UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA Renata de Oliveira Lima MARKETING VERDE COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO EM EMPRESAS SUSTENTÁVEIS Feira de Santana 2010 1 Renata de Oliveira Lima MARKETING VERDE COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO EM EMPRESAS SUSTENTÁVEIS Monografia apresentada à Universidade Estadual de Feira de Santana como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Administração. Orientador: Profº José Gileá Feira de Santana 2010 2 Renata de Oliveira Lima MARKETING VERDE COMO DIFERENCIAL COMPETITIVO EM EMPRESAS SUSTENTÁVEIS Monografia apresentada à Universidade Estadual de Feira de Santana como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Administração. Aprovado em dezembro de 2010 BANCA EXAMINADORA _________________________________________________________________ Prof° Msc, José Gileá de Souza, UEFS _________________________________________________________________ Prof° Msc, Rodrigo Pereira Vieira, UEFS _________________________________________________________________ Prof° Esp., Rubislan Oliveira Passos, UEFS 3 DEDICATÓRIA Este trabalho é dedicado: Aos meus pais, pelo amor dado e pelo apoio constante e incondicional; Aos meus irmãos, pelo companheirismo e presença constante em minha vida. 4 AGRADECIMENTOS Meus sinceros agradecimentos: A Deus, meu guia de todas as horas; Ao meu orientador, Prof. José Gileá, pela ajuda na concretização desse trabalho; A todo o corpo docente, pelo aprendizado responsável por minha formação; Aos professores que desde muito cedo contribuíram, cada um, com um pouco do que sei hoje e levarei comigo por toda a vida; Aos meus colegas de classe, pela longa trajetória dentro da universidade, cheia de descobertas e troca de experiências; Aos colegas do transporte escolar Riachão do Jacuípe – Feira de Santana, pela convivência inesquecível e cheia de boas recordações; Aos meus amigos, pelos momentos de amizade e companheirismo; A toda a minha família, pelo acolhimento em todos os momentos que precisei; Enfim, a todos que fazem parte da minha vida e contribuíram de alguma forma pelas conquistas alcançadas. 5 "A humanidade de hoje tem a habilidade de desenvolver-se de uma forma sustentável, entretanto é preciso garantir as necessidades do presente sem comprometer as habilidades das futuras gerações em encontrar suas próprias necessidades”. Agenda 21 6 RESUMO Este trabalho tem como foco principal compreender o comportamento do consumidor e os fatores que o influenciam durante o processo de decisão de compra, de modo que as empresas possam aplicar as melhores estratégias competitivas, baseadas na visão dos clientes, e consigam êxito na conquista dos consumidores. Com o advento da tendência ao consumo consciente, devido às preocupações voltadas para a preservação do meio ambiente, tem-se visto a necessidade de estudar as reações do consumidor diante dos produtos ecologicamente corretos. Assim, a pesquisa avaliou quais estratégias são mais eficientes para conquistá-los, uma vez que não é viável implantar uma gestão ambiental conforme a ISO 14000, somente para produzir sustentavelmente se o consumidor não reconhecer esse tipo de ação. É necessário que ele opte por esse tipo de produto. Para isso o mix de marketing oferece possibilidades estratégicas que farão a diferença. Sendo, o marketing a ferramenta que disseminará a imagem da organização, como também os pontos fortes do produto/serviço, baseado nos 4Ps. Com destaque à qualidade e preço, que são os principais motivadores no momento da escolha. Palavras chaves: marketing verde, competitividade e consciência ambiental. comportamento do consumidor, estratégia, 7 ABSTRACT This work focuses mainly on understanding consumer behavior and the factors that influence during the buying decision, so that businesses can implement best competitive strategies based on clients' vision, and achieve success in gaining consumer. With the advent of the trend conscious consumption because of concerns facing the preservation of the environment, has seen the need to study consumer reactions before the products are environmentally friendly. Thus, the research evaluated which strategies are most effective to reach them, since it is not feasible to implement an environmental management ISO 14000, only to produce sustainably if the consumer does not recognize this type of action. He must choose this type of product. For this, the marketing mix offers strategic opportunities that will make a difference. Being the marketing tool that will spread the image of the organization, as well as the strengths of the product / service, based on 4Ps. With emphasis on quality and price, which are the main drivers in choosing. Keywords: green marketing, environmental awareness. consumer behavior, strategy, competitiveness and 8 LISTA DE FIGURAS FIGURA 01 - Forças que dirigem a concorrência na indústria______________________ 32 FIGURA 02 - Guia do consumidor verde______________________________________ 38 FIGURA 03 - Roteiro de ecomarketing________________________________________ 43 FIGURA 04 - ISE – pontos mensal___________________________________________ 52 9 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 02 – Sexo______________________________________________________ 53 GRÁFICO 03 – Faixa etária_________________________________________________ 54 GRÁFICO 04 – Renda familiar______________________________________________ 54 GRÁFICO 05 – Escolaridade________________________________________________ 55 GRÁFICO 06 - Você procura informações sobre os produtos e serviços que compra?___ 55 GRÁFICO 07 - Você verifica nos rótulos e embalagens se o produto é ambientalmente correto antes comprar?_____________________________________________________ 56 GRÁFICO 08 - Diferença entre homens e mulheres, quanto a verificar se o produto é ambientalmente correto____________________________________________________ 56 GRÁFICO 09 - Você procura saber se o fabricante tem ações ambientais (leva em conta a postura ambiental do fabricante) antes de comprar?_____________________________ 57 GRÁFICO 10 - Compra produtos e/ou embalagens fabricados com material reciclado ou que podem ser reciclados?__________________________________________________ 57 GRÁFICO 11 - Você observa o excesso de embalagens dos produtos?_______________ 58 GRÁFICO 12 - Quando você encontra um produto com rótulo que informa que ele foi fabricado de maneira ambientalmente correta, você fica motivado em comprá-lo?______ 58 GRÁFICO 13 - Você sabe identificar empresas ou atividades que geram poluição e exploram o meio ambiente?_________________________________________________ 59 GRÁFICO 14 - Você confia em selos e certificações socioambientais?_______________ 60 GRÁFICO 15 - Quando você vai comprar um produto, quais as principais características consideradas e que definem qual produto comprar?______________________________ 60 GRÁFICO 16 - Do ponto de vista socioambiental, o que você mais leva em conta ao definir qual produto comprar?_______________________________________________ 61 GRÁFICO 17 - Você compra ou compraria um produto ecologicamente correto que tenha qualidade superior aos demais?_________________________________________ 61 GRÁFICO 18 - Você paga ou pagaria mais por um produto que possui certificação ambiental e não polui o meio ambiente?_______________________________________ 62 RÁFICO 19 - Você compra ou compraria um produto ecologicamente correto em promoções ou liquidações?__________________________________________________ 62 GRÁFICO 20 - Você compra ou compraria um produto ecologicamente correto que seja mais fácil de encontrar que os demais?________________________________________ GRÁFICO 21 - Você reduziria a quantidade de produtos consumidos para contribuir com 63 10 a diminuição da poluição?__________________________________________________ 63 GRÁFICO 22 - Diferença entre homens e mulheres, quanto à possibilidade de redução do consumo_____________________________________________________________ 64 11 LISTA DE TABELAS TABELA 01 - Compra x confiança em selos e certificações ambientais______________ 58 TABELA 02 – Identificação de atividades e empresas limpas______________________ 59 12 SUMÁRIO INTRODUÇÃO____________________________________________________ 13 1. MARKETING___________________________________________________ 17 1.1. Marketing: perspectivas conceituais 17 1.2. Mix de Marketing 18 1.3. Comportamento do Consumidor 20 1.3.1. Processo de Decisão de Compra 22 1.4. Estratégia de Marketing 25 1.4.1. Segmentação 26 1.5. Marketing Verde 27 1.5.1. Aspectos Conceituais do Marketing Verde 28 1.5.2. Sustentação do Marketing Verde 29 2. COMPETITIVIDADE x SUSTENTABILIDADE______________________ 31 2.1. Estratégia Competitiva 31 2.1.1. Vantagem Competitiva 34 2.2. Sustentabilidade 35 2.2.1. Consumo Consciente 37 2.2.2. Gestão Ambiental 39 2.3. Incorporação do Marketing Verde como Estratégia Competitiva e Sustentável 42 3. TENDÊNCIAS E MERCADO VERDE______________________________ 45 3.1. As Tendências de Consumo 45 3.2. Produtos Ecologicamente Corretos 47 3.3. O Mercado de Produtos Ecológico 49 3.3.1. Evolução do Mercado Verde 50 3.3.2. Índice de Sustentabilidade Empresarial 51 4. A PESQUISA: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR_____________ 53 4.1. Perfil da Amostra 53 4.2. Perfil do Consumo 55 CONSIDERAÇÕES FINAIS_________________________________________ 65 REFERÊNCIAS___________________________________________________ 67 APÊNDICE_______________________________________________________ 71 13 INTRODUÇÃO Atualmente, há uma preocupação constante com o consumo de produtos ecologicamente corretos, no tocante a sobrevivência da humanidade. Diante de evidências concretas decorrentes do aquecimento global provocado pelo impacto causado pela produção e consumo desordenados, vê-se, então, a necessidade de se promover o desenvolvimento sustentável buscando o equilíbrio econômico, social e ambiental. Em 2006 o IPCC1 divulgou um relatório alertando, com 90% de confiança, que a responsabilidade pelas mudanças climáticas é do homem. Diante da percepção, após a Segunda Guerra Mundial, de que os recursos naturais são esgotáveis e que o planeta estava sendo permanentemente danificado devido ao crescimento sem limites e insustentável, toma-se a consciência ecológica. Sucumbindo ao surgimento desse movimento, propõe-se metas de minimização do perigo provocado pelas indústrias, ademais, a ciência e a tecnologia passaram a ser questionadas. Tal consciência tem crescido em escala mundial, devido a evidências que apontam para o planeta ameaçado. Não é à-toa que ONGs2 como WWF-Brasil3 e Greenpeace4 tem se destacado, já há algum tempo, por trabalharem em prol da preservação. Uma luta que envolve grandes desafios como o combate a discursos desenvolvimentistas utilizados para justificar ações que agridem o meio ambiente. Com a opinião pública sensível a essas questões, devido às exigências de controle da poluição, conseguida pela revolução da informação e comunicação, tem-se a expansão da sensibilidade ambiental e do movimento ecológico. Concomitante a isso, o setor público tem buscado controlar e monitorar as organizações. A concorrência entre as empresas se torna um fator de essencial importância na manutenção e conquista de consumidores internos e externos, daí a questão sócio-ambiental está em pauta como diferenciador para ascender à rivalidade do mercado, nas estratégias e 1 Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas - órgão das Nações Unidas responsável por produzir informações científicas em três relatórios que são divulgados periodicamente desde 1988. Os relatórios são baseados na revisão de pesquisas de 2500 cientistas de todo o mundo. 2 Organizações não Governamentais - são associações do terceiro setor, com finalidades públicas e sem fins lucrativos, que desenvolvem ações em diferentes áreas para modificar determinados aspectos da sociedade. 3 Uma das maiores ONGs em preservação ambiental. A organização foi criada em 1971 e existe em aproximadamente 40 países, com cerca de 5 milhões de filiados. São mais de70 projetos de conservação e uso sustentável dos recursos naturais, nos biomas Amazônia, cerrado, Mata Atlântica e Pantanal. No Brasil, funciona desde 1996. 4 ONG de destaque nas ações pela preservação do meio ambiente, já soma 32 anos de luta (não-violenta) em prol das questões ambientais. Nascida no Canadá, possui escritórios em 41 países, entre eles o Brasil. Conta com adesão de cerca de três milhões de pessoas em todo o mundo. 14 decisões organizacionais junto à eficiência, eficácia e efetividade. Pois, a organização que não estiver engajada com a incorporação dessas ideias em seu processo poderá vir a perder espaço. Aliar sustentabilidade e competitividade é uma tarefa demasiadamente difícil. Para se tornar sustentável é crucial delinear políticas ambientais que em alguns casos transcende os custos deixando tais produtos mais caros, em contrapartida, se torna competitiva quando alcança todos os objetivos de desempenho (qualidade, rapidez, flexibilidade, confiabilidade e custos), citados por Slack, Chambers e Johnston (2002). Sendo assim, o desafio da organização é buscar ferramentas estratégicas para convencer o consumidor a comprar seus produtos, mostrando-lhes o custo-benefício social e ambiental. O marketing verde tem se mostrado valiosa ferramenta para obtenção de vantagens competitivas. Este novo paradigma surge no ano de 1970, em resposta às pressões exercidas pela sociedade, que requeria uma vida mais saudável em consonância com a natureza (PALHARES, 2003). Assim, as organizações, antenadas com estas novas demandas sociais, passam a incorporar a filosofia do marketing mediante ações que expressem o seu comprometimento com a preservação do meio ambiente. No entanto, o marketing verde muitas vezes é usado para mascarar atuações desastrosas em relação ao meio ambiente devido aos processos de produção, mau uso dos recursos, emissões de gases na atmosfera e descartes de sobras na natureza. Ademais, este deveria ser usado para conscientização dos stakeholders5, no tocante à mudança de hábitos culturalmente inadequados. Transformando suas ações delineadas nas estratégias da gestão ambiental aliada às de marketing „verde‟, em exemplos a serem seguidos por toda a cadeia de suprimentos, envolvendo todos na busca pela sustentabilidade. Para que as gerações futuras possam usufruir de qualidade de vida devemos cuidar do uso racional de nossos recursos, através da sustentabilidade, um modelo de atuação em que todos ganham: as pessoas, as empresas e o meio ambiente. Daí vem a preocupação com a produção e o consumo de determinados produtos que não possuem certificação e a adoção de um marketing responsável. Isto posto, o tema buscou, portanto, proporcionar diferencial competitivo às empresas, através da identificação de variáveis contemporâneas que exercem influência durante o processo de compra. O conhecimento acerca dessa dinâmica leva à obtenção de vantagens 5 Partes interessadas que sofrem o impacto do funcionamento de uma organização (SLACK, 2002). 15 frente às tendências de mercado, presentes e futuras. Propõe-se, demonstrar quais estratégias do marketing „verde‟ podem ser utilizadas com vistas a impulsionar a competitividade? Esse trabalho tem como objetivo geral estudar as estratégias de marketing verde que proporcionarão alavancagem na competitividade, visando o desenvolvimento sustentável de toda a sociedade. E para maior aprofundamento do comportamento do consumidor referente às questões ambientais e a relação de consumo, os objetivos específicos são: identificar os fatores que levam as pessoas a consumirem produtos ecologicamente corretos; avaliar as variáveis que influenciam no comportamento de compra e a importância de cada uma delas; analisar como tais fatores podem contribuir nas estratégias mercadológicas para proporcionar alavancagem na competitividade; e, estudar a dinâmica do consumo de produtos verdes dentro do contexto da sociedade atual. Com base em leituras e observações constantes, a hipótese levantada é que as estratégias de marketing verde que impulsionam a competitividade são aquelas propostas a partir dos 4P‟s (produto, preço, praça e promoção), denominados mix de marketing. Na tentativa de haver tal constatação, foi realizada uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório combinada com uma quantitativa descritiva, buscando investigar e relatar o comportamento do consumidor através de estudo de caso combinado com pesquisa bibliográfica e levantamento de dados primários e secundários. Os dados primários foram coletados através de questionário estruturado, composto por uma série ordenada de perguntas, e aplicado a uma amostra, pequena e não probabilística, que proporcionou uma melhor compreensão do contexto do problema, apesar de não representar a totalidade da população. Enquanto, que os secundários foram conseguidos a partir de pesquisas feitas por órgãos renomados e reconhecidamente competentes, sobre sustentabilidade e consumo sustentável. Este trabalho é justificado por sua importância em termos de conscientização dos consumidores com a questão ambiental e preparação das empresas quanto às atividades empresariais, desde o processo de produção até o impacto dos produtos. As constantes transformações na dinâmica do mercado e, consequentemente, no comportamento dos consumidores, levam os gestores a buscarem novas ferramentas que possibilitem tornar as organizações cada vez mais competitivas, a exemplo do marketing verde. Para a aluna, autora do trabalho, foi uma experiência inovadora poder investigar o comportamento do consumidor e descobrir como este se comporta frente ao novo paradigma, evidenciado pelas mudanças climáticas em todo o mundo, devido à degradação do meio ambiente. Para a sociedade, tais informações são de grande valia, num contexto onde o marketing verde é tratado pelos benefícios sociais proporcionados, pois o movimento 16 ecológico tem se destacado e o consumidor cada vez mais consciente de sua responsabilidade com o meio ambiente e sua própria sobrevivência procura por empresas que demonstram ações ecológicas e sociais. A estrutura do trabalho tem quatro capítulos. No primeiro foi feita uma exposição acerca dos conceitos de marketing, comportamento do consumidor e processo de decisão de compra, de modo a esclarecer o funcionamento da ferramenta e obter uma base sólida para o andamento da pesquisa. No segundo, tratar-se-á de competitividade e sustentabilidade, com ênfase nas estratégias competitivas, na gestão ambiental e na visão do consumidor frente às ameaças ambientais. Pondo, entretanto, o marketing verde como elo entre consumidores e empresas na busca por conquistas diante das evidentes mudanças. No terceiro capítulo, o foco é as tendências traçadas por Faith Popcorn em seu livro O relatório Popcorn (1993), relacionando-as com o estágio atual da sociedade, e mercado verde, apresentando dados acerca deste no Brasil. E no quarto, a exposição da pesquisa que trata sobre o comportamento do consumidor ecológico e os fatores que exercem influências significativas em suas decisões de compra. A conclusão traz a análise dos resultados, a qual permitiu a afirmação da hipótese proposta, inferindo-se o alcance dos objetivos, com base nas discussões realizadas no decorrer dos capítulos e na pesquisa. Com o intuito de se chegar à melhor estratégia para conquistar um novo tipo de cliente, o consumidor consciente. 17 1. MARKETING Para tratar do tema proposto é necessário compreender o que é marketing e o seu papel no processo de decisão de compra do consumidor. Portanto, com tal entendimento, se impõe discutir as perspectivas conceituais acerca de marketing de maneira a entender o seu significado e propósito, no contexto organizacional, em particular, no processo de decisão de compra do consumidor. Acrescente-se ainda, que a partir destes enfoques iniciais pode-se dispor de base teórica que confira sustentação às discussões em torno do assunto. Neste propósito, cabe, abordar ainda, a respeito do mix de marketing e suas características de maneira a identificar como tais ferramentas agem sobre a atitude do consumidor. 1.1. Marketing: perspectivas conceituais A nova economia, delineada pela revolução digital, proporciona aos consumidores ampla variedade de informações. Concomitante a isso, houve o aumento significativo do poder de compra aliado à maior variedade de produtos e serviços. A era industrial da produção e consumo em massa deu lugar a era da informação com produtos diferenciados, segmentação de mercado e comunicação direcionada a grupos ou a pessoas. Para o devido entendimento desta dinâmica funcional do mercado faz-se necessário imbricar os principais conceitos de marketing, na visão de diversos autores. De modo que, fique clara a dinâmica das estratégias competitivas, crescimento e desenvolvimento do negócio de qualquer organização. A primeira definição surgiu em 1960 pela AMA6: “processo de planejar e executar a concepção, estabelecimento de preços, promoção e distribuição de ideias, produtos e serviços a fim de criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais” (COBRA, 1997, p. 23). Este autor afirma que “é uma forma de sentir o mercado e buscar o desenvolvimento de produtos ou serviços que satisfaçam necessidades específicas” (COBRA, 1993, p. 24). Dessa maneira, percebe-se o imperativo de conhecer o mercado na íntegra para promover estratégias voltadas para as reais necessidades e desejos dos consumidores em suas particularidades. Kotler (1998, p. 27) conceitua marketing como “um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros”. Em outra obra o autor (2005, p. 6) diz que, gerencialmente, 6 American Marketing Association – associação responsável pela realização do primeiro workshop sobre marketing verde, em 1975. 18 marketing pode ser compreendido como “a arte de vender produtos”. Tal conceituação nos leva a uma relação de troca satisfatória entre mercado e empresa. Esta comunica ao mercado os benefícios de seus bens e serviços na tentativa de convencer os consumidores a comprar seus produtos, e em contrapartida, o mercado fornece informações cruciais às estratégias da organização, através de pesquisas. Segundo Kotler e Armstrong (1998, p. 3), “marketing é a entrega de satisfação para o cliente em forma de beneficio”. Os autores examinam conceitos importantes para essa definição, como: as necessidades resultantes em desejos que aliados ao poder de compra geram demandas; os produtos e serviços que são os objetos tangíveis ou intangíveis de suas aspirações; o valor para o cliente, satisfação pelo desempenho do produto em relação às expectativas e qualidade que proporciona a satisfação; a troca para obter algo desejado através de transações que geram relacionamentos na rede; e o mercado onde os compradores dispostos a satisfazerem suas vontades oferecem recursos por meio da troca. Dias (2005, p. 2), diante da orientação para o mercado atribuída atualmente às organizações, complementa conceituando o marketing como “a função empresarial que cria continuamente valor para o cliente e gera vantagem competitiva duradoura para a empresa, por meio da gestão estratégica das variáveis controláveis: produto, preço, comunicação e distribuição”. Percebe-se, após a análise desses conceitos, a importância de traçar estratégias mercadológicas com base na satisfação das necessidades e/ou desejos dos consumidores, sendo fundamental entender o comportamento de compra, quais fatores são levados em consideração na hora da decisão de compra e como são influenciados diante da necessidade de adquirir qualquer produto. 1.2. Mix de Marketing Para Cobra (1997) foi a partir da introdução dos 4Ps visando à explicação conceitual do marketing, pelo professor E. Jeromy McCarthy, que a análise do produto obteve importância significativa. Este autor (1997, p. 16) enumera ainda que toda a abordagem do marketing passou a ser centrada na configuração do produto, na determinação do preço capaz de gerar de vendas, apoiada numa promoção de vendas, propaganda e merchandising atraente e sedutora, por meio ainda de uma distribuição ampla e/ou estratégica. 19 Kotler e Armstrong (2007) acreditam que a questão fundamental é compreender a dinâmica do comportamento do consumidor, para obter respostas satisfatórias aos estímulos. Estes são utilizados para influenciar o consumidor no processo de compra e denominam-se mix de marketing (4Ps): produto, preço, praça e promoção. Estes autores dividem-no em padronizado e adaptado, o primeiro trata de um mesmo produto e mesma abordagem publicitária em todo o mercado, e o último adapta os elementos a cada mercado alvo a um custo mais alto. Sendo o modelo dos 4Ps, segundo Kotler (1998, p. 97) o “conjunto de ferramentas que a empresa usa para atingir seus objetivos de marketing no mercado-alvo”. Tais ferramentas estão assim distribuídas: Produto - representa algo que pode ser oferecido a um mercado para a sua apreciação, uso ou consumo na tentativa de satisfazer um desejo, necessidade ou demanda, e para isso deve conter diferenciações como variedade, qualidade, design, embalagem e serviços. Kotler e Armstrong (2007) relacionam três estratégias possíveis com relação ao produto. A primeira, extensão direta do produto, este é comercializado em todo o mercado sem modificações e, portanto sem custos adicionais em pesquisa e desenvolvimento ou promoções novas. No entanto, no longo prazo, se não há aceitação o custo poderá ser alto. A segunda, adaptação do produto, se refere ao atendimento de necessidades especificas de diversos segmentos através da modificação de atributos. A última, invenção do produto, é a criação inovadora de algo visando o mercado. Preço – estimativa de valor, inclui a quantia que os indivíduos estão dispostos a trocar pelos benefícios da utilização de um produto ou serviço. A decisão do preço considera fatores como o valor percebido pelo cliente e reações dos concorrentes, além de descontos, condições e prazo de pagamento. Segundo Kotler e Armstrong (2007) é o elemento de maior flexibilidade do mix e único a produzir receita. O preço deve ser estabelecido num equilíbrio, ou seja, não tão alto a ponto de não ter demanda, nem tão baixo que não tenha retorno. Praça - representa a própria logística, ou seja, os canais de distribuição para tornar o produto disponível e acessível aos consumidores, a partir de levantamentos de dados sobre os varejistas, atacadistas e distribuidores de seus produtos. O fluxo entre produtor e consumidor considera canais, cobertura, variedade, locais, estoque e transporte (KOTLER e ARMSTRONG, 2007). Promoção - comunicação, ou seja, o esforço para motivar ou encorajar os indivíduos a comprar, através da propaganda, promoção de vendas, publicidade, força de 20 vendas, relações públicas e marketing direto. A promoção deve agregar um diferencial para experiência de compra (físico ou emocional) de modo que o individuo tenha uma percepção positiva e possa contribuir para a imagem da marca. Ademais, pode-se adotar a mesma estratégia aos diversos segmentos ou adaptá-la através das mensagens publicitárias (KOTLER e ARMSTRONG, 2007). 1.3. Comportamento do Consumidor Até o século passado, observava-se apenas a interação entre clientes e empresa no instante da compra, hoje, reconhece-se que “o comportamento do consumidor é um processo contínuo e não se restringe ao que acontece no instante em que o consumidor entrega dinheiro ou apresenta seu cartão de crédito e, em troca, recebe uma mercadoria ou serviço” (SOLOMON, 2008, p. 28). Enquanto, que na visão de Palhares (2003, p. 71) entende-se comportamento do consumidor “como o estudo dos processos envolvidos nas escolhas, nas compras, nos usos e no descarte não apenas de produtos, mas também a serviços, ideias e experiências que satisfaçam os desejos e as necessidades de indivíduos ou grupos”. Corroborando a concentração de esforços para compreender os clientes e suas atitudes através de pesquisas comportamentais, assim como seu comportamento durante a compra. Na visão de Cobra (1997) é através da análise das necessidades humanas que se dá a compreensão do comportamento do consumidor, assim como o processo decisório, pois as necessidades de satisfação durante uma compra, nem sempre são percebidas. Tal abordagem possui três vertentes na visão de Engel apud Palhares (2003). A primeira é a perspectiva de influência, apoiada na lógica positivista, tem o objetivo de entender e prever o comportamento. A segunda é a pós-moderna, com foco nos aspectos experimentais do consumo como sensações, fantasias e emoções, busca entender sem influenciar. A terceira é a perspectiva global intercultural, esta assume que motivações e condutas são diferentes de acordo com a cultura. Sob a ótica de acadêmicos, Palhares (2003, p. 70) diz haver quatro princípios nos quais se baseiam o comportamento do consumidor, são eles: 21 O consumidor é soberano: isso implica na necessidade de que, num ambiente competitivo, as motivações e o comportamento do consumidor sejam compreendidos. Pesquisa é necessária: entender os fatores que motivam o consumidor e o levam a escolher comportamentos específicos é uma tarefa que pode ser executada suficientemente, a ponto de minimizar equívocos na estratégia de marketing. O comportamento, do consumidor pode ser influenciado: uma cuidadosa estratégia de marketing, se bem executada, pode lograr êxito em levar os consumidores a alterar seus comportamentos, ao afetar as suas motivações e ofertar produtos e serviços que estejam de acordo com suas necessidades e expectativas. A legitimidade, sob a perspectiva da ética, das ações que visem a influenciar o consumidor: nenhuma estratégia de marketing que tenha por objetivo modificar comportamentos pode se utilizar de manipulações ou fraudes, devendo os direitos do consumidor ser respeitados sempre, prioritariamente. Levando-se em conta os conceitos e os princípios abordados, pode-se então, inferir como ocorre tal dinâmica comportamental, enfatizada por Solomon (2008) através de quatro tipos de comportamentos frente a uma necessidade ou desejo. O primeiro é o comportamento de compra complexo, que ocorre quando há um grande envolvimento na aquisição e tem-se consciência das diferenças entre marcas. Envolve, em suma, três etapas: desenvolvimento de crenças acerca do produto, desencadeamento de atitudes e tomada de decisão cautelosa. O segundo, o comportamento de compra com dissonância reduzida, quando o indivíduo está muito envolvido, mas não percebe grandes diferenças entre as varias marcas. Pode ocorrer insatisfação com o consumo. O terceiro, comportamento de compra habitual, há um baixo envolvimento e ausência de diferenças significativas entre marcas. Geralmente ocorre com produtos comprados com freqüência e de preços baixos. A aquisição é realizada com base na familiaridade com a marca, mas é facilmente substituída por outra, caso não encontre. O último, o comportamento de compra que busca variedade, ocorre com baixo envolvimento do consumidor, mas as marcas apresentam diferenças substanciais. A escolha se dá em função da variedade e a avaliação é durante o consumo. Inerente a isso, faz se necessário conhecer a dinâmica do mix de marketing em conjunto com o comportamento dos consumidores para delinear as estratégias a serem utilizadas, pois a escolha de um depende do outro para que haja um retorno favorável. Os fatores que afetam o indivíduo de forma particular, bem como os tipos de comportamento em relação ao produto/serviço a ser adquirido, influenciam todo o processo de decisão. Tendo, portanto, entendido o comportamento de compra do consumidor e delineado os estímulos mais abrangentes, cabe então conhecer como funciona o processo de decisão durante e após a compra de um item. 22 1.3.1. Processo de Decisão de Compra A tomada de decisão do consumidor, quanto a qual produto ou serviço adquirir, engloba cinco estágios no processo de compra, sendo eles: reconhecimento da necessidade, busca por informações, avaliação de alternativas, decisão de compra e avaliação pós-compra. Ou seja, a decisão começa muito antes da compra real e provoca conseqüências posteriores, sofrendo influências significativas desde o inicio do procedimento (KOTLER, 1998). O processo de decisão de compra inicia-se quando a pessoa percebe um espaço entre seu estado real e o desejado, esse hiato entre os dois estados é a necessidade que provoca a motivação para satisfazê-la, e é provocada por estímulos internos e externos (KOTLER, 1998; CHURCHILL e PETER, 2005). O reconhecimento da necessidade ocorre de maneira natural, mas os profissionais de marketing podem estimular a compra por um produto ou serviço (SOLOMON, 2008). Após reconhecer uma vontade não satisfeita, o consumidor passa a buscar informações para satisfazê-la. Nesse estágio, a contundência como este busca instruções pode alcançar dois níveis: o de atenção elevada, quando ele busca receptivamente os dados concernentes à satisfação de sua necessidade, de forma passiva; e o de busca ativa, quando há comprometimento na procura (KOTLER, 1998). Na avaliação de alternativas identificam e avaliam as informações obtidas, reconhecem a compra que trará maior valor e moldam atitudes que se transformarão em intenções de adquirir o produto. Durante esse processo o consumidor julga o valor, tomando por base a utilidade de cada opção em relação aos atributos buscados, que devem ser capazes de satisfazer suas necessidades (CHURCHILL e PETER, 2005). Após assimilar as informações necessárias e avaliar as alternativas disponíveis para satisfazer suas necessidades, o consumidor estará apto para decidir sobre sua compra, isso inclui escolhas tanto por comprar ou não, como acerca do produto, do local, da data e da forma de pagamento. Kotler (1998) expõe dois fatores que podem influenciar, o primeiro é a atitude dos outros e o segundo são os fatores situacionais imprevistos que podem modificar, adiar ou evitar uma decisão de obter um item. Após a compra, o consumidor pode experimentar duas sensações opostas: a satisfação ou a insatisfação. O processo de avaliação dos produtos comprados ocorre, constantemente, na proporção em que são incorporados às atividades cotidianas, e depende do desempenho do produto ser igual ou exceder à expectativa (SOLOMON, 2008). Quando ocorre satisfação, aumenta a probabilidade de repetição à compra, além de opinar favoravelmente sobre o 23 produto e a marca. Por outro lado, se ocorre insatisfação, além de não repeti-la, influenciará de forma desfavorável a terceiros sobre o produto ou a marca (KOTLER, 1998). Durante todo esse processo o indivíduo sofre influências de diversos fatores, dentre os quais se destacam os culturais, sociais, pessoais e psicológicos. De acordo com Dias (2005, p. 51) Um dos maiores desafios do marketing é compreender como esses fatores se combinam, se excluem ou se somam para gerar uma atitude favorável no cliente e isolar os mais importantes e passiveis de serem modificados pelas decisões do composto de marketing, a fim de atuar positivamente sobre um determinado segmento de clientes. Segundo os autores Kotler e Armstrong (1998) tais fatores podem ser assim definidos. Os fatores culturais possuem amplo e profundo prestigio, a partir da cultura, sub-cultura e classe social em que o individuo nasceu e cresceu assimilando valores. A cultura expõe o indivíduo a um conjunto de valores e percepções; a sub-cultura fornece identificações mais especificas; e a classe social reflete não só a renda, mas também a educação, ocupação e local de residência. Os fatores sociais exercem influência através dos grupos de referência, família, papéis sociais e status, pois estes servem como exemplo para as atitudes de uma pessoa no que ela faz e no que deseja alcançar. Esses grupos desencadeiam atitudes e auto-conceito a partir da vontade de associação e de pertencer a determinado conjunto; a família influencia diariamente no comportamento do indivíduo sendo o mais importante; e papéis sociais e status é o que cada um representa no local onde está inserido. Os fatores pessoais influenciam de acordo com características como idade e estágio no ciclo de vida, ocupação, situação financeira, estilo de vida, personalidade e auto-imagem, demonstrando gostos e tendências pessoais. A idade e estágio no ciclo de vida reflete efeitos diferentes no estilo de compra; a ocupação influencia no padrão de consumo de acordo com a profissão; a situação financeira desencadeia uma escolha baseada na renda disponível; o estilo de vida representa a expressão dos interesses do indivíduo; a personalidade e a auto-imagem são as reações em relação ao ambiente. Os fatores psicológicos exercem influência com base na motivação, percepção, aprendizagem e crenças e atitudes. A motivação expressa as necessidades momentâneas sejam elas fisiológicas ou psicológicas; a percepção motiva a ação com base na seleção, organização e interpretação de informações, a aprendizagem envolve mudanças comportamentais a partir 24 da experiência; e as crenças e atitudes representam a aprendizagem e avaliações em relação a diversos assuntos. Todo o processo de decisão de compra de um indivíduo é influenciado por esses fatores, e o afetam de forma particular, bem como por esforços de marketing que a ele são apresentados e que podem ou não serem percebidos. Assim, os estímulos representados pelas características do próprio produto ou da marca e os apelos de propaganda, são os que afetam o comportamento do consumidor de maneira mais importante (KOTLER E ARMSTRONG, 1998). Considerando o esforço que é demandado pelas pessoas durante uma decisão de compra, esta pode ser segundo Solomon (2008) e Churchill e Peter (2005), de três tipos: o primeiro, é a tomada de decisão habitual ou rotineira, praticamente automática, ela tem pouco ou nenhum esforço consciente, mas de qualquer forma exige algum grau de informação e/ou deliberação. É necessário saber quais as características que são levadas em conta para traçar as estratégias mais adequadas, pois esse tipo de decisão ocorre, geralmente, na compra de produtos simples e baratos. O segundo, solução ampliada ou extensiva do problema, em que o consumidor estima um grau considerado de risco na decisão final, pois, ocorre com produtos caros e pouco conhecidos, e por esta razão exige tempo para a busca de informações e verificação dos atributos e características do produto/serviço desejados. Portanto, a disponibilização de “mensagens de marketing” e vendedores bem treinados e informados é uma forma de atrair os clientes. O terceiro, solução limitada do problema, apresenta decisão direta e simples, pois o consumidor não tem motivação para buscar informação alguma ou avaliar alternativas com rigor, gastando assim pouco tempo na procura e considerando apenas algumas características. A propaganda é uma forma de inserir a marca na mente dos consumidores, para que esta seja um fator forte na hora da decisão. Churchill e Peter (2005, p. 152) evidenciam que “o modo como decidem se e o que comprar depende em parte da importância da compra”. Daí, reconhecer a dinâmica inerente ao comportamento do indivíduo através do estudo dos fatores que o influenciam, é demasiadamente importante, no tocante à escolha dos estímulos a serem utilizados. Estes autores dizem ainda que geralmente a decisão demora quando a compra tem um grau de importância mais elevado, o valor é alto, as características são inovadoras ou há várias marcas disponíveis para escolha. Assim, a depender do nível de envolvimento que o consumidor tem com a compra, se torna mais complexo desenvolver uma estratégia de marketing. 25 1.4. Estratégias de Marketing Para lidar com os novos desafios, ameaças e oportunidades a empresa dispõe de estratégias que orientam todo o processo de desenvolvimento, através de diretrizes que deverão ser seguidas para se alcançar os objetivos estabelecidos, a fim de obter desempenho melhor que seus concorrentes e lograr maiores fatias de mercado. Estratégia trata-se de planos da alta administração para alcançar resultados consistentes com a missão e objetivos gerais da organização, obtém-se a vantagem estratégica formulando, implementando e controlando-a (WRIGHT, KROLL e PARNEL, 2007). Day, Reibstein e Gunther apud Toaldo e Luce (2006) define estratégias de marketing como o desenvolvimento de atividades e tomada de decisões com o intuito de construir e manter uma vantagem competitiva duradoura. A contínua interação da organização com o meio externo, ao se relacionar com os vários stakeholders, principalmente com os consumidores, na busca por informações e respondendo às demandas existentes, permite a formulação e implementação de estratégias competitivas. As estratégias competitivas de marketing exigem dos profissionais da área a análise das tendências, levando em conta as interações dos ambientes demográfico, econômico, natural, tecnológico, político-legal e sociocultural, identificando eventuais oportunidades e ameaças. A deterioração do ambiente natural, por exemplo, é uma grande preocupação a nível mundial (KOTLER, 2005). A estratégia procura, portanto, identificar o que o cliente quer e como, onde e quando ele quer consumir. Segundo Kotler (1998), os quatro alicerces do marketing baseiam-se no mercado-alvo, necessidades dos consumidores, marketing integrado e rentabilidade. Empresa alguma consegue atender a todos os mercados satisfazendo seus consumidores, pois a definição de qual mercado atender possibilita a preparação de programas de marketing adequados. Através do conhecimento pleno da dinâmica das necessidades e desejos dos indivíduos, mesmo aquelas que não são expressas ou nem eles têm consciência de sua existência. Assim como, integrar todos os departamentos e equipes para que trabalhem coordenadamente, na busca pelo atendimento dos interesses de seus clientes, de forma a lhes oferecer o que procuram, seja ela, com as várias funções mercadológicas operando juntas ou com um marketing coordenado a outros departamentos. Daí pode-se atingir as metas de lucro ou sobrevivência, satisfazendo os consumidores melhor que os concorrentes. Destarte, se torna imprescindível para o bom andamento da empresa definir seu mercado-alvo, no entanto, para convencer o consumidor a adquirir produtos e serviços, não 26 basta apenas conhecer suas necessidades, anseios e desejos. Mas, criar satisfação oferecendo qualidade, serviço e valor, de modo que o desempenho real supere as expectativas. A lealdade é conseguida a partir da satisfação e afinidade com a marca (KOTLER, 2005). 1.4.1. Segmentação Atualmente, observa-se uma dicotomia interessante no mercado globalizado. Tem-se um leque enorme de oportunidades devido à difusão dos meios de comunicação que alargam ainda mais o campo de atuação das empresas, ao mesmo tempo em que surgem microtendências dividindo o mercado em pequenos grupos com necessidades e preferências ambíguas. Portanto, o ponto de partida para a estratégia de marketing é a divisão do mercado em segmentos distintos de pessoas com necessidades, características ou comportamentos análogos, para compreender os grupos de compradores que respondem de forma semelhante a um conjunto de estímulos. Dias (2005, p. 18) define segmentação de mercado como “o processo de dividir mercados em grupos de consumidores potenciais com necessidades e/ou características semelhantes e que provavelmente terão comportamentos de compra semelhantes”. Ao segmentar o mercado, torna-se mais fácil encontrar o mercado-alvo e entender melhor suas necessidades, com vistas a utilizar estratégias específicas para atender as necessidades de cada grupo, com isso, a empresa terá maiores chances de conseguir resultados satisfatórios e se posicionar competitivamente. A partir da identificação de um mercado consumidor atrativo e adequado a sua proposta, desenvolver-se-á seus pontos fortes e minimizará a vulnerabilidade dos pontos fracos. Segundo Kotler (1998, p. 242) para que as segmentações sejam eficazes elas devem ser: Mensuráveis – o tamanho, poder de compra e características dos segmentos podem ser mensuráveis. Substanciais – os segmentos são grandes e rentáveis o suficiente para serem atendidos. Um segmento deve ser o mais homogêneo possível para justificar a adoção de um programa de marketing sob medida... Acessíveis – os segmentos podem ser eficazmente atingidos e atendidos. Diferenciáveis – os segmentos são conceitualmente distinguíveis e respondem a diferentes elementos do composto de marketing... Acionáveis – programas eficazes podem ser formulados para atrair e atender aos segmentos. 27 A fragmentação aliada ao surgimento de novas mídias exige das empresas o uso de uma gama maior de ferramentas para a comunicação com base na cobertura, freqüência e impacto, pois quanto maiores forem esses elementos, maior será a conscientização do público (KOTLER, 2005). A comunicação de marketing pode ser entendida, segundo Churchill e Peter (2005) como as diversas maneiras de se comunicar com os clientes atuais e potenciais, visando ao aumento das vendas e lucros, além do alcance de metas delineadas nas estratégias, tais como: criar consciência, formar imagem positiva, identificar compradores, formar relacionamentos nos canais e reter clientes. Segundo os autores Churchill e Peter (2005) os elementos do composto de comunicação são: a propaganda, as vendas pessoais, a promoção de vendas e a publicidade. A propaganda são as mensagens veiculadas nos meios de comunicação de massa num determinado período e espaço. A venda pessoal é a que envolve interação direta ou indireta com o cliente, garante feedback imediato. A promoção de vendas permite aumento na demanda ou estimula experiências, a partir de pressões dentro e fora da mídia durante tempo limitado, oferecendo vantagens. A publicidade é a propaganda gratuita sem o controle dos profissionais de marketing, mas que possui maior credibilidade frente ao consumidor. Os canais de comunicação devem ser selecionados com base na eficiência e eficácia de veiculação da mensagem e na apresentação “clara, rápida e convincente” (KOTLER, 1998, p. 537). De acordo com o objetivo a ser alcançado, observando o custo/beneficio de cada tipo de comunicação. Esses canais podem ser: televisão, rádio, internet, outdoor, jornais, revistas, displays no ponto de venda, listas telefônicas, etc. (COBRA, 1993). Diante dos impactos que o tradicional marketing pode causar à sociedade, principalmente em relação ao meio ambiente, algumas empresas passaram a criar estratégias considerando o crescente aumento da preocupação com o futuro do planeta. A promoção de ações através do marketing „verde‟ busca o apoio dos stakeholders, em especial os consumidores, para demonstrar suas marcas como menos danosas ao meio ambiente. 1.5. Marketing Verde A sociedade espera que as empresas ajudem a preservar o meio ambiente, vendam produtos seguros, tratem seus funcionários com igualdade, sejam verdadeiras com seus clientes, entre outras atitudes que demonstrem respeito ao meio em que estão inseridas. 28 Idealmente, uma organização socialmente responsável é aquela que opera lucrativamente ao mesmo tempo em que beneficia a sociedade (WRIGHT, KROLL e PARNEL, 2007). A preocupação com posição competitiva e lucratividade leva as empresas a melhorarem seu desempenho ambiental. Sendo assim, o viés capaz de fazer com que os gestores tornem o desenvolvimento sustentável, uma prática cotidiana, é a concorrência. A capacidade de competir no mercado começa exatamente na iniciativa de tornar os produtos, serviços e processos mais limpos, além da rapidez com que promovem inovações nos produtos, processos e oportunidades (KINLAW, 1997). 1.5.1. Aspectos conceituais do marketing verde O termo marketing verde ou ecológico surgiu em 1970, quando a AMA realizou um Workshop, para discutir o impacto deste sobre o meio ambiente. Após o evento ele foi definido como: “O estudo dos aspectos positivos e negativos das atividades de Marketing sobre a poluição, exaustão de fontes energéticas e não-energéticas” (HENION e KINNEAR apud GUIMARÃES, 1996, p. 65). Ottman apud Guimarães (1996 p. 78) relata que “o marketing „verde‟ ou ambiental deve ter como objetivo criar uma imagem diferenciada da empresa, incluindo uma maior sensibilidade ambiental quanto aos atributos do produto e ao posicionamento da empresa com relação ao seu respeito ao meio ambiente”. Destarte, permite que a própria empresa possa sinalizar para o mercado e seus stakeholders a vantagem competitiva advinda da gestão ambiental. Com isso ela busca uma situação socioeconômica viável, linha de ação social e prudência ecológica para melhorar sua imagem. Kinlaw (1997, p. 70) conceitua o marketing verde como “a resposta empresarial ao consumidor verde”. Isso evidencia a necessidade de adaptação das organizações a esse novo mercado devido, evidentemente, às mudanças nos hábitos de compra. Segundo o autor (1997, p. 71) “O marketing verde terá um papel fundamental na comunicação ao público daquilo que ele precisa saber sobre os produtos e sua relação com o meio ambiente”. Sendo assim, ele consiste em criar e ofertar produtos e serviços capazes de satisfazer os desejos e necessidades de consumidores responsáveis, que desejam encontrar a qualidade ecológica nos produtos e serviços que adquirem. Churchill e Peter (2005, p. 44) conceituam-no como “atividades de marketing destinadas a atender ao desejo dos clientes de proteger o ambiente”. Portanto, proporciona campanhas e ações com o objetivo final de reduzir os impactos de degradação e melhorar sua 29 qualidade, informando aos consumidores acerca das vantagens de se adquirir produtos e serviços ecologicamente corretos, de forma a estimular e despertar o desejo do mercado por esta categoria de produtos. 1.5.2. Sustentação do marketing verde O consumidor consciente, preocupado com o meio ambiente, busca informações baseadas nas características da embalagem e do produto, refletindo em novo paradigma de consumo responsável e duradouro e ampliando a percepção qualidade/preço (MAIMON, 1996). Inerente a essa ideia, percebe-se a contundência em esclarecer aos clientes os benefícios ecológicos do bem adquirido. Concomitante a isso, está a importância da obtenção de credibilidade através da certificação ambiental. Os gestores que buscam resolver problemas direcionando as suas ações para o atendimento tanto das necessidades como das expectativas dos consumidores colhem os benefícios do uso dessa ferramenta. Considerando-se os limites destes no tocante a conveniência e preço, adicionando valor na mesma proporção que torna-os ambientalmente corretos (GUIMARÃES, 1996). Na perspectiva de Guimarães (1996, p. 68), existem cinco razões para as empresas utilizarem-no como ferramenta competitiva: 1. Uso oportuno para atingir metas e objetivos; 2. Passaram a acreditar na obrigação de ser socialmente responsáveis; 3. Os órgãos governamentais pressionam a prática social; 4. Atividades ambientais de concorrentes forçam a mudança de planejamento em marketing; 5. Os custos de refugo e de uso de materiais modificam o comportamento da gestão. Organizações que praticam esse tipo de marketing devem assegurar que seus produtos sejam bons para o ambiente, produzindo produtos recicláveis ou utilizando materiais reciclados na fabricação dos produtos. Os benefícios aparecem de várias formas, tanto porque muitos consumidores se identificam com a ideia como por fazer as pessoas se sentirem melhores (CHURCHILL e PETER, 2005). No entanto, as estratégias de marketing precisam ser analisadas e acuradas, quanto aos seus impactos no público-alvo, ou os esforços serão em vão por falta de comprometimento empresarial. A comunicação deve ser adequada aos consumidores em questão, com 30 mensagens específicas, consistentes e fundamentadas (GUIMARÃES, 1996). A empresa que conseguir passar uma ideia verídica focando as necessidades dos consumidores conscientes terá vantagem competitiva e poderá disputar mercado, pois ela estará conquistando estes e novos clientes que se sensibilizarão com a questão ambiental e descobrirão os benefícios dos produtos ecológicos. 31 2. COMPETITIVIDADE X SUSTENTABILIDADE Com vistas a enriquecer o referencial teórico busca-se, neste capítulo, o viés que liga a competitividade do mercado e a crescente busca pela sustentabilidade ecológica. Para tanto, discutir-se-á os conceitos e implicações acerca de estratégia competitiva e gestão sustentável, com o intuito de compreender a maneira como se dá a incorporação do marketing „verde‟ nas organizações e como essa ferramenta contribui para a lucratividade em meio à competição inerente ao mercado. Dando ênfase ao consumo consciente despertado no último século. 2.1. Estratégia Competitiva Qualquer empresa deseja destacar-se frente a seus concorrentes, mas não basta ter apenas missão e objetivos definidos, para isso é necessário traçar boas estratégias, capazes de colocá-la um passo a frente das demais. Nessa perspectiva, Day, Reibstein e Gunther (1999, p. 59) diz que “estratégia é buscar uma vantagem competitiva sobre os concorrentes e, ao mesmo tempo, diminuir a erosão das vantagens atuais”. Nessa mesma linha de pensamento, mas focando o marketing como comunicador, Toaldo e Luce (2006, p. 26) trazem a seguinte definição A estratégia é o foco das atenções. O contexto competitivo mundial em que as organizações estão inseridas corresponde ao pano de fundo para a questão estratégica. O marketing possui um papel fundamental porque é um dos elos entre a organização e o mercado. Na visão de Slack et al (2002, p. 87) estratégia é “o padrão global de decisões e ações que posicionam a organização em seu ambiente e tem o objetivo de fazê-la atingir seus objetivos de longo prazo”. Para tanto, a estratégia de posicionamento representa os esforços para comunicar ao mercado que seus produtos e serviços podem satisfazer as necessidades e desejos do mercado-alvo, influenciando a decisão final do consumidor. A competitividade, no entanto, “é definida como o conjunto de fatores, políticas e instituições que definem a produtividade e o nível de prosperidade de uma economia” (WOOD JR. E CALDAS, 2007, p. 71). Ou seja, é delineada por diversos instrumentos capazes de mudar, a todo instante, o desenho do jogo estratégico e o posicionamento dos jogadores nele existentes. Destarte, Santos e Santana (2003) a divide em quatro níveis de influência que envolve a avaliação das oportunidades e ameaças do ambiente externo à organização, são eles: 32 micronível - ambiente sob controle da empresa, que compreende as atividades constituintes da cadeia de valor; macronível - conjunto de fatores que influenciam diretamente a competitividade através do crédito e do financiamento, como as políticas fiscal, cambial, monetária e de comércio exterior; mesonível - composto pelo Estado e pela sociedade, age beneficamente através de políticas infra-estruturais responsáveis pela atração de investimentos; e metanível - otimizador da eficiência, formado pelas estruturas básicas necessárias para a formação da competitividade. Com o intuito de determinar a arena competitiva, assim como verificar se ela é atraente, Day, Reibstein e Gunther (1999) e Porter (1989) moldam a estrutura e a intensidade da competição através de cinco forças, demonstradas na figura 1: rivalidade dos concorrentes, ameaça de novos entrantes, poder dos clientes, poder dos fornecedores e ameaça de substitutos, juntamente com outros fatores. Figura 1. Forças que dirigem a concorrência na indústria ENTRANTES POTENCIAIS Ameaça de novos entrantes Poder de negociação dos fornecedores CONCORRENTES NA INDÚSTRIA Poder de negociação dos compradores COMPRADORES FORNECEDORES Rivalidade entre as empresas existentes Ameaça de produtos ou serviços substitutos SUBSTITUTOS Fonte: Porter (1989, p. 4) A rivalidade direta entre os concorrentes ocorre devido à disputa por posição no mercado, ao perceberem oportunidades para melhorarem, através de movimentos de ação e 33 reação que permitem o aprimoramento (PORTER, 2004). Os fatores que determinam o nível dessa rivalidade é a estrutura da competição e de custos, extensão da diferenciação, custo da troca de clientes, diversidade de estratégias e objetivos, barreiras de saída (DAY, REIBSTEIN e GUNTHER, 1999). A ameaça de entrada de novos concorrentes depende do grau de atratividade da indústria e das barreiras existentes, as quais podem ser altas ou baixas (PORTER, 2004). As barreiras às entrantes são criadas por vantagens de custo, economia de escala, custos de diferenciação e mudança e canais saturados (DAY, REIBSTEIN e GUNTHER, 1999). O poder de negociação dos clientes tende a aumentar ou diminuir com o tempo, a depender de seu grau de influência (PORTER, 2004). O consumidor tem poder de barganha quando há pouco volume de compra, limitações quanto a troca de fornecedor, ameaças de integração para trás e quando conhecem os custos dos fornecedores; e aumenta a sensibilidade ao preço quando o produto tem pouca influência sobre desempenho e qualidade, o custo é proporcional aos custos totais e os compradores estão com baixa lucratividade (DAY, REIBSTEIN e GUNTHER, 1999). O poder de negociação dos fornecedores é exercido através da possibilidade de elevação nos preços, assim como na redução da qualidade oferecida em seus bens (PORTER, 2004). Os fatores que designam a capacidade de resistência ao poder dos fornecedores e aumento na fatia de mercado são o tamanho, a confiança nos produtos concorrentes e a credibilidade das ameaças (DAY, REIBSTEIN e GUNTHER, 1999). A ameaça do surgimento de substitutos ocorre devido a criação de produtos que desempenham funções iguais ou semelhantes (PORTER, 2004). As semelhanças nas funções e benefícios oferecidos limitam os preços médios e o valor a ser criado (DAY, REIBSTEIN e GUNTHER, 1999). Tendo em vista a compreensão do que seja estratégia e competitividade e como estas movimentam o mercado, pode-se dispor acerca de estratégia competitiva. Nesse propósito, com foco em posicionamento, Porter (1989, p. 1) argumenta que Estratégia competitiva é a busca de uma posição competitiva favorável em uma indústria, a arena fundamental onde ocorre a concorrência... visa a estabelecer uma posição lucrativa e sustentável contra as forças que determinam a concorrência na indústria. Esse mesmo autor nos revela três estratégias genéricas, que segundo ele, são alternativas que a empresa pode usar para alcançar a vantagem competitiva. São elas: liderança em custo, diferenciação e enfoque. A liderança em custo é alcançada quando a 34 empresa consegue produzir com o menor custo da indústria em que está inserida. A diferenciação é conseguida através da exclusividade, ou seja, a empresa é a única a produzir o produto com determinados atributos considerados importantes para os consumidores, satisfazendo-os em troca da cobrança de um preço-prêmio. O enfoque pode ser de custo ou de diferenciação, em que a empresa seleciona um nicho de clientes e adapta-se para atendê-los (PORTER, 1989). As empresas que usam a estratégia de custos baixos produzem para o mercado de massa sensível a preços, ou seja, buscam maior participação de mercado; enquanto aquelas que usam a estratégia de diferenciação fabricam produtos diferenciados para clientes dispostos a pagarem pela qualidade oferecida, almejam oportunidades de mercado apesar dos custos altos; e, as que preferem a estratégia de custos baixos-diferenciação (enfoque) priorizam a alta qualidade, através de tecnologias inovadoras, o que permite o crescimento da demanda e maior participação de mercado, resultando em economias de escala e posterior redução dos custos de produção (WRIGHT, KROLL e PARNEL, 2007). Infere-se, portanto, que as empresas devem estar atentas aos movimentos de seus concorrentes, observando-lhes, com o intuito de traçar estratégias capazes de neutralizar possíveis vantagens que venham a ter. Isso com vistas a barganhar compradores potenciais e assumir a liderança. 2.1.1. Vantagem competitiva A estratégia competitiva visa proporcionar à organização privilégios frente a seus concorrentes, com vistas a alcançar liderança e manter-se firme no mercado, em meio à competitividade. Porter (1989) enfatiza que a vantagem competitiva de uma empresa se dá através do valor que ela cria para seus consumidores e que deve está acima de seu custo de produção. Para este autor (1989, p. 2) “o valor é o que os compradores estão dispostos a pagar”. Enquanto Day, Reibstein e Gunther (1999, p. 66) dizem que “é a soma dos benefícios recebidos percebidos menos os custos percebidos contraídos na aquisição e uso do produto ou serviço”. Portanto, é a partir da escolha da estratégia adequada ao tipo de negócio que se pode competir, e superar os demais concorrentes. Existem dois tipos de vantagem competitiva: liderança de custo e diferenciação. A vantagem de custo se dá quando os custos das atividades forem menores que os dos concorrentes. Isso é alcançado pela empresa de duas formas, através do controle de custos e reconfiguração da cadeia de valores. Exigindo, portanto, exames minuciosos acerca das 35 atividades com o intuito de descobrir oportunidades. Para a manutenção dessa estratégia é necessário haver barreiras de entrada para evitar imitações por parte dos concorrentes. A diferenciação ocorre através da criação de valor para os clientes, concomitante a isso tem-se um preço-prêmio maior que o custo. Isto se dá de duas maneiras, reduzindo o custo e elevando o desempenho do produto. Ao manter a diferenciação a empresa executa várias atividades que agregam valor e influenciam na compra (PORTER, 1989). De acordo com Day, Reibstein e Gunther (1999), a vantagem competitiva só é conseguida através de custos baixos ou de diferenciação, não sendo possível implantar as duas estratégias conjuntamente, pois são incompatíveis. Isso sugere que a escolha de uma delas deve estar sustentada na missão e nas metas a serem alcançadas, assim como no tipo de negócio. Em seu relato sobre sobrevivência e competitividade como fator estratégico, Lastres et. al. (2002, p. 61), diz que: A capacidade de gerar e absorver inovações é, portanto, vista como elemento-chave da competitividade dinâmica e sustentável. Incrementar o processo de inovação requer o acesso aos conhecimentos e a capacidade de apreendê-los, acumulá-los e usá-los. O caráter complexo e dinâmico dos novos conhecimentos requer ênfase especial no aprendizado permanente e interativo, como forma de indivíduos, empresas e demais instituições tornarem-se aptos a enfrentar novos desafios e capacitarem-se para uma inserção mais positiva no novo cenário. A escolha da estratégia a ser utilizada pela organização para alavancar sua competitividade, deve considerar o grupo de consumidores que deseja angariar, assim como suas necessidades e desejos. Uma vez que são peças fundamentais de sustentação da vantagem competitiva, pois ditam os requisitos do produto e os preços que estão dispostos a pagarem. 2.2. Sustentabilidade As constantes transformações na dinâmica do mercado e, consequentemente, no comportamento dos consumidores, levam os gestores a buscarem novas ferramentas que possibilitem tornar as organizações cada vez mais competitivas. É imprescindível à competitividade global que as empresas estejam aptas a inovar rapidamente, frente a esse novo paradigma evidenciado pelo debate acerca de política ambiental, o qual exige das empresas inovação visando o aumento da produtividade (PORTER, 1999). 36 Segundo Camargo (2007), o século XX foi palco de transformações contundentes na relação homem-natureza, principalmente no que diz respeito à visão que as pessoas tinham acerca da natureza e dos problemas do meio ambiente. Ocorrendo, entretanto, uma expansão considerável na consciência ambiental do homem. Camargo (2007) enumera os principais acontecimentos do movimento ecológico: 1950 – marcado pela preocupação ecológica no campo científico; 1960 – marcado pelo surgimento de movimentos ecológicos que criticavam não só o modo de produção, mas também, o modo de vida da sociedade. Surge a WWF; 1970 – marcado pela criação de organizações internacionais que discutiam os problemas ambientais no âmbito mundial. Em 1971 surge o Greenpeace; 1980 – marcado pelo surgimento de leis que regulamentavam as atividades produtivas das empresas, em relação à poluição, em muitos países; 1990 – marcado pelo crescimento da consciência ambiental, surgida em diversos países, no tocante à „qualidade ambiental‟. A partir de então, o conceito de sustentabilidade evoluiu e arraigou durante décadas, desde 1950 até chegar ao estágio em que se encontra hoje. O desenvolvimento sustentável começou a disseminar após a publicação do relatório Nosso Futuro Comum em 1987, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente, o qual estabelece as bases das políticas econômicas e empresariais (KINLAW, 1997). Para este autor (1997, p. 83), o termo significa “a macrodescrição de como todas as nações devem proceder em plena cooperação com os recursos e ecossistemas da Terra para manter e melhorar as condições econômicas gerais de seus habitantes, presentes e futuras”. Com isso, o autor quer dizer que é imprescindível o trabalho conjunto de todos para que a sustentabilidade se torne algo real e, consequentemente, transforme o modo de vida da sociedade. Brasil e Santos (2007, p. 22) relata que o desenvolvimento sustentável propõe-se a uma “ação que preconiza a permanência do processo de globalização e de desenvolvimento histórico-econômico vigente”, mas que visa fomentar e gerar riqueza, prosperidade e qualidade de vida. Reforçando a ideia de que é possível promover o crescimento econômico sem provocar grandes danos à natureza, através de ferramentas que promovam mudanças no cenário empresarial, Maimon (1996, p. 10) relata que 37 o desenvolvimento sustentável busca simultaneamente a eficiência econômica, a justiça social e a harmonia ambiental. Mais do que um novo conceito, é um processo de mudança onde a exploração de recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento ecológico e a mudança institucional devem levar em conta as necessidades das gerações futuras. Visando destacar a ideia de que ao desenvolver a tecnologia, esta deve estar voltada para as metas ambientais e inovação de forma harmoniosa, a fim de buscar benefícios sociais equitativos e equilíbrio ecológico, ao usar os recursos, Donaire (1995) apresenta três vertentes para o conceito de desenvolvimento sustentável, são elas: crescimento econômico, equidade social e equilíbrio ecológico. Tal processo de mudança, enunciado pelo autor, exige a implantação de uma gestão ecológica, acerca dos novos paradigmas e tendências de consumo cada vez mais voltadas para a preocupação com o meio ambiente. A questão ambiental trará crescimento e vantagem competitiva, desde que trabalhada estrategicamente com base na consciência ambiental. As empresas que tiverem essa visão poderão se destacar com maior facilidade no mercado, arrebatando a preferência do público. 2.2.1. Consumo consciente O termo consciência ecológica começou a se propagar após a segunda guerra mundial, quando determinados setores da sociedade industrializada ocidental se voltaram contra os impactos causados pelo desenvolvimento técnico, cientifico, urbano e industrial ao meio ambiente. O filósofo Edgar Morim afirmava em 1975, que essa 'era uma maneira radicalmente nova de apresentar os problemas de insalubridade, nocividade e de poluição, até então julgados excêntricos, com relação aos verdadeiros temas políticos' (BRASIL e SANTOS, 2007). Conforme Butzke et al. apud Bertolini e Possamai (2005), a conscientização ambiental é compreendida como a mudança comportamental das pessoas e da sociedade, relacionada ao meio ambiente. Geralmente, os indivíduos não se dão conta dos problemas causados pelo comportamento displicente, com que agem cotidianamente, e não estão preocupados com a quantidade de água que gastam ao escovar os dentes, tomar banho e lavar a louça ou o carro (BERTOLINI e POSSAMAI, 2005). Sendo, portanto, o consumo consciente, segundo Brasil e Santos (2007), a implantação de padrões de produção e consumo sustentáveis, visando à construção de uma sociedade sustentável e justa. Para isso, o autor propõe que haja mudanças tanto por parte dos países 38 ricos quanto dos países em desenvolvimento, no tocante a estes últimos para que não repitam o modelo 'predatório' dos primeiros, sendo o consumidor consciente peça fundamental nesse processo. Destarte, Ottman apud Dinato (1998) relata que consumidores ambientalmente conscientes podem ser definidos como os que buscam produtos que exerçam impacto mínimo no ambiente. Educados, afluentes e atuais, representam os alvos mais desejáveis de consumidor. Um alvo mais lucrativo, muito maior, é a massa de consumidores verdes passivos que podem ser motivados por soluções custo-benefício eficazes e de fácil execução. Segundo Maimon (1996) o mercado de produtos ecologicamente corretos é promissor. E, apresenta, na figura 2, um guia do consumidor verde: Figura 2 – Guia do consumidor „verde‟ Consumidor cujas opções refletem uma preocupação com o meio ambiente: - Qualidade do produto transcende as características intrínsecas, incorporando o impacto ambiental na produção e/ou consumo, e - Prefere e/ou paga preço mais elevado por produtos ecológicos. 1. CARACTERÍSTICA DA EMBALAGEM - Não adquire produtos com empacotamento excessivo. - Prefere os produtos com embalagem reciclável e/ou retornável. - Evita comprar produtos com embalagem não-biodegradável. - Não carrega compras em embalagem de plástico. 2. CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO - Escolhe produtos isentos de alvejantes ou corantes. - Observa a biodegradabilidade do produto. - Recusa os produtos derivados de flora e fauna em extinção. - Observa os certificados de gestão. - Observa os selos verdes. FONTE: (Maimon, 1996, p. 35) Segundo Dinato (1998), os desejos dos clientes nem sempre condiz com o comportamento de compra dos mesmos, sendo função do marketing transformar suas intenções em ações reais. Daí a necessidade de adequar o modelo dos 4Ps ao consumo consciente. 39 Para Adeodato (2009), o desejo de reverter os males anunciados alcançou o marketing, e já se encontra, hoje, diversos produtos verdes nas prateleiras de supermercados, devido ao poder de influência do consumidor sobre a cadeia de indústrias e fornecedores. Stringhini (2009) reforça dizendo que o consumo consciente passa a ser um hábito passado de pai para filho dentro do grupo familiar, e num futuro próximo os filhos serão consumidores potenciais das empresas que se preocupam com a sustentabilidade ambiental, fazendo-as aumentar sua participação no mercado. Mas, para que isso ocorra em consonância com o novo modo de pensar, torna-se primordial a disseminação de um modelo de gerência adequado ao paradigma sustentável em crescente disseminação na sociedade. 2.2.2. Gestão ambiental A gestão ambiental, num primeiro momento, não foi bem vista, pois se acreditava que atrapalharia o progresso, mas com o tempo e as leis que obrigavam as empresas a controlar a poluição, a degradação e os impactos negativos ao meio ambiente, elas começaram a se preocupar. A partir daí passaram a observar os consumidores e as percepções mais abrangentes em relação a produtos ecologicamente corretos. Inerente a isso, buscaram formas inovadoras para satisfazê-los, através de estratégias eficazes para barganhar o mercado (STRINGHINI, 2009). As atividades empresariais não é um fator a parte do meio ambiente, mas sim, „a questão central‟, sendo a organização capaz de transformar o modo de vida da sociedade (KINLAW, 1997). A empresa deve criar um sistema que assegure a não contribuição para a degradação do meio ambiente, através do uso de produtos decorrentes de extração legal. Assim como, organizar uma estrutura capaz de abranger todas as áreas e considerando cada produto/serviço e processo desenvolvido. Ao adotar práticas sustentáveis, atribui-se o Sistema de Gestão Ambiental (SGA), o qual fazendo uso das normas ISO 14000, representada no Brasil pela ABNT, tem uma boa oportunidade para se adequar a um modelo sólido e passível de conseguir certificação ambiental, apesar de seu uso não ser obrigatório (SCHENINI, 2005). As normas da ISO7 14000 “são valiosas ferramentas gerenciais, contribuindo para a geração de custos e o aumento da conscientização ambiental de seus colaboradores, clientes e toda a comunidade, 7 Federação mundial de organismos padronizadores nacionais, formada por mais de 130 países, com sede em Genebra, na Suíça (BRASIL e SANTOS, 2007, p. 246). 40 promovendo os recursos necessários para controlar e reduzir os impactos ambientais resultantes das atividades empresariais” (BRASIL e SANTOS, 2007, p. 247). Essas dão ensejo a ações preventivas à degradação do meio ambiente, por meio da padronização mundial, que vem a proporcionar diversas vantagens às organizações: Do ponto de vista comercial; Do ponto de vista empresarial; e Para os clientes. Os processos de certificação ambiental, como a ISO 14000, foram criados para qualificar as empresas que dão privilégios ao meio ambiente em suas atividades (STRINGHINI, 2009). Sendo, então, uma forma de reconhecer aqueles que produzem dentro de padrões ecologicamente sustentáveis, destacando-os dos demais e permitindo que o consumidor o reconheça. Com vistas a reforçar o conceito de gestão ambiental, Donaire (1995, p. 60 a 63) enumera 16 princípios, os quais devem servir de base para qualquer organização interessada em promover e erradicar a proposta por todos os departamentos. São elas: 1. Prioridade organizacional: reconhecer a questão ambiental como uma das principais prioridades da empresa, tornando-a uma questão-chave para o Desenvolvimento Sustentado; e, estabelecer políticas, programas e práticas no desenvolvimento das operações adequadas ao meio ambiente; 2. Gestão integrada: integrar políticas, programas e práticas ambientais em todos os departamentos, como elementos indispensáveis à administração dos negócios; 3. Processo de melhoria: melhorar continuamente, as políticas corporativas, os programas e o desempenho ambiental nos mercados, interno e externo, levando em conta o desenvolvimento tecnológico, o conhecimento científico, as necessidades dos consumidores e os anseios da comunidade, partindo das regulamentações ambientais; 4. Educação do pessoal: educar, treinar e motivar o pessoal, de modo que possam desempenhar suas atividades responsavelmente em relação ao ambiente; 5. Prioridade de enfoque: considerar as repercussões ambientais antes de começar uma nova atividade ou projeto e antes de fazer a instalação de novos equipamentos ou abandonar unidades produtivas. 6. Produtos e serviços: desenvolver e fabricar bens que não sejam agressivos ao meio ambiente, que sejam seguros na utilização e consumo, eficientes no gasto 41 de energia e de recursos naturais e que possam ser reciclados, reutilizados e armazenados de forma segura; 7. Orientação ao consumidor: orientar e educar, se necessário, consumidores, distribuidores e o público em geral sobre o uso, transporte, armazenagem, e descarte correto e seguro dos produtos comercializados; 8. Equipamentos e operacionalização: desenvolver, desenhar e operar máquinas e equipamentos considerando o uso eficiente da água, energia e matérias-primas, o uso sustentável dos recursos renováveis, a minimização dos impactos negativos e geração de poluição ao ambiente e o uso responsável e seguro dos resíduos; 9. Pesquisa: conduzir ou apoiar projetos de pesquisas que estudem os impactos ambientais das matérias-primas, produtos, processos, emissões e resíduos associados ao processo produtivo da empresa, de modo a minimizar os impactos; 10. Enfoque preventivo: modificar a produção e o uso de produtos e serviços, e os processos produtivos, de forma consciente com os conhecimentos técnicos e científicos mais modernos, para prevenir as graves e irreversíveis degradações do ambiente; 11. Fornecedores e subcontratados: promover a adoção dos princípios ambientais da organização junto com os fornecedores e subcontratados assegurando o melhoramento nas atividades, de modo que seja uma extensão das normas da empresa; 12. Planos de emergência: desenvolver e manter, em áreas de risco eminente, planos de emergência utilizados conjuntamente entre setores envolvidos, órgãos governamentais e comunidade local; 13. Transferência de tecnologia: contribuir para a disseminação e transformação de tecnologias e métodos de gestão ambiental, junto com os setores, público e privado; 14. Contribuição ao esforço comum: contribuir no desenvolvimento de políticas públicas e privadas, programas governamentais e iniciativas educacionais que busquem a preservação do meio ambiente; 15. Transparência de atitude: propiciar transparência e diálogo com a comunidade interna e externa, antecipando e respondendo a suas preocupações relacionadas aos riscos e impacto da produção, produtos e resíduos; 16. Atendimento e divulgação: medir o desempenho ambiental, conduzindo auditorias regulares e averiguando os padrões da empresa, quanto ao 42 cumprimento dos valores estabelecidos na legislação. Assim como, prover periodicamente, informações apropriadas para a alta administração, acionistas, empregados, autoridades e público em geral. Tendo em vista esse processo, pretende-se adentrar mais especificamente na função de marketing, buscando estudar sua implantação nas empresas, como forma de conquistar e manter os consumidores conscientes. Ávidos por produtos e serviços que não agridem a natureza, estes tendem a buscar informações acerca dos fabricantes, modo de produção e atuação ecológica, antes de efetuarem qualquer compra. 2.3. Incorporação do Marketing „Verde‟ como Estratégia Competitiva e Sustentável Um dos maiores desafios enfrentados, hoje, pela humanidade, é a manutenção de seu modelo desenvolvimentista, orientado pelo crescimento econômico e pelo avanço técnico e científico que exige orientação ligada a princípios de inclusão, equidade e adesão social, de sustentabilidade ecológica e de ética (LASTRES, 2002). Este autor enuncia que a importância de proteger o capital natural reside, tanto na busca pelo equilíbrio ambiental como na necessidade de matéria-prima para tecnologia avançada. A crescente conscientização da sociedade e dos consumidores, juntamente com as mudanças na legislação ambiental, tem exigido das empresas, avaliações da estratégia de marketing, pois os riscos e oportunidades na comercialização dos bens e serviços devem passar por verificações que garantam a competitividade e a preservação da imagem. Nem as pessoas nem o pessoal de marketing estão preparados para lidar com as novas exigências do mercado verde, pois muitos compradores não sabem do impacto que os produtos podem causar ao ambiente e o que exigir das empresas (DONAIRE, 1995, p. 99 e 100). Porter (1999, p. 395) relata ainda que A maneira como as empresas respondem aos problemas ambientais talvez seja, de fato, um indicador-chave da sua competitividade geral. A regulamentação ambiental não induz, inevitavelmente, à inovação e à competitividade ou ao aumento da produtividade para todas as empresas. Apenas aquelas que inovarem com êxito serão vencedoras. Qualquer empresa que queira adentrar no mercado de produtos ecológicos é imprescindível fazer uma análise do ambiente para verificar a valorização do mercado no tocante à questão ambiental, de modo a observar o consumidor-alvo, quanto ao comportamento de compra, os critérios usados no processo decisório e o grau de consumo dos 43 clientes potenciais. Isso permite a conquista de diferenciação, desde que feito antes da implantação da estratégia, uma vez que essa só se consolida quando o que está sendo oferecido é valorizado (BERTOLINI e POSSAMAI, 2005). Winter apud Dinato (1998, p. 39) enumera as razões primordiais para a implementação de princípios sustentáveis dentro das organizações: 1. 2. 3. 4. 5. 6. Sobrevivência humana - sem empresas com consciência ecológica, não poderemos ter uma economia com consciência; sem uma economia com consciência ecológica, a sobrevivência humana estará ameaçada; Consenso público - sem empresas com consciência ecológica, não haverá consenso entre o povo e a comunidade de negócios: sem consenso, a economia de mercado estará politicamente ameaçada; Oportunidades de mercado - sem administração com consciência ecológica, haverá perda de oportunidades em mercados de rápido crescimento; Redução de riscos - sem administração com consciência ecológica, as empresas correm o risco de responsabilização por danos ambientais, que potencialmente envolvem grandes somas de dinheiro; e de responsabilização pessoal de diretores executivos; Redução de custos - sem administração com consciência ecológica, serão perdidas numerosas oportunidades de reduzir custos; Integridade pessoal - sem administração com consciência ecológica, tanto os administradores como os empregados terão a sensação de falta de integridade pessoal sendo, assim, incapazes de identificar-se totalmente com seu trabalho. De acordo com Ottman apud Stringhini (2009), agora os produtos não são mais avaliados somente pelo preço ou desempenho apresentados, mas pela responsabilidade social dos fabricantes. Ou seja, para se tornar competitiva é necessário implantar ações ambientalmente sustentáveis, isso inclui a gestão ambiental em todos os departamentos, inclusive no de marketing. Com vistas a montar um modelo que possibilitasse a implantação do marketing verde Maimon (1996, p. 30) apresenta, na figura 3, um roteiro de ecomarketing: Figura 3: Roteiro de ecomarketing Adequar a política de marketing à política ambiental - Assegurar a competitividade em longo prazo dos produtos. - Definir a respectiva participação no mercado. - Definir prazos e novos nichos de mercado para produtos verdes. - Ampliar grau de conhecimento dos consumidores em relação à questão ambiental. Planejar as ações de marketing integradas com a produção e P&D - Desenvolvimento de novos Produtos Verdes. 44 - Redução do impacto ambiental na produção. - Desenvolver produtos com materiais recicláveis ou reutilizáveis. - Reduzir ou mudar a embalagem. Implantar uma ação integrada de publicidade, relações públicas e mídia - Manter um bom relacionamento com a comunidade ambientalista. - Reforçar a sensibilização ambiental através da propaganda. - Criar uma imagem ambiental forte da empresa. - Utilizar argumentos ecologicamente corretos que possam ser verificados e controlados. - Estimular a empresa na adoção de Selos Verdes. Consolidar uma ação ecologicamente correta - Verificar se todos os integrantes da empresa estão vestindo a camisa Verde. - Treinar o pessoal de marketing na questão ambiental. - Criar na empresa uma identidade ecológica que garanta comportamentos adequados. Fonte: (Maimon, 1996, p. 30) Ao montar as estratégias que porventura virão possibilitar a conquista e a manutenção de consumidores, e consequentemente, obter sucesso em meio à competitividade, deve-se considerar as variáveis sociais, ambientais e econômicas da sociedade (STRINGUINI, 2009). Uma vez que estas são interdependentes, e exercem enorme influência sobre a dinâmica do mercado. No entanto, a incorporação do marketing verde no planejamento da estratégia, segundo Guimarães (2006), tem acarretado problemas, pois a integração das políticas ambientais nas empresas tem sido parciais, ao invés de serem integradas totalmente ao desenvolvimento estratégico. Ou seja, há dificuldades no tocante a tornar uma organização sustentável e competitiva, ao mesmo tempo, a menos que todos estejam engajados no projeto. 45 3. TENDÊNCIAS E MERCADO VERDE Tendo conhecimento acerca de competitividade, sustentabilidade e implantação do marketing verde como uma ferramenta capaz de disseminar os preceitos ecológicos, assim como, os benefícios e dificuldades. Busca-se compreender a dinâmica do mercado, através do estudo das tendências de consumo, assim como, as características dos produtos ecologicamente corretos, o mercado, em especial o brasileiro, e os consumidores preocupados com a questão sustentável. De modo a reforçar tudo o que foi enunciado nos capítulos anteriores. 3.1. As Tendências de Consumo O mundo está em constante transformação, e de tempos em tempos, inovações surgem mudando os rumos da sociedade. Segundo Popcorn (1993) para criar um novo contexto basta se antecipar a ele. Sendo assim, a empresa que enxergar melhor o futuro e aproveitar a chance de sair na frente, poderá se destacar como propulsora de uma tendência e servirá de modelo para as demais. As tendências são resultantes dos comportamentos da sociedade, esta tem evoluído de diversas maneiras. A partir da melhoria na qualidade de vida, investimentos em projetos sociais por parte das empresas, levando à inserção dos funcionários e clientes na comunidade, produção de relatórios sobre sustentabilidade (STRINGUINI, 2009). Popcorn (1993, p. 22 e 23) relata ainda que As tendências são previsoras, pois começam pequenas e depois ganham momentum, se puder ligar os pontos entre o aparecimento de uma tendência e o impacto que terá nos seus negócios, você poderá ajustar seu produto a fim de que adeque à tendência. À medida que cada tendência vai se solidificando e abrindo caminho no mercado, aumenta sua influência sobre o consumidor. Este autor ainda enumera dez tendências que servirão de base para inovações feitas pelas empresas e porventura possibilitarão sua ascensão competitiva: 1. Encasulamento numa nova década – busca por proteção, seja ela no „casulo armado‟ – caracterizado pela autodefesa com porte de armas, no „casulo nômade‟ – tempo que as pessoas passam dentro de seus carros ou, no „casulo socializado‟ – restrição aos grupos de convivência; 2. Aventura da fantasia – saída do casulo, momentaneamente, de modo seguro, através do consumo de produtos que substituam o que é desejado; 46 3. Pequenas indulgências – compensação física e emocional, a partir da compra de objetos de pouco valor, mas que tenham qualidade; 4. Egonomia – as pessoas querem se sentir importantes e únicas, comprando produtos diferenciados, individualizados ou personalizados; 5. Sair fora – faz parte do juntar tudo o que acumulou durante a vida para realizar algo muito desejado, tipo uma „aventura da fantasia‟ dentro de um „casulo‟; 6. Volta ao passado – busca por juventude, recusa a limitações tradicionais, adesão a comportamentos que definem uma idade inferior; 7. Sobreviver - busca por uma vida longa e saudável, através de produtos naturais que previnam as doenças e o envelhecimento; 8. Consumidor vigilante – o mercado, agora, segue os preceitos dos consumidores que protestam e exigem qualidade; 9. 99 vidas – as pessoas exercem diversas atividades e tem responsabilidades afins, o que leva a necessidade de serviços rápidos e sucintos; 10. SOS (salve o social) – preocupação com a sobrevivência, fazer parte de comunidades com atitudes sociais, que lutam por meio ambiente, educação e ética. Algumas, como sobreviver, consumidor vigilante e SOS (salve o social), podem ser percebidas em Camargo (2007, p. 82), quando este relata a existência de duas tendências consideradas globais, as quais marcam nossa entrada no terceiro milênio: “as conquistas ambientais que obtivemos através de novas tecnologias e políticas estão sendo surpreendidas pela velocidade e pela escala de crescimento populacional e do crescimento econômico; e, a insustentável progressão dos extremos de riqueza e pobreza”. Segundo Kotler apud Guimarães (2006), o domínio humano sobre o meio ambiente, através da tecnologia, tem sido revertida, pois as pessoas já se deram conta de que a natureza é frágil, e pode ser destruída. Destarte, o comportamento em relação ao equilíbrio e aos recursos finitos sofreu alterações consideráveis nos últimos tempos. Em geral as pessoas estão mais preocupadas com o futuro, com as pessoas com que convive ou se relaciona e também com as pessoas que estão no mesmo ambiente. Estão preocupadas com os sem-teto, com o crime, com as vítimas e com outros problemas sociais. Essas tendências pressagiam um mercado crescente para produtos e serviços de suporte social (GUIMARÃES, 2006, P. 43). 47 As mudanças no campo econômico, político, sociocultural e tecnológico são capazes de delinear o consumo e, portanto, dar a chance de as empresas barganharem o consumidor com produtos que os satisfaçam, pois tais mudanças refletem, principalmente, nos ecológicos (STRINGUINI, 2009). Possibilitando dessa forma, que a responsabilidade social corporativa contribua na construção de um mundo diferente, mais justo e que possa em poucas décadas ser sentido pelas gerações futuras (DINATO, 1998). As tendências têm sido ditadas pelos comportamentos no mundo, tivemos uma evolução nas leis, por exemplo, a ISO que estão exigindo mais das companhias, a melhoria na qualidade de vida é um assunto muito comentado ultimamente, as empresas começam a investir em projetos sociais, o que leva seus funcionários e clientes estarem ligados e inseridos na comunidade, os lançamentos de relatórios de sustentabilidade na mídia, tudo isso tem sido visto com bons olhos pelos consumidores (STRINGUINI, 2009, p. 61). Reforçando tais ideias, Popcorn (1993, p. 20) diz que “estudar as tendências é uma das formas na qual antecipamos novas realidades e ajudamos os clientes a criá-las”. Infere-se, então, que descobrir o perfil do consumo, antes mesmo do consumidor, possibilita traçar estratégias que possam fazê-los ver, antecipadamente, suas necessidades mais ocultas. E, portanto, oferecer produtos e serviços com características e qualidade desejados, afinal, tratase de um público diferenciado e, que pode vir a ser exigente nas escolhas que faz durante suas compras. 3.2. Produtos Ecologicamente Corretos Cabe, agora, entender a natureza dos produtos „verdes‟ ou ecológicos, para dar prosseguimento ao estudo. Ottman apud Dinato (1998, p. 69) o conceitua como “tipicamente duráveis, não tóxicos, feitos de materiais reciclados e com o mínimo de embalagem”. No entanto, durante o processo de fabricação, distribuição, uso e descarte, todos eles gastam recursos e energia, produzem rejeitos e poluem, por isso tal definição gira em torno da criação de novas tecnologias (DINATO, 1998). Seguindo este raciocínio, Waldman e Schneider apud Bertolini e Possamai (2005, p. 19), diz que “os produtos ecológicos são os que não impactam o ambiente, produzem pouca ou nenhuma poluição ou então são originários da reciclagem”. No entanto, Mainieri et. al. apud Palhares (2003), define-os como aqueles que apresentam desempenho ambiental superior, sendo necessário apenas que o produto ou processo seja menos danoso ao meio ambiente do que os substitutos ou concorrentes. 48 Refletindo hábitos de consumo não tão diferentes dos anteriores. Ou seja, o discurso não condiz com a prática. Ottman apud Stringuini (2009, p. 30), acerca do assunto, diz que “nesta nova era de marketing, os produtos passam a ser avaliados não apenas com base em desempenho ou preço, mas na responsabilidade social dos fabricantes”. Isso é percebido pelo aumento da procura por certificações e selos ambientais, além das publicações de relatórios sobre sustentabilidade empresarial por várias empresas em sites especializados em gestão social e ambiental. Os produtos passam por uma chancela, ganham selos que os denominam e autenticam como verdes, são inovadores, produzindo menos poluição, são eco eficientes atendendo as regulamentações para tal, ganham as empresas que diminuem em gastos de matéria prima, embalagem, estoque, transporte e lucram os clientes e o meio ambiente com o “lixo reciclável” (STRINGUINI, 2009, p. 61). Os selos verdes concedidos por órgãos governamentais ou ambientalistas, independentes aos interesses industriais, são usados para ajudar o consumidor na identificação dos produtos, além de alcançar vários objetivos, como: melhorar a imagem e as vendas; sensibilizar quanto aos efeitos ambientais da mesma categoria de produtos; expor informações reais sobre composição, fazer com que os produtores se responsabilizem por seus produtos e melhorar ambientalmente a qualidade (MAIMON, 1994). Na visão de Araújo (SD), é o modo mais confiável para as pessoas identificarem se um produto é ecologicamente correto ou não, pois ele não é unicamente uma logomarca ou rótulo que estampa as embalagens. Para que um produto adquira o direito de usá-lo, deve passar por avaliações técnicas rigorosas, em diversos aspectos do ciclo de vida como: matérias-primas (natureza e obtenção), insumos, processo produtivo (gastos de energia, emissão de poluentes, uso de água), usos e descarte (ARAÚJO, SD). Segundo este autor (SD), os selos verdes estão presentes em apenas dois segmentos, no Brasil, o de produtos orgânicos e madeira. Sendo que a auto-certificação é o grande vilão desse mercado, pois induz os consumidores a adquirir um produto não-ecológico. E dessa forma, perde-se potenciais compradores para falsos rótulos. De acordo com Guimarães (2006), a informação ecológica tem sido recomendada, através da inserção da qualidade ambiental nos produtos, a qual consiste em atribuir conceitos ecológicos para que se consiga obter uma convivência harmoniosa com o meio ambiente. Seguindo essa mesma linha, Palhares (2003), apresenta uma ferramenta capaz de averiguar o 49 impacto que produtos e serviços podem causar, e demasiadamente, o custo deste sobre a sociedade, é a análise do ciclo de vida dos produtos (ACV). A ACV avalia os inputs e outputs para determinar o impacto ambiental do processo produtivo e do uso do produto, através de levantamentos capazes de quantificar o uso da energia, dos recursos e das liberações de dejetos e gases para o ar, água e terra. No entanto, não é totalmente eficaz, pois não fornece informações importantes aos gerentes, como comparações entre os diferentes processos (KINLAW, 1997). As exigências do mercado, segundo Stringuini (2009), com relação à qualificação das empresas com atividades que buscam a proteção do meio ambiente, dão destaque às certificações, a exemplo da ISO 14000, dos selos verdes, entre outros. Diante dessa percepção, vale destacar, como tal dinâmica está evoluindo, para isso, deve-se estudar o mercado de produtos ecologicamente corretos. 3.3. O Mercado de Produtos Ecológicos As empresas operam segundo as regras do mercado, que são definidas pelo governo e pela sociedade. Quando a sociedade está disposta a comprar artigos pirateados ou drogas, estas oportunidades se configuram como parte das regras que regem o mercado; sendo assim, as empresas que atendem estes mercados operam ilegalmente, mas estão obedecendo às regras estabelecidas pela sociedade. Deste modo, a construção de um mercado socialmente responsável depende de todos e se dá no âmbito dos três setores (ALIANÇA – GRUPO CAPOAVA, 2010, p. 23). O mercado de produtos ecológicos, segundo Stringuini (2009), é considerado promissor, e para tirar proveito, basta projetar produtos e serviços em consonância com os consumidores conscientes e suas necessidades. Tendo em vista que a evolução do conceito de responsabilidade corporativa evoluiu tanto no Brasil como no mundo, a Exame (2009), destaca acontecimentos importantes como: a divulgação de indicadores de responsabilidade social pelo Instituto Ethos em 2000; o aumento de empresas certificadas pela ISO 14000, que eram cinco em 2001 e atualmente são 478; o lançamento do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) pela Bovespa em 2005; e, adesão de 22 empresas brasileiras ao Protocolo de Gases do Efeito Estufa em 2008, que mede as emissões de gases. Essa evolução está embasada na capacidade, ainda não utilizada integralmente, pelo tripé formado por sociedade, empresas e governo. Araújo (SD, p. 2) descreve esse potencial pouco utilizado. 50 O Brasil é o país mais rico do mundo em matérias-primas naturais renováveis (mais de 20% da biodiversidade planetária), tem um lixo abundante e ainda pouco aproveitado (245 mil toneladas/dia), além de milhões de toneladas de resíduos agrícolas e industriais sem qualquer uso. Em suma, o país reúne todas as condições para ser um verdadeiro celeiro de ecoprodutos e materiais reciclados, gerando emprego e levando cidadania a milhões de pessoas, tornando-se um modelo de sustentabilidade para outras nações. Tecnologia, know-how e criatividade não faltam para isso. 3.3.1. Evolução do mercado verde As empresas brasileiras passaram por três estágios, o primeiro deles baseado em investimentos sociais, através das doações e do voluntariado, em seguida, a ética e a transparência perpassaram o relacionamento com os stakeholders, e atualmente, as questões ambientais passaram a fazer parte da estratégia e discussões acerca de negócios sustentáveis são cada vez mais freqüentes (EXAME, 2009) O Brasil sinaliza claramente o desenvolvimento, a busca por ações ambientais eficazes que melhoram e ficam mais sofisticadas a cada ano e a valorização da transparência, não é a toa que “em 40% das empresas os impactos ambientais são conhecidos em todos os seus processos e atividades” (ANÁLISE, 2009, p. 26). Diversos fatores são responsáveis pela forma como a sustentabilidade é tratada, hoje dentro e fora das organizações, entre eles se destaca a pressão dos investidores, as ONGs e os consumidores, que exigem comportamento responsável. Mas, o principal impulsionador foi a publicação de relatório sobre mudanças climáticas em 2006, pelo economista Nicholas Stern (EXAME, 2009). A Exame (2009) de Sustentabilidade aborda quatro dimensões: geral, econômica, social e ambiental. Na dimensão geral, observa-se que 70% das companhias têm comitê de sustentabilidade e 70% divulga seus relatórios. Na econômica, 79% delas disseram ter um sistema de gestão de riscos que considera os aspectos socioambientais de curto, médio e longo prazo, sendo os riscos operacional, legal e a reputação os mais citados (71%, 70% e 65%, respectivamente). Na esfera social, 77% das empresas utilizam critérios sociais para a qualificação, seleção e monitoramento de seus fornecedores, sendo que 62% incluem nas clausulas contratuais, 60% divulgam previamente nos processos seletivos e 55% prevêem medidas disciplinares e legais para o não atendimento dos critérios. E na ambiental, 91% possuem política corporativa de responsabilidade ambiental, quanto ao relatório, 78% divulgam todas as etapas do processo produtivo, 81% o desenvolvimento de novos produtos, 75% a seleção de fornecedores e 58% a logística e com relação às ações voluntárias para 51 reduzir o impacto ambiental, 70% adotam metas de redução no consumo de energia, 66% no consumo de água e 46% das emissões diretas de gases de efeito estufa. Destaca-se, em Análise (2009), que 96,7% das empresas tem programas para melhorar suas metas ambientais, sendo que em 76,8% é documentada, 91,5% exigem de seus fornecedores a comprovação de atendimento à legislação especifica. A pesquisa elaborada pela revista demonstra a consolidação das tendências e aponta as mudanças no campo das políticas ambientais. Tão importante quanto desenvolver estratégias sustentáveis tem sido encontrar maneiras de padronizá-las. Percebe-se também que no Brasil, a questão ambiental está evoluindo e o discurso „verde‟ não faz mais parte, apenas, das campanhas de marketing (EXAME, 2009). 3.3.2. Índice de Sustentabilidade Empresarial O ISE (índice de sustentabilidade empresarial) foi lançado em dezembro de 2005, devido à procura por investimentos e finanças sustentáveis no país, com o objetivo de medir o retorno das ações de empresas comprometidas, tanto com sustentabilidade empresarial como com responsabilidade social. É ajustado anualmente no mês de dezembro, com um máximo de 40 empresas, e possibilita que investidores tenham um padrão de referência. Os critérios de análise aplicados foram desenvolvidos pela CES-FGV8, e compõe aspectos econômicos, sociais e ecológicos, divididos em quatro grupos (IFC 9, 2009): Políticas (indicadores de comprometimento); Gestão (indicadores de programa, meta e monitoramento); Desempenho; Conformidade com a legislação. Segundo a FGVces, essa ferramenta analisa, comparativamente, o desempenho sustentável, com base em eficiência econômica, governança corporativa, justiça social e equilíbrio ambiental de empresas listadas na Bovespa 10. Tem sua importância voltada para a compreensão das empresas e grupos comprometidos com o tema, pois diferencia-os sob 8 Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas. International Finance Corporation - braço financeiro do Banco Mundial, uma organização cuja missão é promover investimentos no setor privado de países em desenvolvimento, com objetivo central de reduzir a pobreza e promover a melhoria de qualidade de vida (FGVces). 10 Bolsa de Valores de São Paulo. 9 52 aspectos de qualidade, desempenho, compromisso e transparência, quesitos interessantes aos investidores preocupados com a ética corporativa (FGVces). Na figura 4 pode-se ver a evolução do ISE, desde seu lançamento em 2005 até setembro de 2010. Figura 4: ISE – pontos mensal Fonte: http://www.bmfbovespa.com.br/indices/EvolucaoMensal É evidente a mudança de comportamento das empresas em relação ao desenvolvimento sustentável. Estas estão buscando aliar suas atividades, com os novos paradigmas sociais e ambientais da sociedade. Em resposta às pressões exercidas, em suma pelas ONGs, estão investindo em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias que possibilitam a implantação de uma produção limpa, e consequentemente, a disponibilidade de produtos ecológicos no mercado. 53 4. A PESQUISA: COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR Neste capítulo, serão apresentados os resultados da pesquisa. A qual avaliou os hábitos dos consumidores durante a compra e os fatores de influência na decisão por qual produto levar para casa, com ênfase no consumo consciente. De modo, a responder o problema da pesquisa, e afirmar ou negar a hipótese apresentada, os resultados obtidos a partir da aplicação dos questionários, aplicados a uma amostra não probabilística composta por 35 entrevistados entre os dias 1 e 5 de novembro de 2010, foram avaliados em conjunto com o referencial teórico e os dados secundários, apresentados nos capítulos anteriores. O questionário contendo 19 perguntas, foi dividido em dois blocos. O primeiro para desenhar o perfil dos entrevistados e o segundo para avaliar o consumo destes. 4.1. O Perfil dos Entrevistados As quatro primeiras questões, acerca de sexo, idade, renda familiar e nível de escolaridade, possibilitou fazer um apanhado das características dos componentes da amostra. Na questão um, infere-se, como apresentado no gráfico 1, um equilíbrio entre a quantidade de mulheres (45,7%) e homens (54,3%). Enquanto, que na segunda questão, relacionada à faixa etária (gráfico 2), a maioria tem até 24 anos (62,9%). Gráfico 1: Sexo 54,3% 45,7% Masculino Feminino Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. 54 Gráfico 2: Faixa etária 62,9% 25,7% 5,7% Até 24 anos 25 a 34 anos 35 a 49 anos 5,7% mais de 50 anos Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. A questão três, demonstrada no gráfico 3, revela que mais da metade (54,3%) tem renda familiar de mais de um até três salários mínimos. Quanto ao grau de escolaridade, verificado na última questão desse bloco, a maioria (91,4%) tem ensino médio ou ensino superior, 45,7% e 45,7%, respectivamente (gráfico 4). Gráfico 3: Renda familiar mais de 10 S/M mais de 5 a 10 S/M 11,4% 2,9% mais de 3 a 5 S/M 28,6% mais de 1 a 3 S/M Até 1 S/M 54,3% 2,9% Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. 55 Gráfico 4: Escolaridade Pós-graduação 2,9% Ens. Superior 45,7% Ens. Médio 45,7% Ens. Fundamental 5,7% Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. 4.2. Perfil do Consumo Após ter exposto o perfil das pessoas que responderam ao questionário aplicado, podese agora investigar o consumo. Para tanto, será apresentado os resultados iminentes da segunda parte, contendo mais quinze questões, que permitiram alcançar os objetivos da pesquisa. A questão cinco analisa a procura por informações ao efetuar uma compra. Podendo-se verificar no gráfico 5, que 60% procuram por informações sobre o produto ou serviço que deseja adquirir, mas apenas algumas vezes. Gráfico 5: Você procura informações sobre os produtos e serviços que compra? Nunca 8,6% Algumas vezes Sempre 60,0% 31,4% Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. Quando questionados acerca dos rótulos e embalagens, 2,9% disseram nunca verificar se o produto é ambientalmente correto (gráfico 6). Ou seja, quando procuram informações sobre o produto, o fator ambiental não é lembrado. Observa-se no gráfico 7, que os homens parecem estar mais atentos às questões ambientais, pois 31,3% deles dizem olhar os rótulos e embalagens. 56 Gráfico 6: Você verifica nos rótulos e embalagens se o produto é ambientalmente correto antes comprar? 28,6% 22,9% 2,9% Sempre Algumas vezes Nunca Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. Gráfico 7: Diferença entre homens e mulheres, quanto a verificar se o produto é ambientalmente correto 43,8% 25,0% 31,3% Homens 52,6% Nunca Algumas vezes 31,6% Sempre 15,8% Mulheres Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. Quanto ao fabricante e sua postura ambiental frente à sociedade, investigado na sétima pergunta, obteve-se que a maioria dos consumidores (54,3%) nunca leva em conta este fator antes de comprar, e apenas 2,9% sempre se informam sobre as ações da empresa (gráfico 8). Portanto, a maioria não está preocupada com possíveis danos que a atividade da empresa possa vir a causar futuramente ao meio ambiente e a sociedade. 57 Gráfico 8: Você procura saber se o fabricante tem ações ambientais (leva em conta a postura ambiental do fabricante) antes de comprar? 42,9% 54,3% 2,9% Sempre Algumas vezes Nunca Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. No que diz respeito à reciclagem, 88,6% dos entrevistados, compram produtos advindos de material reciclado ou que poderão ser reciclados após o uso apenas algumas vezes, ou seja, o destino do produto e sua embalagem após o uso nem sempre é considerado (gráfico 09). Com relação à embalagem, apenas 22,9% dos consumidores sempre observam o excesso desta, na hora de comprar (gráfico 10). Gráfico 9: Compra produtos e/ou embalagens fabricados com material reciclado ou que podem ser reciclados? 88,6% 8,6% 2,9% Sempre Algumas vezes Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. Nunca 58 Gráfico 10: Você observa o excesso de embalagens dos produtos? 22,9% Sempre 34,3% Algumas vezes 42,9% Nunca Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. Ao investigar a motivação do consumidor para comprar produtos que contenham selos que os identifica como ambientalmente corretos, observou-se que 2,9% dos entrevistados não comprariam tais produtos (gráfico 11). Esse resultado está ligado tanto à confiança nos selos e certificações ambientais, quanto à dúvida na hora de identificar quais as atividades e empresas são poluidoras ou não, como pode ser visto nas tabelas 1 e 2. Gráfico 11: Quando você encontra um produto com rótulo que informa que ele foi fabricado de maneira ambientalmente correta, você fica motivado em comprá-lo? 42,9% 54,3% 2,9% Sempre Algumas vezes Nunca Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. Tabela 1: Motivação x Confiança em selos e certificações ambientais Confia em selos e certificações ambientais? Fica motivado? Sempre Algumas vezes Nunca Sempre 12,5% 34,8% 100,0% Algumas vezes 87,5% 60,9% 0,0% Nunca 0,0% 4,3% 0,0% Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. 59 Tabela 2: Motivação x Reconhecimento de atividades e empresas limpas Reconhece empresas ambientalmente corretas? Fica motivado? Sempre Algumas vezes Nunca Sempre 55,6% 34,8% 66,3% Algumas vezes 44,4% 60,9% 33,3% Nunca 0,0% 4,3% 0,0% Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. Tendo em vista que, 65,7% dos entrevistados declararam nem sempre saber reconhecer as empresas social e ecologicamente sustentáveis (gráfico 12), infere-se que, a maioria das pessoas não sente segurança ao identificá-las e, por isso, o consumidor olha com desconfiança para propagandas tipicamente ecológicas. Gráfico 12: Você sabe identificar empresas ou atividades que geram poluição e exploram o meio ambiente? 65,7% 25,7% Sempre Algumas vezes 8,6% Nunca Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. No caso dos selos verdes e certificações socioambientais, 68,6% responderam que confiam apenas algumas vezes (gráfico 13), isso pode ser explicado pela auto-certificação que é feita por algumas empresas, o que acaba tirando a credibilidade das demais. Ou seja, além da dúvida quanto a como identificar empresas sustentáveis, há também o fator confiança. 60 Gráfico 13: Você confia em selos e certificações socioambientais? 68,6% 22,9% Sempre 8,6% Algumas vezes Nunca Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. Na questão 13, relacionada às características que são consideradas durante a compra verificou-se que a qualidade é a principal delas, citada por 80%, seguida por preço com 51,4%. A certificação ambiental não foi considerada por nenhum dos entrevistados (gráfico 14), o que leva a concluir que esse fator não tem importância no processo decisório. Gráfico 14: Quando você vai comprar um produto, quais as principais características consideradas e que definem qual produto comprar? PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS CONSIDERADAS 0% 13% Embalagem Preço 8% 5% Qualidade 29% Disponibilidade Tradição Cert. Ambiental 45% Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. Do ponto de vista socioambiental, observa-se, no gráfico 15, que a certificação ambiental é a mais citada (45,7%) como fator a ser observado, enquanto que qualidade ficou em segundo (31,4%) e em seguida, embalagem (22,9%). 61 Gráfico 15: Do ponto de vista socioambiental, o que você mais leva em conta ao definir qual produto comprar? CARACTERÍSTICAS SÓCIOAMBIENTAIS CONSIDERADAS 17% Embalagem 33% Preço 13% Qualidade Disponibilidade Tradição 6% 8% Cert. Ambiental 23% Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. Em relação aos 4Ps, as perguntas 15 a 18 procuram investigar a reação dos consumidores frente a produto, preço, praça e promoção. Será que eles compram ou estariam dispostos a comprar produtos verdes, caso as estratégias de marketing fossem aprimoradas? No gráfico 16, demonstra-se a variável produto através da qualidade. 74,3% disseram que sempre compram ou comprariam tais produtos com qualidade superior aos outros. Gráfico 16: Você compra ou compraria um produto ecologicamente correto que tenha qualidade superior aos demais? Nunca 0,0% Algumas vezes Sempre 25,7% 74,3% Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. Em relação ao preço, 71,4% pagam ou pagariam, apenas algumas vezes, produtos com certificação ambiental que fossem mais baratos (gráfico 17), retificando a necessidade de 62 investir em tecnologias limpas que venham a diminuir o custo de fabricação, e consequentemente, fazendo com que os preços fiquem acessíveis ao comprador. Gráfico 17: Você paga ou pagaria mais por um produto que possui certificação ambiental e não polui o meio ambiente? 71,4% 20,0% Sempre 8,6% Algumas vezes Nunca Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. O quesito promoção foi o que deteve mais aceitação com 74,3% dos respondentes afirmando que sempre compra ou compraria em promoções ou liquidações (gráfico 18). Quanto à disponibilidade, obteve-se um resultado de 57,1% afirmando que sempre compra ou compraria produtos verdes se encontrassem com facilidade. Inferindo-se que se tais produtos fossem melhor distribuídos, de modo a facilitar a procura para encontrá-los, é ou seria um estímulo para a compra (gráfico 19). Gráfico 18: Você compra ou compraria um produto ecologicamente correto em promoções ou liquidações? 74,3% 22,9% 2,9% Sempre Algumas vezes Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. Nunca 63 Gráfico 19: Você compra ou compraria um produto ecologicamente correto que seja mais fácil de encontrar que os demais? 57,1% 40,0% 2,9% Sempre Algumas vezes Nunca Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. Quando indagados sobre a possibilidade de redução de consumo para colaborar com a diminuição da poluição, 80% estariam dispostos a mudar os hábitos em prol do meio ambiente, e 20% não o fariam (gráfico 20). As mulheres apresentaram maior resistência quanto a mudar o estilo de vida em nome da causa ecológica, pois 31,6% não diminuiriam o consumo, enquanto entre os homens isso não é problema, já que 93,8% comprariam menos (gráfico 21). Gráfico 20: Você reduziria a quantidade de produtos consumidos para contribuir com a diminuição da poluição? 80,0% 20,0% Sim Não Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. 64 Gráfico 21: Diferença entre homens e mulheres, quanto à possibilidade de redução do consumo 6,3% 93,8% Homens 31,6% Não 68,4% Mulheres Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da Pesquisa. Sim 65 CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer deste trabalho, buscou-se investigar os conceitos e ferramentas do marketing, assim como sua vertente ecológica, de modo a torná-lo um fator estratégico e competitivo inerente às organizações voltadas para o desenvolvimento sustentável. Para isso, foi de crucial importância um referencial teórico, rico e diversificado, tanto na área de marketing como de competitividade, estratégia e sustentabilidade. Com reforço substancial de pesquisas acerca do mercado de produtos ecológicos, e como este está se comportando frente às tendências iminentes do consumo consciente. A pesquisa, para a qual o trabalho serviu de fundamentação, visou questionar o consumidor quanto aos fatores de influência ligados ao mix de marketing, já que a hipótese foi baseada nos 4Ps como ponto principal para traçar as estratégias competitivas. Destarte, o objetivo principal foi alcançado, uma vez que os temas, estratégia e competitividade, foram estudados em conjunto com a sustentabilidade, fazendo-se a relação entre ambos. Assim como, os objetivos específicos. Ao identificar os fatores de influência anunciados por Kotler e Armstrong (1998), fazendo as devidas avaliações quanto ao impacto de cada um no comportamento de compra dos consumidores, e analisando como podem ser usados na definição da estratégia a ser implantada. Além de verificar o andamento do mercado de produtos verdes, desde o surgimento do conceito ambiental na esfera empresarial até os dias de hoje. O estudo, observado as três variáveis: perfil do consumidor, hábitos de consumo e influências na decisão de compra, confirmou a hipótese levantada. Como pôde ser visto nos gráficos 15 e 16, as características qualidade e preço tem grande impacto na hora de decidir por qual produto levar. Mas, o que mais pesa durante o processo de decisão de compra, ainda é a qualidade dos produtos ou serviços, pois a disposição para comprar produtos sem qualidade é nula. Notou-se também que em relação ao preço o consumidor é mais cauteloso. E, como os produtos verdes são reconhecidamente mais caros, e sendo o preço um dos principais fatores considerados, o investimento em propagandas, que desmitifique essa crença a partir do fortalecimento da qualidade vem a ser uma estratégia forte, a qual pode consolidar a empresa no mercado. Se o modo mais prático de conquistar clientes é oferecendo produtos de acordo com suas expectativas, então, é crucial saber o real valor que é dado a cada um dos elementos do mix de marketing, com o intuito de descobrir um ponto que será sua vantagem competitiva. 66 Podendo-se afirmar que o desenvolvimento de tecnologias limpas voltadas ao corte de custos, sem perda da qualidade, é uma boa estratégia. No tocante ao marketing verde, não basta só demonstrar que a empresa se preocupa com o meio ambiente e está disposta a diminuir os impactos provenientes de suas atividades, pois as pessoas não se informam, constantemente sobre ações sustentáveis, como pôde ser observado no gráfico 9. Portanto, suas estratégias devem está voltadas para o mix de marketing. Reforçando componentes que os clientes consideram importantes e, em suma, são decisivos nas escolhas que satisfarão suas necessidades e desejos, inclusive aqueles que não estão explícitos. A questão ambiental trará crescimento e vantagem competitiva, desde que trabalhada estrategicamente com base no consumo consciente, em voga atualmente. As empresas que tiverem essa visão poderão se destacar com maior facilidade no mercado, arrebatando consumidores. Daí, o esforço inerente à promoção da imagem da marca com base em ações verídicas e alicerçada ao composto mercadológico, sucumbirá à preferência do público. 67 REFERÊNCIAS ADEODATO, Sérgio. Caminhos para a mudança: o Imaflora e as transformações socioambientais na floresta e no campo. Piracicaba, SP: Imaflora, 2009. ALIANÇA – GRUPO CAPOAVA. Responsabilidade Social Empresarial: Por que o guardachuva ficou pequeno? 2010. Disponível em: http://www1.ethos.org.br/EthosWeb/arquivo/0A-888Publica%C3%A7%C3%A3o%20Alian%C3%A7a%20Capoava.pdf Acesso em: 14/10/2010 às 21:54. ANÁLISE. Gestão Ambiental. [S.I]: Análise editorial, 2009. 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Idade: ( ) até 24 anos ( ) de 25 a 34 anos ( ) de 35 a 49 anos ( ) acima dos 50 anos 3. Renda familiar: ( ) até um salário mínimo ( ) mais de um a três salários mínimos ( ) mais de três a cinco salários mínimos ( ) mais de cinco a 10 salários mínimos ( ) mais de dez salários mínimos 4. Nível de escolaridade: ( ) ensino fundamental ( ) ensino médio ( ) ensino superior ( ) pós-graduação 5. Você procura informações sobre os produtos e serviços que compra? ( ) sempre ( ) algumas vezes ( ) nunca 6. Você verifica nos rótulos e embalagens se o produto é ambientalmente correto antes comprar? ( ) sempre ( ) algumas vezes ( ) nunca 7. Você procura saber se o fabricante tem ações ambientais (leva em conta a postura ambiental do fabricante) antes de comprar? ( ) sempre ( ) algumas vezes ( ) nunca 8. Compra produtos e/ou embalagens fabricados com material reciclado ou que podem ser reciclados? ( ) sempre ( ) algumas vezes ( ) nunca 9. Você observa o excesso de embalagens dos produtos? ( ) sempre ( ) algumas vezes ( ) nunca 10. Quando você encontra um produto com rótulo que informa que ele foi fabricado de maneira ambientalmente correta, você fica motivado em comprá-lo? ( ) sempre ( ) algumas vezes ( ) nunca 11. Você sabe identificar empresas ou atividades que geram poluição e exploram o meio ambiente? ( ) sempre ( ) algumas vezes ( ) nunca 12. Você confia em selos e certificações socioambientais? ( ) sempre ( ) algumas vezes ( ) nunca 72 13. Quando você vai comprar um produto, quais as principais características consideradas e que definem qual produto comprar? ( ) embalagem ( ) preço ( ) qualidade ( ) disponibilidade ( ) tradição ( ) certificação ambiental ( ) outro: ___________________________________________________________________ 14. Do ponto de vista socioambiental, o que você mais leva em conta ao definir qual produto comprar? ( ) embalagem ( ) preço ( ) qualidade ( ) disponibilidade ( ) tradição ( ) certificação ambiental ( ) outro: ___________________________________________________________________ 15. Você compra ou compraria um produto ecologicamente correto que tenha qualidade superior aos demais? ( ) sempre ( ) algumas vezes ( ) nunca 16. Você paga ou pagaria mais por um produto que possui certificação ambiental e não polui o meio ambiente? ( ) sempre ( ) algumas vezes ( ) nunca 17. Você compra ou compraria um produto ecologicamente correto em promoções ou liquidações? ( ) sempre ( ) algumas vezes ( ) nunca 18. Você compra ou compraria um produto ecologicamente correto que seja mais fácil de encontrar que os demais? ( ) sempre ( ) algumas vezes ( ) nunca 19. Você reduziria a quantidade de produtos consumidos para contribuir com a diminuição da poluição? ( ) sempre ( ) algumas vezes ( ) nunca