Integrais Múltiplos Matemática Aplicada Artur Miguel Cruz Escola Superior de Tecnologia Instituto Politécnico de Setúbal 2014/2015 1 1 versão 10 de Outubro de 2015 Integrais Duplos No cálculo integral a uma variável, o integral definido Z b f (x) dx a para uma função f : D ⊆ R → R não negativa é a área sob a curva y = f (x) desde x = a até x = b. O integral definido pode ser estendido a funções com mais de uma variável. O integral duplo representa-se por Z Z f (x, y) dxdy D onde D é a região de integração no plano xOy. Para uma função f : D ⊆ R2 → R não negativa, o integral duplo é o volume sob a superfı́cie z = f (x, y) na região D. Uma região D ⊆ R2 diz-se decomponı́vel numa malha rectangular constituı́da por n rectângulos Di (i = 1, . . . , n) se a união desses rectângulos é igual a D e a intersecção dos conjuntos dos pontos interiores de Di dois a dois, é vazia. Seja Ai a área do rectângulo Di . 2 Definição. Seja f : D ⊆ R2 → R uma função limitada e definida num conjunto compacto (fechado e limitado) D ⊆ R2 . Diz-se que f é integrável à Riemann em D se o limite n X f (xi , yi ) Ai lim n→+∞ max Ai →0 i=1 existe e não depende da decomposição de D nem da escolha dos pontos arbitrários (xi , yi ) ∈ Di ∩ D. O respectivo integral é o número real Z Z f (x, y) dxdy = D lim n X n→+∞ max Ai →0 i=1 f (xi , yi ) Ai e a função f diz-se integrável (à Riemann) na região D. Teorema. Seja D ⊆ R2 um conjunto compacto e f : D ⊆ R2 → R uma função contı́nua. Então, f é integrável em D. Integrais iterados Ao supor-se que f é contı́nua e não negativa numa região rectangular D, o integral duplo Z Z f (x, y) dxdy D representa o volume sob a superfı́cie. Este volume pode ser calculado se se fatiar a região como mostra a seguinte figura Em limite, o volume será o produto da área seccionada 3 pela espessura da fatia dx. A área desta fatia é dada por Z d C (x) = f (x, y) dy c (note-se que x é constante) e o volume é dado por Z b Z b Z d V = C (x) dx = f (x, y) dy dx. a a c Este é um exemplo de um integral iterado e que se calcula integrando primeiro a y e depois a x. Para o cálculo de alguns integrais duplos pode-se usar os integrais iterados e para isso define-se dois tipos de regiões elementares. Região do tipo 1: Se a região de integração é da forma D = (x, y) ∈ R2 : a 6 x 6 b ∧ ϕ1 (x) 6 y 6 ϕ2 (x) onde a, b ∈ R e as funções ϕ1 e ϕ2 são contı́nuas em [a, b]. Na região do tipo 1, o integral duplo é dado por Z Z f (x, y) dxdy = D Z b a Z ! ϕ2 (x) f (x, y) dy dx ϕ1 (x) Região do tipo 2: Se a região de integração é da forma D = (x, y) ∈ R2 : c 6 y 6 d ∧ ψ1 (y) 6 x 6 ψ2 (y) onde c, d ∈ R e as funções ψ1 e ψ2 são contı́nuas em [c, d]. Na região do tipo 2, o integral duplo é dado por Z Z D f (x, y) dxdy = Z d c 4 Z ψ2 (y) ! f (x, y) dx dy ψ1 (y) Exemplo. Calcule o integral duplo Z Z (x + y) dxdy D onde D é a região do 1o quadrante limitada pelas curvas de equações y = x2 e y = x. Solução 1: A função f (x, y) = x + y é contı́nua logo é integrável em D (conjunto compacto). A região é do tipo 1. Solução 2: A função f (x, y) = x + y é contı́nua logo é integrável em D (conjunto compacto). A região é do tipo 2. Logo Logo Z Z = Z 1 = 1 0 = (x + y) dxdy = ZD x = (x + y) dydx 3 . 20 x4 3 2 x − x3 − 2 2 Z dx = = 5 1 (x + y) dxdy = D Z √ y (x + y) dxdy Z 1 3 2 y 3 + y 2 − y dy 2 2 0 3 . 20 0 x2 0 Z Z Z y Propriedades do integral duplo O integral duplo verifica as seguintes propriedades. Teorema (Linearidade). Sejam f : D ⊆ R2 → R, g : D ⊆ R2 → R funções integráveis em D e k ∈ R. Então, Z Z Z Z Z Z 1. [f (x, y) + g (x, y)] dxdy = f (x, y) dxdy + g (x, y) dxdy. D 2. Z Z D kf (x, y) dxdy = k D Z Z D f (x, y) dxdy. D Teorema (Aditividade). Seja f : D ⊆ R2 → R uma função integrável em D e sejam D1 e D2 dois subconjuntos de D sem pontos interiores comuns e tais que D = D1 ∪ D2 . Se f é integrável em D1 e em D2 , então Z Z Z Z Z Z f (x, y) dxdy + f (x, y) dxdy = D f (x, y) dxdy. D2 D1 Teorema (Positividade). Sejam f : D ⊆ R2 → R, g : D ⊆ R2 → R funções integráveis em D. 1. Se f (x, y) > g (x, y) , para todo o (x, y) ∈ D, então Z Z Z Z f (x, y) dxdy > g (x, y) dxdy. D D 2. Se f (x, y) > 0 , para todo o (x, y) ∈ D, então Z Z f (x, y) dxdy > 0. D O Teorema de Fubinni diz-nos em que condições o integral duplo pode ser obtido através dos integrais iterados. Teorema (Teorema de Fubinni). Seja D ⊆ R2 uma região que é simultaneamente do tipo 1 e do tipo 2. Se f : D ⊆ R2 → R uma função integrável em D, então Z Z Z b Z ϕ2 (x) Z d Z ψ2 (y) f (x, y) dxdy = f (x, y) dydx = f (x, y) dxdy. D a ϕ1 (x) c ψ1 (y) Uma região diz-se elementar se for do tipo 1 ou do tipo 2. Teorema (Teorema da média). Seja f : D ⊆ R2 → R uma função contı́nua numa região elementar D. Então, existe um ponto (x̄, ȳ) ∈ D tal que Z Z Z Z f (x, y) dxdy = f (x̄, ȳ) dxdy = f (x̄, ȳ) × Área de D. D D Teorema (Teorema da média ponderada). Sejam f : D ⊆ R2 → R e g : D ⊆ R2 → R funções contı́nuas numa região elementar D e seja g uma função não negativa. Então, existe um ponto (x̄, ȳ) ∈ D tal que Z Z Z Z f (x, y) g (x, y) dxdy = f (x̄, ȳ) g (x, y) dxdy. D D 6 Aplicações dos integrais duplos Cálculo de áreas de regiões do plano Seja D a região do plano do tipo 1 definida pelas condições a 6 x 6 b ∧ ϕ1 (x) 6 y 6 ϕ2 (x) . A função f (x, y) = 1 para todo o (x, y) ∈ D é integrável em D e tem-se Z Z 1 dxdy = D Z bZ 1 dydx ϕ1 (x) a = ϕ2 (x) b Z a [ϕ2 (x) − ϕ1 (x)] dx = Área de D. Este raciocı́nio é igualmente válido para regiões do tipo 2. Em resumo: Seja f : D ⊂ R2 → R definida por f (x, y) = 1. Então, a área da região D é dada por Z Z Área de D = 1 dxdy. D Exemplo. Seja S a região do plano limitada pelas curvas de equação y = ex , y = ln x, x = 1 e x = e. Então, Área de S = = Z eZ Z1 e 1 ex 1dydx ln x (ex − ln x) dx = ee − e − 1. 7 Cálculo do volume de um sólido O volume de um sólido, limitado por uma superfı́cie z = f (x, y) (onde f é uma função contı́nua e não negativa definida num conjunto compacto D), por uma região D do plano e uma superfı́cie cilı́ndrica de geratriz paralela ao eixo Oz e cuja directriz é a fronteira de D, é dado por Z Z Volume do sólido = f (x, y) dxdy. D Seja f : D ⊆ R2 → R uma função contı́nua e D um conjunto compacto. Se um sólido é limitado superiormente pela superfı́cie z = ϕ2 (x, y) > 0 e inferiormente pela superfı́cie z = ϕ1 (x, y) > 0 em que (x, y) ∈ D, então o volume do sólido é dado por Z Z Volume do sólido = [ϕ2 (x, y) − ϕ1 (x, y)] dxdy. D Exemplo. Calcule-se o volume do sólido limitado pelas superfı́cies x = 0, y = 0, x + y + z = 2 e z = 1. A projecção do sólido no plano z = 1 define a região D limitada pelas rectas x = 0, y = 0 e x + y = 1. Tem-se que Z Z Volume do sólido = [(2 − x − y) − 1] dxdy D Z 1 Z 1−x = (1 − x − y) dydx 0 1 = . 6 8 0 Massa, centro de massa e momentos Seja T uma lâmina com a forma de uma região D do plano e seja ρ : D ⊆ R2 → R a massa especı́fica (função que associa a cada ponto a respectiva massa por unidade de área). A massa total de T é dada por Z Z M= ρ (x, y) dxdy. D e as coordenadas (x̄, ȳ) do centro de massa da lâmina T são dadas por RR Z Z xρ (x, y) dxdy 1 D R R x̄ = xρ (x, y) dxdy = M ρ (x, y) dxdy D D RR Z Z yρ (x, y) dxdy 1 D ȳ = R R yρ (x, y) dxdy. = M ρ (x, y) dxdy D D Se a lâmina tem massa especı́fica constante, as coordenadas do centro de massa coincidem com as coordenadas do centro geométrico (ou centróide) de T e são dadas por RR RR xdxdy xdxdy D D x̄ = R R = dxdy Área de D D RR RR ydxdy ydxdy D ȳ = R RD . = dxdy Área de D D Seja L uma linha recta e seja d : D ⊆ R2 → R a distância do ponto (x, y) ∈ D à recta L. O momento de inércia do conjunto D relativo à recta L, que se representa por IL , é o seguinte integral Z Z IL = d2 (x, y) ρ (x, y) dxdy D em que g é a massa especı́fica. Em particular, os momentos de inércia em relação aos eixos coordenados são Z Z IX = y 2 ρ (x, y) dxdy D e IY = Z Z x2 ρ (x, y) dxdy. D 9 Mudança de variáveis em integrais duplos O objectivo da mudança de variáveis é simplificar o cálculo do integral duplo. Definição. Seja D ⊆ R2 um conjunto aberto. A função ϕ : D → R2 diz-se uma mudança de variáveis, se verificar as seguintes condições: 1. ϕ é de classe C 1 ; 2. ϕ é injectiva; 3. O jacobiano de ϕ é não nulo, ou seja, |Jϕ (x, y)| = 6 0, ∀ (x, y) ∈ D. Teorema (Teorema de mudança de variáveis). Seja D ⊆ R2 um conjunto aberto e limitado e seja ϕ : T → R2 uma mudança de variáveis tal que T = ϕ (D) e f : D → R uma função integrável. Então, Z Z Z Z f (x, y) dxdy = f [ϕ (u, v)] |det Jϕ (u, v)| dudv. D T O cálculo do integral duplo Z Z D (y − x) dxdy 7 1 onde D é a região do plano xOy limitada pelas rectas y = x+1, y = x−3, y = − x+ 3 3 1 e y = − x+5 3 é dado por Z Z Z (y − x) dxdy = D 3 Z 1 + Z 3 = −8 x+1 − 31 x+ 37 4 Z (y − x) dydx + − 13 x+5 − 13 x+ 73 (y − x) dydx + 10 Z 6 4 Z − 31 x+5 x−3 (y − x) dydx e o seu cálculo é trabalhoso. Se se fizer a mudança de variáveis u=y−x v = y + 13 x as rectas y = x + 1, y = x − 3 transformam-se respectivamente em u = 1 e u = −3 e 1 7 1 7 as rectas y = − x + e y = − x + 5, nas rectas v = e v = 5. Geometricamente a 3 3 3 3 nova região de integração é Ao resolver o sistema de equações em ordem a x e y, obtém-se x = − 34 u + 34 v y = 41 u + 43 v e conclui-se que a mudança de variável ϕ é injectiva e invertı́vel. O Jacobiano da transformação é dado por ∂x ∂x ∂v J = ∂u ∂y ∂y ∂u3 ∂v3 − = 14 34 4 4 9 3 = − − 16 16 3 = − 4 e o integral pedido pode ser calculado da seguinte maneira: Z Z Z Z 3 1 3 3 3 (y − x) dxdy = u + v − − u + v − dudv 4 4 4 4 4 D T Z 5Z 1 3 u dudv = 4 73 −3 = −8. 11 Coordenadas Polares As coordenadas polares (r, θ) de um ponto do plano xOy são definidas por x = r cos θ y = r sin θ Estas coordenadas podem ser obtidas em função da distância r do ponto P à origem do referencial e do ângulo θ que o vector posição do ponto faz com o semieixo positivo dos xx. As coordenadas polares e as cartesianas verificam as seguintes relações: ( r2 = x2 + y 2 x = r cos θ y e tan θ = , se x 6= 0. y = r sin θ x exemplo, o ponto Q de coordenadas cartesianas (1, 1) tem por coordenadas polares √ Por π 2, . 4 Note-se que se escolhe r não negativo e θ ∈ [0, 2π[. Seja D = {(r, θ) ∈ R2 : r > 0 ∧ 0 6 θ < 2π} e seja ϕ : D → R2 a função definida por ϕ (r, θ) = (r cos θ, r sin θ) = (x, y). Então, ϕ é de classe C 1 em R2 , invertı́vel e , além disso, ∂x ∂x ∂r ∂θ det Jϕ = ∂y ∂y ∂r ∂θ cos θ −r sin θ = sin θ r cos θ = r. Em D, a função ϕ é uma mudança de variáveis. 12 Exemplo. A região do plano definida por (x, y) ∈ R2 : x2 + y 2 6 1 é definida em coordenadas polares por {(r, θ) : 0 6 r 6 1 ∧ 0 6 θ < 2π} Exemplo. O volume de uma esfera de raio 1 pode ser obtido por Z Z p 1 − x2 − y 2dxdy V =2 S onde S é o cı́rculo definido pela equação x2 + y 2 6 1. Para calcular o integral duplo faz-se uma mudança de variáveis para coordenadas polares Z 2π Z 1 √ V = 2 1 − r 2 × r drdθ 0 0 4 π. = 3 13 Integrais triplos Uma região D ⊆ R3 diz-se decomponı́vel numa malha constituı́da por n paralelipı́pedos Di (i = 1, . . . , n) se a união desses paralelipı́pedos é igual a D e a intersecção dos conjuntos dos pontos interiores de Di dois a dois, é vazia. Seja Vi o volume do paralelipı́pedo Di . Definição. Seja f : D ⊆ R3 → R uma função limitada e definida num intervalo compacto (fechado e limitado) D ⊆ R3 . Diz-se que f é integrável à Riemann em D se o limite n X f (xi , yi , zi ) Vi lim n→+∞ max Vi →0 i=1 existe e não depende da decomposição de D nem da escolha dos pontos arbitrários (xi , yi , zi ). O respectivo integral é o número real Z Z Z f (x, y, z) dxdydz = D lim n X n→+∞ max Vi →0 i=1 f (xi , yi , zi ) Vi e a função f diz-se integrável (à Riemann) na região D. As propriedades do integral triplo são semelhantes às do integral duplo. Por exemplo, seja D o subconjunto de R3 caracterizado pelas condições g1 (x, y) 6 z 6 g2 (x, y) f1 (x) 6 y 6 f2 (x) a 6 x 6 b, então o integral triplo pode ser calculado por meio de sucessivos integrais ! ! Z Z Z Z Z Z b f2 (x) g2 (x,y) f (x, y, z) dxdydz = D f (x, y, z) dz dy dx. a f1 (x) g1 (x,y) No integral triplo se a função integranda é constante e igual a 1, então o integral triplo Z Z Z Volume da região D = 1dxdydz D dá-nos o volume da região de integração. 14 Exemplo. Calcule-se o volume do sólido no 1o octante limitado pelo plano de equação y + z = 4, pela equação y = x2 e pelos planos coordenados. V = = Z Z Z Z 0 D 2 Z 4 128 = . 15 x2 1dxdydz Z 4−y 1dz dy dx 0 Mudança de variáveis em integrais triplos O Teorema de mudanças de variáveis em integrais duplos é naturalmente generalizado a integrais triplos. Em seguida apresentar-se-ão algumas mudanças de variáveis. Coordenadas cilı́ndricas Considere-se a função ϕ̄ : R+ × [0, 2π[ × R → R3 definida por x = r cos θ y = r sin θ z = z. As coordenadas cilı́ndricas substituem x e y pelas suas coordenas polares e mantêm a coordenada z. O Jacobiano desta transformação é cos θ −r sin θ 0 det Jϕ̄ = sin θ r cos θ 0 = r. 0 0 1 15 Exemplo. Calcule-se o integral triplo Z Z Z zx 2 +y 2 dxdydz V em que V é o sólido limitado pelo cilindro x2 + y 2 = 4 e pelos planos z = 0 e z = 1. Ao recorrer-se às coordenadas cilı́ndricas, tem-se que Z Z Z Z 2 Z 1 Z 2π 2 x2 +y 2 z dxdydz = z r r dθdzdr 0 V 0 0 = π ln 5. Coordenadas esféricas Considere-se a função ϕ̄ : R+ × [0, 2π[ × ]0, π[ → R3 definida por x = r cos θ sin ϕ y = r sin θ sin ϕ z = r cos ϕ O Jacobiano das coordenadas esféricas é cos θ sin ϕ −r sin θ sin ϕ r cos θ cos ϕ det Jϕ̄ = sin θ sin ϕ r cos θ sin ϕ r sin θ cos ϕ cos ϕ 0 −r sin ϕ = −r 2 sin ϕ. Exemplo. Calcule-se a massa da coroa esférica situada entre as esferas de centro na origem e raios 1 e 2 e em que a massa especı́fica é directamente proporcional ao quadrado da distância desse ponto à origem, ou seja µ (x, y, z) = k x2 + y 2 + z 2 , com k ∈ R. A massa da coroa é dada por Z Z Z M= µ (x, y, z) dxdydz C onde C é a coroa esférica. Como a região de integração é do tipo esférico a passagem a coordenadas esféricas irá simplificar substancialmente o cálculo integral. Como x2 + y 2 + z 2 = 1 ⇒ r = 1 e x2 + y 2 + z 2 = 4 ⇒ r = 2. Logo M = Z 2π 0 Z π 0 124 πk. = 5 Z 2 kr 2 r 2 sin ϕ drdϕdθ 1 16