Relatório Trimestral

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RELATÓRIO DE GESTÃO
4º TRI/2015
Leia o Prospecto e o Regulamento antes de investir.
Perspectivas 2016
O ano de 2015 carregou muitas expectativas para a economia
brasileira, com a necessidade de reformas que estancassem os
problemas fiscais e criassem competitividade para o país. A
análise fundamentalista de variáveis macro e microeconômicas
não foi suficiente para justificar movimentos de mercado, e este
foi um ano em que nos vimos mais uma vez obrigados a lidar
com as imprevisibilidades do jogo político. As esperanças foram
logo potencializadas pelo anúncio de um ministro da Fazenda
com perfil técnico e ortodoxo: Joaquim Levy.
Porém, 2015 acabou sendo perdido, sem evoluções concretas
nas reformas e medidas de ajuste fiscal, que continuam a
esbarrar em entraves políticos. A figura técnica na Fazenda não
obteve conquistas, dada a má condução e falta de condições e
vontade política, e, por isso, foi substituída. Além da forte
retração da economia e da alta inflação, ficaram minadas as
esperanças nas reformas.
Nesse cenário, restaram o câmbio e a taxa de juros como
variáveis de ajuste econômico. A desvalorização do real foi a
ferramenta
mais
exequível
para
recuperação
da
competitividade brasileira, sendo também consequência da
maior percepção de enfraquecimento da atividade e risco do
país. A política monetária contracionista permanece como
contraponto para o fiscal deteriorado.
Neste ano de 2016, os desafios perduram: o crescimento
econômico já está comprometido, com uma provável retração
próxima a 3,5% e a inflação flerta com novo estouro do teto dos
6,5% anuais da meta. O desentrave dos ajustes no Congresso
continua fundamental para a pavimentação de um caminho
visando a recuperação nos próximos anos.
O cenário externo apresenta, por sua vez, novos riscos às
dificuldades internas: a desaceleração chinesa afeta
diretamente o crescimento nacional, por representar 20% da
balança comercial brasileira e também por colocar sob pressão
os preços das commodities, principais itens na nossa pauta de
exportação. Isto ocorre porque a economia chinesa passa por
um processo de transformação econômica, aumentando a
importância do consumo interno, em detrimento do
investimento. A consequência é a geração de uma menor
demanda por matérias-primas no mercado global. A queda da
demanda coincide com um momento de agressividade dos
principais produtores de mercadorias, como petróleo e minério
de ferro, no intuito de ganho de market share. Em paralelo,
tivemos a realocação de investimentos diretos chineses para
outras regiões do mundo, como a África. Estes fatos,
associados a uma maior aversão ao risco no mercado acionário
local, contribuem para o processo de desvalorização do yuan.
Nos Estados Unidos, os indicadores econômicos e de mercado
de trabalho forneceram suporte para o início do aumento da
taxa de juros. O dólar se valorizou não somente frente ao real
e ao yuan, mas às principais divisas globais. Novos movimentos
desta moeda dependem da percepção do ritmo de novas
elevações da taxa de juros pelo FED, o que atualmente tende
a ser bastante suave e dependente dos dados de inflação.
Tanto novas desvalorizações do yuan quanto uma aceleração
no ritmo de elevação da taxa de juros norte-americana
pressionam a desvalorização do real em 2016, realimentando o
fluxo inflacionário e novos aumentos na taxa de juros. Para
interromper este ciclo negativo, é necessário um choque na
percepção do mercado. Isto pode se dar por uma mudança na
postura do Congresso ou até mesmo pela substituição do
Governo, que poderia ocorrer nas eleições de 2018. Porém, tal
qual acontecido na Argentina em 2013, as eleições regionais de
outubro podem refletir esta possibilidade e proporcionar um
maior animo no mercado nacional. Neste caso, teríamos um
descolamento do mercado financeiro da economia real.
Recapitulando um pouco o tema de nosso Relatório de Gestão
anterior, onde abordamos conceitos filosóficos importantes tais
como a distinção entre Valor e Preço, usando como exemplos
inclusive algumas citações de Howard Marks (gestor sócio da
Oaktree Capital Management, USA, autor de The Most
Important Thing), acreditamos que existem assimetrias de
informação no mercado e que sempre haverá oportunidades a
serem capturadas. Neste sentido, a nós gestores importa,
sobretudo, manter a carteira de nossos fundos com a qualidade
necessária para suportar períodos bons, médios e ruins.
Estamos atravessando ajustes macro relevantes, e assim como
em outras crises, a capacidade do mercado para atuação ou
previsão é normalmente reduzida. Diante disso, o mais
assertivo é agir com disciplina e senso de oportunidade,
promovendo alterações da carteira que se traduzam em boas
vendas e boas compras para o portfólio, muitas vezes em
direção contrária ao senso comum, buscando ativos de
qualidade a preços bem menores do que o razoável em relação
aos seus valores.
Tudo indica que 2016 será mais um ano de forte contração, com
aumento do desemprego e continuidade da inflação alta.
Ademais, antevemos dificuldades para a viabilização das
necessárias reformas: i) as eleições municipais, ii) crise da
Lava-Jato agora acirrada por citações envolvendo políticos e iii)
a judicialização da discussão política acerca do impeachment.
No entanto, talvez vejamos a própria crise ajudando a destravar
a política, quando então o novo ambiente parlamentar poderá
se tornar mais favorável à votação de medidas essenciais para
a retomada de nossa economia.
Mesmo considerado o conturbado ambiente macroeconômico e
político atual, a realidade evidente é de que no mercado, sob a
ótica de preços, há ótimas oportunidades para ajustes de
carteira que combinam qualidade e potencial de retorno.
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