úlcera por pressão em um hospital privado do interior paulista

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ÚLCERA POR PRESSÃO EM UM HOSPITAL
PRIVADO DO INTERIOR PAULISTA
Camila Galvão Moreira
Fabiana Mara Machado Ribeiro de Carvalho
Sílvia Helena Lopes do Nascimento
Acadêmicas do curso de Enfermagem das Faculdades
Integradas Teresa D’Ávila – FATEA.
Ana Beatriz Pinto da Silva Morita
Enfermeira e Estomaterapeuta pela Universidade de Taubaté.
Mestre no Cuidar em Enfermagem pela Universidade de Guarulhos.
TiSOBEST. Professora e Coordenadora do Curso de Enfermagem
das Faculdades Integradas Teresa D’ Ávila (FATEA).
RESUMO
O estudo tem como objetivo identificar a ocorrência de UP em uma Instituição
privada de médio porte do interior paulista e caracterizar os dados sócio-demográficos
e clínicos da clientela. Trata-se de um estudo prospectivo e transversal do tipo
exploratório e descritivo com abordagem quantitativa. Os dados foram coletados em uma
instituição privada de médio porte do interior paulista, durante 2 meses consecutivos,
totalizando 201 pacientes internados que passaram por exame físico, avaliação de
risco na escala de Braden, entrevistas e revisão do prontuário. As avaliações foram
realizadas até 24 horas após a admissão, 48 horas após a admissão e, posteriormente,
em días alternados até à detecção da presença de úlcera, de alta ou óbito do paciente.
Verificou-se que dos 201 pacientes internados na unidade estudada, no período de dois
de janeiro a dois de março, nenhum deles desenvolveu UP.
PALAVRAS CHAVE:
Úlcera por pressão; Epidemiologia; Enfermagem.
ABSTRACT
The study aims to identify the occurrence of UP in a private institution midsize state
of São Paulo and characterize the socio-demographic and clinical data of customers. It
is a prospective, cross-sectional study of exploratory and descriptive with quantitative
approach. Data were collected in a mid-sized private institution in São Paulo State,
for 2 consecutive months, totaling 201 hospitalized patients undergoing physical
examination, risk assessment on the scale of Braden, interviews and prontuario review.
The evaluations were performed 24 hours after admission, 48 hours after admission
and thereafter on alternate days to detect the presence of ulcers, high or patient’s
death. It was found that of 201 patients admitted to the unit studied in the period
from January 2 to March 2, none of them developed UP.
KEY WORDS:
Pressure Ulcers, Epidemiology, Nursing.
INTRODUÇÃO
Segundo European Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP) a úlcera
por pressão (UP) pode ser definida como uma lesão localizada, acometendo
pele/ e ou tecidos subjacentes, usualmente sobre uma proeminência óssea,
resultante de pressão, pressão associada a cisalhamento e/ou fricção ou ainda
uma combinação desses fatores. (1)
Também denominada ferida de pressão, úlcera de decúbito e escara; a
úlcera de pressão é uma ferida que pode desenvolver-se num paciente que
permanece na mesma posição corporal durante um período prolongado de
tempo; a pressão impede que o sangue circule de forma adequada, dificultando
o transporte de nutrientes, provocando danos aos tecidos e em consequência
ocorrendo a formação de úlceras. (2)
Além da imobilidade, são vários os fatores que podem aumentar o
risco para o desenvolvimento de UP como: idade avançada, desnutrição,
incontinência urinária e fecal, infecção, deficiência de vitaminas, pressão
arterial elevada, diabetes, umidade excessiva e edema. Além disso, o uso de
alguns medicamentos como: corticoide, anti-inflamatório e antibiótico também
podem aumentar a incidência. (3)
O aparecimento de lesão de integridade da pele (UP) em pacientes
hospitalizados é um problema importante, uma vez que gera danos emocionais
aos pacientes, além de apresentar custo elevado para família, hospital e
instituição. (4)
Ademais, o aparecimento de UP torna-se um problema de saúde pública,
à medida que pode ser utilizado como indicador de qualidade de serviço de
saúde. (5)
Manter alguns cuidados com a pele do paciente é primordial para evitar
a formação de UP. Sendo assim, é essencial o acompanhamento efetivo da
equipe de enfermagem na busca da mensuração da incidência de UP, pois
é uma ferramenta muito valiosa para a o desenvolvimento de atividades de
prevenção.
Contudo, para que haja uma redução dos índices de UP é necessário que
os fatores de risco dos pacientes sejam conhecidos, para que, desta maneira,
sejam implementadas medidas preventivas.
Para avaliação dos pacientes quanto ao risco de desenvolver UP são
utilizadas várias escalas de avaliação de risco. Dentre elas, a escala de Bradem
se destaca por fornecer dados com melhores índices de validade preditiva,
sensibilidade e especificidade e também por ser considerada como uma das
REENVAP, Lorena, n. 08, Jan./Julho, 2015.
101
mais adequadas para predizer o risco de desenvolvimento das UP. (6)
Sendo assim, conhecer o número de ocorrências e fatores que favorecem o
aparecimento de UP em uma instituição torna-se um meio importante, para
que a enfermagem estabeleça ações coordenadas preventivas e operacionais
que minimizem o aparecimento da UP.
Sendo assim, o objetivo deste estudo foi identificar a ocorrência de UP em
uma Instituição privada de médio porte do interior paulista e caracterizar os
dados sócio-demográficos e clínicos da clientela.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo prospectivo e transversal do tipo exploratório e
descritivo com abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada em um
hospital privado de médio porte, na unidade de clínica médica, que possui
trinta e oito (38) leitos em que são admitidos pacientes da unidade de terapia
intensiva, pronto socorro, consultórios médicos e clínica cirúrgica.
A população foi composta por todos os pacientes internados nessa unidade
no período de sessenta dias. Os critérios de inclusão na pesquisa são: ter mais
de 18 anos, não apresentarem UP no momento da admissão, permanecer
internado na clínica médica no mínimo 48 horas e consentir em participar
da pesquisa ou ter sua participação autorizada por um responsável.
Foi aprovado pelo Comitê de Ética sob o Parecer Nº 489.158. Nesta ocasião
os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
sendo garantidos a todos: o seu anonimato; a garantia de não haver quaisquer
sansões ou prejuízos pela não participação ou pela desistência, a qualquer
102
REENVAP, Lorena, n. 07, Agos./Dez., 2015.
momento; o direito de resposta às dúvidas; a inexistência de qualquer ônus
financeiro ao participante.
Para a coleta de dados, foi utilizado um instrumento composto por quatro
partes: dados sociodemográficos, dados clínicos que eram obtidos através
de uma análise nos prontuários, avaliação e seguimento dos pacientes de
risco mediante a Escala de Braden, e características das úlceras. A coleta
de dados foi realizada nos dias 02/01/2014 à 02/03/2014. Variáveis clínicas
como estadiamento e mensuração das UP foram previamente padronizadas,
segundo modelos internacionais. O estadiamento foi baseado na classificação
internacional, proposta pelo National Pressure Ulcer Advisory Panel
(NPUAP) e a mensuração foi bidimensional (comprimento x largura), para
as úlceras rasas (categoria I e II) e tridimensional (comprimento x largura x
profundidade) para as úlceras profundas (categoria III e IV). (3)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 201 pacientes avaliados, nenhum apresentou UP no período estudado,
entretanto foi verificado que dois (02) pacientes apresentaram predisposição à
UP. Os resultados encontrados neste estudo foram demonstrados em tabelas
e quadros.
Na Tabela 1 estão apresentados os dados quanto ao sexo, raça e desfecho da
internação.
Distribuição de pacientes segundo sexo, raça e desfecho. Lorena-SP, 2014.
Categorias
Sexo
Raça
Desfecho
N
%
Feminino
113
56,21
Masculino
88
43,78
Branca
184
91,54
Negra
17
8,45
Alta
195
97,01
Óbito
06
2,98
UP
00
0,00
Fonte: Instrumento de Pesquisa.
REENVAP, Lorena, n. 08, Jan./Julho, 2015.
103
Na Tabela 1 pode-se observar que houve o domínio do sexo feminino, com
predominância de 56,21%, sendo que o sexo masculino apresentou 43,78%;
a raça que predominou foi a branca, com 91,54%, a negra ocupou a casa dos
8,45%; o desfecho apresentou a predominância de 97,01% de pacientes com
alta; 2,98% dos pacientes entraram em óbito e finalmente verificou-se que
não houve a ocorrência de UP.
Tabela 2 – Distribuição dos pacientes segundo a idade. Lorena-SP, 2014.
Categorias de idade
F
%
Não Idoso
121
60,19
Idoso
80
38,81
Idosos com predisposição à UP
02
0,99%
Total
201
100%
Fonte: Instrumento de Pesquisa.
Observa-se na Tabela 2 que a maioria dos sujeitos estudados não era idosa:
60,19%, sendo os idosos com 38,81%. É importante ressaltar que dois idosos
apresentaram predisposição à UP, não a desenvolvendo. Provavelmente isto
aconteceu devido aos procedimentos iniciais da avaliação de risco para UP,
que são realizados na admissão e durante a internação, por meio da Escala
de Braden. (7-10)
Nota-se que os cuidados prestados na prevenção de UP estão diretamente
atrelados aos profissionais de enfermagem. E quando o cuidado não é
prestado de maneira eficiente e correta contribui de forma significativa para o
desenvolvimento de UP, de forma extrínseca, e intrinsecamente outros fatores
estão envolvidos direta ou indiretamente em sua formação. (9)
A seguir, os dados referentes ao diagnóstico médico na admissão.
104
REENVAP, Lorena, n. 07, Agos./Dez., 2015.
Quadro 1 – Distribuição das categorias de diagnósticos médicos de admissão
dos pacientes, Lorena-2014.
Categoria de diagnóstico médico na admissão
n
%
Disfunções neurológicas
16
7,9%
Disfunções cardíacas
15
7,4%
Disfunções neoplásicas
01
0,5%
Disfunções respiratórias
16
7,9%
Disfunções renal
11
5,5%
Disfunções hepatológicas ou pancreática
07
3,5%
Disfunções hematológicas
05
2,5%
Disfunções infecciosas e ou inflamatórias
20
10%
Disfunções endócrinas
11
5,5%
Disfunções psiquiátricas
02
0,1%
Disfunções dermatológicas
02
0,1%
Disfunções músculo esqueléticas
07
3,5%
Outras
88
45,6%
Fonte: Instrumento de Pesquisa.
Ao se analisar o Quadro1, observou-se que os diagnósticos médicos
admissionais que mais tiveram porcentagens foram: infecciosas e ou
inflamatórias com predominantes 10%; disfunções neurológicas e respiratórias
com 7,9%; cardíacas apresentando 7,4%; disfunções endócrinas e renais com
5,5%. Cabe esclarecer que vários pacientes não tiveram diagnóstico médico
esclarecido, motivo pelo qual se enquadraram na categoria “outras”, que
ocupou 45,6% das admissões.
Essas condições, frequentes em pacientes críticos, promovem instabilidade
hemodinâmica e frequentemente limitam a mobilidade, exigindo o repouso
absoluto do paciente ao leito, predispondo-o, assim, para o desenvolvimento
de UP. (11)
REENVAP, Lorena, n. 08, Jan./Julho, 2015.
105
Na Tabela 3 estão apresentados os dados referentes à avaliação de
risco de UP, coletados por meio da utilização da Escala de Braden. Cabe
salientar que o estudo se restringiu a essas avaliações, pois a partir da 15ª
avaliação não foi observada a presença de novos pacientes.
Tabela 3: Mediana de valores mínimos e máximos do Escore da Escala
de Braden nas 13ª primeiras avaliações. Lorena-SP, 2014.
N
Mínimo
Máximo
Mediana
ADMISSÃO
201
14
22
22
1ª
201
14
22
22
3ª
199
13
22
22
5ª
159
14
22
22
7ª
78
15
22
21
9ª
57
19
22
21
11ª
15
21
22
22
13ª
13
21
22
22
Fonte: Instrumento de Pesquisa.
O método de avaliação de risco para UP utilizado neste estudo foi a escala
de Braden, adaptada para língua portuguesa por Paranhos. E um instrumento
fidedigno e indispensável para o enfermeiro planejar e prescrever os cuidados
de enfermagem referentes à prevenção de UP. (12-14)
Observa-se que já na admissão, alguns pacientes apresentavam
predisposição à UP, quadro esse que permaneceu homogêneo até a 5ª
avaliação, em que o escore mínimo da escala de Braden variou de 13 a 14,
com máxima de 22. Corrobora com a versão de Paranhos, o qual esclarece
que uma baixa pontuação na escala de Braden indica um alto risco de o
paciente desenvolver UP, sendo que para pacientes adultos hospitalizados,
uma contagem menor ou igual a 16 pontos foi considerada de risco para o
desenvolvimento de UP, e uma pontuação de 16 foi considerada de risco
mínimo; de 13 a 14, de risco moderado e de 12 ou menos pontos, de risco
elevado. (12)
A seguir, nas Tabelas 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10 e 11, há resultados da
investigação dos dados clínicos e dos fatores de risco que possam influenciar
no desenvolvimento das UP. São eles: Distribuição dos pacientes segundo o
106
REENVAP, Lorena, n. 07, Agos./Dez., 2015.
Sistema Neurológico, avaliação do sistema tegumentar, tipo de respiração,
tipo de eliminação urinária, mudança de decúbito nas 24horas, IMC, tempo
de internação relacionado à detecção da UP, temperatura corporal (°C) e
dieta prescrita.
Tabela 4 – Distribuição dos pacientes segundo resposta verbal e estímulos
dolorosos. Lorena-SP, 2014
Estímulos
Verbais
Dolorosos
F
%
Sim
198
98,51
Não
03
1,49
Sim
201
100,00
Não
00
0,00
Fonte: Instrumento de Pesquisa.
Na tabela 4, foi observado que 98,51% dos pacientes estudados
respondiam a estímulos verbais e que todos respondiam a estímulos dolorosos,
corroborando com o estudo, o qual esclarece que o sistema neurológico tem
uma função relevante para o corpo humano, pois controla e regula os demais
sistemas corporais, desempenhando as funções de autoproteção tais como
regulação térmica, locomoção e respostas reflexas e protetoras. Na ocorrência
da perda dessas funções, pode haver diminuição da capacidade e locomoção
e percepção sensorial. (15)
Tabela 5 – Condições do Sistema Tegumentar na admissão. Lorena-SP, 2014.
Categorias
F
%
Não
186
92,54
Sim
15
7,46
Diminuídos
04
1,99
Normal
197
98,01
Normal
188
93,53
Ressecada/Áspera
13
6,47
Pele Edemaciada
Turgor
Hidratação
Fonte: Instrumento de Pesquisa.
REENVAP, Lorena, n. 08, Jan./Julho, 2015.
107
Observamos na Tabela 5 que 92,54% dos pacientes apresentaram pele
normal; contudo, 7,46% dos pacientes apresentaram pele edemaciada. 98,01%
dos pacientes apresentaram turgor normal, 1,99% apresentaram turgor
diminuído. Referente à hidratação, 93,53% estavam normal e 6,47% com a
pele ressecada ou áspera.
Sabe-se que alterações no sistema tegumentar, tais como edema: turgor
diminuído e pele desidratada favorecem e muito ao aparecimento de UP,
contudo neste estudo observou-se que a maioria dos pacientes apresentaram
índices dentro da normalidade.
O tipo de pele é de extrema importância na avaliação de risco para UP.
A pele seca pode ser também um sinal de desidratação, que se caracteriza
pela diminuição de água e perda de eletrólitos totais do organismo. A pele
seca apresenta elasticidade diminuída, pouca tolerância ao calor, à fricção e
à pressão, tornando-a susceptível à ruptura. (16)
Um estudo comprova que 3,2% dos pacientes avaliados apresentaram
pele úmida e pegajosa, sendo este também fator de risco significativo para a
ocorrência de UP, pois a umidade em excesso torna a pele mais fragilizada,
mais susceptível ao atrito e à maceração. (17)
abela 6 – Distribuição dos pacientes segundo tipo de respiração, eliminação
intestinal e urinária. Lorena-SP, 2014.
Categorias
Sistema Respiratório
Eliminação Intestinal
Eliminação Urinária
F
%
Controlada
11
5,47
Espontâneo
190
94,53
Normal
194
96,52
Alterada
07
3,48
Normal
190
94,53
SVD
11
5,47
Fonte: Instrumento de Pesquisa.
Observa-se na Tabela 6 que 5,47% dos pacientes estavam com a respiração
controlada, quando se encaixavam pacientes com máscara de Venturi, cateter
nasal de O2, tipo óculos e ventilação mecânica e que 94,53% dos pacientes
encontravam-se com a respiração espontânea.
108
REENVAP, Lorena, n. 07, Agos./Dez., 2015.
No tipo de eliminação intestinal, observou-se que 96,52% dos pacientes
mantinham eliminação normal e que 3,48% mantinham eliminação alterada,
diarreia. E na eliminação urinária 94,53% dos pacientes mantinham
eliminação normal e 5,47% faziam uso de dispositivo vesical de demora.
A International Continence Society (ICS) define incontinência urinária
(IU) como uma condição na qual a perda involuntária de urina é um problema
social ou higiênico e é objetivamente demonstrável. (18)
Em estudo realizado no hospital da Universidade de São Paulo, verificouse a prevalência de IU em adultos e idosos hospitalizados. Dos 77 pacientes
incluídos na pesquisa, 27 apresentaram perdas urinárias, caracterizando
uma prevalência total para incontinência urinária de 35%. (19)
A incontinência fecal (IF) é geralmente definida como perda involuntária
de fezes sólidas e líquidas. (20)
A incontinência urinária e eliminações intestinais têm fator predominante
no desenvolvimento das UP, devido a suas composições serem ácidas e
irritantes à pele, e por provocarem a umidade permanente do paciente. (21)
Neste estudo esses fatores de risco foram avaliados, sendo observado
que 11 dos 201 pacientes faziam uso de dispositivo urinário de demora, 07
encontravam-se com eliminações gastrointestinais alteradas e 190 com a
respiração espontânea, o que corrobora com a literatura apresentada.
Tabela 7 – Média e desvio-padrão de Número de mudanças de decúbito em
24hs das 13 primeiras avaliações. Lorena-SP, 2014.
N
Mudança
decúbito
Média
Desvio
Padrão
Mediana
ADMISSÃO
201
16
0,079
0,79
0
1ª avaliação
201
16
0,079
0,79
0
3ª avaliação
199
16
0,08
0,79
0
5ª avaliação
159
16
0,1
0,89
0
7ª avaliação
78
16
0,2
1,27
0
9ª avaliação
57
00
00
1,49
0
11ª avaliação
15
00
00
2,99
0
13ª avaliação
13
00
00
3,23
0
Fonte: Instrumento de Pesquisa.
REENVAP, Lorena, n. 08, Jan./Julho, 2015.
109
Observou-se na tabela 7 que, na admissão, ocorreram 16 mudanças de
decúbito, contudo, esse dado mostrou-se presente durante as 7 primeiras
avaliações, ou seja, uma mudança a cada 3 horas.
As mudanças de decúbito realizadas nos pacientes, neste trabalho, foram
em média de 08 alterações por pacientes, pois, como apenas 02 pacientes
apresentaram predisposição à UP, tiveram acompanhamento efetivo durante
o estudo.
Os fatores de risco para úlceras por pressão estão relacionados com: causas
físicas de imobilidade como alterações no tônus muscular, sensibilidade
reduzida, lesões traumáticas e outras doenças musculares; causas cognitivas
de imobilidade que incluem nível de consciência alterado, coma, anestesia,
dor; sensibilidade reduzida, ocasionada por lesões medulares e cerebrais, bem
como neuropatias periféricas; umidade excessiva decorrente da incontinência
urinária e fecal; edema; desnutrição; e problemas oriundos da assistência ao
cliente, como falta de mudança de decúbito, superfícies de apoio inadequadas,
higiene deficiente e déficits nos cuidados com a pele e lubrificação. (22)
A mudança de decúbito ou reposicionamento não exige nenhum material
de alto custo ou de difícil acesso; é uma técnica que mobiliza o paciente que está
temporariamente ou permanentemente incapaz de realizar algum movimento
ou atividade. Serão necessários materiais como almofadas, travesseiros,
rolos de espuma ou esponja e lençóis. O profissional fisioterapeuta pode ser
consultado acerca da melhor forma de posicionar o cliente, aproveitando
alguma parte do corpo que possa mover-se sem auxílio. (23)
Tabela 8 – Média e desvio padrão do IMC. Lorena-SP, 2014.
Categorias
F
%
Média
Desvio
Normal
93
46,27
33,5
59,5
Abaixo do peso
05
2,49
33,5
-28,5
Sobrepeso
71
35,32
33,5
37,5
Obesidade Grau I
22
10,94
33,5
-11,5
Obesidade Grau II
06
2,99
33,5
-27,5
Obesidade Grau III
04
1,99
33,5
-29,5
Total
201
100,00
33,5
00
Fonte: Instrumento de Pesquisa.
110
REENVAP, Lorena, n. 07, Agos./Dez., 2015.
Observamos na Tabela 8 que, apesar do nosso estudo não ter apresentado
casos de UP, somente a predisposição, dois dos pacientes predispostos
obtiveram IMC na categoria sobrepeso, que foi a segunda maior em ocorrência.
A maioria dos pacientes apresentou peso normal, com 46,27%.
Sobre o IMC observamos que, neste estudo, os pacientes que apresentaram
predisposição à UP estavam com IMC alterado, com sobrepeso. Porém
verificou-se que em dois não mostraram influência do IMC junto ao
desenvolvimento de UP. (17, 24)
Tabela 9 – Distribuição de pacientes segundo o tempo de internação (dias) e
presença/ausência de UP. Lorena-SP, 2014.
Tempo de
internação (dias)
Úlcera de pressão
Sim
Total
Não
F
%
F
%
F
%
1 a 10
0
0%
186
93%
186
93%
11 a 20
0
0%
15
7%
15
7%
21 a 30
0
0%
0
0%
0
0%
> 30
0
0%
0
0%
0
0%
Total
0
0%
201
100%
201
100%
Fonte: Instrumento de Pesquisa.
Observado o tempo de internação e a presença/ausência de UP, verificou-se
que nos 10 primeiros dias, 186 pacientes em tratamento não apresentaram
UP, mantendo-se com predominantes 93%; já de 11 a 20 dias, verificamos
que 7% dos pacientes restantes também não apresentaram UP.
Ficou demonstrado numa pesquisa que 7,7% dos pacientes acamados
em hospitais podem desenvolver úlcera por pressão em uma semana. Nesse
mesmo estudo, este autor relata incidência de 24% em unidades geriátricas
ou ortopédicas, durante períodos de internação de até três semanas. (25)
REENVAP, Lorena, n. 08, Jan./Julho, 2015.
111
Tabela 10 – Média e desvio-padrão de temperatura axilar (ºC) das 13ª
avaliações. Lorena-SP, 2014.
N
Média
Desvio Padrão
Mediana
ADMISSÃO
201
38,4
22,52
36,8
1ª avaliação
201
36,6
0,41
36,5
3ª avaliação
199
36,5
0,38
36,5
5ª avaliação
159
36,5
0,51
36,6
7ª avaliação
78
36,5
0,31
36,6
9ª avaliação
57
36,8
0,29
36,7
11ª avaliação
15
36,6
0,14
36,7
13ª avaliação
13
36,8
0,28
36,6
Fonte: Instrumento de Pesquisa.
Verificada a temperatura axilar, constatamos que esta variou de 36,5ºC
a 38,4ºC, ou seja, manteve-se homogênea durante o período de internação.
A alteração da temperatura corporal age diretamente no metabolismo do
sistema tegumentar e consequentemente em sua demanda de oxigênio, porém
esse fator é considerado apenas hipótese necessitando de mais estudos para
validar essa influência no desenvolvimento da UP.
Tabela 11 - Distribuição de pacientes segundo dieta prescrita. Lorena-SP, 2014.
SNE
V.O
GTT
JEJUM
LIQUIDA
PARENTERAL
TOTAL
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
N
%
ADMISSÃO
7
3,5
176
87,6
0
0
8
4
10
5
0
0
201
100
7
3,5
176
87,6
0
0
8
4
10
5
0
0
201
100
7
3,5
182
91,4
0
0
0
0
10
5
0
0
199
100
7
4,4
142
89,3
0
0
0
0
10
6,3
0
0
159
100
7
9
62
79,3
0
0
3
4
6
7,7
0
0
78
100
7
12,3
42
73,7
0
0
0
0
8
14
0
0
57
100
3
20
9
60
0
0
1
6,7
2
13,3
0
0
15
100
2
15,6
9
69
0
0
1
7,7
1
7,7
0
0
13
100
1ª
avaliação
3ª
avaliação
5ª
avaliação
7ª
avaliação
9ª
avaliação
11ª
avaliação
13ª
avaliação
Fonte: Instrumento de Pesquisa.
112
REENVAP, Lorena, n. 07, Agos./Dez., 2015.
Referente ao fator nutricional avaliou-se o tipo de dieta que o paciente
recebia devida este ser um risco para desenvolvimento de UP. O déficit
de proteínas está relacionado diretamente a problemas nutricionais e
isso interfere diretamente no aparecimento da UP, a sua diminuição
altera a pressão oncótica, que por sua vez propicia a formação de edema.
Consequentemente ficarão mais vulneráveis quando expostas à pressão local,
tornando o transporte de nutrientes e oxigênio comprometido, devido ao
tecido estar isquêmico e ou edemaciado impossibilitando também a chegada
de fatores de defesa.
No estudo observou-se que os pacientes, na sua maioria, mantinham
alimentação via oral, e a partir da 7ª avaliação, a nutrição por SNE teve valor
significativamente semelhante à nutrição líquida.
No estado nutricional e na capacidade funcional da úlcera por pressão
em pacientes hospitalizados observou-se que a incidência de úlceras nos
pacientes gravemente desnutridos foi de dez vezes maior do que nos pacientes
considerados não gravemente desnutridos. (26)
CONCLUSÃO
Em relação à ocorrência, verificou-se que dos 201 pacientes internados
na unidade estudada no período de dois de janeiro a dois de março, nenhum
deles desenvolveu UP.
Quanto à presença de fatores de riscos descritos na literatura e sua relação
com o desenvolvimento de UP nos pacientes estudados verificou-se que a
maioria tem ligação direta com o aparecimento de UP, fazendo-se necessário
o monitoramento efetivo e a prevenção sistêmica, objetivando assim a inibição
e redução de novos casos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A prevenção às Úlceras por Pressão tem sido um assunto de grande
interesse nas instituições de saúde, em que se faz necessária a adoção de
medidas efetivas, capazes de controlar e adequar procedimentos eficientes e
eficazes, visando à excelência da assistência prestada aos portadores destes
tipos de lesões.
REENVAP, Lorena, n. 08, Jan./Julho, 2015.
113
Estudos de incidência e identificação dos fatores de risco relacionados
ao desenvolvimento da UP oferecem a oportunidade do conhecimento de
uma situação da prática clínica e a possibilidade de estabelecimento de
estratégias, visando à melhoria dos índices ou resultados encontrados com o
desenvolvimento de programa de qualidade.
Para que mudanças ocorram no sistema, é de extrema importância a
criação de grupos multidisciplinares, que participem das atividades que
visem ao desenvolvimento do processo de avaliação de risco, reavaliação e
planejamento das intervenções para sua redução.
É fundamental a criação de protocolos, que auxiliem na gestão dos riscos,
e a implantação de ações de melhoria, valorizando a vida e segurança dos
pacientes, principalmente na prevenção de lesões tão impactantes como as
úlceras por pressão.
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Responsável pela submissão
Maria Joana de Lima Martins
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REENVAP, Lorena, n. 07, Agos./Dez., 2015.
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