Aminoácidos – nutrientes orgânicos Por: Engº João Caço Hubel Verde – Grupo Hubel [email protected] Função dos aminoácidos nas plantas Os aminoácidos são os constituintes básicos das proteínas, macromoléculas complexas que desempenham funções especificas nas plantas, principalmente a nível estrutural como componentes das paredes celulares. Os aminoácidos caracterizam­se por possuir um grupo amino (NH2) e um grupo ácido (COOH) unidos a um átomo de carbono. A este carbono também se ligam um hidrogénio e um radical que é diferente para cada tipo de aminoácido. COOH ! H – C – NH2 ! Radical Todos os aminoácidos à excepção da glicina podem ser encontrados na forma L (isómeros levógiros) ou D (isómeros dextrógiros), baseado na disposição do espaço dos grupos que são unidos ao carbono assimétrico. De acordo com o processo de obtenção dos aminoácidos, estes serão L­aminoácidos quando é realizada uma hidrólise enzimatica e uma mistura de L­aminoácidos e D­ aminoácidos quando é realizada uma hidrólise química. As plantas sintetizam e usam cerca de 300 aminoácidos diferentes, dos quais usam apenas 20 para a síntese de proteínas. Todos os aminoácidos que fazem parte das proteínas e têm a actividade no metabolismo das plantas são L­ aminoácidos. De entre estes há aminoácidos que são preponderantes na composição das proteínas vegetais como a metionina, lisina, glicina e ácido glutámico. Há também funções particulares nas plantas em que aminoácidos específicos estão presentes. A glicina está presente na formação da clorofila, o ácido glutamico é um aminoácido chave no crescimento e funcionamento dos meristemas, a prolina e hidroxiprolina são responsáveis pela fertilidade do pólen e consistência das paredes celulares, a alanina é importante nos processos fisiológicos em geral, a arginina pelo desenvolvimento radicular, a serina no balanço hídrico da planta e a fanilalanina na formação da lenhina. A aplicação de aminoácidos na produção vegetal Há cerca de 30 anos os aminoácidos começaram a ser usados na produção agrícola como alternativa, em determinadas situações, ao uso de fertilizantes químicos. Esta situação proporcionou uma fonte de azoto de baixo custo energético para as plantas e um importante recurso para o aumento das produções. Os aminoácidos são sintetizados pelas plantas para suprir as suas necessidades estruturais e também para outras finalidades como a síntese de vitaminas, de enzimas, de hormonas e de clorofila. As plantas conseguem absorver os aminoácidos tanto pelas folhas como pelas suas raízes. Esta capacidade permite­lhes tirar partido de aplicações foliares ou via rega que lhes propicia um desenvolvimento rápido e com menor consumo energético do que o necessário para o processo de síntese. Os efeitos mais espectaculares dos aminoácidos são obtidos quando a aplicação do produto ocorre em situações climatológicas adversas (seca, geadas, asfixia radicular, temperaturas nocturnas muito baixas e por períodos prolongados, etc...), ocorrência de fitotoxicidades diversas causadas por aplicações erróneas de fitossanitários e ainda em circunstâncias de ataques de pragas e doenças. Em situações de crescimento e produção as aplicações foliares são preferíveis pois proporcionam uma resposta mais rápida, com incorporação e translocação na planta de até 25% de produto aplicado, nas primeiras 24 horas. Nas fases de plantação é aconselhável a aplicação ao solo para favorecer o enraizamento. Os produtos disponíveis no mercado Os aminoácidos estão disponíveis no mercado na forma liquida e na forma de pó solúvel. No sentido de se avaliar a qualidade de um aminoácido devemos ter em conta a sua composição total em aminoácidos livres e destes a percentagem em (L) aminoácidos. É também importante a avaliação do aminograma onde venham expressas as percentagens relativas de cada aminoácido distinto. Os produtos para aplicação radicular admitem um valor mais elevado de péptidos e polipéptidos que venham posteriormente a sofrer hidrólises e libertem gradualmente os aminoácidos para as plantas. Nota final Em resumo os aminoácidos são produtos que proporcionam aumentos na qualidade e quantidade das produções agrícolas, contribuindo para um melhor poder germinativo do pólen, melhor e mais fácil vingamento dos frutos e ainda formação e fortalecimento do sistema radicular. Têm também capacidade para melhorar a absorção e a translocação dos microelementos minerais para além do efeito molhante e aderente que conferem às caldas dos tratamentos.