DIA DO NUTRICIONISTA No dia 31 de agosto é comemorado o Dia do Nutricionista. Como homenagem, o texto abaixo é sobre essa profissão e foi escrito pela nutricionista Fernanda Pisciolaro. “(...) Porque alguém precisaria de ajuda para decidir o que iria comer? (...) É comum escutarmos no consultório: “Já sei tudo o que você vai me falar.” O crescimento da área da nutrição trouxe inúmeros benefícios: como a descoberta de nutrientes “novos”, como os fitosteróis, o licopeno, o ômega-3, e até de alimentos “novos”, como a linhaça e o amaranto. A questão é que a difusão dessas informações em larga escala trouxe uma consequência: o alimento passou a ser visto como uma “embalagem” para os nutrientes. Esse foco exclusivamente biológico dado para a nutrição fez com que dividíssemos os alimentos em duas categorias: os bons, aqueles que são saudáveis e, portanto, seriam permitidos, e os ruins, que fazem mal à saúde e estariam proibidos na nossa dieta. As pessoas pensam que, para comer bem, é necessário buscar a perfeição. Quando ingerem alimentos que receberam o rótulo de “proibidos”, é comum que elas se sintam culpadas, arrependidas e percam a vontade de manter uma dieta saudável. Passamos a viver um dilema alimentar: tentamos a todo custo saber o que faze bem e o que faz mal para saúde e queremos seguir as recomendações. Mas, quando está friozinho, queremos comer pipoca com manteiga e tomar chocolate quente (e que se dane a linhaça!). E depois vem a culpa e a tentativa de retomar uma nova dieta ou um ano de promessa sem chocolates… Estamos ignorando dimensões muito importantes da nutrição: a cultural e a coletiva. Nós escolhemos comer determinada comida porque ela é gostosa, tem significado simbólico, remete a lembranças, expressa a cultura a que pertencemos, envolve nossas emoções, socializa. Dá pra imaginar um aniversário sem bolo? Ou aliviar a tristeza com alface? Ou ainda ganhar uma deliciosa caixa de farelo de aveia no Dia dos Namorados? Ter uma alimentação saudável envolve encontrar o equilíbrio entre o que dá prazer e o que é necessário para manter o bom funcionamento do corpo. É comer quando se está com fome e parar de comer quando satisfeito. É saborear comidas gostosas e também incluir comidas não tão gostosas, mas que fazem bem a você. É exagerar eventualmente, mas também comer um pouco menos em alguns momentos, desejando ter comido mais. Comer bem é ser flexível, aprender a comer frutas, vegetais e cereais integrais e também a apreciar eventuais doces e frituras sem culpa. A atuação do nutricionista envolve muito mais do que a prescrição de uma dieta ou a orientação de alimentos específicos com propriedades peculiares. Abarca também ajudar o indivíduo a respeitar seus sinais internos, dando foco em como a pessoa come, e não apenas no que ela come”.