PRODUÇÃO DE AMILASE POR BACTÉRIAS DO SOLO E ASSOCIADAS A PLANTAS DE COUVE–FLOR Maria das Dores da Silva1, Júlia Kuklinsky-Sobral2, César Auguste Badji2, Fernando José Freire3, Michelangelo de Oliveira Silva4, Andreza Raquel Barbosa de Farias5, Luana Lira Cadete5 & Eraldo Gallese Honorato Viana5 Introdução Material e métodos Enzimas são proteínas vitais que catalisam reações bioquímicas com grande especificidade, sendo capazes de aumentar centenas de vezes algumas reações, sem requerer condições extremas de pH, pressão e temperatura. Além disso, proteínas proporcionam enormes oportunidades às indústrias, pois efetuam conversões biocatalíticas finas, eficientes e econômicas [1]. A. Linhagens bacterianas Apesar das enzimas ocorrerem amplamente em plantas e animais, as de origem microbiana representam melhores fontes devido à sua ampla diversidade bioquímica e susceptibilidade à manipulação genética [2]. Depois dos antibióticos, elas são os produtos mais explorados pela indústria biotecnológica. Cada vez mais, está crescendo o número de pesquisas que visem selecionar novas fontes microbianas para a produção de enzimas. Amilases estão entre as classes mais importantes das enzimas e são de grande interesse na biotecnologia atual, devido à sua ampla aplicação em vários campos, incluindo a química clínica, produção de medicamentos, industria têxtil, produção de papel, indústria de alimentos, liquefação do amido e produção de açúcar [3]. Assim, novas pesquisas, visando identificar novas linhagens de microorganismos para produção de amilases, são de grande interesse. Portanto, o presente trabalho teve o objetivo de selecionar bactérias do solo e associadas à couve-flor (Brassica oleraceae) que apresentem capacidade de produzir amilase. Foram avaliadas 23 linhagens bacterianas do solo e 15 da rizosfera, isoladas de amostras de área cultivada com plantas de couve-flor, na Propriedade Rural Açude Novo, localizada no município de Garanhuns, PE. As linhagens pertencem à coleção de culturas bacterianas do Laboratório de Genética e Biotecnologia Microbiana (LGBM) da Unidade Acadêmica de Garanhuns (UAG/UFRPE). B. Teste de produção da amilase A seleção de bactérias produtoras de amilase foi realizada segundo Mariano e Silveira [4], com algumas modificações. As bactérias foram inoculadas em placas de Petri com meio TSA 10% (Tripcase Soy Agar) acrescido com 1% de amido de milho. As placas foram incubadas a 28°C por 72h e, em seguida, realizadas as leituras. Para tanto, foram adicionados 5ml de solução de Iodo (1%) e mantido por 20 min, em seguida, a solução foi descartada e observado a presença de um halo claro em torno da colônia, indicando secreção de amilase. Os experimentos foram realizados em triplicata e para aquelas linhagens que apresentaram halo visível, a atividade amilolítica das linhagens foi estimada mediante um índice enzimático (IE), que expressa a relação do diâmetro médio do halo de hidrólise e o diâmetro médio da colônia. Resultados e discussão Enzimas são os produtos microbianos mais explorados na indústria biotecnológica, visto que apresentam menor custo, maior facilidade para produção e maior susceptibilidade de manipulação genética em relação a produtos similares de origem vegetal ou animal. Neste contexto, 38 linhagens bacterianas associadas à couve-flor foram avaliadas quanto à capacidade de ________________ 1. Aluna de Graduação em Zootecnia da Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Bom Pastor, s/n, Boa Vista, Garanhuns, PE, CEP 55296-901. [email protected] 2. Professores Adjuntos da Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Bom Pastor, s/n, Boa Vista, Garanhuns, PE, CEP 55296-901. 3. Professor Adjunto do Departamento de Agronomia, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manuel de Medeiros, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. 4. Doutorando do PPG em Ciência do Solo, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos, Recife, PE, CEP 52171-900. 5. Alunos de Graduação em Agronomia da Unidade Acadêmica de Garanhuns, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Av. Bom Pastor, s/n, Boa Vista, Garanhuns, PE, CEP 55296-901. Apoio financeiro: CNPq e FACEPE. produzir amilase in vitro. Foi observado que 16% das bactérias avaliadas foram capazes de secretar a enzima amilase, sendo todas as linhagens estas oriundas do solo. Enquanto que todas as linhagens da rizosfera foram negativas para o teste realizado. Foi observado também o índice de atividade enzimática (IE), sendo este um dos parâmetros mais usados para avaliação da capacidade de produção de enzimas por microrganismos em meio sólido. Para ser considerado um bom produtor de enzimas extracelulares, a literatura indica um IE maior ou igual a 2,0 [4, 5]. Neste caso, todas as linhagens positivas apresentaram boa capacidade de produção enzimática, visto que, todas apresentaram IE maior que 2,0. Portanto, os resultados deste trabalho demonstraram que o solo de área cultivada com plantas de couve-flor pode ser uma fonte rica de bactérias produtoras de amilase com bons índices enzimáticos. Referências [1] [2] [3] [4] [5] [6] [7] GODFREY, T.; WEST, S.I. 1996. Introduction to industrial enzymology. In: Godfrey, T. (Ed.). Industrial Enzymology. 2nd ed., Macmillan Press, p. 120-138, London. KIRK, O.; BORCHERT, T.V.; FUGLSANG, C.C. 2002. Industrial enzyme applications. Current Opinion in Biotechnology, 13: 345-351. 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