UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE MARKETING DE RELACIONAMENTO NO COMÉRCIO ELETRÔNICO DELFIM TEIXEIRA Orientador: Prof: Cleber Gonzaga Rio de Janeiro 2009 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE MARKETING DE RELACIONAMENTO NO COMÉRCIO ELETRÔNICO Apresentação da monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção de grau de especialista em marketing. DELFIM TEIXEIRA Rio de Janeiro 2009 2 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus filhos que me apoiaram para conquistar mais essa etapa na minha vida. 3 RESUMO O objetivo principal deste trabalho será estudar, pesquisar e avaliar as tendências do marketing, seu conceito e evolução bem como, as perspectivas do marketing de relacionamento nos meios digitais, como comércio eletrônico, o qual se tornou subsídio para a publicidade. Busca observar se a mídia eletrônica trata ou não de uma tendência irrevogável no mundo dos negócios.Os investimentos em marketing de relacionamento só se justificam se a empresa conquistar seus objetivos e se apropriar de todos os benefícios que essas ações podem trazer. Para certificar-se de que isso ocorreu, porém, é preciso que haja um método estabelecido de avaliação de resultados. Do contrário, não há como definir se os esforços em marketing de relacionamento estão trazendo vantagens para a empresa. Portanto o problema de pesquisa que investigaremos neste trabalho é: como as empresas utilizam a propaganda para influenciar na decisão de onde comprar? Qual a importância e o desenvolvimento do marketing na esfera digital? Para isso esse estudo utilizará metodologia de pesquisa bibliográfica, através do método de abordagem dialético, com uso de livros, periódicos e artigos on line. Palavras chave: Marketing; marketing de relacionamento; marketing digital; comércio eletrônico. 4 SUMÁRIO RESUMO..................................................................................................................... 4 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6 METODOLOGIA ....................................................................................................... 11 I MARKETING ..................................................................................................... 12 1.1 CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA ..................................................................... 12 II INTERNET E COMÉRCIO ELETRÔNICO ......................................................... 20 2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS ..................................................................................... 20 III MARKETING DE RELACIONAMENTO E RELAÇÕES DE CONSUMO........... 29 3.1 MARKETING DE RELACIONAMENTO E SEUS CONCEITOS ......................................... 29 3.2 A EVOLUÇÃO DAS RELAÇÕES DE CONSUMO NO TEMPO .......................................... 31 IV COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR ......................................................... 34 4.1 COMPORTAMENTO DA COMPRA .......................................................................... 34 4.2 PROCESSO DE COMPRA E O QUE INFLUENCIA ....................................................... 36 4.2.1 Etapas no processo decisório ................................................................. 37 4.2.2 Percepção da necessidade ..................................................................... 39 4.2.3 Necessidade antes da aquisição ............................................................. 39 4.2.4 Decisão ................................................................................................... 40 4.2.5 Sentimentos após a compra .................................................................... 40 4.3 SATISFAÇÃO ..................................................................................................... 40 V MARKETING DIGITAL E PUBLICIDADE NA MÍDIA ELETRÔNICA ................ 49 5.1 DEFINIÇÕES ...................................................................................................... 51 CONCLUSÃO ........................................................................................................... 53 REFERENCIAS ......................................................................................................... 55 5 INTRODUÇÃO O atual contexto econômico passou nas últimas décadas por inúmeras mudanças, adquirindo novas características que incluem o aumento das exportações, a globalização da economia e das transações comerciais, eletrônicas, etc. Dentro desse cenário, o comércio eletrônico passou a se destacar enquanto modelo de negócio devido ao grande crescimento da internet na última década. Na medida em que a internet penetra na vida quotidiana das pessoas, através das escolas, dos locais de trabalho, dos domicílios, das associações ou das instituições públicas, a profundidade de seu impacto sobre a vida econômica e social torna-se cada vez mais evidente. A internet é sem dúvida uma das estruturas mais importantes da sociedade de informação em emergência. Ela apresenta seus profissionais, suas regras, no entanto não constitui um mundo à parte da realidade social. Na internet, pessoas e empresas reais, situadas em qualquer parte do mundo, realizam atividades reais. Diversamente do modelo tradicional de negócios, o comércio eletrônico não se encontra restrito às limitações geográficas, aos determinantes regionais ou econômicos, tendo em vista a amplitude da rede mundial de computadores. O processo de compra utilizando a internet como meio, vem crescendo a cada dia, sendo o grande público deste tipo de comércio constituído de pessoas que não têm tempo ou preferem a comodidade de realizar suas aquisições sem grandes problemas, como: falta de estacionamento, lojas lotadas, filas, ida desnecessária a uma loja que poderá não ter o produto nas especificações necessárias. No comércio eletrônico vemos um crescimento fabuloso nos valores das transações no mercado virtual, embora existam diversos pontos que devem ser contemplados para que haja uma maior expansão, como por exemplo, investimentos na navegação dos sites e melhorias no atendimento e pós-vendas. 6 Verifica-se que com o dinamismo do mercado, as inovações tecnológicas e a rápida disseminação das informações, os produtos e preços se tornaram cada vez mais equivalentes, restando para as empresas trabalharem então a variável “atendimento” para ofertar atributos atrativos, buscando assim a fidelização dos seus consumidores. Estamos no mundo da Web 2.0 e do ponto de vista da comunicação comercial isso se traduz em bidirecionalidade, ou seja, na capacidade de estabelecer conversas digitais não só com o potencial comprador e o cliente satisfeito, mas também entre eles. Para além de conseguir que o primeiro compre ante as recomendações on-line do segundo – sem dúvida, bem mais efetivas do que qualquer campanha unidirecional tradicional – envolver a ambos em todo o processo de marketing da companhia, desde a investigação de mercados à redefinição do produto, a comercialização e o controle do marketing, passando também pelas políticas de promoção, preço e distribuição. Os quatro P's tradicionais (Preço, Produto, Promoção e Ponto) estão sendo substituídas por outros novos: Personalização, Participação, Peer-to-Peer e Predictive Modelling, e é preciso aprender a geri-las para poder ter sucesso no esforço comercial. A melhor forma de geri-las é através de uma série de ferramentas de Marketing Digital, como blogs, mobile marketing, redes sociais, publicidade contextual ou marketing em buscadores, entre outros muitos exemplos, indispensável hoje em dia, como complemento aos formatos tradicionais (inserções em imprensa escrita, publicidade em exteriores, comerciais em rádio e TV, etc.). Neste contexto, o foco no cliente é cada vez mais importante à medida que a demanda não mais suplanta a oferta e a concorrência se torna mais intensa. Quanto maior a disputa entre as empresas pela preferência do consumidor, maior a importância do entendimento das necessidades dos clientes e da adequação dos produtos a essas necessidades. O lucro é uma conseqüência da criação de valor para o cliente (REICHHELD, 1996). 7 O valor, pela ótica de marketing, é entendido de acordo com a percepção do cliente. O valor percebido pelo cliente é a diferença entre os benefícios esperados de determinado produto e os custos totais de aquisição. Ou seja, valor = benefícios – custos (GOLDSTEIN; TOLEDO, 2002). O valor percebido é a expectativa que o cliente tem de que determinado produto irá satisfazer suas necessidades ((REICHHELD, 1996). Segundo Levitt (1991), o cliente atribui ao produto um valor proporcional à capacidade que parece ter de ajudá-lo a resolver seus problemas. Os consumidores buscam maximizar seus benefícios, escolhendo as empresas que lhes entreguem maior valor. À medida que a empresa é capaz de oferecer valor superior ao cliente torna-se mais intenso o relacionamento entre empresa e cliente, e é menos interessante para o cliente buscar outros fornecedores (STEVENS et al, 2001). Ou seja, quanto maior o valor entregue pela empresa, mais protegida ela estará da competição com empresas concorrentes. O marketing de relacionamento no comércio eletrônico surge como uma alternativa de desenvolvimento de valor superior por meio do entendimento das necessidades dos clientes e do oferecimento de produtos adequados a cada cliente individual. O marketing de relacionamento eletrônico é tanto impulsionado pelo aumento da competitividade e pela dificuldade de manutenção de diferenciais baseados em atributos do produto, por causa da rapidez na cópia de novos produtos lançados no mercado (HOOLEY; SAUNDERS, 1996), quanto possibilitado pelo desenvolvimento tecnológico, que faculta a comunicação contínua com o cliente e a flexibilidade dos processos usando novas tecnologias de comunicação e informação. (MCKENNA, 1992). Mckenna (1992) define marketing de relacionamento como o processo contínuo de identificação e criação de novos valores para os clientes individuais e o compartilhamento de seus benefícios durante uma vida toda de parceria. Por meio de marketing de relacionamento eletrônico, a empresa é capaz de captar informações suficientes de seus clientes para compreender suas necessidades individuais e adaptar sua oferta a elas. Cada informação fornecida pelo cliente em 8 seus contatos com a empresa pode ser mantida em um único banco de dados acionável sempre que um novo contato for realizado com o cliente. Dessa forma, torna-se possível a manutenção de um diálogo contínuo ao longo de toda relação empresa-cliente, ao contrário de pequenos contatos pontuais e desvinculados. Ao mesmo tempo, processos mais flexíveis permitem que as informações captadas possam ser utilizadas para o pronto desenvolvimento de produtos personalizados e mais adequados às necessidades de cada cliente. Com isso, a fidelidade dos clientes é estimulada e a possibilidade de troca de fornecedor é minimizada (MCKENNA, 1992). Em empresas que trabalham com marketing de relacionamento no comércio eletrônico, o foco deixa de ser a transação pontual. O objetivo não é mais a efetivação de uma venda independente, e sim a criação de um vínculo com o cliente e o desenvolvimento de uma série de transações com o mesmo cliente ao longo do tempo. A rentabilidade para a organização é conquistada a partir do conjunto de transações com cada cliente individual, e não de transações pontuais com a totalidade de clientes. (VAVRA, 1993). Vavra (1993) destaca que essa mudança de foco em conquista para o foco em retenção se baseia na premissa de que os investimentos necessários para conquistar novos clientes são maiores que os investimentos necessários para manter a base atual de clientes. Por esse motivo, a manutenção e o estímulo da base de clientes devem ser priorizados em relação à conquista de clientes novos. Ao mesmo tempo, uma base de clientes fiéis parece mais interessante para a empresa, pois, desse modo, a probabilidade de o cliente escolher a mesma empresa em uma nova compra é maior, o que a protege, em certa medida, da intensificação da concorrência. O desenvolvimento de ações de marketing de relacionamento eletrônico exige, no entanto, grande investimento. É preciso adaptar a organização à recepção, armazenamento e disseminação das informações do cliente (VAVRA, 1993); desenvolver formas de adaptar a oferta às necessidades do cliente (MCKENNA, 1992); e, talvez o mais complexo e profundo, modificar o foco e a cultura da 9 empresa, transformando-a em uma empresa voltada para o relacionamento (VAVRA, 1993). A criação de uma estrutura de banco de dados capaz de manter um diálogo contínuo com o cliente e de retirar daí informações importantes e precisas sobre aquilo que de fato o cliente espera requer adaptações em todos os pontos de contato com o cliente, e também na forma de tratamento dos dados. Novas soluções tecnológicas e de treinamento devem ser desenvolvidas e aplicadas. Ao mesmo tempo, para ser capaz de transformar as informações coletadas em ações de adaptação da empresa às necessidades dos clientes, todos os processos da empresa precisam tornar-se mais flexíveis. 10 METODOLOGIA Para o desenvolvimento desta pesquisa, optou-se pela pesquisa bibliográfica em livros, dissertações, teses, artigos, periódicos e matérias da internet pertinentes à temática abordada. A pesquisa bibliográfica que explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas, buscando conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. 11 I 1.1 MARKETING Conceito e evolução histórica De acordo com Toledo (1978), o conceito de marketing é dividido em três dimensões: funcional, operacional e filosófica. A dimensão funcional diz respeito à troca. A dimensão operacional diz respeito à análise e tomada de decisão de marketing, ou seja, às operações e ações propriamente ditas. Por fim, a dimensão filosófica refere-se à forma como a empresa entende marketing, ou seja, a cultura que irá guiar as atividades de marketing. Segundo Kotler (2000), o foco de marketing evoluiu de um foco em produção para um foco funcional, gerencial e, por fim, social. Podem-se definir três períodos permeados pelo pensamento de marketing. O primeiro período – tradicional -, defendia que o marketing deveria ser encarado como uma função estritamente econômica e baseada na troca entre vendedor e comprador. A troca, ou transação de marketing, é o centro desse pensamento. Um segundo período defendia que a transação econômica não é condição necessária para o marketing. O foco continua a ser a troca, mas a troca é definida agora de maneira mais ampla, não necessariamente econômica, mas de valor. Entende-se por valor qualquer benefício que seja valorizado pelas partes envolvidas na troca. Assim, trocas que não envolvem necessariamente compra e venda, como a divulgação de uma ideologia, por exemplo, passam a ser também trabalhadas pelo marketing. Por fim, o último período define que marketing diz respeito às relações das empresas com todos seus públicos, não somente com seus consumidores. A visão de marketing passa então a ser menos funcional e mais estrutural. 12 À medida que os mercados e os cenários competitivos são alterados, a filosofia de marketing das empresas tende também a alterar-se. Segundo Hooley, e Saunders (1996), que apresentam a evolução das filosofias de marketing das empresas, a revolução industrial marcou o início da produção em massa. Nesse período, a produção era ainda limitada, a demanda estava sendo estimulada e a competição era escassa. Tornava-se necessário pouco ou nenhum esforço de entendimento das necessidades do consumidor. O foco era aumentar a produção e acompanhar a demanda crescente. Buscavam-se formas melhores, mais eficientes e mais baratas de produzir. Nessa época, a filosofia de marketing focava-se em produção. Posteriormente, com o amadurecimento dos mercados e da concorrência, fez-se necessário tornar seus produtos mais interessantes que os demais produtos similares. Acreditava-se que consumidores preferiam produtos com desempenho ou características superiores. Empresas que seguiam essa corrente centralizavam seus esforços em desenvolvimento e pesquisa de produtos. Trata-se de empresas com filosofia focada em produto. À medida que a relação oferta – demanda se altera, e a demanda não mais suplanta a oferta, cria-se a necessidade de buscar de forma mais ativa o consumidor. O foco, então, se desloca da empresa para o mercado. Em um primeiro momento, viveu-se a filosofia de vendas, em que o objetivo era persuadir o consumidor. Ainda se trabalha de dentro da empresa para fora. Por fim, o foco passa a ser o consumidor e suas necessidades, e as empresas agora se adaptam às necessidades de seus consumidores, não mais o contrário. Trata-se da filosofia de marketing. Ao mesmo tempo a atenção dada ao concorrente se torna mais intensa. Começa a ser desenvolvida a filosofia orientada para mercado, que se baseia na busca da empresa de ofertas mais adequadas por meio da obtenção de informações sobre as necessidades dos clientes, na integração interdepartamental, na habilidade de responder rapidamente às necessidades apresentadas pelo cliente, e na orientação para a concorrência e para a cadeia em que a empresa se encontra (NICKELS e WOOD, 1999). 13 Percebe-se que, à medida que a concorrência se torna mais intensa, a forma de a empresa lidar com a concorrência se altera, e altera-se então o trabalho de marketing. Quanto maior a competitividade, maior a necessidade de a empresa se destacar diante de seus competidores. A partir da década de 1980, três fatores vêm pressionando sensivelmente a competição: a globalização, que torna os mercados menos fechados e protegidos; o desenvolvimento tecnológico, que torna os processos de produção mais flexíveis e permite o rápido desenvolvimento de produtos e a cópia de produtos existentes; e a redução dos índices de crescimento dos mercados, que reduz a estimativa de crescimento da demanda (MCKENNA, 1992; VAVRA, 1993). Isso torna cada vez mais importante para as empresas fazer que sua oferta pareça mais interessante para o consumidor que as demais. Segundo Stevens et al. (2001, p. 98), “os profissionais de marketing querem estabelecer um relacionamento tão estreito, satisfatório e duradouro com seus consumidores, que eles não terão qualquer interesse em considerar alternativas”. Ou, em outras palavras, é preciso que as empresas sejam capazes de desenvolver vantagens competitivas sustentáveis. O conceito de vantagem competitiva sustentável é largamente difundido por Porter, em 1980. Segundo Porter (1991), a vantagem competitiva ocorre quando a empresa obtém um desempenho superior que a concorrência. As vantagens competitivas podem ser conquistadas por meio do incremento do valor de seus produtos pela ótica do consumidor. A criação de valor para a empresa está, portanto, intimamente ligada à criação de valor para o cliente. Mas o que é valor pela ótica do cliente? Na literatura de marketing, valor é comumente associado à percepção do consumidor. Surge então o conceito de valor percebido, que é definido de diferentes maneiras pelos autores que trabalham o tema (GOLDSTEIN; TOLEDO, 2002). De acordo com Rust, Zeithaml e Lemon (2001), valor para o cliente é a percepção e a avaliação do cliente acerca da capacidade geral de um produto de satisfazer suas necessidades. Mas a avaliação do cliente se baseia em mais do que apenas 14 especificações do produto e preço. Os autores definem que o valor é formado por três outros valores: valor do valor, valor da marca e valor de retenção. Segundo essa divisão do valor apresentada por Rust, Zeithaml e Lemon (2001), o valor do valor diz respeito ao preço, qualidade e conveniência. Tais percepções tendem a ser mais cognitivas, objetivas e racionais. Já o Valor da marca se refere às percepções que os clientes podem ter de uma marca, as quais não se explicam pelos atributos objetivos do produto ou empresa. Normalmente essas percepções tendem a ser emocionais e subjetivas. Por fim, o valor de retenção é gerado pelo fato de os clientes decidirem comprar de uma mesma empresa. Programas de relacionamento podem aumentar a chance de a empresa continuar sendo escolhida pelo cliente. Assim, o valor de retenção é gerado pelo relacionamento estabelecido com o cliente. Valor percebido pelo cliente é a diferença entre os benefícios obtidos por um cliente por meio de um determinado produto e os sacrifícios feitos para a obtenção desse produto. Quando os benefícios obtidos são maiores que os sacrifícios, ocorre a criação de valor para o cliente. Goldstein e Toledo (2002, p. 2) apresentam alguns pontos em comum entre as diferentes definições de valor percebido. São eles: - o valor do cliente está vinculado ao uso de algum produto (ou serviço) - o valor do cliente é algo percebido pelo cliente mais do que objetivamente determinado pelo vendedor - tais percepções envolvem uma troca entre o que o cliente recebe (qualidade, benefícios, valia, utilidade) e o que o cliente oferece para adquirir ou usar o produto (preços, sacrifícios) Impõe-se, portanto, saber o que é considerado como custo e o que é considerado como benefício em uma relação de compra e uso pela ótica do cliente. Para ser 15 capaz de oferecer maior valor ao cliente, é preciso ter muito claramente definido que fatores agregam valor ao produto. Churchill e Peter (2005) dividem os benefícios em funcionais, sociais, pessoais e de experiências. Os benefícios funcionais são, segundo os autores, aqueles que são tangíveis e facilmente descritos. Os benefícios sociais são as respostas positivas que outras pessoas podem oferecer quando um indivíduo utiliza determinado produto. Pode-se imaginar que as respostas negativas das pessoas constituam um custo, mas os autores não consideram essa situação como custo. Assim, são computadas para a formação do valor percebido apenas as respostas sociais positivas. Os benefícios pessoais são os bons sentimentos que o produto pode trazer; mais uma vez, possíveis problemas não são computados como custos. Por fim, os benefícios de experiências dizem respeito ao prazer sensorial proporcionado pelo uso do produto. Quanto aos custos, Churchill e Peter (2005) os dividem em custos monetários, custos temporais, custos psicológicos e custos comportamentais. Os custos monetários são justamente o preço pago pelo produto e os gastos necessários para adquirir esse produto, caso haja algum. Os custos temporais são referentes ao tempo necessário para pesquisar e comprar um produto. Muitas vezes os custos temporais podem ser mais importantes que os custos monetários. Os custos psicológicos dizem respeito à energia mental e à tensão envolvida na compra do produto. Quanto maior a possibilidade de dissonância cognitiva, maior será o custo psicológico. Por fim, os custos comportamentais são referentes à energia física necessária para a compra do produto. De forma semelhante, Kotler (2000) divide os benefícios em valor da imagem, valor pessoal, valor dos serviços e valor do produto, e divide os custos em custos psíquicos, custos de energia física, custos de tempo e custos monetários. Alguns autores destacam que o valor percebido pode variar de acordo com o momento, seja antes da compra, durante o consumo, ou após o consumo. Conforme Westwood (1996), cada um desses momentos se refere a um julgamento diferente do cliente, e a diferentes envolvimentos do cliente com o produto. Ao mesmo tempo, 16 o valor percebido varia também de cliente para cliente. O que é importante à criação de valor para determinado cliente pode não o ser para outro cliente. Westwood (1996) define que, para a entrega de valor superior ao cliente ocorrer de forma satisfatória, se faz necessário o entendimento do que é valor do ponto de vista do cliente. As dimensões de valor não são inerentes aos produtos ou serviços. Ao contrário, elas são conseqüências do uso e da experiência do consumidor. Portanto as dimensões de valor percebido devem variar não somente de produto para produto, mas também de um consumidor para o outro e de uma situação para a outra. Assim, empresas que buscam trabalhar com o oferecimento de valor superior aos clientes precisam deparar com algumas questões importantes: i) o que os clientes valorizam? ii) em quais questões das que os clientes valorizam a empresa deve focar? iii) qual a avaliação dos clientes sobre a nossa entrega de valor? iv) como o que é valorizado pelos clientes irá mudar no futuro? (WESTWOOD, 1996). Para oferecer maior valor ao cliente, a empresa precisa ser capaz, portanto, de identificar o que são custos e benefícios para seus clientes e, então, reduzir os custos, ou aumentar os benefícios entregues, ou ambos. Para Porter (1989), existem duas formas básicas de entregar valor superior ao cliente e, com isso, gerar vantagem competitiva: a cobrança de preços inferiores por benefícios semelhantes, ou a entrega de benefícios superiores que justifiquem o preço mais caro. Assim, duas estratégias genéricas, ou formas gerais de trabalho, são apontadas por Porter (1989): liderança de custo e diferenciação. Empresas pautadas em liderança de custo objetivam reduzir seus custos de operação para ser capazes de oferecer produtos similares aos da concorrência por preços reduzidos. Empresas pautadas 17 em diferenciação visam a identificar possíveis benefícios que, se incorporados aos seus produtos, os tornem mais atrativos ao consumidor e, por conseguinte, possam ser comercializados por preços mais altos. Porter (1989) define a melhor estratégia com base na análise da concorrência e da cadeia em que a empresa se encontra. Essa análise, denominada análise da indústria, atenta para estes cinco principais componentes do ambiente da empresa: rivalidade entre concorrentes, poder de barganha dos fornecedores, ameaça de novos concorrentes (entrantes), ameaça de produtos substitutos e poder de barganha dos consumidores. Por essa ótica, uma vez mapeado o ambiente externo, a empresa estará mais apta a desenvolver uma vantagem competitiva sustentável. Pode-se observar que o modelo de Porter trabalha com uma visão externa. A vantagem competitiva é desenvolvida por meio da adequação à situação externa, e não do desenvolvimento de capacidades internas à organização. Além disso, a vantagem competitiva é conquistada por meio da agregação de características ao produto (diferenciação), ou ao processo (liderança de custos). O consumidor não constitui foco do desenvolvimento de valor e é entendido apenas como um referencial descrito por seu poder de barganha. Outras visões posteriores do desenvolvimento de valor e vantagem competitiva parecem aproximar-se mais do pensamento de marketing. Dentre elas destacam-se as disciplinas de valor apresentadas por Vavra (1993). De acordo com esse autor, os clientes não mais analisam o valor de uma oferta com base em relações de custos financeiros e benefícios do produto. Em vez disso, uma série de outras variáveis, como facilidade de compra, serviços pós-compra, qualidade e outras, são analisadas pelo cliente para definir valor. Não obstante, apesar dessa pluralidade de variáveis que definem valor, empresas de sucesso, segundo Vavra (1993), trabalham com foco em apenas algumas variáveis. Três diferentes formas de desenvolvimento de valor superior e vantagem competitiva são identificadas e denominadas como disciplinas de valor: liderança de produto, excelência operacional e intimidade com o cliente. 18 A liderança de produto consiste na oferta de produtos superiores e inovadores. Empresas que buscam desenvolver vantagem por meio da liderança de produtos precisam sempre lançar produtos que sejam superiores aos anteriores. Seus produtos precisam apresentar características, atributos que os tornem melhores que os demais produtos oferecidos no mercado. A excelência operacional consiste no oferecimento de produtos confiáveis por preços menores, distribuídos de forma a tornar a compra o mais facilitado possível ao consumidor (reduzindo custos de tempo). O objetivo perseguido por empresas que trabalham com essa disciplina de valor é preço e conveniência. Até esse ponto, o modelo de Porter (1989) e o de Vavra (1993) são bastante similares. A estratégia genérica de diferenciação em muito se assemelha à disciplina de valor de liderança de produto. Ao mesmo tempo, a estratégia genérica de liderança de custo é bastante equivalente à disciplina de valor de excelência operacional. A terceira disciplina de valor apresentada por Vavra (1993) traz, no entanto, uma nova possibilidade de foco para a entrega de valor superior ao cliente e se mostra bastante próxima da filosofia de marketing e de mercado. Trata-se da disciplina de valor de intimidade com o cliente, conquistada pela segmentação precisa do mercado e da oferta de produtos adequados a esse segmento. Empresas que trabalham com intimidade com o cliente combinam informações precisas sobre seus clientes e flexibilidade de processos de modo que possam identificar as necessidades de seus consumidores e responder por meio de personalização rápida e eficaz dos produtos oferecidos. Tais empresas focam a fidelização de seus clientes e buscam o lucro por meio do histórico de transações do cliente ao longo do tempo. 19 II INTERNET E COMÉRCIO ELETRÔNICO 2.1 Aspectos Históricos A Internet é a rede mundial pública de computadores interligados, por meio da qual são transmitidos dados e informações para qualquer usuário que esteja conectado a ela (LIMEIRA, 2003). Essa autora afirma que, a Internet ainda está no início de seu desenvolvimento. Mas, tornou-se a primeira mídia de massa que permite a interação entre o cliente e a empresa a baixo custo e à velocidade da luz, devido a suas características. Limeira (2003) cita Don Tapscot como um dos precursores da reflexão sobre o impacto da Internet nos negócios, definindo o final do milênio como o marco de início de uma nova economia, chamada de economia digital, baseada na tecnologia de informação e comunicação e na Internet, a informação se separa do seu meio físico de transporte e rompe o modo tradicional de comunicação e de formação da cadeia de valor. Pode-se concluir que a nova economia propiciará o surgimento de novos setores a partir da convergência das tecnologias de informação e comunicação, criando oportunidades de negócios e gerando até uma revolução no mercado. Newman (2002) garante que a Internet será um local global de marketing atingindo consumidores do mundo inteiro. Para indústrias como a de software ou a bancária, nas quais a transferência de idéias e compromissos (em vez de bens tangíveis) é a solução, a Internet promete uma reformulação de onde e como os serviços centrais são distribuídos, ainda mais radicais. Assim, a Internet pode ser considerada tanto como um ambiente de negócios como um ambiente de marketing. Resgatando os conceitos centrais da definição de 20 Internet tem-se que ela é um ambiente mediado por computador que promove comunicações, relacionamentos, transações atividades de marketing entre outras inúmeras atividades. Conforme Limeira (2003, p. 54) “as empresas que pretendem operar na Internet precisam entender as características específicas desse novo ambiente como condição necessária para otimizar seus resultados”. De acordo com Albertin (1997) a tecnologia da informação tem sido considerada como uma poderosa ferramenta organizacional, com o poder de alterar as bases da competitividade e estratégias empresariais que as empresas têm procurado a melhor forma de utilizá-la, tanto em seus processos internos quanto nas estratégias de negócio e integração externa. O’Connel (2000 apud LIMEIRA, 2003, p.56) faz uma distinção entre e-business e ecommerce, na qual o ecommerce eletrônico é um subgrupo do e-business e um termo usado para descrever transações eletrônicas baseadas na Internet incluindo EDI (Electronic Data Interchange), pagamento de contas, processamento de pedidos, interação com o consumidor. Por canal eletrônico, Coughlan et al. (2002, p. 351) entendem: [...] qualquer canal que envolva utilizar a Internet como um meio de atingir o usuário final ou qualquer canal para o qual o consumidor literalmente compre on-line. São usados tanto pra vendas ao consumidor (às vezes chamados de canais B2C – business-to-consumers) quanto em vendas business-to- business (B2B). Rosenbloom (2002, p. 365) define canal de marketing eletrônico como: “[...] o uso da Internet para tornar produtos e serviços disponíveis de tal forma que o mercado-alvo com acesso a computadores ou outras tecnologias capacitadoras possa 21 comprar e completar a transação de compra por meios eletrônicos interativos”. Na última definição quando o autor refere-se à conclusão da compra por meios eletrônicos interativos percebe-se que a Internet foi abordada de forma ampliada, não apenas como um catálogo ou vitrine eletrônica de pedidos pelo correio. Para que as empresas possam recolher e utilizar informações e, em última instância, serem bem-sucedidas em sua atuação frente às novas configurações que se apresentam no mercado, é necessário que elas se utilizem das tecnologias disponíveis principalmente para ter a oportunidade de conectarem suas atividades em tempo real e traduzirem essa conexão em novos e inovadores relacionamentos com clientes, fornecedores, investidores, funcionários e sociedade como um todo para obter vantagem competitiva. Isso já é feito por meio da utilização de vários instrumentos e programas que as auxiliam na interação com os clientes, como bancos de dados, softwares de administração de relacionamentos, call-centers etc. E, com a evolução das redes de telecomunicações e da tecnologia de informação em geral, a Internet se transformou também, nos últimos anos, em uma ferramenta para tal função. Sua importância aumenta ainda mais quando se pensa no estreitamento de relacionamento com clientes que estão dispersos geograficamente e que, por meio da rede de computadores, podem ser facilmente contatados ou contatar outras empresas conforme sua disponibilidade e conveniência. À medida que as empresas evoluem no modo como elas interagem entre si, não mais separando o e-business de suas demais atividades mas utilizando ambos de forma consistente, começam a tirar proveito das sinergias existentes e impulsionam a sua atuação no mercado. Passada a primeira fase de reviravolta causada no mercado mundial pela Internet e pelo fracasso de muitas empresas em suas empreitadas virtuais, um novo cenário finalmente começa a ser vislumbrado. Ainda que o futuro do uso dessa ferramenta seja, de certo modo, nebuloso, as empresas que se decidiram por utilizar a Internet 22 para expandir seus negócios e fortalecer relacionamentos com clientes parecem ter maiores chances de manter ou alcançar uma posição melhor nos mercados onde respectivamente atuam. Segundo Porter (2001, p.67): A Internet é, indiscutivelmente, uma nova tecnologia extremamente importante, o maior erro no início de seu uso foi a crença de que ela mudaria tudo, tornando as antigas normas de competição obsoletas, o que, apesar de ter sido uma reação natural, foi igualmente precipitada e acabou levando muitas empresas a tomarem decisões equivocadas. A busca por um diferencial competitivo não requer, exatamente, uma abordagem radicalmente nova do negócio, muitas das empresas bem sucedidas são aquelas que usam a Internet como complemento aos modos tradicionais de competição. Portanto, ao contrário do que acontecia até há pouco tempo, não basta mais ter apenas uma idéia interessante para atuar no ambiente virtual, é necessário possuir um plano estratégico claro que seja consistente com as outras atividades da empresa e que defina claramente de que modo a Internet pode ser utilizada para ajudá-la a alcançar esses objetivos. Basicamente, o que precisa ser feito hoje é se afastar da retórica sobre as estratégias de e-business e nova economia e ver a Internet como ela realmente é: uma ferramenta facilitadora que pode ser usada em qualquer setor como parte de quase qualquer estratégia. Segundo Porter (2001, p.69), “a questão atual, portanto, deixa de ser se deve-se usar a Internet – as empresas não têm escolha se elas querem continuar competitivas – mas sim como usá-la”. A nova dinâmica competitiva não está restrita às empresas que operam exclusivamente na Internet, mas abrange as empresas tradicionais que estão ajustando suas estratégias de negócios para o novo ambiente. 23 Dentro dessa nova dinâmica, o mercado corporativo tem ganhado destaque progressivamente aumentando seu espaço nos negócios na Internet, essencialmente porque muitas empresas já perceberam que essa nova ferramenta as está ajudando a abrir perspectivas bastante atraentes de desenvolvimento de negócios em todo os setores econômicos, configurando-se em um instrumento a mais para que elas se preparem melhor competitivamente e minimizem o risco de serem superadas pela concorrência. De acordo com Honeycutt, Flaherty & Benassi (1998, p.65), muitas empresas estão incorporando a Web às suas estratégias de negócio porque a Internet pode ser utilizada de inúmeras maneiras, entre elas: 1. Pesquisa de mercado; 2. Alcance de novos mercados; 3. Oferecimento de melhor serviço ao cliente; 4. Distribuição mais rápida de produtos; 5. Resolução de problemas dos clientes; 6. Comunicação mais eficiente com os clientes; 7. Reunião de informações sobre clientes, concorrentes e mercados potenciais; 8. Comunicação de informações sobre a empresa, seus produtos e serviços; 9. E, talvez a mais importante, fornecimento de apoio para se desenvolverem relacionamentos mais estreitos com os clientes. Ainda que o uso da Internet não tenha atingido todo seu potencial, ela já está mudando o modo como os clientes, fornecedores e concorrentes em geral interagem, criando grandes oportunidades e ameaças, e oferecendo um meio a mais para que a empresa possa se relacionar com fornecedores, clientes e funcionários e também atrair novos segmentos de clientes. Abre-se, assim, uma grande oportunidade para o desenvolvimento de pesquisas, tendo a Internet como ponto de partida para a obtenção de uma visão dinâmica do ambiente de negócios onde as empresas se inserem. A intensificação do processo de inovação tecnológica é indispensável para a competitividade das empresas em todo o mundo. No Brasil, pode-se afirmar que o esforço que vem sendo realizado nesse sentido ainda é muito pequeno. Os gastos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) do governo e das empresas ainda precisam ser ampliados substancialmente nos próximos anos. 24 O setor de telecomunicações, no entanto, tem se mostrado uma exceção destacando-se pelos seus investimentos para montar uma infra-estrutura tanto de comunicação de voz quanto de transmissão de dados à altura dos países mais desenvolvidos, oferecendo crescentemente tecnologias mais avançadas. O crescimento do setor, obviamente, não se deve apenas a investimentos em P&D mas também à existência, até bem pouco tempo, de uma demanda reprimida relativamente grande que não estava sendo atendida e que ajudou a impulsionar o seu desenvolvimento. Somado a isso pode-se dizer que o desenvolvimento tecnológico do setor de telecomunicações influi não só em seu desempenho mas também na performance de vários outros setores e, de maneira especial, no e-commerce, porque este setor é responsável pelo oferecimento de uma parte dos serviços de infra-estrutura que suportam as atividades dos demais setores produtivos do país. Na realidade, pode-se dizer que este segmento está caminhando mais rapidamente do que a maioria dos outros setores para se encaixar dentro de um novo paradigma econômico-social que está se formando no mundo atualmente e cujo propósito principal é o desenvolvimento cada vez maior da sociedade da informação. Esse novo paradigma é caracterizado por Tapscott, Lowy & Ticoli (2000, p.88-89): • Uma maior acessibilidade aos parceiros: a informação que não estava previamente disponível pode se tornar disponível quando digitalizada, possibilitando diferentes tipos de acesso entre parceiros. • Novas interdependências. • Metabolismo inter-organizacional: maior fluxo de informações e maior agilidade dentro da empresa. • Competitividade cooperativa: por exemplo, a cooperação entre diferentes centros de pesquisa, o uso de um mesmo sistema de reservas para diferentes cadeias de hotéis etc. • Criação de valor inter-organizacional: os serviços computacionais possibilitam aos parceiros a criação conjunta de produtos e serviços. 25 As premissas básicas desta nova sociedade de informação envolvem um ambiente global, baseado em informação e sua apropriação econômica, social, cultural, científica, tecnológica e industrial, e têm na informática e nas telecomunicações duas de suas principais “molas-mestras” para atingir seus objetivos estratégicos, uma vez que estas possibilitam a interação cada vez maior entre a sociedade e as instituições fornecedoras de informação. Essa convergência entre as tecnologias de computação e de comunicações começou na década de 1990 e tem se estendido até hoje, sendo delineada, basicamente, por cinco aspectos principais (COUTINHO, CASSIOLATO & SILVA, 1995, p.76): • O envolvimento direto do usuário nos processos. • A existência de novos sistemas e redes. • A definição de instrumentos para gerar as inovações e mudanças tecnológicas. • A crescente importância na utilização do conhecimento. • E a troca constante de informações. Em todos esses âmbitos a Internet pode ser de grande ajuda. Não existe dúvida de que a tecnologia de informação em geral - e a Internet em particular - podem se constituir em meios capazes de alavancar a modernização e a competitividade de todos os setores produtivos da atividade econômica do país e, conseqüentemente, apoiar o seu desenvolvimento social e a construção de relações internacionais com outros países. No entanto, para que uma empresa obtenha essa competitividade nos mercados onde decidiu atuar é necessário que suas estratégias de marketing também sejam coerentes com esse ambiente onde está inserida. Pode-se perceber que, gradativamente, as empresas estão se movimentando nesse sentido, promovendo sua modernização e adotando técnicas avançadas de gestão e organização, suportadas pela rede de informação possibilitada pela Internet. O resultado disso são importantes avanços como aumento da produtividade, compartilhamento de fatores de produção e melhor atendimento aos clientes. Com o aprofundamento desse esforço e sua difusão junto a vários segmentos e empresas, 26 estarão dadas as condições para a continuidade do aumento da eficiência no nível das empresas e no fortalecimento de suas posições nos mercados interno e externo. Basicamente, o uso da Internet pode ter um grande impacto na competição entre as empresas por vários motivos, porque pode possibilitar (TURBAN, LEE, KING et al, 2000, p.429): • Menor custo de busca para o cliente: possibilitando que os clientes encontrem produtos e/ou serviços mais baratos (ou melhores) forçando as empresas a reduzirem seus preços e/ou melhorarem a qualidade de seus produtos e/ou serviços. • Comparações rápidas: os clientes não só podem achar produtos baratos, mas podem achá-los mais rapidamente. • Diferenciação: o e-commerce permite a customização de produtos. Os clientes gostam de diferenciação e estão, freqüentemente, dispostos a pagar mais por ela o que ajuda a diminuir a substituibilidade entre produtos e/ou serviços. • Serviço ao cliente: podem ser oferecidos melhores serviços, o que é um fator competitivo muito importante, especialmente para construção de relacionamentos entre fornecedores e compradores. De acordo com Etzel, Walter & Stanton (2001) a Internet também tem um grande impacto nos estilos de vida e nos padrões de consumo dos clientes e no bem estar econômico da sociedade como um todo. Ela, em última instância, pode ajudar diretamente na comunicação e interação com o cliente, lidando com reclamações e feedbacks com relação ao uso do produto e/ou serviço, conduzindo pesquisa de mercado, persuadindo o cliente a responder levantamentos e preencher formulários pela Web, oferecendo à empresa a capacidade de conduzir suas atividades em tempo real e atualizando continuamente informações sobre o mercado. Também pode ajudar a oferecer serviços pós-venda para o cliente, dando a ele acesso aos seus especialistas e facilitando a formação de comunidades com grupos de usuários. 27 O marketing eletrônico engloba muitos conceitos do marketing tradicional. Uma das alterações mais facilmente detectada é a incorporação de linguagem e de semântica novas do mundo virtual. Termos como banco de dados, CRM, site, programas de fidelidade eletrônica e e-mail são, nesse meio, comumente utilizado. Para Vavra (1993, p.111), o banco de dados de clientes ajuda a implementar o pósmarketing de diversas maneiras: • os esforços de marketing tornam-se tanto mais eficientes quanto eficazes, porque a empresa está hábil em identificar seus clientes mais importantes e, mais tarde, apresentar sua oferta, seu produto ou seu serviço adequado; • a tecnologia possibilita a administração de extensa quantidade de dados, de maneira que a empresa interage com seus clientes de forma personalizada; • um “diálogo” inteligente pode ser mantido com clientes ao descobrir interações contínuas, identificando mudanças no ato de compra e permitindo à empresa antecipar mudanças futuras; • possibilidade de desenvolvimento de novos produtos a partir do conhecimento do perfil de cada cliente. Verifica-se que o marketing pela Internet possibilita maior acesso à informação e às operações com uso integrado das informações. Brondmo (2001) compara o marketing tradicional direto e o marketing eletrônico. 28 III MARKETING DE RELACIONAMENTO E RELAÇÕES DE CONSUMO 3.1 Marketing de Relacionamento e seus conceitos Vivencia-se um período em que, bem mais do que há tempos atrás, a economia se apresenta como altamente competitiva, fazendo com que as empresas busquem manter seus clientes, pois cada cliente perdido resulta em alto prejuízo para empresa, além do que, os custos destinados para atração de novos clientes estão cada vez mais altos. A melhor opção é trabalhar para não perder os clientes. As empresas estão se esforçando para manter seus consumidores, pois o custo para atrair novos consumidores pode ser cinco vezes maior do que o custo que se tem para manter um consumidor (KOTLER, 2000). Com essa idéia de se manter o cliente já conquistado, muitas empresas estão inserindo, em suas culturas organizacionais, o marketing de relacionamento, que busca criar uma forma fácil de acesso e relação entre a empresa e seu consumidor, criando uma lealdade dos consumidores para com a empresa e também da empresa com seus consumidores. Os relacionamentos estão inseridos no comportamento humano, caso dissolvêssemos as redes sociais, a criação e manutenção dos relacionamentos, a sociedade também seria dissolvida (GUMMESSON, 2005). Os relacionamentos fazem parte da vida humana. O ser humano é um ser social, pois não consegue viver isoladamente, tanto nas questões afetivas, quanto na própria busca pela sua subsistência. Desse modo, uma pessoa necessita das demais para fornecer e dar cuidados, alimentação, moradia, conhecimento, conforto, enfim, inúmeras coisas que uma 29 pessoa sozinha não conseguiria construir e manter para a sua própria existência e bem estar. Nas empresas, os relacionamentos também são primordiais para a sua subsistência, pois uma empresa isolada não consegue matéria-prima, mão de obra qualificada, além de não conseguir produzir. Dependendo do tipo de relação, não consegue vender seus produtos e serviços, pois necessitam, sempre, de outros atores para conseguir cumprir seu objetivo primordial que é a produção e venda de bens e serviços. A criação de relações sólidas e duradouras é uma tarefa árdua e de difícil manutenção, mas, acreditamos que, em um mundo onde o cliente tem tantas opções, mesmo em segmentos limitados, essa criação é imprescindível. Dada a importância do relacionamento para o bom andamento da sociedade e das empresas, o marketing de relações se mostra como essencial ao desenvolvimento de liderança, fidelidade do consumidor e rápida aceitação de novos produtos e serviços no mercado (VAVRA, 2002). O termo “marketing de relacionamento” surgiu para designar o campo de estudos que analisa os relacionamentos entre as organizações e seus clientes, observando a relação de trocas existente entre eles, no âmbito da disciplina de marketing (ROCHA; LUCE, 2006). Segundo Gummersson (2005, p. 28), “os relacionamentos entre consumidores e fornecedores são a base para todo o marketing”, o que torna os estudos sobre relacionamentos muito pertinentes. Segundo Rocha e Luce (2006, p. 88), os estudos sobre marketing de relacionamento podem ser classificados em duas vertentes: (a) o relacionamento entre organizações e clientes individuais; (b) o relacionamento entre organizações, incluídos nesse último tanto o relacionamento entre membros de canais de distribuição quanto o relacionamento entre empresas no marketing business-to-business. 30 O marketing de relacionamento tem, pois, como objetivo estabelecer relações entre a empresa e seus clientes individuais, além de criar e manter relações – tanto com os membros de canais de distribuição quanto com outras empresas – entre as organizações. O marketing de relacionamento é uma ferramenta que busca criar valor pela disciplina de intimidade com o cliente e tornar a oferta tão adequada, que o cliente prefira manter-se fiel ao mesmo fornecedor. Ou seja, a empresa conhece tão profundamente o cliente, que é desinteressante para ele buscar novos fornecedores e ser obrigado a ensinar novamente a esse novo fornecedor suas necessidades. O cliente passa, então, a reduzir voluntariamente seu leque de opções de fornecedores. Blackwell, Miniard e Engel (2005) asseveram que o relacionamento pode criar valor para os clientes de diferentes formas. Em primeiro lugar, apresentar um relacionamento estável com um fornecedor diminui os riscos do comprador, uma vez que este já conhece o fornecedor e sabe o que esperar dele. Isso é especialmente relevante em compras que envolvem alto investimento ou compras complexas. Além disso, à medida que o fornecedor já conhece as necessidades do cliente e já está adaptado a elas, o cliente não precisa mudar de fornecedor, não precisa pesquisar novamente, portanto tem seus custos de tempo reduzidos. Os benefícios que o marketing de relacionamento traz para os clientes são fontes do aumento de valor percebido e, em conseqüência, fontes de valor para a empresa. E é apenas por meio do oferecimento de valor superior que as ações de marketing de relacionamento serão capazes de tornar seus clientes fiéis. 3.2 A evolução das relações de consumo no tempo Antes da era industrial, os donos de estabelecimentos comerciais costumavam se comunicar com seus clientes de uma maneira bastante personalizada, conhecendo a fundo suas preferências e hábitos de consumo. 31 A ausência da industrialização de produtos, fazia com que a produção artesanal e os serviços a serem prestados fossem personalizados de acordo com a necessidade do cliente, e sendo os clientes conhecidos a fundo pelos donos dos estabelecimentos comerciais, tais produtos e serviços acabavam por se adequar bem às necessidades latentes dos mesmos. (RAMOS, 1985) O estreitamento da relação com os clientes da época tornava mais difícil a migração para a concorrência, dada a inconveniência da mudança para um concorrente que desconhecia suas preferências e hábitos de consumo, isto é, até a chegada da era industrial, os clientes eram considerados relativamente fiéis a quem os conhecia e tratava personalizadamente. (OLIVEIRA, 2004). Estes conceitos de fidelidade entre cliente e fornecedores começaram a se dissipar após a revolução industrial. A revolução industrial surgiu na Inglaterra, tendo início no século XVIII, período em que os sistemas de produção passaram a ser mecanizados. (RAMOS, 1985). É importante ressaltar o significado de termos como opt-in, que quer dizer que o cliente concorda explicitamente em receber seus e-mails, e opt-out, que é o oposto de opt-in, ou seja, opção de desengajamento do cliente em receber e-mails. O crescimento e o desenvolvimento da lealdade dos clientes, estimulado por um banco de dados, podem ser bem representados pelo modelo de Considine e Raphael (apud VAVRA 1993, p.113). Esse modelo descreve passos de intensificação do relacionamento do cliente com a empresa. São eles: • clientes prováveis (suspects): universo de indivíduos ou organizações identificados como suspeitos de se tornarem clientes; • clientes potenciais (prospects): indivíduos ou organizações que já ouviram falar dos produtos ou serviços de uma empresa e, portanto, têm algum grau de conhecimento dela, mas ainda não compraram. • experimentadores: compradores de primeira vez, aqueles que estão testando produtos ou serviços de uma empresa; seu julgamento é velado; • repetidores de compra: compradores que estão iniciando um compromisso mental com a empresa ao repetirem a compra do produto ou serviço; 32 • clientes fiéis: pessoas que compram uma variedade de produtos e serviços de uma empresa durante muito tempo, escolhendo as marcas desta entre outras concorrentes e, desse modo, demonstram lealdade; • defensores (advogates): clientes que defendem ativamente uma empresa e a recomendam a seus amigos ou colegas de trabalho. Brown (2001) lembra, também, que com todas essas novas tecnologias, a manutenção de clientes é a melhor maneira de alcançar um crescimento estável e lucrativo. “É mais barato manter os clientes e desenvolver novos negócios com ele do que buscar novos clientes em uma porcentagem de um para três, em termos de despesas de marketing e vendas (BROWN, 2001, p. XVI). Desse modo, manter o cliente é mais crítico do que atrai-lo (KOTLER, 1994, p. 48). Para Kotler (1994, p.49), a chave para manter o cliente é satisfazê-lo. Clientes satisfeitos: • compram novamente; • falam favoravelmente com os outros sobre a empresa; • prestam menos atenção às marcas e à propaganda do concorrente; • compram outros produtos que a empresa colocar no mercado mais tarde. Para Vavra (1993), o marketing de relacionamento engloba muitos conceitos como marketing personalizado, micro-marketing, marketing individualizado, marketing (one to one), marketing de retenção, marketing de freqüência, marketing de segmentação, marketing integrado, marketing interativo e marketing com banco de dados (Database Marketing). Para o autor, apesar das diferentes terminologias, a ênfase é a mesma – o reconhecimento da importância de tratar cada cliente individualmente e a procura de ferramentas na manutenção da fidelidade dos clientes. Nesse ponto, insere-se o marketing eletrônico, que busca a manutenção dos clientes de maneira interativa e virtual. 33 IV COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR 4.1 Comportamento da compra O comportamento do consumidor era um campo de estudo relativamente novo entre meados e finais da década de 1960. Como não contava com antecedentes ou elementos de investigação própria, os estudiosos de Administração e marketing foram se apropriando com muita liberalidade dos conceitos desenvolvidos em outras disciplinas científicas, como a psicologia (o estudo do indivíduo), a sociologia (o estudo de grupos), a psicologia social (o estudo das formas nas quais se desenvolve o indivíduo em grupos), a antropologia (a influência da sociedade sobre o indivíduo) e a economia para estabelecer as bases desta nova disciplina. (VAVRA, 2002). Das primeiras teorias a respeito do comportamento do consumidor, muitas estavam embasadas na teoria econômica, na idéia de que os indivíduos atuam de forma racional para maximizar seus benefícios (satisfações) na compra de bens e serviços (DOBB apud KARSAKLIAN, 2000). Em investigações posteriores, descobriram que os consumidores são igualmente propensos a fazer compras impulsivas e a se deixar influir não só por familiares e amigos, por anunciantes, senão também pelo estado de ânimo, a situação e a emoção (JAMESON apud KARSAKLIAN, 2000). Todos esses fatores se conjugam para formar um modelo completo do comportamento do consumidor, que reflete tanto os aspectos cognitivos como os emocionais da tomada de decisão do consumidor. (KARSAKLIAN, 2000). As necessidades humanas – necessidades do consumidor – são a base do marketing moderno. O segredo para a sobrevivência, rentabilidade e crescimento de uma companhia num ambiente de mercado altamente competitivo é sua capacidade 34 para identificar e satisfazer necessidades insatisfeitas do consumidor, melhor e mais rápido que a concorrência. (TOLEDO, 2004). Para Karsaklian (2000, p. 132): “A motivação pode ser descrita como a força impulsora interna dos indivíduos que os levam à ação. Esta força impulsora é produzida por um estado de tensão que existe como resultado de uma necessidade insatisfeita.” Todo indivíduo tem necessidades, algumas inatas e outras adquiridas. As necessidades inatas são de natureza fisiológica. Entre elas figuram as necessidades de alimentação, água, ar, roupa, casa e sexo. (VAVRA, 2002). As necessidades adquiridas são as necessidades que se aprende em resposta à cultura ou ao ambiente. Entre elas pode-se incluir as necessidades de auto-estima, prestígio, poder e conhecimento. O campo do comportamento do consumidor tem suas raízes numa estratégia de marketing e administração que evoluiu a partir da década de 1950, quando vários estudiosos compreenderam que poderiam vender mais bens, e com maior facilidade, se apenas produzissem artigos dos quais tivesse determinado previamente quais consumidores os comprariam. Logo, as necessidades e desejos dos consumidores foram convertidos no foco principal da empresa (KARSAKLIAN, 2000) . A suposição chave que rege o conceito de administração é que, para que uma empresa tenha sucesso, deve determinar quais são as necessidades e desejos do seu público específico e fornecer a satisfação desejada de forma melhor que a de seus competidores. “O conceito de vendas está focado nas necessidades do vendedor; o conceito de marketing centraliza-se nas necessidades do comprador (WEY, 2001).” O estudo do comportamento do consumidor está enfocado: 35 “(...) na forma pela qual os indivíduos tomam decisões para empregar seus recursos disponíveis (tempo, dinheiro e esforço) em artigos relacionados com o consumo. Isso inclui o que compram, por que compram, quando compram, onde compram, com que freqüência compram e com que freqüência consomem.” (KARSAKLIAN, 2000, p. 112). Além de estudar os usos e avaliações do consumidor depois da compra dos produtos que adquirem, é de interesse dos pesquisadores de mercado saber também como os indivíduos dispõem destas compras. (SOUZA, 2007). 4.2 Processo de compra e o que influencia O processo de tomada de decisões pode ser visualizado em três etapas diferentes, mas interligadas (KARSAKLIAN, 2000). Na etapa inicial, o consumidor é influenciado para que este reconheça que tem necessidade de um produto. Consiste em duas fontes de informação principais: o composto de marketing (o produto, seu preço, sua promoção e onde se vende) e as influências psicológicas externas a respeito do consumidor (familiares, amigos, vizinhos, outras fontes informais e não comerciais, a classe social e suas afiliações culturais e sub-culturais. (PILARES, 2000). A etapa intermediária enfoca a forma através da qual os consumidores tomam decisões. Os fatores sociológicos inerentes a cada indivíduo (motivação, percepção, aprendizagem, personalidade e atitudes), afetam o modo como estes dados influem no fato do consumidor reconhecer uma necessidade, obter informações antes da compra e avaliar diferentes alternativas. (PILARES, 2000). A etapa final no modelo de tomada de decisões do consumidor consiste em duas atividades estritamente relacionadas depois da decisão, o comportamento de compra e a avaliação depois da compra. (PILARES, 2000). 36 4.2.1 Etapas no processo decisório O comportamento do consumidor é definido como um processo mental de decisão mas também como um processo física. O ato de comprar nada mais é do que uma etapa composta de uma série de atividades psíquicas e físicas durante certo período. Algumas das atividades precedem à compra propriamente dita; outras, ao contrário, são posteriores. Mas como todas têm a virtude de influir na aquisição de produtos e serviços, serão examinadas como parte do comportamento que interessa ao trabalho. (VAVRA, 2002). Supondo um fotógrafo, por exemplo, que normalmente compra uma marca de filme e, de repente, decida comprar outra marca da concorrência apesar de não ter havido mudança alguma na qualidade e no preço dos filmes. Que fator determina essa mudança de lealdade? O simples fato de assinalar que seu comportamento de compra mudou não ajuda a entender a situação. Talvez o filme da concorrência tenha sido amplamente recomendado por um amigo ou talvez o fotógrafo tenha mudado de marca porque pensava que a marca da concorrência captava melhor as cores de algum tema fotográfico de interesse. Por outro lado, sua decisão poderia ser atribuída a uma insatisfação geral com os resultados filme anteriormente utilizado ou a um anúncio da marca da concorrência. (VAVRA, 2002). O estudo do processo de decisão descreve o comportamento do consumidor com relação a produtos e serviços. Os passos fundamentais do processo são o reconhecimento do problema, a busca e avaliação da informação, os processos de compra e o comportamento depois da compra. (KUAZAQUI, 2007). “O processo começa quando um consumidor reconhece a existência de um problema. Esse reconhecimento se dá quando se ativa em sua consciência uma diferença notável entre sua situação real e seu conceito de situação ideal. Isto pode se realizar através do acionamento interno de um motivo 37 como a fome ou pode vir de outras variáveis como os fatores sociais ou situacionais. No entanto, num e outro caso, tem-se a ação somente quando o consumidor percebe uma discrepância bastante grande entre o estado real e o estado ideal.“ (KARSAKLIAN, 2000, p. 126). A partir daí, o consumidor se sente impulsionado a agir e passa para a etapa que consiste em começar a procurar informação. Geralmente isto começa com uma busca interna, ou seja, uma revisão rápida e inconsciente de memória na procura de informações e experiências armazenadas que se relacionam com o problema. Esta informação é constituída por crenças e atitudes que influem nas suas preferências por determinadas marcas. Freqüentemente, com a busca se consegue reconhecer uma forte preferência de marca, produzindo-se então uma compra comum. (KARSAKLIAN, 2000). Se a busca interna não contribui com informação suficiente sobre os produtos ou sobre a maneira de avaliá-los, o consumidor seguirá realizando uma busca externa mais decidida. Logo, terá contato com numerosas entradas de informação, chamadas estímulos, que podem provir das mais diversas fontes: anúncios, impressos ou comentários de amigos. (KUAZAQUI, 2007). “Todo estímulo de caráter informativo está sujeito às atividades do processamento de informação, das quais o consumidor se utiliza para obter o significado dos estímulos. Este processo consiste em atender os estímulos disponíveis, deduzir seu significado e depois guardá-lo no que se conhece com o nome de memória de curto prazo, onde pode ser retido por um breve espaço de tempo, para que se concretize em um processamento subseqüente.” (KARSAKLIAN, 2000, p. 130). Na fase de avaliação de alternativas, a informação obtida é comparada com o processo de busca de outros produtos e marcas, com os critérios ou regras de julgamento que o consumidor tem desenvolvidas. No caso da comparação resultar em uma avaliação positiva, o consumidor seguramente terá a intenção de comprar a opção que receba a avaliação mais favorável. (SOUZA, 2007). 38 Um processo de compra normalmente vem depois de uma forte intenção de compra, sendo que este processo se constitui de uma série de opções, entre elas o tipo de loja e a marca ou serviço a ser utilizado. Depois, a compra dá origem a vários resultados. Um deles é a satisfação que produz a experiência de empregar a marca. A satisfação repercutirá na confiança do indivíduo para com a marca. (SOUZA, 2007). O resultado contrário seria a insatisfação e a dúvida depois da compra. Ambas podem gerar um desejo mais intenso de conseguir mais informação e influir no reconhecimento posterior de problemas. E por isso, é bem comum observar as experiências posteriores à compra em certo modo realimentando a etapa de reconhecimento de problemas. (KARSAKLIAN, 2000). O processo de compra é um conjunto de etapas por que passa o consumidor para adquirir algo. Suas etapas são, segundo Pilares (2000): • Necessidade sentida • Necessidade antes da compra • Decisão da compra • Sentimento depois da compra 4.2.2 Percepção da necessidade É quando o consumidor sente a necessidade de obter um bem para poder (provavelmente) satisfazer a necessidade que ele sente no momento ou para poder diminuir sua necessidade. (PILARES, 2000). 4.2.3 Necessidade antes da aquisição 39 É quando o consumidor faz pesquisas antes de comprar o produto, ou questiona às demais pessoas que já usaram o produto se o mesmo tem qualidade, se é bom, se voltariam a comprá-lo, e o compara com os demais produtos que já usou, para poder sentir-se seguro do produto que vai escolher. (PILARES, 2000). 4.2.4 Decisão É quando ele decide sobre o produto, se vai adquiri-lo, levando em conta variáveis como (PILARES, 2000): • Valor agregado • Preço unitário • Marca • Qualidade • Quantidade • Loja (se é de prestígio) • Vendedor 4.2.5 Sentimentos após a compra É quando o consumidor, por um lado, satisfaz sua necessidade, ou por outro lado fica insatisfeito, inseguro e tem um sentimento negativo em relação ao produto, porque não sente que escolheu o correto. (PILARES, 2000). 4.3 Satisfação 40 A construção de um relacionamento entre a empresa e os clientes é importante para que a empresa se mantenha numa posição competitiva em um mundo globalizado, em que os produtos e serviços são facilmente copiados e padronizados. Na construção de um relacionamento com seus clientes, a empresa precisa primeiramente estar aberta para ouvir os seus clientes, para, com isso, captar seus desejos e necessidades. Depois disso, todos os seus departamentos necessitam trabalhar em conjunto para produzir produtos e serviços que satisfaçam os anseios e superem as expectativas de seus clientes. O marketing de relacionamento é um processo contínuo de criação e compartilhamento de valores com os clientes. Os relacionamentos não começam nem terminam na vendas, mas interessam a toda a empresa e devem envolver todos os funcionários, que devem ser nutridos com valores fortes, resolutos e absolutos, para que cresçam ao se revestirem de confiança, consideração e atenção. É assim que os relacionamentos devem surgir (VIDOTTO; VEY, 2004). Desse modo, para que haja a construção de um relacionamento, é preciso a criação de um processo de produção e divulgação de valores da empresa com os clientes. Esse projeto deve considerar que o relacionamento não começa e nem termina no ato da venda; ao contrário, começa muito antes disso, na procura da organização pelos anseios de seus clientes, e, também, não termina na venda, pois a empresa, caso deseje transformar este relacionamento em algo duradouro, precisa oferecer uma assistência pós-venda, mantendo um diálogo com seus clientes. Assim, a organização como um todo tem que difundir seus valores e seu comprometimento com seus clientes, com uma divulgação que ocorre dentro da empresa, para os funcionários, e fora dela, para os clientes, pois só é possível construir um relacionamento e mantê-lo, com base na comunicação, na confiança, na consideração e na atenção em ambas as partes. Ainda vale mencionar que, por outra ótica, a empresa, por ser considerada o lado mais forte da relação comercial, segundo a lei, precisa ser a primeira a demonstrar 41 os valores que possui para conquistar e atender seus clientes. Segundo Costa et. al. (2004, p.4): “[...] o marketing baseado no relacionamento inclui que o primeiro contato com o cliente deve ser estabelecido de tal forma que o relacionamento venha a emergir; seguindo uma manutenção do relacionamento existente, de forma que o cliente esteja disposto a continuar a fazer negócios com a outra parte; e por fim, um realce do relacionamento existente, de forma que o cliente decida ampliá-lo, por exemplo, comprando maiores quantidades ou novos tipos de produtos do mesmo vendedor.” Na construção de um relacionamento, a empresa deve estabelecer formas diferenciadas para que o primeiro contato com o cliente seja bom, criando uma boa imagem dos produtos e serviços prestados pela empresa, e também para se criar uma lembrança satisfatória do ato da compra, para que o relacionamento possa perdurar. Depois de um primeiro contato positivo, e uma boa lembrança na mente do cliente, a empresa precisa se preocupar em manter o relacionamento, de maneira que o cliente queira continuar a comprar da organização, sentindo que a empresa o entende, e, com isso, consegue satisfazer os seus anseios. Após a consolidação do relacionamento, a empresa necessita estar em constante atenção com a relação iniciada, estimulando sempre o cliente a ampliar esse relacionamento, fazendo com que ele compre maiores volumes, ou até mesmo compre outros e novos produtos ou serviços da organização. Esse relacionamento proporciona à empresa uma sintonia com o mercado, observando sempre as mudanças e alterações que ocorrem nele, se tornando, assim, um bem valioso para ela. Dessa forma: “[...] os relacionamentos são os verdadeiros bens das empresas, não os produtos, máquinas e “know how”, embora tenham grande importância; isto porque os relacionamentos fornecem às empresas rendimentos de longo prazo e baixos riscos, bem como a oportunidade de aumentar tanto os rendimentos como o lucro, de diversas maneiras” (TOLEDO et. al., 2004, p. 3). 42 Os relacionamentos que uma empresa possui são fundamentais para que ela se mantenha no mercado, pois se possui bons relacionamentos, está em constante sintonia com o que está acontecendo com o mercado, conhecendo bem as mudanças comportamentais, tecnológicas e as mudanças que envolvem mais diretamente os desejos e as necessidades de seus clientes. O marketing de relacionamento requer interação em um relacionamento cliente/provedor, às vezes, também, em um relacionamento cliente/cliente, pode ser vivenciada face a face, mas também pode acontecer por meio da tecnologia da informação e/ou por outras tecnologias (GUMMESSON, 2005). A interação entre o cliente e o provedor é muito importante para a criação e consolidação do relacionamento entre eles, pois o relacionamento só se fortalecerá se ambas as partes se relacionarem harmoniosamente, e se os interesses de ambos forem supridos, no momento em que a empresa mostra uma verdadeira preocupação em satisfazer os anseios de seu cliente. Além disso, a empresa, ao suprir essas necessidades, proporciona ao cliente uma boa experiência, tanto no ato da compra quanto no ato do consumo. Com isso, os dois envolvidos na relação alcançam o que estavam almejando, pois a empresa, suprindo e satisfazendo seu cliente, consegue proporcionar uma boa experiência a ele, criando uma boa imagem da empresa, enquanto o cliente satisfeito tem maior chance de retornar a comprar na organização. Isso porque o cliente, percebendo o bom atendimento que a empresa oferece a ele, se sente satisfeito, com os serviços e com a atenção especial recebida no ato da compra e até mesmo após a ele. Segundo Vidotto e Vey (2004), para a construção de um relacionamento com o cliente, a empresa precisa identificar, diferenciar, interagir e personalizar seu atendimento. A identificação dos clientes serve para estabelecer uma relação entre a empresa e o cliente, procurando conhecê-lo individualmente, com o maior número de detalhes possível. Para a identificação dos clientes, é preciso existir uma fase de conscientização e exploração. A fase de conscientização é quando a parte A reconhece que a parte B representa um parceiro de troca viável (DWYER et. al., 2006). 43 A conscientização busca reconhecer parceiros de troca, em que uma empresa reconhece que um tipo de cliente é viável para um relacionamento; e em que o cliente pode reconhecer, em uma empresa, um parceiro para trocar seu dinheiro pela satisfação dos seus desejos e necessidades. Após o reconhecimento dos parceiros de troca, ocorre a fase de exploração, em que os potenciais parceiros de troca fazem uma avaliação das obrigações, benefícios, encargos e de uma possível troca (DWYER et. al., 2006). A fase de exploração ocorre quando um cliente responde a uma divulgação do estabelecimento, buscando testar e avaliar a empresa e as relações de trocas que a organização oferece. Esta fase pode ser breve ou pode se prolongar por um período maior de tempo. Na exploração, são testados diversos fatores, tais como a atração que a empresa pode exercer, além das recompensas que oferece aos seus parceiros de troca, tais como as crenças, os valores ou a personalidade, além dos recursos complementares, como dinheiro, informações, serviços, legitimidade e status (DWYER et. al., 2006). Após a identificação dos clientes, inicia-se a criação de um relacionamento, pois, com a identificação, ambos já se reconheceram como parceiros de troca, além de reconhecer que existem recompensas para os dois lados, agora parceiros. Costa et. al.(2004) considera que o estabelecimento do primeiro contato exige uma boa capacidade de comunicação, bem como uma boa e conhecida imagem atrelada à comunicação, o boca à boca, favorável ao estabelecimento do primeiro contato. Quanto à identificação dos clientes, o primeiro contato é fundamental, pois é nesse momento que a empresa precisa captar o maior número de informações possível para poder conhecê-lo melhor. No primeiro contato, a empresa também precisa de uma boa capacidade de comunicação, para absorver as informações importantes do cliente e oferecer, ao mesmo tempo, informações sobre a organização e seus produtos ou serviços. 44 A comunicação na identificação dos clientes também é importante, pois é na comunicação às vezes, boca à boca, outras vezes, via tecnologia de informação, que tem-se o momento crucial para à captação de informações relevantes para a construção do relacionamento da empresa com o cliente, além de ser a oportunidade da empresa para oferecer informações sobre seus produtos ou serviços. Outro estágio na criação de um relacionamento é a diferenciação dos clientes, visando perceber a diferença do nível de valor para a empresa e pela necessidade que cada cliente tem de seus produtos ou serviços (VIDOTTO; VEY, 2004). Na construção do relacionamento, a empresa precisa diferenciar seus clientes, compreendendo qual o valor de seus produtos ou serviços para o cliente, bem como a necessidade e periodicidade que o cliente compra, pois, para cada ramo de atividade, e para cada cliente, haverá uma variação na compra (mais freqüente ou menos freqüente). Certas relações são ativas, de uma maneira freqüente e regular, como ir e voltar do trabalho ou efetuar transações bancárias [...] Outros relacionamentos são raros, como marcar um horário com uma funerária ou um agente do Estado, mas a lealdade a um provedor específico ainda pode ser forte (GUMMESSON, 2005, p. 41). A necessidade e a freqüência é um fator de diferenciação entre os clientes para a empresa, mas que não influencia precisamente na questão da lealdade de um cliente. Esta diferenciação, no entanto, é utilizada para se saber qual cliente terá um relacionamento mais intenso (o que compra com freqüência) e qual terá um relacionamento menos intenso (o que compra esporadicamente). Conhecendo-se essa diferenciação, a organização busca se relacionar com seus clientes, não somente na procura de maneiras mais baratas e automatizadas de contato, mas também na produção e manutenção de informações que posam ajudar 45 nas relações, dando importância às necessidades dos clientes e identificando como elas mudam (VIDOTTO; VEY, 2004). O marketing interno pode se tornar uma vantagem crucial em marketing de relacionamento, uma vez que, colocado em prática, a empresa passa a se apropriar das ferramentas de marketing, visando sensibilizar seus colaboradores a desempenhar suas tarefas, vislumbrando o relacionamento em longo prazo com sua cadeia e rede de valor (COSTA et. al., 2004, p. 5). Para que a interação com os clientes ocorra sem problemas, a organização precisa, antes, motivar seus funcionários, tanto os que têm contato direto com os clientes quanto os que não têm, mostrando a importância dessa interação, e que é por meio dela que o relacionamento se manterá ou não. A interação ocorre diretamente entre o funcionário e o cliente, por isso, a empresa tem que estimular seu parceiro para que ele ofereça o melhor de si, proporcionando ao cliente uma interação gratificante, uma troca em que o valor seja percebido. Segundo Toledo et. al. (2004, p. 6), a manutenção e retenção dos clientes relacionam-se com a satisfação com o produto/serviço ou com seus atributos; a percepção de valor em relacionar-se com a empresa é o fator decisivo. Para isso, é essencial atender as necessidades, desejos e valores, pois constantemente a comunicação deve reforçar a percepção positiva, com mensagens certas, nos momentos certos e pela mídia certa. Quando a relação com o cliente ocorre de maneira positiva para os dois lados, surge, então, uma fase de expansão da relação. A expansão se dá quando o aumento contínuo dos benéficos, que são obtidos pelos parceiros de troca e com uma crescente interdependência, gera o aumento dos tipos de recompensas mútuas, ampliando, com isso, a profundidade da dependência entre os parceiros (DWYER et. al., 2006). Esta consolidação propicia uma personalização do atendimento, ou seja, a empresa, por meio das informações que o cliente ofereceu para ela, gera condições para o 46 fornecimento de, exatamente, aquilo que o cliente deseja, atendendo as expectativas de cada um deles, personalizando as ações e os serviços (VIDOTTO; VEY, 2004). A personalização do atendimento ocorre, pois, com a utilização das informações e aprendizados que o cliente passou para a empresa ao longo do processo de criação do relacionamento. Essas informações são a base de dados necessários para que a organização passe a oferecer, com exatidão, o que o cliente necessita e deseja, consolidando um compromisso entre as partes. O compromisso, por sua vez, se dá por uma declaração implícita ou explícita de continuidade da relação entre os parceiros de troca (DWYER et. al., 2006), e se funda quando a empresa começa a oferecer um atendimento personalizado a seu cliente, fazendo-o perceber que recebe um atendimento diferenciado, e nos modelos que ele deseja, reafirmando, assim, o relacionamento. O relacionamento entre os parceiros de troca é estruturado por meio de diálogos e comunicação, criando entre eles interações que geram compromissos, valores, confiança, cooperação. Além disso, os relacionamentos são dotados de dimensões de confiança, empatia, respeito, aceitação, aliança, colaboração e afeição. E o processo de trocas de valor agregado tem como objetivo obter laços sociais, econômicos, de serviços e técnicos, que prevalecem através do tempo, concedendo benefícios aos envolvidos na relação (COSTA et. al., 2004, p. 9). Os objetivos do relacionamento podem ser sociais, econômicos, e de assistência, porém, às vezes, um relacionamento pode começar como uma experiência, por exemplo, apenas econômica, e, com o passar do tempo e com as interações existentes, ela pode se expandir para uma relação de assistência, e, em alguns casos, até para uma relação social. O objetivo inicial da construção da relação, por mais que comece como limitada e especifica, pode levar os parceiros a novas formas de relacionamento, consolidando as trocas e a própria relação. 47 Com um relacionamento já consolidado, as partes envolvidas começam a buscar algo além do compromisso explícito ou implícito, e passam a almejar algo mais firme em seu relacionamento. Com isso, os parceiros de troca começam a angariar a fidelidade entre as partes, porque um relacionamento só é forte e estável quando existe fidelidade entre as partes. 48 V MARKETING DIGITAL E PUBLICIDADE NA MÍDIA ELETRÔNICA De acordo com Ohmae (2001), o mundo caminha para uma transformação profunda e revolucionária. Atualmente, as organizações e os indivíduos vivem em um continente invisível, um mundo virtual, não apenas físico. Ele separa este mundo invisível em quatro dimensões (a visível; a sem fronteiras; a cibernética e a dos altos múltiplos). A construção deste continente invisível teve início por volta de 1985. Particularmente, neste mesmo ano, a humanidade observou um conjunto de fatores que, diferentemente de outros momentos, se multiplicaram e iniciaram uma ruptura dos modelos negociais tradicionais e da política internacional. Podemos citar como alguns destes fatores (OHMAE, 2001): 1) O aparecimento do Windows 1.0 (Seatle); 2) O começo das transmissões do canal CNN (Atlanta); 3) O envio do primeiro computador Gateway 2000 para a fazenda de gado da família Waitt (Iowa); 4) O surgimento da empresa Cisco Systems, maior fabricante mundial de roteadores de redes para a Internet (Califórnia); 5) O avanço no mercado de empresas como Dell Computers, Sun Microsystems, Quantum Fund e Oracle. Friedman (2007), por outro lado, analisa o momento atual desenhando um formato novo para o mundo. Para ele, uma seqüência de eventos sucessivos deixou o mundo plano. O formato redondo da Terra, as distâncias, as fronteiras nacionais, as noções de dia e noite e os blocos (políticos e econômicos) não são mais uma realidade. Atualmente, todo e qualquer governo, organização e indivíduo pode ser avistado e acessado, o que alterou radicalmente o modo de se fazer negócios. 49 O mesmo autor destaca especificamente dez eventos como responsáveis por esta mudança: 1) A queda do muro de Berlim; 2) O início da compra e venda das ações da empresa Netscape, e outras empresas “ponto com”; 3) A disseminação do uso de software de fluxo de trabalho, que permite uma produção contínua ao redor do mundo; 4) A criação e desenvolvimento, sem fins lucrativos, de software livre (código aberto); 5) A terceirização; 6) A disseminação do offshoring; 7) A globalização das cadeias de suprimentos; 8) A globalização dos processos e serviços; 9) A transmissão de informação por empresas como o Google e a Yahoo!; e 10) Os processos que amplificam e dinamizam os recursos tecnológicos, conhecidos como “esteróides”. As mudanças também têm sido notadas na economia. Desde o momento em que a Revolução Industrial começou a se espalhar pela América, Ásia e Europa (1850) até início dos anos 90, o sucesso de uma empresa era atingido com o benefício da utilização máxima dos seus fatores produtivos, a chamada economia de escala. Todo o capital disponível da organização era dirigido para os fins mais rentáveis e produtivos. Segundo Ferreira, Reis e Pereira (2002, p.13), um grande número de empresas internacionais, conhecidas atualmente, foi estimulado ou modificado pela Revolução Industrial. Ela definiu um novo padrão de negócios, que influenciou a sociedade como um todo. Os anos 90 representaram um período muito curto, quando se tinha a sensação de que as principais questões geoeconômicas haviam sido resolvidas. O comunismo, por exemplo, fora renunciado como proposta de política econômica e de distribuição de renda; a cortina de ferro não mais existia, a globalização mercadológica avançava rapidamente; o continente invisível de Ohmae (2001) se materializava. A Índia, a China e os países do leste europeu abriam suas economias ao capital 50 externo, sinalizando a entrada ao mercado mundial de aproximadamente três bilhões de novos clientes em potencial. Segundo Hammer (2002, p.17), era uma época de prosperidade mercadológica: as organizações tradicionais atingiam recordes de vendas facilmente e, por conseguinte, obtinham lucro; as empresas emergentes estavam com capital elevado; o mercado de ações também trabalhava neste ritmo de otimismo do mercado. O final deste período foi marcado pela chegada da era da informação, que deixou grande parte dos fundamentos da concorrência industrial ultrapassada. Alguns destes fatores, como a disponibilização de equipamentos modernos – antes essencial – não garantiam mais a sobrevivência de uma empresa. 5.1 Definições O marketing digital pode ser entendido como uma associação entre marketing e tecnologias de informação e comunicação (TIC) - para o presente projeto, as TIC serão consideradas como a união da Internet, telefonia móvel e o tratamento automatizado de dados. (NÓBREGA, 2002). Segundo Vaz (2008), qualidades próprias das TIC conferem ao marketing digital determinadas características particulares: Graças ao tratamento de dados, é possível realizar de maneira automatizada estudos personalizados de um grande número de clientes, o que facilita uma segmentação com maior granularidade e, assim, um tratamento personalizado. Desta forma se chega ao máximo nível de segmentação: o pessoal. Este nível de segmentação é conhecido como marketing one-to-one, ou marketing um a um, e supõe um estudo detalhado das necessidades pessoais de indivíduos concretos. Como conseqüência de poder chegar a um público mais específico, favorece-se o desenvolvimento da especialização. 51 Dado ao caráter bidirecional das TIC, é possível receber um retorno do cliente; este feedback poderá ser armazenado e tratado adequadamente, servindo de ajuda à tomada de decisões empresariais. • A alta interatividade e acessibilidade que as TIC conferem, facilita também a tarefa de auto-segmentação do cliente, quem por si mesmo procura satisfazer suas necessidades, por exemplo, mediante buscas na web; isto significa também que toda a concorrência se encontra em um mesmo nível de acessibilidade (Internet), o que supõe muita agressividade competitiva e um alto grau de competitividade. • Os intermediários deverão oferecer um interessante valor adicionado, dado que as TIC facilitam que o produtor se comunique diretamente com o consumidor final. • A concepção do espaço geográfico evolui, dada a ampla difusão a baixo custo que as TIC proporcionam, ampliando o mercado, e, portanto, facilitando economias de escala às quais de outra forma não se chegaria. Segundo o mesmo autor, estas características básicas devem ser consideradas para decidir as estratégias de marketing digital a ser implementado. 52 CONCLUSÃO Observa-se que à medida que se estuda as características e a importância do marketing observa-se que é inevitável sua influência no dia a dia do consumidor. Portanto conclui-se que a abordagem desses conceitos se faz necessárias na medida em que as empresas buscam a manutenção e a competitividade no mercado. Em um mundo de constantes mudanças, em que o mercado fica cada vez mais competitivo, é quase que impossível para uma empresa permanecer competitiva se continuar fazendo as coisas da mesma forma por longos períodos de tempo, pois se ela fizer isso, será superada por seus concorrentes que estão em evolução constante. Nesse caso, a única saída que uma organização tem para se manter competitiva no mercado de hoje é melhorar, por meio do desenvolvimento de processos de melhoria contínua. Essa perspectiva está diretamente ligada ao desenvolvimento da propaganda como instrumento de orientação do consumidor no ato da compra, ou seja, a persuasão no sentido de influenciar o consumidor final, onde comprar. Nesse sentido que o comportamento do consumidor deve ser analisado, para que assim possa estabelecer estratégias que alcance esse consumidor final. Assim sendo, o comportamento do consumidor é um aspecto muito importante para estudantes de marketing e para toda empresa que deseja manter-se no mercado. O cliente é analisado e influenciado por diversos fatores, buscando sempre a melhor abordagem, estímulo de marketing, estratégia e desejo de fazer o cliente se sentir encantado. Neste contexto, a necessidade de estudar os conceitos e a evolução do marketing é de grande valia para chegarmos até o atual evolução na forma em que o mundo se 53 comunica, pois, foi necessário observar as novas tendências de atribuir o marketing nos novos mercados dos dias atuais, tal como a internet. Mas para isso o estudo das atividades, das tendência e o desenvolvimento de novas pesquisa de mercado que possibilita chegar ao desenvolvimento dessa nova perspectiva do marketig. Há, em conclusão, portanto hoje, essa idéia de se manter o cliente já conquistado, muitas empresas estão inserindo, em suas culturas organizacionais, o marketing de relacionamento, inclusive no que condiz ao comércio eletrônico, que busca criar uma forma fácil de acesso e relação entre a empresa e também da empresa com seus consumidores. Portanto a importância da evolução dessa nova perspectiva que é o Marketing Digital, está vinculada a interatividade propiciada pelo meio digital, numa potência sem precedentes na história das tecnologias da comunicação, é o motor do desenvolvimento da comunicação na rede e, por conseguinte, do Marketing Digital e da Publicidade na Mídia Eletrônica. Uma nova lógica começa a se estabelecer na comunicação entre as empresas e seus públicos de interesse, marcada pela abertura para o usuário, não mais como um receptor passivo, mas como um co-autor. E ao ocupar esse novo lugar, é legítimo esperar que o público se mobilize em função do que faz diferença para ele, pois a co-autoria também pressupõe identificação com a mensagem e os valores veiculados por uma marca. Nesse cenário, a perspectiva do marketing digital ganha força como alternativa para comunicação na Internet, pois estimula que o usuário compartilhe com seu conjunto de relações sociais pontos-de-vista que façam diferença para ele em meio ao turbilhão infinito de informações da rede. É possível imaginar cada usuário como um virtual líder de opinião com capacidade para repercutir em seu grupo assuntos que o mobilizem. 54 REFERENCIAS BLACKWELL, Roger D.; MINIARD, Paul W.; ENGEL, James F. Comportamento do consumidor. 9. ed. São Paulo: Editora Thomson, 2005. COSTA, B. K. et al. Marketing de relacionamento: uma estratégia para indústria hoteleira na captação e realização de eventos. VII SEMEAD, 2004. Disponível em http://www.ead.fea.usp.br/semead/7semead/paginas/artigos%20recebidos/marketi g/MKT49_-_mkt_relacionamento_industria_hoteleira.PDF. Acesso em 20 jun 2009. CHURCHILL, Gilbert A.; PETER J. Paul. Marketing: criando valores para os clientes. 2. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2005. 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