adequadamente para evitar movimentos de tração no tubo, evitando lesões nas
narinas e ostomias (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2003; KAWAMOTO; FORTES,
1997).
Ao receber a dieta proveniente do serviço de nutrição e dietética, o enfermeiro
deve consultar a prescrição médica e verificar a etiqueta que vem no frasco, checando
os dados do paciente, horário, tipo de dieta, quantidade administrada e anormalidades.
4
Avaliar o posicionamento da sonda antes de instalar a dieta e a velocidade de infusão
(KNOBEL, 2005). A qualquer alteração observada, suspender a dieta deste horário e
comunicar ao serviço de nutrição e dietética (KAWAMOTO; FORTES, 1997).
Smeltzer e Bare (2006) apontam medidas e cuidados aos pacientes que
recebem dietas por sondas enterais como a higienização das narinas e ostomias,
avaliação da colocação da sonda e sua fixação. A cabeceira do leito deve estar elevada
em 30 a 45o durante e logo após a administração da dieta, para evitar regurgitamento e o
perigo de uma possível pneumonia aspirativa. A dieta deve ser administrada em
temperatura ambiente ou resfriada e não gelada. Deve ser controlada a velocidade do
fluxo da fórmula, lavar adequadamente a sonda com água filtrada em temperatura
ambiente sempre após as dietas e medicamentos.
Deve ser observada a capacidade do paciente para tolerar a dieta quanto a
distensão abdominal, urticária, náuseas, vômitos, padrão das evacuações e outras
complicações. Observar os sinais de desidratação como mucosas secas, sede, débito
urinário diminuído. É importante hidratar o paciente nos intervalos das refeições.
Registrar a quantidade de dieta realmente consumida, observar ganho súbito de peso e
edema periorbitário ou dependente, trocar equipo a cada 24 a 72 horas e se necessário,
avaliar o volume residual antes de cada alimentação, devolver o aspirado ao estômago,
monitorar o balanço hídrico, pesar o paciente duas vezes por semana, solicitar
regularmente a avaliação do nutricionista (SMELTZER; BARE, 2006; KOCH, 2004).
Realizar higienização corporal e naso-oral do paciente. Sempre que possível
estimular o auto-cuidado. Incentivar o paciente quanto à mobilização ativa e passiva,
através da deambulação ou exercícios, pois a movimentação propicia melhor
incorporação protéica e evita distrofias musculares. Incentivar a alimentação via oral,
pois é importante para o restabelecimento das funções digestivas normais. Controlar
sinais vitais, pois quaisquer alterações podem indicar presença de infecção e distúrbios
metabólicos (WAITZBERG, 2000).
Segundo Pinotti (1997) os cuidados com as ostomias (gastrostomia e
jejunostomia), são mante-las fixadas para prevenir acidentes como migração ou saída da
sonda. É fundamental evitar o vazamento do suco gástrico ou duodenal sobre a pele,
pois apresentam efeitos irritativos ou digestivos sobre a mesma, provocando edema,
eritema, ulceração e infecção.
5
É de fundamental importância monitorizar todos os sinais e sintomas
apresentados pelo paciente. Estes dados permitem traçar o perfil da evolução do
paciente e direcionar a terapêutica apropriada a cada anormalidade detectada. O
enfermeiro deve orientar o paciente e família quanto à terapêutica utilizada contribuindo
para sua eficácia (WAITZBERG, 2000).
Ainda que a nutrição enteral seja mais fisiológica que a nutrição parenteral, sua
administração requer vigilância, dada às complicações metabólicas decorrentes da
administração
inadequada.
Viu-se
que
prescrições
não
individualizadas,
desconsiderando características clínicas, nutricionais e necessidades dietéticas, podem
colocar os pacientes em risco de apresentarem complicações evitáveis. A adoção de
mecanismos de vigilância clínica e epidemiológica pode assegurar que o melhor manejo
nutricional seja instituído a pacientes hospitalizados em uso de nutrição enteral,
considerando a oferta energética, protéica e de micronutrientes, nas rotinas hospitalares
(LUFT et al., 2008).
O papel do enfermeiro e da enfermagem no suporte nutricional enteral
compreende a técnica da sondagem, monitorização diária e medidas educacionais que
assegurem o conforto e a participação do paciente e família. Sendo o enfermeiro um
provedor de autocuidado, necessita de conhecimento técnico-científico adequado para
que possa ajudar o paciente a atender os requisitos de autocuidado através da correção
dos déficits de autocuidado (RIELLA, 1993).
Os profissionais devem refletir sobre sua atuação profissional diária, pois, na
maioria das vezes, encontram-se inseridos em atividades burocráticas e técnicos que
lhes ―roubam‖ um tempo, valioso e necessário para se encontrarem com os doentes,
conhecê-los e compreendê-los. Esse tempo refere-se à necessidade da permanência dos
doentes à beira do leito, lá, onde tudo se passa, onde o paciente constrói seus medos e
suas esperanças. É importante ser capaz de ouvir atentamente o paciente, numa conduta
que não cabe dentro de protocolos e nem se aplica a técnicas precisas e préestabelecidas, ou seja, uma relação impossível de ser instrumentalizada, pois com cada
um será uma vivência diferente (BARBOSA; FREITAS, 2005).
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SUPORTE NUTRICIONAL PARENTERAL
As indicações da utilização da nutrição parenteral incluem a impossibilidade do
uso das vias oral ou enteral, interferência de doença de base em ingestão, digestão ou a
absorção dos alimentos, desnutrição com perda de massa corporal inferior a 20%,
estados hipermetabólicos como grandes queimados, pacientes sépticos, politraumatismo
extenso, pancreatite aguda, fístulas intestinais de alto débito (MARCHINI, 1998).
A nutrição parenteral total é realizada exclusivamente por via endovenosa,
sendo possível administrá-la por vias centrais ou periféricas. A nutrição parenteral
central é proporcionada através de veias de grande calibre (subclávia ou jugular interna)
e próximo ao coração. Isto permite a administração de soluções hiperosmolares e a
minimização dos inconvenientes, pois este local apresenta intenso fluxo sanguíneo, o
que dilui mais facilmente a solução. A nutrição parenteral periférica é administrada
através de veias de menor calibre (localizadas no braço ou antebraço). As veias distais
da extremidade superior devem ser selecionadas em primeiro lugar para a preservação e
posterior utilização da rede venosa proximal (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2003).
A monitorização do suporte nutricional é feita com a utilização de dados
clínicos e laboratoriais. Os dados clínicos se relacionam com o bem estar geral, resposta
ao tratamento da doença de base e a própria desnutrição. Nesta avaliação, estão
incluídos aspectos gerais, de atividade, sinais vitais e relacionados ao balanço hídrico.
Os dados laboratoriais incluem dosagens de eletrólitos e glicose. A monitorização
clínica inclui os aspectos gerais dos sintomas que sugerem sobrecarga ou deficiência de
líquidos, de glicose, de eletrólitos; atividade física desenvolvida pelo paciente; controle
do peso e medidas antropométricas; balanço hídrico; verificação da oferta de nutrientes;
cuidados gerais de controle de infecção (MARCHINI, 1998).
O enfermeiro é responsável pela administração da solução nutritiva. A
administração da nutrição parenteral deve ser executada de forma a garantir ao paciente
uma terapia segura e que permita a máxima eficácia na utilização de materiais e técnicas
padronizadas. Para a realização da terapia são necessários cuidados especiais, não
somente referentes a dimensão técnica, devendo sempre se fazer presente o cuidar
7
interativo, a atenção para o estado emocional do paciente, tendo em vista que estes
pacientes freqüentemente apresentam conflitos emocionais (LOPES; JORGE, 2004).
O desenvolvimento da nutrição parenteral foi o maior avanço na terapia em
pacientes criticamente enfermos que não poderiam utilizar-se do seu trato
gastrointestinal para receber o aporte calórico de que necessitariam. Mas, como a
maioria das terapias com benefícios elevados, os riscos também estão presentes. A
nutrição parenteral apresenta complicações sérias que podem ser classificadas em
mecânicas, infecciosas e metabólicas (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2003).
As complicações mecânicas estão relacionadas com o cateter desde a sua
passagem até sua manutenção. Antes de se iniciar a infusão da nutrição parenteral, é
necessária a confirmação da posição do cateter por radiografia de tórax, evitando-se
possíveis complicações decorrentes da punção. As principais complicações mecânicas
incluem o pneumotórax, embolia pulmonar, trombose venosa, oclusão do cateter, flebite
e infecções de cateteres (KNOBEL, 2005).
A patogênese das infecções de cateteres está relacionada com a deposição de
microorganismos no cateter no momento da inserção, com a migração de
microorganismos através da pele e ao longo do cateter, com a contaminação da conexão
e do líquido de infusão, além do foco de infecção a distância. O treinamento dos
profissionais de enfermagem que manipulam diariamente estes cateteres, e a existência
de protocolos rigorosos de cuidados, tem possibilitado a redução nos riscos de
complicações infecciosas. Contaminações de cateteres venosos centrais são a principal
causa de infecção sangüínea intra-hospitalar e estas infecções são responsáveis pelo
aumento da mortalidade destes pacientes. Tais infecções geralmente são difíceis de
serem diagnosticadas e tratadas, por serem causadas por microorganismos intrahospitalares multiresistentes. Desta maneira, a prevenção de infecção com cuidados
assépticos é extremamente importante (UNAMUNO et al., 2005).
Quando sinais clínicos de infecção, como febre, calafrios, hipotensão arterial,
taquicardia, confusão mental, glicosúria inexplicável estão presentes, o cateter deve ser
trocado e sua ponta enviada para cultura. Assim, todos os cuidados para evitar
contaminação do cateter e da solução de nutrição parenteral devem ser considerados
(CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2003).
8
Assim, a prescrição adequada da nutrição parenteral em pacientes gravemente
enfermos é de grande importância, tal como a mesma é necessária para a rápida
recuperação destes pacientes. As complicações metabólicas são riscos aos quais o
paciente em uso da nutrição parenteral estão expostos, mas que podem ser minimizadas
através da monitorização metabólica e hídrica de forma cuidadosa (CINTRA;
NISHIDE; NUNES, 2003; NAVARRO et al., 2008).
È importante na assistência de enfermagem ao paciente com nutrição parenteral
os cuidados em relação ao cateter na prevenção das complicações relacionadas com
infecções no local do cateter onde consiste em manter o local da inserção limpo, com
curativos íntegros, utilizando técnica asséptica, substituindo o curativo a cada 48 horas
ou em intervalos menores, de acordo com a necessidade (CINTRA; NISHIDE; NUNES,
2003).
O enfermeiro deve inspecionar os frascos de nutrição parenteral para detecção
de fissuras ou vazamentos antes de serem administrados. As soluções não devem
ultrapassar um período superior a 24 horas após serem instaladas, pois podem favorecer
a proliferação de microorganismos. Manter a via venosa exclusiva para a infusão de
nutrição parenteral, pois permite maior longevidade do cateter, previne riscos de
contaminação ou infecção, assim como alterações na composição de nutrientes com a
adição de drogas e outras soluções (KNOBEL, 2005; WAITZBERG, 2000).
Manter a permeabilidade do cateter, pois sua obstrução implica na perda da via
de acesso e interrupção brusca de infusão. Após a infusão de solução parenteral ou
coleta de sangue para exames, o cateter deve ser irrigado com 10-20 ml de solução
salina, introduzir 3-5 ml de solução de heparina, para evitar a formação de coágulos e
consequentemente
prevenir
obstrução
da
via
e
deslocamento
de
êmbolos
(WAITZBERG, 2000).
O cateter venoso deve ser fixado com esparadrapo em sua base, para evitar
rotação, quebra e retirada acidental. Deve ser identificado com data e assinatura para
monitorizar as trocas e melhorar o controle de qualidade. Deve ser observados no local
de inserção do cateter sinais de edema, dor, rubor, hiperemia cutânea e presença de
secreção para verificação precoce de sinais de infecção. Anotar o aspecto observado de
sinais flogísticos e se houver necessidade comunicar a equipe médica (WAITZBERG,
2000).
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As soluções devem ser preparadas seguindo as normas de higiene, em ambiente
adequado para evitar as contaminações. As soluções preparadas para uso não imediato
devem ser conservadas em refrigeradores específicos a 4oC, protegidos da luz e
identificados por composição, data e hora de preparo. A solução deve ser administrada
em temperatura ambiente, para evitar choque térmico. O frasco de solução preparado
deve ser retirado do refrigerador duas horas antes do horário previsto para instalação.
Proceder à anti-sepsia da extremidade do cateter e equipo com solução de álcool a 70%,
ao instalar a solução. Observar transparência, homogeneidade da solução, presença de
corpos estranhos antes da instalação. Caso haja alteração, não administrar e analisar as
possíveis causas (KNOBEL, 2005; WAITZBERG, 2000).
A infusão da solução de nutrição parenteral deve ser administrada a velocidade
constante e sem interrupção, para evitar flutuações da glicemia. Controlar sinais vitais
com intervalo mínimo de 4 horas e registrar no prontuário. Observar sinais e sintomas
como sonolência, agitação psicomotora, cianose, dispnéia, que podem revelar alterações
metabólicas. As alterações devem ser investigadas e comunicadas à equipe médica.
Avaliar diariamente o estado físico do paciente, controlar peso, observar as condições
de mucosa e pele como turgor, descamação, fissura, alopecia, edema. Realizar balanço
hídrico diário. Incentivar, auxiliar ou realizar higiene corporal, contribuindo para o bemestar geral e a prevenção de infecção (ARCHER et al., 2005; KNOBEL, 2005).
O desempenho do enfermeiro e da equipe de enfermagem tem vital
importância, pois são eles que irão possibilitar o sucesso desta terapêutica, através de
cuidado especializado e observação criteriosa, quer em relação às reações e resposta do
paciente, quer na prevenção de infecções e complicações. Para que isto ocorra, é
necessário que o enfermeiro esteja habilitado, familiarizado e treinado, em todos os
aspectos que envolvam a terapia nutricional, através de embasamento cientifico
atualizado, assegurando com isso seu desempenho eficaz frente ao paciente, bem como
o de toda sua equipe (WAITZBERG, 2000).
CONCLUSÃO
O suporte nutricional é fundamental na preservação da vida. Deve ser
administrado de forma segura e eficaz a fim de possibilitar a melhora do quadro clínico
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do paciente evitando as complicações que possam ocorrer. Segundo Knobel (2005) o
sucesso da terapia nutricional depende de uma equipe multiprofissional trabalhando de
modo coeso por meio de aprimoramento da técnica de assistência nutricional.
A autonomia do enfermeiro no suporte nutricional inclui a inserção de sondas
temporárias, manutenção das sondas e cateteres, administração da alimentação,
prevenção de complicações associadas a essa terapêutica e a participação na avaliação
da resposta nutricional do paciente. Orientações constantes e atualizadas devem ser
proporcionadas a toda a equipe de enfermagem, protocolos devem ser criados para uma
uniformização nas condutas da equipe e para melhor assistir os pacientes que recebem
suporte nutricional enteral e parenteral (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2003).
A enfermagem desempenha papel preponderante no controle da nutrição, desde
a manutenção e controle da via escolhida e o volume administrado, até as mais variadas
reações que o paciente pode apresentar durante esta terapêutica. Toda a equipe de
enfermagem deverá estar habilitada, atualizada e treinada para atuar de forma integrada
com a equipe multidisciplinar, e prestar cuidados de uma forma global, para se obter um
resultado efetivo (WAITZBERG, 2000; BRASIL, 2000; BRASIL, 1998).
Não basta ter tecnologia avançada se estas não atendem á realidade vivenciada
pelos serviços de saúde. Deve-se, sim, estar certo de que os esforços estão minimizando
as complicações decorrentes dessa terapêutica, o que é imprescindível para a
recuperação do paciente. E o mais importante, o respeito incondicional ao direito do
paciente de receber um suporte nutricional pertinente ao seu estado clínico e assegurarlhe o mínimo de efeitos colaterais devem ser mandatórios (CINTRA; NISHIDE;
NUNES, 2003).
Uma vez que o suporte nutricional esteja implementado, o profissional da
saúde deve estar consciente de quaisquer complicações potenciais. O desenvolvimento
de diarréia, constipação, valores laboratoriais anormais, perda contínua de peso ou
ganho excessivo de peso, ou o desvio do regime prescrito devem chamar a atenção de
todos os profissionais da saúde trabalhando com o paciente. Também é de vital
importância que todo profissional da saúde forneça um suporte positivo ao paciente.
Expressar comentários negativos relacionados ao sabor de suplementos líquidos ou
melindres com o sitio de inserção do cateter é uma atitude não ética e contra produtiva
para a saúde do paciente (PECKENPAUGH; POLEMAN, 1997).
11
Todos cuidam. De um, jeito ou de outro. Por ser pai, irmão, filho, amigo, por
gostar de alguém. O cuidar é um dever humano, não um dever exclusivo de uma classe
profissional. Cuidamos todos para que sejamos mais felizes e para superar as nossas
próprias marcas, nossos limites, nossa essência. Sabemos que para alcançar a felicidade
é fundamental cuidarmos bem de nós e dos outros.
Continuar lutando sempre, agradecendo, porque somos presenteados com o
melhor instrumento de cuidado que existe, nossas mãos, nosso olhar, nossa atenção,
nosso sorriso. Trabalhar com pessoas é tarefa que exige muita consciência, não frieza
como muitos o digam, sabemos que os ambientes hospitalares não nos oferecem muitas
condições, porém nós reservamos sempre um jeitinho de improviso para cuidarmos
como gostaríamos de ser cuidado e lembrando que ali está um ser humano precisando
de ajuda.
É fundamental entender que para ser feliz cuidando de nosso paciente,
precisamos ter certeza de que a nossa missão, como seres vivos, é aprender a cuidarmos
de nos mesmos e de ajudar as pessoas a cuidar da vida.
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