1 POSICIONAMENTO DA MARCA DE UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR-IES Alexandra Soares Santiago1 Taciana Riccio Franklin2 Izabella Bueno Fernandes Borges3 RESUMO Este artigo apresenta o estudo do posicionamento da marca de uma Instituição de Ensino Superior tradicional de Belo Horizonte. A competitividade entre as instituições de ensino superior está cada vez mais acirrada, o que torna relevante e até mesmo vital o posicionamento da marca para sobrevivência no cenário atual. O artigo buscou compreender e identificar a gestão do posicionamento da marca na visão estratégica de seus gestores e por meio de um diagnóstico, levantar e avaliar se há congruência quanto às características, atributos, benefícios, associações e distinções que são considerados para o posicionamento da marca pelos gestores e a percepção destes aspectos pelos alunos. Para alcançar o objetivo foram realizadas entrevistas com gestores e alunos da IES onde 38% dos fatores pesquisados apresentaram incongruência entre a visão da gestão e a percepção dos alunos. Um único fator apresentou 100% de congruência e os restantes dos fatores apresentaram congruência parcial. PALAVRAS-CHAVE: Posicionamento da Marca. Marketing Estratégico. Instituição de Ensino Superior. 1 INTRODUÇÃO Em muitos mercados, os dias de crescimento rápido pertencem ao passado e hoje o valor conseguido pelas marcas, em fusões e aquisições entre grandes grupos, são na realidade conquistas de posicionamentos orientados para as mentes de clientes com seus conjuntos de associações, qualidades e diferenças (KAPFERER, 2003). De acordo com Aaker (1996), a identidade da marca e seu posicionamento se bem trabalhados agregam uma série de vantagens à organização: (a) orientam e aperfeiçoam a estratégia de marca; (b) proporcionam opções de expansão da marca; (c) melhoram a memorização da marca; (d) geram uma vantagem competitiva; (e) ocupam uma posição sólida contra a concorrência, entre outras. 1 Graduanda em Administração de Empresas pelo Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH – Email: [email protected] 2 Graduanda em Administração de Empresas pelo Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH – Email: [email protected] 3 Professora Orientadora. Mestre em Administração. Email: [email protected] 2 A implementação eficaz do conceito de marketing através de estratégias de posicionamento da marca busca reunir clientes e concorrência, sendo este um problema que atinge percepções, crenças e atitudes em relação aos clientes, relacionadas ao entendimento de como as pessoas percebem os mercados (HOOLEY; SAUNDERS, 1996). Segundo Kotler (2000), o marketing estratégico moderno tem como ponto central a segmentação, o alvo e o posicionamento. Neste contexto, para se alcançar os objetivos organizacionais as empresas necessitam se flexibilizar, formulando estratégias a fim de atrair clientes e conquistar novos mercados e para tanto as estratégias de marca se tornam fator fundamental nesta conquista, pois uma marca forte tem o poder de atrair e reter clientes. Para Kotler (2000), enquanto a marca atuar de forma eficiente e equilibrada, é capaz de criar uma relação de confiança que permita a indicação do serviço a pessoas do grupo de relacionamento do cliente o que é imprescindível para a sobrevida das organizações. De acordo com Martins (2006), uma boa marca tem capacidade de atrair e reter os consumidores durante o período que a empresa atuar de forma eficiente e equilibrada. A marca também pode fazer com que os clientes que já a experimentaram repitam a compra e a indique a seu grupo de relacionamento, se tornando a melhor referência de identificação e consequentemente influenciando o ato da compra. Devido à importância de tais estratégias e o cenário abordado, a proposta deste trabalho foi diagnosticar, levantar e avaliar: Há congruência quanto às opiniões dos gestores em relação aos aspectos considerados para o posicionamento da marca e percepção destes aspectos pelos alunos? E caso necessário, sugerir ações a serem aplicadas no posicionamento da marca objetivando seu alinhamento e assim promover a melhoria contínua da instituição e buscar seu fortalecimento no mercado. Desta forma, este trabalho é um artigo interdisciplinar para conclusão de curso, que teve como objetivo contribuir efetivamente com um estudo sobre um tema relevante que é o posicionamento da marca em uma instituição de ensino e de forma prática dar a visão necessária da importância deste tema. Os objetivos específicos e complementares ao trabalho estão a seguir relacionados: a) Levantar as percepções quanto às características, atributos e benefícios que são consideradas pelos gestores da instituição para posicionar sua marca; b) Levantar as percepções quanto às características, atributos e benefícios que são consideradas pelos alunos da instituição para o posicionamento da marca; c) Analisar e recomendar ações que possam ser aplicadas para melhorar o posicionamento da marca, caso seja necessário. 3 O posicionamento correto da marca é um fator relevante para as Instituições de Ensino Superior. Segundo Kotler (1994), as Instituições Educacionais têm grande interesse em conhecer suas imagens e saber se refletem de forma positiva e precisa o que é transmitido por ela. Garvin (1982) complementa que a qualidade real da instituição não é tão importante quanto o prestígio e a reputação percebida no momento do aluno decidir sua escolha. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 NOÇÕES DE MARKETING Segundo Kotler e Keller (2006, p.4), o marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais, ele supre a necessidades lucrativamente. O marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para clientes, bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado. American Marketing Association, citado por (KOTLER e KELLER, 2006, p.4). Kotler (2006) afirma que o marketing utiliza conceitos de ciências como a economia, estatística, psicologia e sociologia. Marketing deriva de market, que em inglês significa mercado. O conceito atual de marketing originou-se no pós-guerra na década de 1950, devido o avanço da industrialização mundial que provocou o aumento da concorrência entre as empresas. Desenvolver produtos e serviços de qualidade a um preço competitivo já não era mais o suficiente, o sucesso das vendas dependia da decisão final dos clientes, ou seja, da escolha individual do comprador. Para Kotler (2006), o marketing envolve a identificação e a satisfação das necessidades humanas e sociais, suprindo as necessidades lucrativamente. Segundo Cobra (2002), a história do marketing está dividida em quatro “eras”: da Produção, da Venda, do Marketing e do Marketing Digital. A primeira foi a Era da Produção (até 1925), quando tudo o que era produzido era vendido. Segundo Kotler (1986), naquele período o importante era produzir, pois a sociedade era carente de bens. Na era da Venda (1925 até 1945), houve um aumento da produção e a necessidade das empresas em anunciar seus produtos. Já a era do Marketing, iniciou após a Segunda Guerra, quando o índice de natalidade aumentou, principalmente nos EUA, gerando os Baby boomers (nascidos dessa explosão populacional logo após a Segunda Guerra). Conforme Cobra (2002), essa geração provocou grande aumento de demanda em uma diversidade de produtos e serviços e as empresas instituíram estratégias de marketing adotadas até hoje para envolvê-los. Atualmente, 4 na Era do Marketing Digital, a internet muda os hábitos de comunicação e consumo através das redes sociais e do comércio eletrônico (COBRA, 2002). Segundo Kotler (2000) as práticas do marketing estão em todos os momentos da história das sociedades e organizações, pois sua função é identificar as necessidades e os desejos do consumidor, determinar quais os mercados-alvo que a organização pode melhor servir e planejar seus produtos e serviços. Sua principal meta é satisfazer o cliente de forma lucrativa e criar relacionamentos de valor com clientes (KOTLER, 2000). Seguindo o mesmo raciocínio, Gangana (2001) propõe uma nova definição para o marketing, em linha com a abordagem relacional: marketing é estabelecer, manter e desenvolver relacionamentos de longo prazo com os consumidores e outros parceiros, com lucratividade, a fim de que os objetivos das partes sejam atendidos. 2.1.1 O MARKETING NAS INSTITUÇÕES DE ENSINO SUPERIOR - IES Para Mainardes (2007), igual a qualquer outro negócio, as IES privadas passaram a conviver com a constante necessidade de “disputar” os novos acadêmicos, devido a maior facilidade de acesso e de disponibilidade de vagas oferecidas pelas IES. Na mesma linha de pensamento, Alves (1999) argumenta que se as IES estão inseridas num contexto de concorrência declarada, que afeta sua estrutura e impõe restrições financeiras aos processos de gestão, o futuro das mesmas está diretamente relacionado à sua capacidade de atrair e reter alunos, sendo fundamental que entendam quem é o seu cliente e o que ele espera dela. De acordo com Botelho (2008), o marketing não pode ser entendido como um mero conjunto de ferramentas de mercadização, mas sim como sua principal ferramenta de gestão, tanto interna quanto externa. Em cenários como os atuais, onde a competitividade entre IES cresce exponencialmente, esta e outras ferramentas chegam a ser vitais para manterem aquelas competitivas em seu mercado, hoje sob ameaça constante de concorrências estrangeiras – ademais das naturais nacionais (BOTELHO, 2008). 2.2 A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE MARCAS PARA MARKETING A gestão de marcas é uma área do marketing de suma importância para a sobrevivência e crescimento das empresas. Segundo Keller (2006), a marca é um dos ativos mais importantes, pois quando associados aos seus produtos e serviços simplificam o processo de decisão do consumidor. Desta forma a determinação de uma marca forte mantém e aprimora sua força ao longo do tempo, sendo este um imperativo da administração. 5 Kotler (2000) complementa que a marca é capaz de identificar empresas, podendo ser um nome, termo, símbolo, desenho ou a combinação destes elementos, que tem como objetivo identificar bens ou serviços e diferenciá-los da concorrência. Para Kotler (2000), a marca é definida pelos seus significados mais permanentes que são seus valores, cultura e personalidade. Ainda segundo o autor, os profissionais de marketing acreditam que estabelecer uma marca é uma arte do marketing, se tornando uma promessa da organização de fornecer uma série de atributos, benefícios e serviços específicos complementando que as melhores marcas apresentam garantias de qualidade. Keller (2006), explica que é a partir de ações que visam construir o valor da marca que este ativo, marca, é gerado pela organização e para tanto, seus gestores realizam ações de comunicação que levam seus públicos de relacionamento a estabelecerem associações àquela marca, que se torna capital para a empresa. A marca como definida, possui três propósitos: o primeiro o que é: nome, termo, signo, símbolo ou design; o segundo, sua função, ou para que serve: identificar e distinguir, descrevendo e dando significado; o terceiro, os resultados, diferenciá-la para que o consumidor e demais públicos tenham uma razão para preferi-la em relação as suas concorrentes (TAVARES, 2008 p. 9). Segundo Keller (2006), as marcas assumem significados especiais para os consumidores. Elas são um meio rápido para simplificar a decisão do cliente em relação ao produto. É por meio dela que os consumidores podem fazer suposições e desenvolver expectativas razoáveis sobre o produto. O relacionamento entre a marca e o consumidor pode ser visto como um tipo de vínculo ou pacto (KELLER, 2006). Segundo Keller (2006) os consumidores oferecem sua confiança e fidelidade, acompanhadas de um acordo explícito de que a marca se comportará de certa maneira e lhes proverá utilidade por meio do funcionamento consistente do produto, além de preço, promoção, ações e programas de distribuição adequados. A marca tem um papel social e Keller (2006), afirma que através da marca as pessoas se definem e se comunicam aos outros. Já Martins (2005), enfatiza que uma boa marca consegue transmitir de forma eficaz um determinado conjunto de informações que podem levar os consumidores a experimentá-la, a gostar dela, a repetirem o ato de consumo, e a recomendá-la de forma positiva a amigos ou pessoas de seu relacionamento. Martins (2005) ainda afirma que uma boa marca tem a capacidade de atrair e reter o consumidor para determinado produto ou serviço enquanto a engrenagem funcionar de forma equilibrada e eficiente. 6 Keller (2006) reforça ao afirmar que uma marca forte é uma possibilidade incrível de agregar valor a produtos e serviços. Martins (2005), conclui que uma marca é um sistema integrado de ações capaz de envolver a absoluta eficiência na preparação, entrega e manutenção dos atributos de imagem e de materiais em seu negócio. Para Tavares (2008), um dos maiores desafios para os profissionais de marketing é o alcance da longevidade da marca. Para alguns autores, os produtos passam e as marcas ficam e o contrário também acontece. Acadêmicos buscam explicações para a permanência da marca e produtos e certas proposições aliam a marca ao ciclo de vida do produto. Resta esclarecer o histórico da evolução da marca e o que garante sua perenidade, bem como a satisfação esperada aos produtos a ela estabelecidos (TAVARES, 2008). Segundo Tavares (2008), ao longo da história a adoção de marca evoluiu seguindo propósitos diferentes. Em um primeiro momento, marcar significava deter a posse do bem e a vida da marca estava aliada à sua existência que identificava sua origem. Seguidamente, a marca passa a ter vida própria, pois a pessoa lhe confere características pessoais sendo que a percepção do negócio ia se alterando à medida que a personalidade da pessoa mudava. Da mesma forma a associação da marca ou produto a um lugar ou região pode determinar sua valorização ou desvalorização. Por último, a adoção de nomes mercadológicos, corresponde à incorporação de características sensoriais e de auto expressão à marca (TAVARES, 2008). Tavares (2008) reforça que as características funcionais do produto continuam como caráter essencial, mas o consumidor busca os benefícios sensoriais e emocionais que o uso lhe confere, além de outras proposições de valor associados à marca. Também é importante destacar que de acordo com Tavares (2008), alguns fatores importantes como a tradição, a ética, a responsabilidade e o apoio a causas sociais e ecológicas começam a incorporar e a fazer parte da marca. Desta forma, o espaço da marca deve ser continuamente ampliado por se tratar de um dos requisitos à sua permanência no mercado. Conforme Martins (2006), é razoavelmente previsível que em vinte ou trinta anos a força das marcas irá aumentar ainda mais, sendo consequência do excesso de ofertas. Isso irá provocar uma verdadeira economia das marcas, pois elas terão uma grande importância para facilitar a vida de consumidores e para alavancar os esforços de vendas. Devido a este aumento, torna-se desafiadora a sua gestão. Para auxiliar a este gerenciamento surge o branding que segundo Martins (2006), refere-se a um termo usado que descreve todas as ações que se relacionam aos projetos de criação ou gestão da marca. O branding surge com a função de criar ações ligadas à administração de marcas a fim de levá-las além de sua 7 natureza econômica fazendo-a se tornar parte da cultura e assim a influenciar a vida das pessoas (MARTINS, 2006). Segundo Keller (2006), o modelo CBBE (Costoumer Based Brand Equity) tem como premissa básica que a força da marca está no que os clientes aprenderam, sentiram, viram e ouviram sobre ela ao longo do tempo, ou seja, a força está no que fica na mente dos consumidores. Assim sendo, o desafio aos profissionais de marketing está em assegurar que os clientes tenham o tipo certo de experiência com produtos, serviços e seus programas de marketing. Este modelo descreve o processo pelo qual, as estruturas de conhecimento de marca devem ser construídas para criar o branding equity (KELLER, 2006). Conforme Martins (2006), branding equity consiste no que a marca possui de tangível e intangível sendo o que contribui para o seu crescimento. Para Martins (2006), para alcançar esta visão é extremamente importante desenvolver associações de marca, fortes, favoráveis e exclusivas, como sendo parte do significado da marca. Para determinar estas estruturas de conhecimento da marca é necessário posicioná-la e este posicionamento está no coração da estratégia de marketing (MARTINS, 2006). De acordo com o Keller (2006), o posicionamento da marca implica em descobrir a localização adequada na mente de consumidores, de forma a pensarem em produtos ou serviços de modo desejado. O posicionamento ajuda a estabelecer e a orientar a estratégia de marketing e porque os consumidores devem preferi-la. Martins (2006) define o posicionamento como sendo os recursos materiais e imateriais utilizados para posicionar a marca como escolha viável em condições competitivas na mente de consumidores. Tavares (2008) esclarece que o posicionamento é um processo que pode ser analisado sob três dimensões que são: o posicionamento como processo social que busca diversas teorias como suporte conceitual, tendo como base a estratificação social. O posicionamento como estratégia tem como premissa a vantagem competitiva sustentável ou a posição única de vendas que está ligada à relação da empresa ou mais precisamente da marca como o consumidor. Já o posicionamento como recurso analítico e de decisão fundamenta-se no nome da marca escolhido e na análise feita do mercado, contemplando consumidor e concorrência. Ainda de acordo com Tavares (2008), a empresa para comunicar sua qualidade de única, adota a identidade e o posicionamento sendo que a marca é o elemento principal nesta comunicação que deriva de dois momentos que são a expressão pela empresa e as impressões por seus diversos públicos que resulta em suas percepções. 8 2.2.1 CARACTERÍSTICAS, ATRIBUTOS, BENEFÍCIOS, ASSOCIAÇÕES E DISTINÇÕES QUE VÃO DETERMINAR O POSICIONAMENTO DA MARCA. De acordo com Keller (2006), para uma marca que abrange múltiplas categorias é necessário um conjunto mais amplo de considerações para o posicionamento. Para Keller (2006) os atributos e benefícios caracterizam os aspectos mais importantes da marca, servindo como base no que diz respeito ao modo como se relacionam com os pontos de congruência e de incongruência. Já Tavares (2008), relaciona como sendo componentes do valor de marca as características, atributos, benefícios, associações e distinções. O autor define as características como aspectos ou propriedades capazes de descrever e distinguir uma oferta e suas funções e os atributos, suas qualidades. Tavares (2008) subdivide os atributos em relacionados, que são aqueles que afetam de forma direta o desempenho ou funcionamento do produto, os que vão proporcionar os benefícios funcionais, experienciais e estabelecer as associações primárias. Já os não relacionados, ao contrário do anterior, não afetam diretamente o desempenho do produto, mas mesmo assim influenciam a preferência, a compra e o consumo. Esses atributos irão proporcionar parte dos benefícios experienciais e simbólicos além das associações secundárias ou abstratas que estão em torno da marca. Tavares (2008) define benefícios como sendo as expectativas e valores pessoais que são vinculados pelo consumidor às características e benefícios dos produtos, ou seja, é o que se é esperado pelo produto por suas características e atributos intrínsecos e extrínsecos. Tavares (2008) também subdivide os benefícios em três tipos, quais sejam os funcionais, que baseiam nas características e atributos intrínsecos do produto. Os experienciais que estão relacionados aos sentidos relativos ao uso ou consumo do produto e os simbólicos, que representam a identidade, personalidade, crenças e valores da marca. Estes benefícios conduzem a dois apelos: o racional e o emocional e ambos por sua vez vinculam-se a associações primárias e secundárias estabelecidas pelo consumidor. As primárias, também chamadas de concretas relacionam-se ao que o consumidor associa ao desempenho do produto podendo ser percebido, sabor, cheiro, durabilidade e etc. já as secundárias ou abstratas estão mais ligadas aos seus benefícios experienciais e simbólicos, vinculada à classe a qual pertence, ou seja, mais ligada à marca. As distinções são os resultados da identidade, imagens e reputação da organização e é por meio delas que o posicionamento é gerado (TAVARES, 2008). 9 Para o posicionamento da marca Tavares (2008), apresenta um modelo que busca determinar o valor das características, atributos, benefícios, associações e distinções que vão determinar o posicionamento da marca. Este modelo é apresentado de acordo com o que mostra a figura 1. Figura 1 – Modelo Norteador – Escopo e Posicionamento da Marca ESCOPO DA MARCA CONSTRUÇÃO IDENTIDADE Características Atributos Benefícios Associações REFLEXO IMAGENS Consumidores Acionistas Comunidade Líderes de opinião Cadeia de suprimentos Intermediários Colaboradores EXPRESSÕES IMPRESSÕES PRÁTICAS REPUTAÇÃO Lealdade do consumidor Investimentos Apoio da comunidade Suporte dos líderes Parceria com a cadeia de suprimentos e intermediários Comprometimento INTERNALIZAÇÃO DISTINÇÃO POSICIONAMENTO Fonte: Adaptado de Tavares (2008) Para Keller (2006), o posicionamento da marca e a estrutura desejada de conhecimento, serão determinados por quatro aspectos, pois a determinação da estrutura de referência competitiva adequada, depende do entendimento do comportamento do consumidor e do conjunto de considerações adotadas por ele, ao fazer a escolha da marca. Os primeiros aspectos que são os pontos de diferença dizem respeito às associações exclusivas da marca fortemente adotadas e valorizadas pelos consumidores. Já os pontos de paridade são associações que podem ser compartilhadas com outras marcas, por não serem necessariamente exclusivas. As associações de ponto de paridade de categoria são aquelas, vistas como necessárias pelos consumidores para legitimar e dignificar a oferta do produto. Associações de pontos de paridade de concorrência são aquelas cuja finalidade é negar os pontos de diferença dos concorrentes. Segundo Tavares (2008), o sentido de coesão da imagem depende da congruência entre as associações feitas àquela marca. Uma imagem não coerente onde há pouca congruência das associações de marca pelo consumidor pode implicar em problemas potenciais, pois o consumidor pode se sentir confuso em relação ao significado da marca. 10 Martins (2006), enfatiza que as estratégias de negócio e de comunicação devem ser baseadas na percepção dos clientes. Martins (2006) identifica três passos utilizados por consultores para se fazer um projeto de posicionamento. O primeiro passo se trata do questionário, que é uma revisão das necessidades identificadas além da organização das características da marca. Ele trata uma forma de entender e iniciar o trabalho de investigação das forças e fraquezas da marca do ponto de vista dos controladores e conforme as expectativas, necessidades e costumes dos seus consumidores. O segundo passo consiste na avaliação dos resultados pela consultoria ou executivo responsável pelo projeto, tendo-se um cuidado de gerar uma interpretação por meio de uma visão externa equilibrada, buscando estar o mais próximo possível das impressões esperadas pelo público externo. Esta análise deverá resultar em condições ideais de reposicionamento, sendo possível mapear a distribuição das associações ou posicionamento pelos consumidores junto aos concorrentes, propiciando localizar um espaço de enquadramento ou entrada no mercado, além de tratar as necessidades, propósitos e limites estratégicos da organização responsável por promover a marca. O terceiro e último passo consiste na execução dos procedimentos ou ações indicadas para marca, podendo ser de posicionamento, sendo que a ação mais adequada é o envolvimento das diversas áreas do negócio que podem interferir na impressão dos públicos que recebem sinais claros do posicionamento ou de reposicionamento, que exigem mudanças profundas no direcionamento da empresa. Contudo, reposicionar uma marca não é fácil haja vista que os resultados demoram a surgir, aplicando neste caso um dos fundamentos do branding que esclarece que marca é um negócio estratégico. Tavares (2008), conclui que o posicionamento é essencial, pois se trata de uma ferramenta capaz de criar uma ligação entre o consumidor, a oferta ou a marca. A seguir serão apresentadas as análises bem como os resultados obtidos por meio das entrevistas, tendo como fundamentação a teoria estudada. 3 METODOLOGIA A presente pesquisa adotou à abordagem qualitativa, visto que foi feito um levantamento das percepções sobre a marca na visão dos gestores da IES e de seus alunos. Dessa forma os resultados não poderão ser quantificados. Para Minayo (2010), a pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e 11 atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Na pesquisa qualitativa é possível conhecer a opinião dos consumidores sobre os produtos, seus hábitos de compra e consumo, assim como avaliar o uso e detectar sugestões para novos produtos, entre outras situações de consumo que exijam uma análise qualitativa, e não quantitativa (SAMARA E BARROS, 1997, p.27). Quanto à natureza pode ser considerada uma pesquisa aplicada, uma vez que vai analisar o posicionamento da marca de uma IES, dirigindo-se, portanto, ao estudo de problemas específicos, de verdades e interesses locais. Após, o levantamento dos dados foi realizado uma descrição e comparação dos dados coletados com a teoria estudada. Dessa forma, a pesquisa pode ser classificada como descritiva, uma vez que busca identificar as percepções dos atributos considerados importantes para o posicionamento da marca. Segundo Danhke (1989) na pesquisa descritiva não há interferência do pesquisador e a coleta de dados é realizada através de técnicas padronizadas. Segundo Triviños (1987) a pesquisa qualitativa é descritiva porque se preocupa com descrever os fenômenos por meio dos significados que o ambiente manifesta. Assim, os resultados são expressos na forma de transcrição de entrevistas, narrativas, declarações, fotografias, desenhos, documentos, diários pessoais, dentre outras formas de coleta de dados e informações. Quanto aos procedimentos, caracterizou-se por uma pesquisa, ao mesmo tempo bibliográfica e estudo de caso. As pesquisas bibliográficas se fundamentam a partir do conhecimento disponível em fontes bibliográficas. Koche (1997) afirma que as pesquisas bibliográficas têm a finalidade de ampliar o conhecimento na área. Yin (2001), afirma que o estudo de caso é uma das estratégias de pesquisa para se investigar um tópico empírico através de um conjunto de procedimentos previamente estabelecidos. O estudo de caso é utilizado quando o pesquisador investiga “uma questão do tipo ‘como’ e ‘por que’ sobre um conjunto contemporâneo de acontecimentos sobre o qual o pesquisador tem pouco ou nenhum controle” (YIN, 2001 p.28). De acordo com Salvador (1980) apud Ribeiro (2008), a entrevista tornou-se, nos últimos anos, um instrumento do qual se servem constantemente, os pesquisadores das áreas das ciências sociais e psicológicas. Recorrem estes à entrevista sempre que têm necessidade de obter dados que não podem ser encontrados em registros e fontes documentais, podendo estes serem fornecidos por determinadas pessoas. 12 Entrevista é a técnica mais pertinente quando o pesquisador quer obter informações a respeito do seu objeto, que permitam conhecer sobre atitudes, sentimentos e valores subjacentes ao comportamento, o que significa que se pode ir além das descrições das ações, incorporando novas fontes para a interpretação dos resultados pelos próprios entrevistadores. (RIBEIRO, 2008 p.141) De acordo com Samara e Barros (1997), é a partir das entrevistas individuais ou discussões em grupo que são realizadas as pesquisas qualitativas. Estas permitem identificar os pontos comuns e distintos presentes na amostra. Na análise de dados foi utilizada a análise de conteúdo, avaliando se há congruência entre as percepções dos gestores e dos alunos de acordo com as respostas obtidas nas entrevistas. 3.1 UNIDADE DE ANÁLISE A unidade de análise foi o curso de Administração de uma Instituição de Ensino Superior privada, localizada em Belo Horizonte – Minas Gerais. 3.2 CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA A amostra foi composta por cinco gestores e cinco alunos do curso de Administração. Os gestores selecionados para entrevista foram escolhidos dando preferência ao curso de Administração e ao setor de Marketing, sendo escolhidos de acordo com a disponibilidade dos mesmos em responderem a entrevista. A seleção da amostra de alunos foi realizada através de um questionário com a seguinte pergunta: “Quanto você recomendaria a um amigo fazer um curso de graduação na IES, em uma escala de 0 a 10? ”. A seleção da amostra foi baseada na ferramenta “Net Promoter Score” (NPS). Para Reichheld (2011), baseando-se em uma única pergunta, o NPS utiliza-se de uma métrica muito simples, que possibilita as empresas mensurarem rapidamente os sentimentos e atitudes dos clientes. Cada aluno selecionado pertencia a uma faixa de resposta (0 a 2, 3 a 5, 6 a 7, 8 a 9 e 9 a10), sendo escolhidos de forma aleatória dentro das faixas de resposta. 4 ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS O NPS foi aplicado em 45 alunos, sendo o resultado demonstrado pelo Gráfico 1. 13 Gráfico 1 - Resultado do Questionário (NPS) Fonte: elaborado pelas autoras (2015) Os alunos que responderam entre 0 a 6 foram considerados detratores, os alunos neutros foram os que ficaram na faixa de 7 a 8, enquanto os alunos que ficaram na faixa de 9 a 10 foram considerados promotores. Segundo Reichheld (2011) cada grupo de clientes apresenta um padrão de comportamento diferente e um conjunto próprio de atitudes, o autor divide os clientes em três grupos, conforme descrito a seguir: - Promotores: pessoas com nota de 9 a 10, indicando que o relacionamento com a empresa foi positivo, recomendam a amigos ou colegas e oferecem feedback construtivo e sugestões; - Neutros: pessoas com nota de 7 a 8, são clientes passivamente satisfeitos, não leais e quase não fazem recomendações; - Detratores: pessoas com nota inferior ou igual a 6, indicando que sua vida piorou depois do relacionamento com a empresa, indivíduos insatisfeitos e decepcionados. O resultado das entrevistas com os gestores da Instituição e com os alunos é qualitativo e embora não tenha fornecido elementos que garantissem conclusões sobre o universo do posicionamento da marca, elencou algumas tendências. Foram pesquisados os seguintes fatores: sala de aula; biblioteca; laboratório de informática; localização; corpo docente; coordenação; secretaria acadêmica; preço e a própria marca da instituição, buscando identificar se existe congruência entre as características, atributos, benefícios, associações e distinções que são considerados para o posicionamento da marca pelos gestores e a percepção destes aspectos pelos alunos. Segue abaixo as percepções dos gestores e alunos relativas aos fatores pesquisados. 14 4.1 Sala de Aula 4.1.1 Percepção das características relativas à sala de aula Para os gestores o espaço físico das salas de aula é considerado adequado em relação à quantidade de alunos. Para a maioria dos alunos o espaço físico ás vezes deixa a desejar, já que em algumas disciplinas a sala fica completamente cheia devido à quantidade de alunos irregulares, o que pode prejudicar a concentração durante o decorrer da aula. Já considerando o mobiliário, os gestores citaram as mesas individuais dos alunos, a mesa e cadeira destinadas aos professores e a tela para exibição de apresentações. Os alunos citaram todos os itens do mobiliário, percebidos pelos gestores, e acrescentaram outros como: lixeira e quadro de avisos. 4.1.2 Percepção dos atributos relativos à sala de aula Para os gestores a tecnologia presente na sala de aula pode ser considerada como agregador de valor, já que a mesma possibilita aulas diferenciadas, como por exemplo, com a exibição de filmes. Já os alunos não identificaram agregadores de valor na sala de aula e segundo eles a qualidade e a tecnologia dos equipamentos presentes deixam a desejar. 4.1.3 Percepção dos benefícios relativos á sala de aula Os gestores citaram como benefício o aprendizado e adequada formação do aluno. Também afirmaram que a sala de aula é um local apropriado para os professores apresentarem seus ensinamentos aos alunos. Os benefícios citados pelos alunos são o aprendizado e a convivência tanto com os professores como com os outros alunos, que facilita a formação de amizades tornando a vida acadêmica mais agradável. 4.1.4 Percepção das associações relativas á sala de aula Os gestores citaram como associações a tecnologia dos equipamentos existentes nas salas de aula, o conforto e a qualidade da formação dos alunos. Os alunos, por sua vez, lembraram da convivência, ensino e da obrigação de pagar as mensalidades. 4.1.5 Percepção das distinções relativas à sala de aula Para os gestores a sala de aula se distingue pela tecnologia e conforto, já os alunos citaram como distinções a ventilação e alguns alunos lembraram da limpeza do ambiente. 4.2 Biblioteca 15 4.2.1 Percepção das características relativas á biblioteca De acordo com os gestores, a biblioteca é ampla, ventilada, com mesas individuais para estudo e acervo completo e atualizado. Para os alunos, o local é espaçoso adequado para estudos, mas alguns citaram a dificuldade em localizar os livros nas estantes. 4.2.2 Percepção dos atributos relativos á biblioteca Os gestores apresentaram como atributos a nota na avaliação do MEC e a qualidade e diversidade do acervo. Para os alunos o local é espaçoso e o acervo completo. Mas alguns alunos citaram como atributos negativos a falta de preparo de alguns funcionários e a multa alta por atraso nas devoluções. 4.2.3 Percepção dos benefícios relativos à biblioteca O acervo completo e atualizado, o conforto do ambiente, o espaço adequado para estudo e pesquisas, consulta online ao acervo foram citados como benefícios pelos gestores. Os alunos citaram a quantidade e qualidade dos livros disponíveis, o conforto e a presença de espaços individuais para estudos. Por outro lado, os alunos lembraram do despreparo de alguns atendentes e alguns citaram do barulho e conversas que dificultam a concentração. 4.2.4 Percepção das associações relativas à biblioteca Os gestores associam a biblioteca ao aumento da prática de leitura e ao aumento do conhecimento teórico dos alunos, completando os ensinamentos obtidos em sala de aula. Para os alunos as principais associações são a de um lugar para realizarem suas pesquisas e aumentarem seus conhecimentos. 4.2.5 Percepção das distinções relativas à biblioteca Para os gestores a distinção da biblioteca está na facilidade de consulta e locação de materiais. E para os alunos a distinção é o acervo atualizado e o ambiente agradável para os estudos. 4.3 Laboratório de Informática 4.3.1 Percepção das características relativas ao laboratório de informática Os gestores apontaram como características os equipamentos de alta tecnologia e o ar condicionado. Os alunos citaram os computadores e ressaltaram a lentidão dos mesmos. 4.3.2 Percepção dos atributos relativos ao laboratório de informática 16 Os gestores citaram como sendo atributos, os softwares e o acesso à internet. Já os alunos criticaram a qualidade e lentidão dos equipamentos e do acesso à Internet. Os alunos também lembraram que a rede sem fio raramente funciona. 4.3.3 Percepção dos benefícios relativos ao laboratório de informática Para os gestores os ganhos estão relacionados ao conforto e ao espaço adequado para aulas práticas. Os alunos citaram como ganhos do laboratório de informática a facilidade para realizarem suas pesquisas acadêmicas e a digitação e impressão dos trabalhos. 4.3.4 Percepção das associações relativas ao laboratório de informática Os gestores associam o laboratório de informática com tecnologia e com aulas práticas. Os alunos fizeram algumas associações negativas em relação ao laboratório de informática, como o acesso lento a internet, computadores estragados e insuficientes em relação à quantidade de alunos. 4.3.5 Percepção das distinções relativas ao laboratório de informática Os gestores citaram como distinção a quantidade de laboratórios disponíveis aos alunos. Segundo os alunos não há distinção e os equipamentos não são de boa qualidade. 4.4 Localização 4.4.1 Percepção das características relativas á localização Os gestores e os alunos tiveram praticamente as mesmas percepções em relação à localização. Foram destacadas a avenida e a região de localização do prédio. 4.4.2 Percepção dos atributos relativos á localização Foram citados pelos gestores a boa localização e a existência de área comercial ao redor do prédio como sendo agregadores de valor. Os alunos também citaram a área comercial, acrescentaram a proximidade dos pontos de ônibus, mas lembraram da dificuldade de chegarem no horário devido ao trânsito ruim da região. 4.4.3 Percepção dos benefícios relativos á localização Os gestores e alunos citaram a proximidade do comércio. Os alunos citaram a variedade de ônibus que podem utilizar e a quantidade de transporte universitário que atende a região. 4.4.4 Percepção das associações relativas á localização 17 Os gestores e alunos lembraram da área comercial de boa qualidade. Os alunos citaram o trânsito ruim como sendo uma dificuldade de acesso. 4.4.5 Percepção das distinções relativas á localização Os gestores citaram como sendo uma região conhecida e bastante movimentada até mesmo durante o turno noturno. Os alunos também citaram a região como sendo movimentada, mas mais uma vez criticaram o trânsito local. 4.5 Corpo docente 4.5.1 Percepção das características relativas ao corpo docente Neste tópico os gestores citaram como características do corpo docente a experiência profissional e a existência de professores qualificados, especialistas, mestres e doutores. Sendo profissionais experientes, alguns tendo trabalhado em empresas de vários ramos. Para os alunos, o corpo docente é bem qualificado, mas alguns professores não possuem didática. Os alunos também citaram que muitos professores, possuem outros empregos. 4.5.2 Percepção dos atributos relativos ao corpo docente Os gestores consideram como atributos a qualificação dos professores, o bom domínio do conteúdo lecionado, experiência de mercado e disponibilidade para atenderem os alunos. Os alunos citaram que os professores são competentes, responsáveis e possuem bom conhecimento do conteúdo lecionado. 4.5.3 Percepção dos benefícios relativos ao corpo docente Para os gestores os benefícios é a alta qualidade do ensino e a capacidade dos professores transmitirem suas experiências aos alunos, capacitando-os. Os alunos citaram o grande conhecimento transmitido pelos professores, a competência dos profissionais e lembraram da facilidade de comunicação com os professores, citando que muitos respondem aos e-mails prontamente. 4.5.4 Percepção das associações relativas ao corpo docente Os gestores associaram o corpo docente com sua competência técnica e sua experiência de mercado. As associações feitas pelos alunos foram professores inteligentes, competentes, bons e com domínio do conteúdo lecionado. 4.5.5 Percepção das distinções relativas ao corpo docente 18 As distinções citadas pelos gestores em relação ao corpo docente estão relacionadas a competência técnica e a qualidade do ensino. Para os alunos o empenho, atenção e a experiência profissional dos professores os distinguem. 4.6 Coordenação 4.6.1 Percepção das características relativas á coordenação Os gestores citaram a eficiência e empenho dos coordenadores, a capacidade de liderar e a habilidade profissional de cada um. Já os alunos citaram a experiência dos coordenadores e a boa comunicação e informações sobre eventos, palestras e estágios. 4.6.2 Percepção dos atributos relativos á coordenação Quanto aos atributos os coordenadores ressaltaram que a coordenação é composta por profissionais qualificados e preparados para atenderem e solucionarem todas as necessidades dos alunos. Os alunos alegam que os coordenadores são experientes, qualificados e sempre dispostos a atenderem suas requisições. 4.6.3 Percepção dos benefícios relativos á coordenação Os gestores alegam que a coordenação traz como ganho a aproximação dos alunos com a IES, a facilidade de administração dos cursos, organização de eventos e repasse de informações aos alunos. Já os alunos lembraram das informações e explicações obtidas através dos coordenadores acerca das atividades referentes a cada curso. 4.6.4 Percepção das associações relativas á coordenação Os gestores listaram como associações o empenho, eficiência e sucesso de toda a equipe coordenadora. Os alunos citaram a disponibilidade dos coordenadores, a solução de pendências e a eficiência. 4.6.5 Percepção das distinções relativas á coordenação Como distinções a gestão citou a qualificação e experiência profissional. Os alunos também citaram a qualificação e acrescentaram a disposição dos coordenadores e vontade de ajudar. 4.7 Secretaria Acadêmica 4.7.1 Percepção das características relativas á secretaria acadêmica Os gestores citaram o empenho da secretária acadêmica, a possibilidade dos alunos efetuarem e consultarem requisições online. Ressaltaram a importância, qualificação e 19 empenho dos funcionários que trabalham com eficiência para atenderem todos os alunos. Os alunos criticaram o excesso de burocracia na resolução de algumas pendências, a demora nas soluções e a cobrança de algumas taxas, como por exemplo, na solicitação de documentos. 4.7.2 Percepção dos atributos relativos á secretaria acadêmica Como atributos a gestão citou o horário de funcionamento como um agregador de valor, já que funciona durante o dia e no turno noturno, facilitando o atendimento da demanda dos alunos. Os gestores também ressaltaram o atendimento online como sendo um atributo. Os alunos citaram o atendimento online, mas criticaram a demora no atendimento e na solução das pendências. 4.7.3 Percepção dos benefícios relativos á secretaria acadêmica A gestão ressaltou o papel importante da secretária acadêmica para o funcionamento harmônico de toda instituição, oferecendo suporte e informação aos alunos. Já os alunos citaram a importância na resolução das requisições, mesmo tendo em vista o tempo demandado. 4.7.4 Percepção das associações relativas á secretaria acadêmica Os gestores lembraram da eficiência, atendimento online e relacionaram a secretária acadêmica como solução e ligação entre alunos e a IES. Já os alunos lembraram da burocracia e demora no atendimento. 4.7.5 Percepção das distinções relativas á secretaria acadêmica Como distinções os gestores citaram a qualificação da equipe, o treinamento dos profissionais para que o atendimento possa ser com qualidade, eficiência e uniformidade. Também citaram mais uma vez o atendimento online. Os alunos por sua consideram o atendimento online uma distinção e não conseguiram relacionar nenhuma outra característica como sendo diferencial. 4.8 Preço 4.8.1 Percepção das características relativas ao preço Os gestores e os alunos apresentaram concordância em relação ao preço e as oportunidades de financiamento. Os gestores citaram que através do sistema online é possível acompanhar as parcelas em aberto, imprimir os boletos ou pagá-los online. Os alunos destacam o valor alto das mensalidades, mas alguns consideram compatíveis com o mercado e com a qualidade do ensino. 20 4.8.2 Percepção dos atributos relativos ao preço Neste tópico os gestores citaram a possibilidade de selecionar professores experientes e qualificados como agregadores de valor do alto preço das mensalidades, além da manutenção do campus em bom funcionamento. Os alunos declararam que o alto valor das mensalidades possibilita uma maior cobrança em relação à qualidade de ensino. 4.8.3 Percepção dos benefícios relativos ao preço Para os gestores, os benefícios relativos ao preço são a contratação de profissionais experientes e qualificados, além dos investimentos na infraestrutura e na boa manutenção da IES. Já os alunos citam como benefícios a qualidade do ensino e a boa manutenção e bom funcionamento geral da instituição. Os alunos concordam com a gestão acerca da contratação de bons profissionais e lembraram da qualificação dos professores. 4.8.4 Percepção das associações relativas ao preço Para os gestores as associações estão relacionadas com investimentos na infraestrutura da IES e contratação de bons profissionais. Os alunos lembraram da obrigação em pagar as mensalidades e dos juros altos que incidem no atraso do pagamento. 4.8.5 Percepção das distinções relativas ao preço Em relação as distinções, os gestores explicaram a facilidade em pagar o boleto em diversos locais, a consulta no sistema online sobre a situação dos pagamentos e a possibilidade de negociação dos pagamentos em atraso. A gestão também citou a possibilidade do financiamento e as bolsas de estudo. Já os alunos consideram distinções o financiamento e as bolsas. 4.9 Marca da IES 4.9.1 Percepção das características relativas á marca da IES Os gestores descreveram a história da IES, o reconhecimento, qualidade de ensino, variedade de cursos, corpo docente qualificado, a formação de profissionais reconhecidos pelo mercado, o espaço físico, infraestrutura adequada e a localização das unidades. Os alunos concordaram, citando a qualidade do ensino, qualificação dos professores e reconhecimento da IES. 4.9.2 Percepção dos atributos relativos á marca da IES Como atributos a gestão descreveu o reconhecimento da IES pelo mercado, a qualidade do ensino e a variedade de cursos. Os gestores também citaram o sistema online 21 como sendo um agregador de valor. Já os alunos citaram a qualidade de ensino e a possibilidade de fazer as matérias a distância e em outros turnos. 4.9.3 Percepção dos benefícios relativos á marca da IES Os gestores citaram que a formação na instituição pode facilitar a inserção no mercado de trabalho. A gestão também lembrou que muitos dos alunos formados, atualmente são profissionais de sucesso e inclusive que filhos de alunos também procuram a faculdade para formação. Os alunos citaram como benefícios a obtenção de conhecimento, formação de qualidade e preparação para vida profissional. 4.9.4 Percepção das associações relativas á marca da IES Os gestores citaram como associações a formação de grandes profissionais, o orgulho de fazerem parte de uma IES tão renomada e a qualidade do ensino. Já os alunos lembraram da convivência na vida acadêmica, das amizades feitas ao longo do curso e do conhecimento obtido. 4.9.5 Percepção das distinções relativas á marca da IES Como distinções a gestão citou o ensino de qualidade, diferenciado e sempre atento as mudanças no mercado de trabalho. Os alunos citaram a qualidade de ensino e diversidade dos cursos. 4.10 Congruência entre as percepções da gestão e as percepções dos alunos A congruência total entre as percepções da gestão e a visão dos alunos foi verificada apenas nas características da localização, neste tópico os alunos e gestores citaram as mesmas percepções. Em relação às características houve congruência parcial em cinco dos nove elementos pesquisados (sala de aula; biblioteca; corpo docente; preço e marca) e incongruência em três dos elementos pesquisados (laboratório de informática; coordenação e secretaria acadêmica). De acordo com Tavares (2008), esta contradição implica na dificuldade dos alunos em distinguirem o que a instituição lhes oferece. Desta forma, é necessário que a gestão da instituição procure alinhar suas estratégias de posicionamento da marca com a percepção dos seus alunos, pois como já enfatizado por Martins (2006), as estratégias de negócio e de comunicação devem ser de acordo com a percepção do cliente, pois são por meio destas estratégias que a marca será percebida positivamente pelos alunos. Com relação aos atributos os fatores: biblioteca, localização, corpo docente, 22 coordenação, secretaria acadêmica e marca apresentaram congruência parcial. Segundo Tavares (2008), a congruência ressalta a qualidade destes fatores. Da mesma forma demonstra que os alunos não percebem a qualidade apontada pelos gestores nos fatores incongruentes, o que irá impactar diretamente na sua percepção quanto aos benefícios. Assim, é essencial que a instituição procure adequar os fatores incongruentes de forma que os alunos consigam perceber sua qualidade, uma vez que, de acordo com Keller (2006), os atributos e benefícios caracterizam os aspectos mais importantes da marca, pois eles são responsáveis por gerar a valorização dos alunos e diferenciar a marca perante outras. Quanto aos benefícios e as associações aproximadamente 40% dos elementos apresentaram incongruência. Segundo Tavares (2008), são os atributos que irão proporcionar parte dos benefícios percebidos e consequentemente produzirem as associações. Neste caso, a gestão deve procurar levantar quais são os benefícios valorizados pelos seus alunos e procurar realizar ações de forma a atender estes benefícios, pois de acordo com Tavares (2008), os benefícios conduzem a dois apelos: o racional e o emocional e ambos, por sua vez, vinculam-se a duas formas de associações, que são as concretas associadas ao desempenho, e as abstratas que estão mais ligadas aos seus benefícios experienciais e simbólicos, ou seja, mais ligada à marca. A instituição também deve estabelecer um programa de marketing a fim de fortalecer e manter as associações da marca, pois é extremamente importante desenvolver associações de marca, fortes, favoráveis e exclusivas, como sendo parte do significado da marca, segundo afirmação de Keller (2006). Com relação às distinções 40% dos elementos pesquisados apresentaram incongruência. Este resultado demonstra que as características, atributos, benefícios e associações dos demais fatores pesquisados estão desalinhados com a estratégia e a visão da gestão da instituição o que repercute diretamente nas distinções percebidas pelos entrevistados. Segue quadro demonstrando a congruência dos fatores pesquisados: 23 Quadro 1 – Congruência entre as respostas dos gestores e alunos Sala de aula Características Atributos Benefícios Associações Parcial Não Parcial Não Distinções Não Biblioteca Laboratório de Informática Localização Parcial Parcial Parcial Parcial Não Não Não Não Não Não Total Parcial Parcial Parcial Parcial Corpo docente Parcial Parcial Parcial Não Não Coordenação Secretaria acadêmica Preço Não Parcial Parcial Parcial Parcial Não Parcial Parcial Não Parcial Parcial Não Parcial Não Parcial IES Parcial Parcial Parcial Não Parcial Fonte: elaborado pelas autoras (2015) 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES A pesquisa realizada atingiu o seu objetivo de diagnosticar, levantar e avaliar a existência de congruência quanto aos elementos de características, atributos, benefícios, associações e distinções consideradas para o posicionamento da marca pelos gestores e a percepção destes aspectos pelos alunos. Desta forma, o levantamento realizado mostrou que aproximadamente 38% dos fatores pesquisados apresentaram incongruência entre a visão da gestão e a percepção dos alunos. Observou-se também que o único fator que apresentou 100% de congruência na análise foi a localização, os restantes dos fatores apresentaram congruência parcial. Diante dos dados levantados e da análise realizada, tomando por base o modelo de escopo e posicionamento da marca de Tavares (2008), em que esses elementos são fatores geradores do posicionamento da marca observa-se que para se ter uma imagem positiva e uma marca forte é necessário que a visão estratégica da gestão esteja alinhada à percepção dos alunos. Verifica-se que tal afirmativa é fundamentada por Martins (2006), que explica que, em toda estratégia deve-se levar em consideração a percepção dos clientes. Como a marca é fator diferencial na decisão de compra e é por meio dela que uma instituição pode se destacar no mercado, ter um bom posicionamento torna-se fundamental. Segundo Tavares (2008), o posicionamento é essencial, pois se trata de uma ferramenta capaz de criar uma ligação entre o consumidor, a oferta ou a marca. 24 Após o exposto acima, sugere-se: a) a análise da confrontação destas informações, que possibilitará à instituição compreender a percepção dos alunos e a formular estratégias buscando o alinhamento de sua visão estratégica ao percebido pelo seu público; b) apresentação de ações em forma de projetos que visam contribuir para este alinhamento. Por meio de ações em forma de projetos que visam contribuir para o alinhamento de da visão estratégica ao percebido pelo seu público, acredita-se que a organização terá as ferramentas necessárias para melhorar o posicionamento de sua marca de forma e torná-la mais forte. Já que através da aproximação de percepção versus visão, a instituição poderá trabalhar melhor as características, atributos, benefícios, associações e distinções e consequentemente obter os benefícios oferecidos por uma marca bem trabalhada. Certamente a imagem da marca é influenciada por outros fatores além daqueles verificados pela gestão, e se pode dizer que é um complexo que impacta diretamente na identidade e no posicionamento da marca. A percepção dos alunos, resultado de uma pesquisa descritiva, demonstrou o universo da estrutura da instituição, mas suporta tão somente um posicionamento genérico. Assim, este artigo levado à conclusão evidencia que a marca da instituição ocupa lugar na mente de alunos, mas ainda tem o desafio de ocupar a posição correta de uma instituição de ensino superior no mercado como um todo, porque como se observou, esta posição se confirma pela dimensão estrutural da instituição, sua tradição bem como o nome, propriamente dito. 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NÃO recomendaria 0 Recomendaria TOTALMENTE 1 2 3 Muito obrigada! Alexandra Soares e Taciana Franklin 4 5 6 7 8 9 10 28 APÊNDICE 2 Instrumento de coleta de dados: Quanto a sua percepção/visão responda as seguintes questões relacionadas á “Nome da IES”: Ex.: 1A. Quais as características da sala de aula? 2A. Quais são os atributos da sala de aula, que agrega valor a ela, que são diferenciais? 3A. Quais são os benefícios/ganhos que a sala de aula te traz? 4A.Quando falamos da sala de aula do IES a que você relaciona ou lembra? 5A. Quais são os fatores decisivos na escolha da faculdade se esta escolha dependesse da sala de aula? 1. Características (Descrição e propriedades) A.Sala de aula B.Biblioteca C.Laboratório de Informática D.Localização E. Corpo docente F.Coordenação G.Secretaria acadêmica H.Preço I.IES 3. 4. 5. Distinções Benefícios Associações (Agregadores (Relações e (Fatores de valor) (Ganhos) Lembranças) decisivos) 2. Atributos