Artigo Completo

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LINGUAGEM MATEMÁTICA NO CAMPO: (RE) conhecendo os saberes do pecuarista
Edna Silva Chaves1
Cristiane Pereira Santos da Cruz2
RESUMO
A presente pesquisa visa elucidar a aplicação da linguagem matemática no campo e os
saberes matemáticos dos pecuaristas do povoado Agrovila na cidade de Tobias Barreto.
A linguagem é um mecanismo pelo qual os indivíduos, inclusive os pecuaristas mostram e
cultivam os seus saberes, tornando-a indispensável em suas atividades cotidianas.
Procurando analisar essa linguagem matemática, construída e praticada no manejo de
suas atividades, busca-se explicar algumas bases teóricas que fundamentam a pesquisa.
Esta pesquisa caracteriza-se de campo e qualitativa e os resultados mostram que os
pecuaristas utilizam-se de instrumentos de medidas e pesagem, os quais são
indispensáveis para suas atividades. Por fim, o manejo dessas atividades revela que
esses saberes foram adquiridos cotidianamente.
Palavras-chaves: Etnomatemática. Linguagem Matemática. Saberes
RESUMEN
Esta investigación tiene como objetivo dilucidar el lenguaje matemático en el campo y el
conocimiento matemático de los agricultores de la ciudad pueblo agrovila de Tobías
Barreto. El lenguaje es un mecanismo por el cual los agricultores a cultivar y demostrar
sus conocimientos, por lo que es indispensable en sus actividades diarias. Buscando
analizar este lenguaje matemático, construido y se practica en la gestión de sus
actividades, trata de explicar algunos fundamentos teóricos que subyacen a la
investigación. El campo de investigación se caracteriza, como cualitativos, y los
resultados muestran que los agricultores hacen uso de las medidas y los instrumentos de
pesaje, que son indispensables para sus actividades. Por último, la gestión de estas
actividades revela que el conocimiento adquirido a diario.
Palabras clave: Etnomatemáticas. Las matemáticas del lenguaje. Conocimiento
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa traz uma abordagem a respeito da linguagem matemática no
campo, desenvolvido no Povoado Agrovila, município de Tobias Barreto/SE, durante o
1
Autora, Graduada em Licenciatura em Matemática-FJAV, [email protected]
Coautora, Especialista em Educação de Pessoas Jovens e Adultas, Licenciatura em Matemática,
Professora da FJAV, [email protected]
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período dos meses de Abril e Março, de 2012, busca compreender os mecanismos
matemáticos dos pecuaristas a fim de mostrar e reconhecer os seus saberes.
Diante disso, tem como objetivo principal analisar a linguagem matemática
presente nas práticas laborais dos pecuaristas apresenta como os objetivos específicos
analisar os mecanismos e as dificuldades da linguagem matemática no cotidiano do
pecuarista, verificar o entendimento do pecuarista com a matemática bancária através de
programas financeiros, descrever a presença da matemática e suas particularidades
linguísticas nas práticas de trabalho e de manejo com a natureza na comunidade
pesquisada.
Este trabalho trata-se de uma pesquisa no âmbito da Etnomatemática, que por sua
vez, vem sendo explorada no Brasil e no mundo. A pesquisa Etnomatemática tem por
intuito
buscar
o
conhecimento
matemático
de
determinados
grupos
culturais,
desempenhando estudos sobre a presença da matemática, distinguindo, buscando e
agregando a importância dela no cotidiano do ser humano. De acordo com D’Ambrosio
(2002, p.5), a Etnomatemática significa “a arte ou técnica de explicar, de conhecer, de
entender-nos diversos contextos culturais”. Nesse contexto a linguagem matemática tem
um papel importante na vida do pecuarista, bem como as suas práticas, pois a presença
da matemática é constante.
Essa linguagem é um saber aprendido nessas práticas que são transferidas de
geração a geração, as quais diferem do aprendizado na sala de aula. Por vivenciarmos
este tipo de experiência durante a vida acadêmica decidimos explorar, reconhecer e expor
os valores que o pecuarista tem ao usar esta linguagem no seu cotidiano. Esse
conhecimento matemático está sempre presente, mesmo, muitas vezes, os pecuaristas
não terem acesso à escola, devido à falta de acessibilidade, mas as práticas os tornam
verdadeiros aprendizes do seu próprio aprendizado por meio das suas atividades
cotidianas.
ASPECTOS HISTÓRICOS E GEOGRÁFICOS DO MUNICÍPIO DE TOBIAS BARRETO
Tobias Barreto é um município brasileiro do estado de Sergipe, localizado na região
centro-sul, com a sétima maior população do Estado de Sergipe em habitantes e a
quingentésima nonagésima quinta no Brasil.
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Segundo Barbosa (1976) Tobias Barreto surgiu no final do século XVI, em um sítio
de aproximadamente 40 tarefas, onde apareceu uma imagem de Nossa Senhora, local
que é hoje a sede do município. Em sua homenagem, os camponeses construíram uma
capelinha e fizeram residências em volta dela formando uma aldeia batizada de Paraíso.
Durante anos a cidade mudou de nomes varias vezes já foi conhecida como: Capela de
Nossa Senhora dos Campos do rio Trairipe; Campos do Rio Real e Campos.
Desde século XVIII, quando a cidade ainda denominava-se Campos, já era o
maior centro de exportação de couro e sola da Capitania de Sergipe. Segundo Barbosa,
(1976, p. 24) em 1808 a freguesia tinha uma população de 2618 habitantes, sendo 1000
brancos, 500 pretos e os demais mestiços. A criação de gado era a principal atividade
econômica. O movimento do comércio de gado na feira já era de 2000 cabeças de
animais sendo baixo o rendimento da agricultura
A agricultura era tão inexpressiva que os habitantes iam comprar farinha em
Estância. Ultimamente a agricultura encontra-se relativamente pouco desenvolvida,
ocupando uma pequena parte da PEA (População Economicamente Ativa). O municipio
tem produzido nos últimos anos: feijão, fava, milho, batata-doce, mandioca, maracujá e
melancia, além da produçao de tomate, pimentão e quiabo produzidos no Perímetro
Irrigado do Povoado Agrovila.
Atualmente a pecuária destaca-se como um dos maiores criadores de rebanho de
Sergipe, e consequentemente, é uma das fontes de renda mais expressivas. Todas as
segundas na feira da cidade são vendidas de 800 a 1000 cabeças, e por isso, a feira de
Tobias é considerada uma das maiores do Estado.
Além da criação de gado no município, sobressai a produção de leite e derivados,
principalmente no Perímetro Irrigado do Povoado Agrovila, onde está a maior
concentração de produção de leite da região. Em 2011, foram produzidos 816 mil litros de
leite e 78 toneladas de queijo, o faturamento desses produtores rurais chegou a 1,3
milhões (COHIDRO, 2012).
Por ser a primeira atividade a ser desenvolvida no município, a pecuária é
abrangente nos 38 povoados. Além dessa abrangência, existe uma pecuária diferenciada
e no povoado escolhido, é a única pecuária distinguida, porque é uma região rica em
recursos hídricos e investimentos governamentais por meio de projetos. Um novo projeto
investido é o Balde Cheio, criado pela COHIDRO, com a finalidade de melhorar cada vez
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mais a produção de leite. Por meio desse manejo, conhecimento, os criadores utilizam à
matemática e a linguagem matemática presente em suas atividades cotidianas.
Vê-se que nessa atividade a linguagem matemática é importante na vida do
homem do campo, assim está pesquisa tem também como foco a valorização do saber
prático do pecuarista. Balisada nas teorias da etnomátemática torna-se importante por
possibilitar o reconhecimento destes saberes por parte da academia. No capítulo seguinte
tratamos um pouco mais sobre a relação existente entre a etnomatemática e a linguagem.
MATEMÁTICA COMO UMA LINGUAGEM: compreendendo sua importância no
cotidiano do homem do campo.
Quando se fala em Matemática é comum ouvirmos termos e expressões de que ela
é uma linguagem abstrata, de difícil compreensão e rigorosa. A matemática é uma área
do saber riquíssima, é natural que seja dita em inúmeros enfoques.
Falar dessa matemática em ambientes culturais diversificados, sobretudo se
tratando de trabalhadores oprimidos e de classes marginalizadas é algo importante e
indispensável na construção do conhecimento desses seres.
A matemática é uma ciência importante e útil para todos em distintas áreas, tanto
no contexto escolar quanto no social. Está sempre presente na nossa vida de uma
maneira que não podemos nos distanciar dela, tornando-se dificílimo desassociá-la da
vida do homem, pois a cada momento vivenciamos em todos os nossos movimentos
cotidianos.
D’Ambrósio vê a matemática como:
[…] uma estratégia desenvolvida pela espécie humana ao longo da sua
história para explicar, para entender, para manejar e conviver com a
realidade sensível, perceptível e com o seu imaginário, naturalmente
dentro de um contexto natural e cultural. (D´AMBRÓSIO, 2010, p.7)
Vivemos num contexto social bastante diversificado de culturas e saberes
cotidiano. Este conhecimento não deve restringir a situações formais, mas também deve
considerar os saberes adquiridos em circunstâncias menos formais, especificamente em
determinadas profissões e culturas.
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D’Ambrosio (1993) defende a matemática como um fator de progresso social, como
fator de libertação individual e política, como instrumentos para a vida e para o trabalho. A
educação, nesse contexto, passa por um desafio, além de preparar o cidadão para
enfrentar os desafios que envolvam o saber institucionalizado, tem ainda que colaborar
para a formação integrada.
Este fator suscita uma reflexão, dada a importância dos saberes escolarizados para
as sociedades contemporâneas, como valorizar e reconhecer o saber matemático do
homem do campo, e ainda, devido à presença das pesquisas etnomatemáticas, houve
uma aproximação e\ou dos saberes não escolarizados.
Desse modo geral uma Etnomatemática cotidiana, ou seja, “é uma Etnomatemática
não aprendida nas escolas, mas no ambiente familiar, no ambiente dos brinquedos e do
trabalho, recebida de amigos e colegas” (D’AMBROSIO, 2002, p. 22).
O cotidiano nos forma a cada instante, através de nossas ações, linguagens
informal, mas de caráter experimental e indispensável nas práticas, nas experiências e
vivência numa cultura e aprendizado universal, envolvendo e transformando este universo
em pessoas enriquecidas de conhecimentos diários. Segundo D’Ambrosio (2002), o
cotidiano humano é constituído de saberes e fazeres próprios, e que por meio dele
constrói-se e agrega-se valores para uma cultura própria, ou seja, quando o homem
compara, classifica, quantifica, mede, explica, generaliza, inferi e, de algum modo, avalia,
está usando instrumentos materiais e intelectuais que são próprios à sua cultura que a
todo instante, o homem utiliza-se desses saberes.
De tal modo, a prática tem seus valores em cada atividade vivida pelos pecuaristas
e a linguagem utilizada por eles são fatores indispensáveis para o comportamento no
exercício de uma atividade consciente. Segundo Luria (1986), a consciência é o que
diferencia o homem do animal, sendo que dois fatores marcam a passagem da conduta
animal para a atividade consciente. A prática é uma atividade consciente, a qual se
origina o trabalho que provocam motivos sociais de comportamento conduzindo as ações
humanas, e a linguagem, que surgiu da necessidade de comunicação humana.
A linguagem é uma necessidade humana para nos comunicarmos, também é uma
organizada norma de signos atuante na cultura humana, através dela é aceitável formar o
pensamento e divulgar informações. Segundo Luria (1986, p.22), “(...) a linguagem
transformou-se em instrumento decisivo do conhecimento humano, graças ao qual o
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homem pode superar os limites da experiência sensorial, individualizar as características
dos fenômenos, formularem generalizações e categorias”.
Desse modo, a linguagem é um mecanismo pelo qual os pecuaristas mostram e
cultivam os seus saberes, tornando-a indispensável em suas atividades cotidianas. Dessa
forma, a linguagem não é simplesmente teórica ou prática, também é contextual e deve
ser
incluída
ao
desenvolvimento
como
amplitude
de
tradições
históricas
e
contemporâneas, de forma que possamos nos tornar conscientes dos princípios e práticas
sociais que lhe dão significado.
SABERES MATEMÁTICOS DO HOMEM DO CAMPO: um estudo etnomatemático do
pecuarista
O cotidiano é uma escola importante e indispensável do saber prático, quando
utilizamos a matemática em nossas atividades diárias, revela-se saberes e práticas
apreendidas fora do ambiente escolar. Assim, acontece com o homem do campo, suas
práticas diárias, o transforma em seres repletos de conhecimentos.
Para Charlot (2000, p.78) a relação com o saber é uma relação de um sujeito com
o mundo, com ele mesmo e com os outros. É relação com o mundo como conjunto de
significados, mas como espaço de atividade, e se inscreve no tempo. Essa relação com o
mundo é oferecido a ele, somente quando ele percebe a semelhança entre os dois,
através do sentimento e do desejo e também como diversos conjuntos de significado, ou
seja, universo simbólico que estabelece relações com outros seres.
Para Mendes (2009) vivemos em um mundo diversificado, de culturas, saberes,
práticas, linguagens, tudo isso forma o individuo bastante complexo e suas relações
tornam-se continuamente interculturais, ou seja, produzindo etnomatemáticas que
expressam essa complexidade cultural. A etnomatemática lança mão dos diversos meios
que as culturas se utilizam para encontrar explicações para a sua realidade e vencer as
dificuldades que possam surgir no seu dia-a-dia.
A Etnomatemática é uma área importante e seus estudos estão voltados para as
mais variadas culturas, originando preciosos conhecimentos e objetivando os saberes
matemáticos de uma determinada cultura e o aproveitamento dos saberes popular. Por
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isso deve-se respeitar e valorizar, especificamente o conhecimento profissional de
diferentes tipos de atividades.
Nestes variados tipos de atividades as quais milhares de pessoas trabalham e
através delas, o individuo captam um saber prático que, para a Etnomatemática, é
bastante adequado comparando a matemática escolar. Nesse significado,
Os processos de aprendizagem inserem-se inevitavelmente em
comunidades comunicativas e públicas em que os homens aprendem uns
dos outros e uns com os outros, da mesma maneira como os
conhecimentos por que se orientam especificam-se à medida que se
inserem em espaços públicos internos a cada diferençado campo de saber
(MARQUES, 1995. p. 29).
Esses processos de aprendizagem geram uma vinculação entre os saberes
matemáticos presentes nas atividades agrícolas e os saberes matemáticos escolares. Os
saberes matemáticos do pecuarista tornam-se videntes à medida que analisamos as
atividades exercidas por eles, pois através da produção do leite, verificamos a
empregabilidade de alguns termos e cálculos matemáticos que não são formalmente
adquiridos no ambiente escolar e sim na prática ou através de cursos oferecidos pela
COHIDRO em parceira com o SEBRAE.
A matemática está presente por toda parte, desde a estruturação do lote até a
venda, já os cálculos matemáticos estão na área do lote, gerando um estudo que
proporciona a quantidade de gado, ou seja, cálculos para controle da ração, instrumentos
de medidas, levantamento estatístico da produção do leite e a negociação da venda para
produção de derivados ao laticínio.
Esses cálculos são organizados da seguinte maneira: O controle da ração é feita
por meio de cálculos matemáticos, especificamente a adição, pois quanto mais a vaca
produz o leite, maior será a quantidade da ração; os instrumentos de medidas são
associados às unidades de medidas, feitos por meio de balde numerador e balança; o
levantamento estatístico é feito através de tabelas para o controle da produção do leite
fornecida pelo programa Balde Cheio3, e os cálculos utilizados nesse processo é a adição
e a multiplicação da referida produção; a negociação da venda para o laticínio se faz
3
Balde Cheio é um programa que contribui para o desenvolvimento da pecuária leiteira.
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através da matemática financeira, ou seja, por juros e lucros. Diante desses processos
com os cálculos matemáticos, a própria prática proporciona uma aprendizagem, pois
mesmo que não tenha frequentado à escola, o pecuarista lida com a matemática
diariamente e nela encontra subsidio para suas atividades, onde se torna produtor de uma
linguagem entendida e compreendida por todos, quanto a esse saber diário, Ascher
(1986) diz que “a etnomatemática é o estudo das ideias matemáticas dos povos não
alfabetizados ou iletrados”.
Desse modo diferencia a matemática aprendida no âmbito escolar com o saber fora
da escola, onde a Etnomatemática firma-se na integração do trabalho pedagógico com o
conhecimento historicamente produzido e sistematizado sendo aquele obtido pelo aluno
em situações que não envolvem atividades na escola.
Segundo Vygotsky (1989), o contexto escolar é espaço privilegiado para que se
faça a aproximação dos conceitos espontâneos - entendidos como os conceitos derivados
das ações empíricas, da prática cotidiana em situações não escolares - com os conceitos
científicos que são sistematizados em situações de aprendizagem no processo educativo.
A valorização do saber aprendido na prática é de suma importância para o
desenvolvimento de uma atividade econômica de um determinado contexto social. É
importante ressaltar que as pessoas escassas de escolaridade
pensam, verificam e
articulam informações matemáticas, que suprem suas dificuldades cotidianas.
Wenger (1998), afirma que, “os aprendizados como experiência através dos
processos de negociação e re-negociação e de significação e re-significação e as
modificações das competências, habilidades e saberes individuais que podem interferir no
exercício de pertencimento do indivíduo na comunidade”.
Desta forma a Etnomatemática passa ser considerada um instrumento de
socialização entre o cotidiano e a construção de um saber. E é por conta dessa
socialização que este campo de pesquisa tem sido bastante explorado.
CONSIDERAÇOES FINAIS
Sabe-se que a linguagem é um fator indispensável para o comportamento no
exercício de uma atividade consciente. De tal modo a linguagem é uma necessidade
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humana para nos comunicarmos, também é uma organizada norma de signos atuante na
cultura humana, através dela é aceitável formar o pensamento e divulgar informações.
Essa pesquisa buscou apurar a Linguagem Matemática e os saberes matemáticos
existente no manejo das atividades dos pecuaristas do povoado Agrovila na cidade de
Tobias Barreto. Ao analisar a Linguagem Matemática e os saberes matemáticos presente
nas práticas laborais dos pecuaristas foi possível fazer um comparativo diante das
necessidades presenciadas no decorrer de experiências em relação à Matemática e suas
particularidades sabem que a Linguagem Matemática tem um papel importante na vida do
pecuarista, desde minha infância, via meu pai vindo às feiras, ou seja, no manejo dessa
atividade, pois através dessa vivência, e por ser filha de um pecuarista, tornou-se um
motivo a mais na escolha dessa pesquisa e relacionando essa experiência na minha vida
acadêmica, escolhi aprofundar o tema.
Assim a Linguagem é um fator indispensável para cada ser humano em suas
necessidades diárias, está presente em tudo, seja no trabalho, na rua, em casa, a
comunicação é uma passagem extraordinária entre o conhecimento e a troca de
informações. Desse modo, a Linguagem se faz presente em todas as atividades dos
pecuaristas, por exemplo, em algumas situações diárias, eles criam Linguagens
Matemáticas essenciais, acessíveis e de fácil entendimento a todos aqueles que busquem
sanar suas necessidades, ressaltamos como um bom exemplo a Linguagem usada na
medição dos lotes, que eles utilizam a palavra “tarefa”, como unidade de medida padrão
para demarcação das áreas utilizadas, além dos cálculos mental, a prática na medição é
tão imensa que parecem com cálculos de matemática aplicada, é incrível e admirável o
saber de cada um.
É deste modo que a matemática está presente nas atividades realizadas pelos
pecuaristas, apesar de não utilizarem nenhum instrumento eletrônico para ajudá-los a
tecnologia chega a eles através do programa Balde Cheio que utiliza uma tabela com
ferramenta de auxilio nos cálculos, mas para obtenção de um bom resultado, os
pecuaristas precisa ter o controle da produção e do cálculo certo para preencher a tabela
corretamente. Embora não tenham totalmente o domínio da escrita e da leitura, eles não
têm dificuldades nos cálculos que se fazem presentes em seu dia-a-dia, seja no controle
da produção do leite, da ração, na pesagem, na venda e no lucro final.
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A Matemática ainda é considerada o “bicho papão”, pois para muitos é difícil de
aprender. Nas escolas, os docentes e discentes não incluem a Matemática ao seu
cotidiano e diante disso, forma-se essa visão de que a Matemática é difícil e
desnecessária na vida dos discentes, por isso, é comum ouvirmos a seguinte pergunta:
“para quer serve isso na minha vida”.
Deste modo compete ao professor implantar
metodologias inovadoras para diminuir o abandono à escola, dá sentido aos alunos para
aprenderem e gostarem de estudar Matemática. Nesta pesquisa foi constatado que
grande parte da população que fizeram parte desse estudo, disse que abandonaram os
estudos em função de problemas de acesso a escola e dificuldades no entendimento com
a disciplina de Matemática. Fato esse que poderia ser suprido com o comprometimento
do professor em levar para a sala de aula os saberes de seus alunos de forma a motiválos a desfazer a visão do “bicho-papão” da Matemática.
O comprometimento do professor com a construção da cidadania de seus alunos
exige uma prática educacional voltada na inclusão da realidade, do seu ambiente que a
escola está inserida e da vida no geral do seu alunato.
Dessa forma, compreendemos que a Matemática se faz presente nos lotes, ou
seja, na vida dos pecuaristas. Porque a matemática é importante e indispensável nas
necessidades diárias das nossas vidas, não importa qual o nosso nível de escolaridade e
a transmissão de saber nos diversos grupos sociais, como a exemplo dos pecuaristas
gera e produz conhecimento popular ressaltado e respeitado pela Etnomatemática .
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