1 Apostila de psicologia Lideli Crepaldi A PSICOLOGIA começou com um tipo de problema: 1. O que é o ser humano? Segundo Aristóteles o homem é um ser humano Nomes utilizados para caracterizar alguém: IN - DIVISO = INDIVIDUO Capaz de perceber o que ele próprio é. Era a posição central. PERSONA = PESSOA Aquilo que o indivíduo apresenta SUJEITO = SUJEITAR (verbo) Implica pré-determinação do ser humano Comum ao mundo - pré destinação ao mundo PSICOLOGIA É A CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO VALOR : Conjunto de crenças preferenciais que pessoa ou grupo tem em relação a determinada realidade que o impulsiona a agir CRENÇA : é um conhecimento (cognição - emocionalmente neutra) sobre algum aspecto de um objeto do ambiente. As coisas que as pessoas sabem. ATITUDE : Tendência de agir ( estado de espírito pré-disposto a uma ação, propenso a uma avaliação de um fato). Você não conhece, só através de um comportamento ou perguntando a opinião. É um fenômeno interno não manifesto que repousa no valor, nas crenças preferenciais que este indivíduo ou grupo tem sobre um fato ou um situação e o predispõe a uma ação. COMPORTAMENTO : É uma ação manifesta e constatável. é a totalidade daquelas atividades de um indivíduo que podem ser observadas por uma outra pessoa, com ou sem o auxílio de instrumentos. São aspectos mais exteriores. É mensurável visivelmente. JUIZO DE VALOR : Nega algo que você está vendo ou seja: Quando você vê algo, ao invés de analisar você atribui um juízo de valor. Ex. Ver uma pessoa e atribuir um juízo e não analisar a pessoa em si. 2 PERCEPÇÃO É a forma através do qual entramos em contato com o mundo exterior. Tomada de conhecimento sensorial de objetos ou de fatos exteriores mais ou menos complexos. Qual o julgamento que fazemos dos outros - O NÃO RIGOR NO JULGAMENTO - AS 1as. IMPRESSÕES - AS APARÊNCIAS NOSSO COMPORTAMENTO É INFLUENCIADO PELA NOSSA SOCIEDADE, NOSSA FAMÍLIA... CONVERSA COM AMIGOS INTERESSE NO ASSUNTO NÃO PERCEBE NADA O QUE OCORRE À SUA VOLTA. NOSSOS INTERESSES E NECESSIDADES INTERFEREM NA NOSSA PERCEPÇÃO FAZENDO COM QUE SELECIONEMOS ALGUNS ESTÍMULOS ENTRE OS MILHARES QUE CHEGAM ATÉ NÓS. OS NOSSOS COSTUMES, AS EMOÇÕES, AS EXPERIÊNCIAS PASSADAS PODEM PREJUDICAR A PERCEPÇÃO, PORQUE, ÀS VEZES, DISTORCEMOS A REALIDADE ALGUNS CONCEITOS: JULGAMENTO É A AVALIAÇÃO DE UM FATO FATO É UM ACONTECIMENTO, UMA AÇÃO FEITA QUE PODE SER VERIFICADA OPINIÃO É O MODO DE VER UM ACONTECIMENTO INFERÊNCIA É A DEDUÇÃO PELO RACIOCÍNIO SUPOSIÇÃO É FAZER HIPÓTESE 3 HÁ MOMENTOS EM QUE A SUPOSIÇÃO É NECESSÁRIA, MAS TEMOS O HÁBITO DE INFERIR, SUPOR, JULGAR DEMASIADAMENTE, E COM ISSO ENTRAMOS EM CONFLITO COM AS PESSOAS A percepção pode ser definida como o “processo através do qual um indivíduo seleciona, organiza e interpreta os inputs de informação (estímulos sensoriais) para elaborar uma imagem significativa do mundo ( ou seja, compor seu quadro cognitivo do mundo). É o processo de compreender o mundo em que vivemos. É através deste processo que entramos em contato com o mundo que nos rodeia, que existe a nossa volta. Este quadro não é uma fotografia da realidade, mas é o resultado, peculiar para estes indivíduos, da ação dos processos de percepção, julgamento e memória. A percepção depende não só do caráter do estímulo físico, mas também da relação do estímulo com o meio ambiente (concepção Gestáltica) e das condições internas dos indivíduos. A percepção muda com o nível de conhecimento e familiaridade que se tem dos assuntos. As percepções não ocorrem em estado desorganizado. Percebemos somente o que fizer sentido dentro do contexto de nossas estruturas cognitivas. Por um lado selecionamos as mensagens que não queremos perceber; por outro, distorcemos, modificamos e somamos elementos de maneira que, muitas vezes, vemos só o que queremos ver (percebemos seletivamente). O indivíduo projeta o seu mundo interior naquilo que está percebendo. Por esta razão, diz-se que as pessoas percebem o que querem e não o que realmente existe. As pessoas podem desenvolver diferentes percepções concernentes ao mesmo objeto de estímulo, devido a três processos de percepção: atenção, distorção e retenção seletivas. Compare com uma antena em sua casa que só pega ondas pré programadas. ATENÇÃO SELETIVA É a filtragem em todos os estímulos para admitir à cognição do indivíduo. Esta ocorre de um modo coerente com as predisposições e preferências. (filtragem dos significados - Predisposição e Preferência). Estamos expostos a uma enorme quantidade de estímulos diariamente e a grande maioria será descartada. É impossível prestar atenção a todos os estímulos. As pessoas estão mais inclinadas a notar estímulos que se relacionam às suas necessidades atuais. As pessoas estão mais interessadas em notar estímulos que elas esperam. As pessoas estão inclinadas a notar os estímulos cujas divergências sejam maiores em relação ao normal do estímulo (Ex. redução maior do que o usual no preço). DISTORÇÃO SELETIVA Cada pessoa tenta encaixar a informação que chega em seu pensamento. A distorção seletiva descreve a tendência das pessoas em deturpar a 4 informação de acordo com os significados pessoais. é a atribuição de significados a estímulos do ambiente, refletindo sua : 1. Interpretação Subjetiva desses estímulos e 2. distorce a mensagem conforme sua cognição e predisposição. Estas interpretam a informação de modo que possam manter em vez de mudar suas preconcepções. RETENÇÃO SELETIVA As pessoas esquecem mais do que aprendem. Elas tentarão reter a informação que mantenham suas atitudes e crenças relativas a alternativas escolhidas. Será armazenada na Memória as informações e avaliações que sejam mais coerentes e favoráveis às suas predisposições. É um mecanismo de defesa para preservar a estalidade emocional. Estes três fatores seletivos da percepção significam que os homens de Negócios/ Marketing têm que se empenhar de fato para fazer valer suas menagens. Deve-se prover informações visando proporcionar um incentivo para reter os efeitos da comunicação até que seja possível o outro/consumidor agir. O ser humano vive em grupos e precisa se relacionar. Isso é realizado através dos Sentidos . Os sentidos são os mesmos para os seres humanos, porém desenvolvidos de maneiras diferentes. Alguns percebem melhor ouvindo, outros lendo, outros, vendo, etc. Outra forma de contato é através das Impressões (intuição). A primeira impressão é a que fica - Ditado popular. Isso tem a ver com a lateralidade: Hemisfério Esquerdo - Raciocínio analítico, sequencial, ordenado, convergente (não tem visão do todo). Olha a sala mas vê as cadeiras. Seria uma pessoa que anda com uma lupa a procura de um rastelo, enquanto um trator destroe a empresa Hemisfério Direito - Criatividade. Raciocínio divergente, sintético, olha pra uma cadeira mas vê a sala . As línguas orientais são desenvolvidas no hemisfério direito. Os orientais que utilizam uma língua ocidental , desenvolvem os dois hemisférios, são mais inteligentes. Os Sentidos captam tudo que é Presente/Passado ( o presente reconhece o passado) As intuições captam tudo que é Futuro (possibilidades). Cartomantes, médiuns, percebem o mundo através do Hemisfério Direito. O Hemisfério Direito usa mais 5 meios para perceber o mundo. Um analista de investimento - olho clínico- é um processamento diferenciado que vem do Hemisfério Direito. A percepção é um processo seletivo - Só se percebe o que está ao nosso alcance. A realidade é a que cada um percebe. E temos filtros para entrar em contato com essa realidade. Quais são as naturezas desses filtros? -Biológico (sistema nervoso) Apesar da mesma estrutura percebemos coisas diferentes, paladar, etc. Somos capazes de diferenciar sabores distintos que outros não conseguem (Ex. música) -Social (valores culturais) -Psicológico Processamos informações de maneira diferente. Desempenhamos papéis na sociedade, no trabalho.. Com isto automaticamente podemos dizer que vai existir uma seletividade. Duas pessoas no mesmo estado de motivação e com situação objetiva podem atuar de modos bem diversos, porque percebem a situação de maneiras diferentes. (Ex. um vendedor falante pode ser visto como agressivo ou como inteligente ). Conhecer como os consumidores percebem os produtos das empresas tem sido objeto de preocupação de muito administradores de MKT, pois os três fatores da percepção são pontos básicos do processo cognitivo do indivíduo que afetam sua resposta de compra aos esforços de MKT (Que tipos de estímulos o mercado reage). O que sabemos do mundo à nossa volta vem da percepção. O comportamento do consumidor no mercado depende em grande parte do conhecimento do conhecimento do mundo à sua volta. Porque as pessoas tem diferentes percepções de uma mesma situação? Todos nós captamos um estímulo através das sensações, isto é, fluxos de informações que nos chegam através de nossos cinco sentidos : visão, audição, tato, olfato e gustação. Contudo cada um de nós trata, organiza e interpreta a informação sensorial de um modo diferente. Discriminação - capacidade perceptiva de distinção sensorial elementar: distinção de intensidades ou de qualidades: . cromáticas ou tonais (limiares diferenciais) . distinções de intensidades (limiares absolutos 6 ou diferenciais) . discriminações temporais ou espaciais (acuidades) Na percepção é importante sabermos os fatoeres de estímulos mais relevantes que são percebidos pelo público alvo, para se colocar em uma propaganda por exemplo. Memória - retenção da Mensagem Nosso consumo e nossa preferência se guiam pela percepção que tivemos ou temos dos produtos ou marcas. Para atrair a atenção dos já usuários - a ênfase no conhecido servirá como reforço. Mas para a mudança de preferência, não se deve dar ênfase ao nome ou marca, pois, o consumidor poderá ignorar a mensagem (bloqueio desconhecido). Controle e novidade, Embalagem (vista como unidade completa e com sentido), compreensão integrada de conteúdo e mensagem, tamanho e posição do anúncio, uso de cor. Memória É difícil identificar quando determinada falha cognitiva se deve a deficiências de memória ou de percepção: uma pessoa não recebeu os estímulos sensoriais relativos a determinado fato ou não os registrou na memória. Assim como ocorre com a percepção, a Memória também é influenciada por fatores individuais e sociais, e é seletiva, isto é, o indivíduo só se recorda daquilo que mais lhe interessa. A Memória também pode ser afetada pela repressão: os indivíduos tendem a esquecer facilmente aquilo que lhes desagrada, reprimindo tais lembranças para o inconsciente. 7 ATITUDE PORQUE TAMANHO INTERESSE PELO ESTUDO DAS ATITUDES? QUAL O PAPEL DESEMPENHADO PELAS ATITUDES COMPORTAMENTO HUMANO? NO As atitudes constituem bons preditores de comportamento O conhecimento das atitudes de uma pessoa em relação a determinados objetos, assuntos atividades, permite que se façam inferências acerca de seu comportamento ( religião, esporte) As atitudes são a base de uma série de situações sociais importantes tais como as relações de Amizade e de Conflito Ajuda a formar uma idéia mais estável da realidade em que vivemos. Protege o nosso eu de conhecimentos indesejáveis Dão sentido ao seu mundo Formam uma estrutura de apoio à qual o homem pode recorrer para resolver os problemas que forem surgindo. Esta estrutura fornece predisposição e padrões de resposta que facilitam o processo decisório. Atitude Envolvem o que as pessoas pensam sentem, e como elas gostariam de se comportar em relação a um objeto atitudinal. Ligada a crenças e valores. Só pode ser inferida ATITUDE Estado de prontidão Comportamento É a manifestação da ação num dado momento. Ação em resposta a algum estímulo. São aspectos mais exteriores. É mensurável e visível. DETERMINADAS CONDIÇÕES . motivação . fatores da situação . normas sociais . hábitos . quanto maior o interesse investido pela pessoa no conteúdo atitudinal . reforço e punição COMPORTAMENTO Ação este depende de 8 Componentes da atitude Cognitivo (Razão/Mental) - Um conjunto de crenças do objeto. Capacidade de pensar, raciocinar, memória, julgamento. Precisa saber a respeito do produto (experiência passada). Para que se tenha uma atitude em relação a um objeto é necessário que se tenha alguma representação cognitiva deste objeto. O objeto tal como conhecido, aquilo que se conhece. Ex. pergunte a um fazendeiro sobre o sistema de pressurização da cápsula Apolo. Agora oergunte a ele sobre o tipo de alimentação fornecida ao gado? Afetivo (Emoção) - O objeto como alvo de sentimento, aquilo que se sente pró ou contra. Sentimento que se relaciona aos aspectos emocionai ( valores) da atitude, as emoções ligadas ao objeto ( bom - mau , amor-ódio, gosto - não gosto, positivo negativo). Conativo (Predisposição à ação) - A combinação da cognição e do afeto como instigador de comportamentos dadas determinadas situações. Da energia, é direcionador para a ação. Tendência a ação, que se refere à disposição (potencial) do indivíduo para comportar-se abertamente em relação ao objeto. É um componente ativo, instigador de comportamentos coerentes com as cognições e os afetos relativos aos objetos atitudinais. A atitude em relação a um produto é o resultado de várias atitudes com relação a cada um dos atributos do produt. E a cada um tem uma relevância variável. Atitude é como um gatilho de um rifle. Se as condições estiverem corretas e houver pressão, ele levará a ação. Para Newcomb, as atitudes humanas são propiciadas de um estado de prontidão que, se ativado por uma motivação específica, resultará num determinado comportamento. As atitudes envolvem o que as pessoas pensam, sentem e como elas gostariam de se comportar em relação a um objeto atitudinal. O comportamento não é apenas determinado pelo que as pessoas gostaria de fazer mas também por outros fatores. Bibliografia Bock, Ana Maria . Psicologias. São Paulo. Ed. Saraiva. 1995 Krech, David. Elementos de Psicologia. 4ª ed. São Paulo. Pioneira. 2 vol. 1973 9 O EU “O mundo é um palco”. E as descrições dos mundos de nossa experiência concentram-se, principalmente no cenário. Deixou-se de lado o personagem central, o Eu. A pessoa diz “eu vejo, eu sinto, eu quero”, e diz “o som me ensurdece, as pessoas olham para mim”. Denominando o “ator”, seu aspecto mais importante é que ele age. O eu é visto ao procurar atingir seus objetivos, a evitar perigos, a agir no ambiente. É fundamental perceber o eu em ação, a fim de compreender os problemas da motivação e da emoção. O Eu ou o Mim do qual a pessoa tem consciência em seus pensamentos, sentimentos e ações. Não é, entretanto, somente uma percepção, um sentimento geral ou sentimento puro. É simultaneamente, tudo isso. É um “ perseu”, isto é, um processo integrado incluindo: PERCEPÇÃO SENTIMENTO PENSAMENTO O Eu é percebido como formado por partes inter-relacionadas; tem diversas características, destacando-se as correspondentes a suas relações com os outros objetos e a outras pessoas. A maneira pela qual sentimos o Eu, num determinado momento, depende da situação específica. Pode ser sentido como o centro de nossa atenção ou ser percebido de maneira apenas periférica; pode ser sentido em diversos graus de perturbação ou de angústia, e como possuidor de necessidades e desejos; ser percebido a sentir emoções, intenções, obrigações , a realizar esforços para atingir um objetivo. Na verdade uma das distinções entre o homem e os outros animais pode ser a capacidade de olhar para si mesmo. PERSONALIDADE ( Para o psicólogo – estrutura psicológica total da pessoa.) O EU é diferente de é a parte que o indivíduo sente como o Eu ORGANISMO (Para o cientista - é uma Entidade biológica observável) 10 A parte mais material do Eu é o corpo, que é tanto um objeto da percepção, quanto um instrumento para a percepção. Se olhamos para os pés, percebemolos como parte do corpo. Os olhos, que fazem parte do corpo, servem aqui de instrumento de percepção. Neste caso, não percebemos os olhos. Em circunstâncias especiais, o corpo e o eu, podem ser percebidos como até certo ponto separados, ou mesmo completamente separados. A concepção total do Eu da pessoa consiste de muitas qualidades diferentes traços, hábitos, motivos, papéis sociais, status, etc.. A concepção do Eu é caracterizada por partes mais centrais e estão ligadas ao “Eu ideal”. (Ideal do Eu seria a concepção permanente da pessoa daquilo que ela deveria ser, de como deveria agir. Fornece um padrão com o qual o restante do eu pode ser avaliado, e esta comparação é uma determinante básica das experiências motivadoras e emocionais. O ideal do eu é um produto do desenvolvimento psicológico e é influenciado, significativamente, pelos fatores sociais). A estrutura do Eu pode ser organizada fraca ou fortemente; suas partes podem formar um todo harmonioso, ou podem ser um tanto incongruentes umas com relação às outras. Normalmente, existe continuidade da identificação do eu por longos períodos de tempo, apoiada pelo corpo reconhecível da pessoa, pelo seu nome, seus bens materiais, etc. Mas em condições especiais, há também marcantes perturbações da estrutura normal do Eu e da auto identificação. Algumas definições: O membro fantasma é o sentimento comumente experimentado pela pessoa que teve um membro amputado, de que o membro ainda se encontra no lugar. A ilusão pode persistir indefinidamente. O espaço de vida seria a concepção, total que o indivíduo tem dos mundos em que existe e se comporta. Inclui seus perceptos, seu conhecimento e suas crenças; suas perspectivas do tempo passado e futuro; tanto as coisas abstratas quanto as concretas, tanto as irreais quanto as reais. O espaço de movimento livre é a impressão subjetiva da pessoa da quantidade de liberdade que possui para movimentar-se em seu espaço de vida. A extensão do espaço de movimento livre é determinada, menos pelo número absoluto de regiões acessíveis, que pelo número relativo de tais regiões, percebidas pelo indivíduo como regiões potenciais embora não realmente acessíveis. A Identificação é o fenômeno no qual a pessoa percebe e sente uma forma específica de íntima relação do eu com outra pessoa (ou grupo). Sente-se uma “ampliação”do eu que inclui a outra pessoa e aquilo que ocorre com ela , como se, até certo ponto ocorressem com o eu. As identificações são aprendidas como parte do desenvolvimento psicológico. São dirigidas em parte, pela organização perceptual, tal como ocorre no agrupamento por semelhança ou proximidade. A Situação Psicológica é a experiência imediata que a pessoa tem do seu eu e do espaço de vida. É definida subjetivamente e não como um observador 11 exterior a definiria. A situação psicológica muda de um momento para o outro, com relação às contínuas mudanças no padrão de estímulos externos e internos. As situações psicológicas simultâneas são duas ou mais situações psicológicas que existem simultaneamente, para o indivíduo. As várias situações podem ser diferentes quanto à proporção da atenção que exigem e, portanto, quanto ao grau em que determinam seu comportamento. 12 EMOÇÃO ESTADO DE EXCITAÇÃO DO ORGANISMO, E QUE SE REFLETE, DE VÁRIAS MANEIRAS: 1. NA EXPERIÊNCIA EMOCIONAL (isto é, o sentimento da emoção) Ex. uma pessoa encolerizada 2. COMPORTAMENTO EMOCIONAL ( pragueja e ataca quem a maltrata) 3. ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO CORPO (EX. o sangue sobe à cabeça, taquicardia) DIMENSÕES A emoção varia conforme: 1. A INTENSIDADE DE SENTIMENTO : As experiências emocionais podem variar desde uma suave satisfação até uma exaltação empolgante. 2. NÍVEL DE TENSÃO : Refere-se ao impulso para a ação. Ativas -a pessoa sentir-se obrigada a atacar a barreira frustradora. Emoções Passivas (silenciosas)-podem não incluir o impulso para a ação-a pessoa triste pode ficar sentada, sem querer movimentar-se. A intensidade e o nível muitas vezes são correlacionados Um alto grau de tensão significa muito provavelmente, um sentimento mais intenso. 3. CARÁTER HEDONISTA Os aspectos da experiência emocional ligado ao grau de prazer ou contrariedade do sentimento emocional. Os sentimentos de tristeza, vergonha, remorso e medo são desagradáveis. Os sentimentos de orgulho, alegria, satisfação e respeito são agradáveis 4. GRAU DE COMPLEXIDADE As experiências emocionais são complexas, pois são padrões de sentimentos diferentes. Muitas vezes nos sentimos num estado de emoção indescritível, e aí não nos permite dizer se a experiência é agradável ou desagradável. DESCRIÇÃO DAS EMOÇÕES Torna-se difícil descrever as emoções de forma concreta 1. CONTEXTO DA SITUAÇÃO As emoções ocorrem como aspectos essenciais e inseparáveis de todas as experiências. 13 Ex. Não devemos procurar descrever o sentimento de medo, mas uma experiência interior de medo. 2. SENTIMENTOS CORPORAIS O nosso corpo participa de várias ações involuntárias - chorar, rir, tremer. É esse conjunto de percepções que dá colorido à experiência emocional. 3. EMPATIA, SIMPATIA, COMPLEMENTARIDADE CONTÁGIO EMOCIONAL - Quando percebemos as expressões externas do corpo de outra pessoa, a mesma pode ser provocada em nós. Ex: a criança que ri, nos faz rir. EMPATIA - Sentir a mesma emoção que está sendo expressada pela outra pessoa. É colocar-se no lugar do outro e sentir o que ele está sentindo. SIMPATIA - Experimentar uma emoção positiva, relativa ao estado ou circunstância emocional da outra pessoa. A simpatia tende a ser maior quanto maior a identificação com a outra pessoa - quando não percebemos a situação da mesma maneira que a outra pessoa. COMPLEMENTARIDADE - Sentir uma emoção complementar . Ex. nós causamos a cólera em alguém e esta pessoa se dirige a nós, podemos sentir medo. 4. AÇÃO EMOCIONAL O caráter específico da experiência emocional é dado pelas ações específicas. Ex. medo e fuga cólera e ataque 5. SITUAÇÕES CONFUSAS Existem estados emocionais nos quais a referência a situação não é clara. Ex. sentir angústia sem saber o porquê (angústia indeterminada) Muitas vezes a pessoa neste caso “inventa”uma situação. Uma série de aborrecimentos lhe causa cólera Desenvolvimento gradual Ex. um balconista que foi indelicado 14 ANÁLISE SITUACIONAL DAS EMOÇÕES Existem 6 categorias principais : 1. EMOÇÕES PRIMÁRIAS ALEGRIA, MEDO, CÓLERA, TRISTEZA 2. EMOÇÕES REFRENTES À ESTIMULAÇÃO SENSORIAL DOR, NAUSEA, AVERSÃO, PRAZER 3. EMOÇÕES LIGADAS À AUTO-ESTIMA VERGONHA, ORGULHO, CULPA 4. EMOÇÕES LIGADAS ÀS OUTRAS PESSOAS AMOR, ÓDIO, PIEDADE 5. EMOÇÕES CONTEMPLATIVAS HUMOR, BELEZA, ADMIRAÇÃO 6. DISPOSIÇÕES TRISTEZA, ANGÚSTIA, ENTUSIASMO 15 1. EMOÇÕES PRIMÁRIAS Essas emoções dão origem a outras emoções, como as cores primárias quando se misturam, nos dão outras cores. ALEGRIA se ligam à busca de objetivos ou a fuga de perigos CÓLERA - são emoções ativas MEDO TRISTEZA se liga a perda de algo ambicionado ou valorizado -quietude / choro ou expressões As emoções podem ser elementos adaptativos Ex. quando a pessoa está alegre antecipação de objetivo confiança bem otimista ALEGRIA (emoções de aproximação) A condição essencial da situação que provoca alegria é a obtenção de um objetivo. sentir leve alegria quando ganha o jogo fácil Ex. sentir total arrebatamento - ganhar um jogo que parecia perdido O ponto principal é que a realização do objetivo e o alívio da tensão constituem os determinantes situacionais essenciais da alegria. O que caracteriza a alegria em termos de ambiente é sentir-se bem. Que tipo de otimismo é o de uma pessoa alegre? não existe barreiras ao que se propõe realizar o ambiente parece ao alcance da pessoa o grau de solicitação da pessoa alegre é grande o grau de eficiência pode ser aumentado, desde que a alegria não seja muito intensa. 16 CÓLERA ( RAIVA) (emoções de aproximação) A condição essencial para o aparecimento da cólera é a barreira que se opõe à realização do objetivo, especialmente quando existe uma frustração dessa realização, caso em que se dá uma acumulação gradual de tensão. É freqüente que uma pessoa que está com raiva veja o ambiente de outra forma.Nesse sentido a raiva pode desestruturar o comportamento. Quando o estado de raiva ultrapassa determinada intensidade a pessoa não consegue mais ver como fazer as coisas (controle racional) - a percepção é mudada. MEDO (emoções de afastamento)-Envolve uma fuga ao perigo A situação essencial para o aparecimento do medo é a percepção de um objeto perigoso, ou de uma condição ameaçadora.O fato fundamental parece ser a ausência de poder ou capacidade da pessoa para dominar a ameaça. Surge o medo se a pessoa não souber evitar a ameaça e se o seu caminho de fuga estiver bloqueado. Com o tempo aprendemos a lidar com os objetos perigosos porém podem mudar e o medo surgir quando a situação imediata se transformar. TRISTEZA A tristeza se liga a perda de algo ambicionado ou valorizado. Sua intensidade depende do valor; geralmente a tristeza mais profunda ocorre com a perda de pessoas queridas e profundos sentimentos de tristeza podem decorrer, também, da perda de coisas muito valorizadas. Existem graus de tristeza: leve sentimento de desapontamento ou aborrecimento O padrão da situação que provoca a tristeza envolve objetos concretos. Sem a coisa concreta que é valorizada e perdida, não existe tristeza. 17 2. EMOÇÕES LIGADAS À ESTIMULAÇÃO SENSORIAL As emoções de estímulos sensoriais estão ligadas à percepção DOR A compreensão que a pessoa tem da “situação de dor” tem muita relação com a intensidade da emoção despertada. Ex. Se não sabemos a causa de uma dor, pode-se provocar intensa agitação, porém quando a dor for diagnosticada como algo simples ou inofensiva, pode diminuir a intensidade da emoção de dor. REMORSO É a emoção de culpa que surge quando recordamos nossa ação numa situação anterior, e temos a angustiante consciência do mau ato. O remorso nunca tem um aspecto agradável. Não é necessário ter sentido culpa anteriormente. O fato da situação ser relembrada é que provoca remorso. É a perspectiva do tempo passado. REPUGNÂNCIA Sentimentos desagradáveis, que envolvem fortes tendências de afastamento e marcantes sensações de perturbação física, tais como náusea e vômito na linguagem popular é o sentimento de aversão. DESPRAZERES São sentimentos de aversão e desgosto, desagrado e aflição que se dirigem fundamentalmente ao objeto estimulador negativo é intensificado pelo sentimento de impotência diante do acontecimento. Quanto a intensidade, vão desde pequenos aborrecimentos e irritações até o extremo horror. PRAZERES Experiências emocionais que causam a satisfação positiva. PRAZERES Sensações agradáveis do corpo quando tocado (carinho) Percepção de funcionamento e movimento do corpo (dança) Satisfação das necessidades físicas ( fome ) 18 3.EMOÇÕES LIGADAS À AUTO-ESTIMA São emoções cujos determinantes estão ligados à percepção que a pessoa tem de seu próprio comportamento com relação a vários padrões de comportamento. SENTIMENTOS DE ÊXITO E FRACASSO São definidos em função das percepções que a pessoa tem de si mesma, de seu nível de aspiração. As percepções que o indivíduo tem de seu eu depende das percepções que tem do mundo social. ORGULHO E VERGONHA Estas emoções podem surgir quando a pessoa percebe os triunfos ou fracassos, na realização de seus objetivos, com o sentido de realizações básicas ou de defeitos do eu. Existem grandes tendências para que estas emoções surjam numa situação social como no grupo. Os padrões sociais que inicialmente se apresentam como externos, tendem a ser interiorizados. CULPA E REMORSO O sentimento de culpa corresponde a ter violado alguma regra, e é experimentado, geralmente, como angustiante ou doloroso. Corresponde a uma falha de mim mesmo, transgressão de padrões morais. 1. O eu ideal que eu acreditava ser até o momento Caracteriza duas imagens para mim: 2. O eu que realmente sou Ex. O atraso Começo a preparar mil justificativas sem saber se vão exigi-las . O problema não está ligado às outras pessoas, até certo ponto está relacionado com a minha imaginação. SENTIMENTOS DE AUTO-CONSCIÊNCIA Quando a pessoa se apresenta em algumas situações sociais e sente ser o foco das atenções. Às vezes as outras pessoas sequer estão olhando para ela. Temos tendência a exagerar o interesse dos outros pela nossa pessoa.É difícil vermos a nós mesmos como os outros nos vêem, como também é difícil não nos vermos como os outros não nos vêem!!!! 19 4. EMOÇÕES LIGADAS A OUTRAS PESSOAS AMOR 1. Disposição emocional duradoura com relação a outra pessoa 2. Sentimento imediato de forte emoção na presença desta pessoa O núcleo seria : O sentimento de ser atraído para o outro, e desejar ser atraído. Existe um sentimento de devoção do eu ao outro e é sempre necessariamente “altruísta”. amor romântico e amor por si mesmo CIÚME Percepção da pessoa a dedicar seu afeto a outro, e não a quem sente ciúme. O (a) rival pode ser imaginário ou real. O ciúme na verdade é uma resposta de quem se acha incapaz de manter uma relação afetiva. INVEJA Forma de emoção negativa do eu. As condições essenciais: quando percebemos que outra pessoa possui algo que desejamos para nós. O grau de inveja é diferente diante de uma pessoa muito distante de nós. ÓDIO Disposição duradoura Inclui 2 características Sentimento emocional intenso periodicamente despertado O ódio exige aproximação ou seja, nós procuramos o objeto odiado, não podemos livrarmos de pensamentos obsessivos a seu respeito, e não nos satisfazemos enquanto não o destruímos. Ao realizar o objetivo, que era a destruição do objeto odiado, pode ter um sentimento de perda, pois ele havia se transformado num objeto central e necessário, dava sentido ao mundo da pessoa. 20 5. EMOÇÕES DE APRECIAÇÃO HUMOR E RISO O núcleo comum é ter um tom agradável. O ponto máximo, é que o final se “ajuste”. SENTIMENTOS ESTÉTICOS É agradável e pode ir desde uma satisfação tranqüila até uma alegria de arrebatamento. ADMIRAÇÃO E REVERÊNCIA Envolvem objetos, forças e acontecimentos que são vistos como dominadores, estranhos , surpreendentes. SOLIDÃO Sentimento frágil. Quando o ser humano se depara com uma multidão. Este sentimento pode ser evitado quando existe identificaçào com as outras pessoas. 6. DISPOSIÇÕES Estados emocionais difusos e transitórios (tristeza, angústia, alegria), que tendem a dar um colorido afetivo a experiência momentânea e total da pessoa. 21 EMOÇÃO ESTADO DE EXCITAÇÃO DO ORGANISMO A. SE REFLETE B. DIMENSÕES C. DESCRIÇÃO D. ANÁLISE SITUACIONAL (6 CATEGORIAS) 1. EXPERIÊNCIA EMOCIONAL 2. COMPORTAMENTO EMOCIONAL 3. ALTERAÇÃO FISIOLÓGICA DO CORPO 1. INTENSIDADE DE SENTIMENTO A. ATIVA 2. NÍVEL DE TENSÃO B. PASSIVA 3. CARÁTER HEDONISTA 4. GRAU DE COMPLEXIDADE 1. CONTEXTO DA SITUAÇÃO 2. SENTIMENTOS CORPORAIS 3. EMPATIA, SIMPATIA, CONTÁGIO EMOCIONAL, COMPLEMENTARIDADE 4. AÇÃO EMOCIONAL 5. SITUAÇÕES CONFUSAS 1. EMOÇÕES PRIMÁRIAS 2. EMOÇÕES REFERENTES À ESTIMULAÇÃO SENSORIAL 3. EMOÇÕES LIGADAS À AUTO-ESTIMA 4. EMOÇÕES LIGADAS ÀS OUTRAS PESSOAS 5. EMOÇÕES CONTEMPLATIVAS/ APRECIAÇÃO 6. DISPOSIÇÕES 22 Teoria Psicanalítica O comportamento humano adquire subjetividade e sua compreensão foge à lógica. Os seres humanos são levados ou precisam de emoções fortes? Freud observou as manifestações: inconscientes os simbolismos as fantasias que marcaram o comportamento humano. Dentro do conceito freudiano, as imagens e mensagens tornam-se símbolos ou representações indiretas e figuradas de uma idéia, desejo ou conflitos a serem resolvidos. Simbologias seriam a substituição do real desejado. A história das simbologias remonta às fases evolutivas descritas por Freud. Para um bebê a única realidade é seu corpo, suas sensações de dor e prazer. O eu conceitual ainda não existe para ele então ele deve nascer com um grau de energia e impulso natural para viver (instinto de vida). Instinto de Vida Impulso natural. Energia inata que possibilita manifestações de dor e prazer ou ira quando há desconforto ou ameaça. Liga-se aí um certo grau de agressividade por isso liga-se ao instinto de morte . Instinto de Morte Que pode ser manifesto por violência posterior, cuja origem encontra-se no aumento de frustrações referentes a necessidades corporais e psicológicas. instintos vida morte fundem numa só energia tem como propósito a sobrevivência e a posterior propagação da espécie O instinto de morte indiretamente serve ao mesmo propósito pois se a criança não puder demonstrar raiva e destrutividade quando algo a ameaça, ela não sobreviverá. Na criança o corpo é o centro do universo e no adulto sadio também só que, para este, as imposições e limitações sociais começam a aparecer (ex. vomitar, soltar gazes, deverá fazer isso o mais discreto possível). Nossos desejos naturais não desaparecem por encanto. eles continuam, às vezes frustrados e carregados de agressividade expressa ou não. Neste conflito de desejos antagônicos, desenvolvem-se rituais simbólicos substitutivos que tem por finalidade a satisfação fantasiosa de necessidades inconscientes proibidas , sob aparente legalidade social. Ao longo da evolução o ser 23 humano deve fazer um esforço para transcender do eu concreto corporal para o “eu filosófico e conceitual”. Esta parte frustrada é remetida para a área não verbal inconsciente, chamada Id. A psiqué humana foi dividida por Freud em três porções: inconsciente pré-consciente consciente O equilíbrio psicológico depende da harmonia energética entre eles. os instintos fisiológicos exigem satisfação imediata e a pequena atividade mental destinada a satisfazer o corpo A maneira ávida, egoísta, infantil, socialmente não realista de comportamento chamase “processo primário” que obedece ao princípio do prazer e é a base fundamental da expressão do id - inconsciente, portanto, o id, porção primitiva, é o reservatório da energia psíquica que se choca por pulsões contraditórias como o amor e o ódio. É chamado porão sujo da personalidade, pois abrange as mais diversas tendências humanas. O Id age impulsionando o comportamento no sentido do imediatismo e quando frustrado redobra sua energia negativa, manifesta em agressividade. É o responsável pelos atos impulsivos sobre os quais o indívíduo tem pouco ou nenhum controle. Com a maturação, o desenvolvimento da linguagem e experiências que diferem o eu do mundo, a criança assimila parte da realidade externa destaca-se aí o ego razoavelmente consciente que possui lógica quando sadio. É o executivo da personalidade. O ego é a sede dos conflitos psicológicos pois é o mediador entre as necessidades primitivas do id e as pressões moralizantes do superego. O ego deve satisfazer as necessidades do id levando em consideração a realidade externa repleta de convenções. O que fundamenta a estrutura do superego são as normas e as sanções morais que pressionam o ego no sentido da moralidade e dos bons costumes Esses três construtos não são delimitados podendo flutuar ao nível de consciência ou inconsciência. Entre este jogo de forças antagônicas situa-se a pré-consciência ou subconsciente. O conteúdo do pré-consciente é formado por desejos violentos e reprimidos cuja força energética impulsiona-o para a ação real. ex. sonhar com alguém para satisfazer um desejo recriminado pela sociedade O símbolo tem uma significação abstrata, que são as representações que temos no nosso mundo interno - inconsciente. Todo símbolo causa uma repercussão emocional. É difícil explicá-lo no seu todo, pois se conseguimos esgotar suas interpretações ele se 24 tornará um signo, pois neste iremos esgotar as interpretações, já no símbolo isto não é possível. O símbolo tem uma conotação emocional e o signo não, portanto : símbolo é termo, nome ou imagem que não pode ser familiar na vida diária embora possua conotações especiais além de seu significado evidente e convencional. representa ou substitui o objeto tem um aspecto inconsciente, não é precisamente definitivo Ao interpretar o sonho, percebe-se que o indivíduo traz símbolos que não tem nada a ver com as experiências individuais da pessoa, estes aspectos Freud denominou resíduos arcaícos (são formas mentais que não encontram explicações na vida do indivíduo e que parecem antes formas primitivas e inatas representando uma herança do espírito humano). Uma das capacidades que o ego nos dá no início da vida é a de simbolizar e a partir daí ela é capaz de formular e recriar o mundo. A relação entre o objeto com o símbolo é abstrata e é estabelecida em termos irreais. Com esta capacidade de simbolizar somos capazes de apreender o mundo e com isto o universo passa a existir para nós e isto é fundamental para a nossa adaptação objetiva à realidade. é esta capacidade de simbolizar que nos proporciona a capacidade de nos orientar. MECANISMOS DE DEFESA Sob pressão excessiva dos impulsos e desejos inconscientes, como frustrações, inveja, ódio, etc., o ego adota medidas extremas para aliviar a tensão ou culpa, que são chamadas de mecanismos de defesa. São forma simbólicas e fantasiosas de resolver os conflitos psicológicos e reduzir ansiedade. O ego encontra formas substitutivas de agir e pensar, desloca energia, transfere interesse de um objeto para outro a fim de satisfazer o id frustrado e o superego moralizador. Identificação É a associação de uma representação mental com a realidade física; daquilo que está na mente, com aquilo que se encontra no mundo externo. É um método pelo qual a pessoa recupera o objeto perdido através da fantasia. ex. uma pessoa pode se identificar com seu ídolo, por medo, complexo de inferioridade, desejo de auto afirmação, etc.. A estrutura final da personalidade representa a acumulação de numerosos identificações feitas em vários períodos da vida, embora o pai e a mãe sejam as figuras de identificação mais importantes. Racionalização É, talvez, o mecanismo mais correntemente utilizado, pois serve para justificar e desculpar a impontualidade, as falhas, as gafes, incompetências, preguiça, tudo aquilo que não aceitamos em nós mesmos. É a elaboração de desculpas para esconder o real motivo de um comportamento. Estende-se desde pequenas mentiras até a morte de um parente que se foi há 20 anos. o aluno que tira notas baixas e não admite sua insuficiência na aprendizagem ou no processo de estudos, culpa os professores, a instituição de ensino, etc. O mecanismo de defesa racionalização tem por finalidade, nestes casos, evitar que o indivíduo “enlouqueça”e agrave suas culpas, inferioridade e inadequações do dia a dia. 25 Negação É muito comum contra os conflitos e situações com as quais não sabemos lidar ou não podemos encarar de frente. é uma tentativa do ego de expulsar da consciência aquilo que causa dor ou angústia. A negação é frequente em casos de acidentes trágicos, onde o sobrevivente não lembra de absolutamente nada. A mulher nega a crer que seu marido a traia com outra. a mãe que se recusa a acreditar que seu filho é viciado em drogas, pois ele é tão bom, foi tão bem criado”. Formação Reativa Manisfesta-se pelas formas extremas e exageradas de comportamentos não elásticos que indicam vigilância e protesto contra impulsos não aceitos socialmente. O machismo acentuado pode ser uma substituição, na consciência, de tendências homossexuais. o moralismo crítico pode ser um disfarce para as perversões e a luxúria. A mãe que odeia seu filho e tem impulsos homicidas com relação a ele, pode demonstrar um amor e cuidados exagerados para afastar de si estas tendências. Projeção Deu origem aos chamados testes projetivos, pois os seres humanos têm a tendência de projetar suas necessidades, conflitos, ódios, em outras pessoas, situações e naquilo que vêem, fazem, escrevem, pintam ou desenham a mulher que vê em todo o homem um conquistador, assediador de mulheres indefesas, pode estar querendo que isto aconteça com ela. projeta desta maneira seu desejo de ser amada e conquistada. É o caso de todo apaixonado supor ser correspondido e ver “sinais” nos gestos e olhares da outra pessoa. Uma criança ao desenhar sua família de mão dadas pode estar projetando seu desejo de mantê-la unida. Compensação Tem por finalidade suprir as carências psicológicas que mortificam as pessoas são costumeiras terapias de supermercado, onde o sujeito compra tudo o que pode, e o que não pode, abarrotando o carrinho de futilidades por estar angustiado naquele dia. a mulher gorda que se sente rejeitada pelo marido, come mais ainda. aquela que se sente mal amada, toma banho de loja, muda o penteado, a cor do cabelo, veste-se segundo o grito da moda, compensando assim um sentimento de inadequação. O pai que não pode estudar, empenha todos os seus esforços para que o filho o faça. o deficiente pode cantar, pintar, para compensar sua deficiência. As compensações são modos individuais de terapia substitutiva. Deslocamento É uma reação de fuga frente a um perigo difícil de enfrentar, pelas suas consequências, e o emprego da energia em outro objeto menos perigoso.O homem humilhado por seu patrão pode chegar em casa e gritar com a mulher, pois esta oferece menores conseqüências para seu ato. aquele que brigou com o vizinho pode chutar o cachorro. Sublimação É um processo postulado por Freud que serve para explicar atividades humanas sem qualquer relação aparente com a sexualidade, mas que encontrariam seu elemento propulsor das força da pulsão sexual. Esta seria principalmente uma atividade artística e a investigação intelectual. Diz-se que a pulsão é sublimada na medida em 26 que é derivada para um novo objetivo não sexual e em que visa objetos socialmente valorizados. Evoca o termo “sublime”, principalmente para designar uma produção que sugira grandeza, a elevação. É o mais raro de acontecer, pois exige-se um nível de maturidade que não é muito comum. ao invés de negarmos o fenômeno, vamos aceitálo e fazer algo ainda superior.Sublimar é transcender. Fazer algo em prol da sociedade. Pelos parâmetros freudianos torna-se difícil estabelecer o que é normalidade no comportamento do ser humano, para quase tudo há um motivo oculto. Estes mecanismos, desde que não exagerados, ajudam na adaptação do indivíduo aos seus conflitos, mesmo que falsamente. Estes mecanismos podem atuar em conjunto, quando se torna impossível a distinção entre eles, mas pode-se fazer uso de alguns mais freqüentemente do que de outros, dependendo para tanto dos resultados obtidos durante o processo maturacional. Fase Oral A “primeira fase da evolução libidinal. O prazer sexual está predominantemente ligado à excitação da cavidade bucal e dos lábios que acompanha a alimentação. A atividade de nutrição fornece as significações eletivas pelas quais se exprime e se organiza a relação de objeto; por exemplo, a relação de amor com a mãe será marcada pelas significações seguintes: comer, ser comido. Abbraham propôs dividir-se esta fase em função de duas atividades diferentes: sucção (fase oral precoce) e mordedura (fase-sádico-oral).” (Laplanche, dicionário de psicanálise, 1992, p.184) A fase oral é de grande importância no processo maturacional. A boca e os lábios são áreas de alimentação e erógenas, cujo prazer difuso estende-se da manifestação agressiva ao conhecer o mundo pela boca. Para Freud é atribuido grande significado às experiências orais concretas, pois a partir delas decorre a posterior vida psicológica: abstrata, simbólica e inteligente. Toda representação simbólica e conceitual do mundo parte das experiências corporais concretas e primitivas. O ser humano é absolutamente concreto nos primeiros anos de vida, a aquisição do pensamento abstrato só acontece após longo período de evolução mental. Apesar disso este trabalho não elimina as reminiscências ligadas ao corpo e especificamente aos lábios, porém, a imagem do corpo pode ser abstraída do concreto, idealizada, conceitualizada e simbolizada. O desmame psicológico é tarefa árdua e em alguns casos nunca acontece totalmente. Temos então a oralidade excessiva, no qual o indivíduo não controla seus impulsos de falar, beber, comer. Os atos orais são compensatórios em todos os aspectos, reunindo o calor, o afago e a proteção do seio materno unido ao bem estar alimentar. Para o bebê este prazer é ilimitado, pois ele é alimentado assim que ele chora; pode levar tudo à boca, uma vez que a vigilância neste sentido é pequena. à medida que o tempo passa, as proibições aumentam, a criança é obrigada a moderar-se e adequar-se. Os fatos antes concretos, adquirem conotação psicológica. Quando a criança for controlada à mesa ela sente-se também rejeitada, mal amada, abandonada, injustiçada. o ato oral, passa a ser fonte de dor e desprazer que precisa 27 ser compensada, pois está ligada a um fato psicológico. A boca e os lábios entram na esfera da simbologia psicológica e podem compensar frustrações quando a criança se sente só ou triste, como por exemplo, quando estiver sozinha poderá roer unha, chupar o dedo ou algum objeto de conotação afetiva como cobertores, ursinhos etc. A farta inervação dos lábios torna-os área erógena, o que é manifesto pelo beijo e a excitação sexual resultante. É fácil, portanto, incluí-la como área de conflito psicológico que perdura e se expressa nas mais diversas formas simbólicas. Os costumes compensatórios podem se fixar a partir da fase oral e no adulto aparece as formas derivadas inerentes a uma voracidade não superada. O sujeito fixado nesta fase poderá apresentar vícios orais como: fumar demais, comer, usar drogas, beber, falar em demasia. Sentindo-se frustrado, compensará seu estado psicológico consumindo exageradamente, buscando novidades com gastos não previstos e impulsivos. A insaciabilidade compulsiva induzirá à troca constante de parceiros sexuais e à instabilidade emocional ligada ao ciúme e a inveja, bem como à ingenuidade ao falar e passar adiante tudo o que ouve. Estes comportamentos têm sua gênese em experiências arcaicas infantis, quando o sujeito compensava sua angústia por atos orais. A fase oral refere-se ao primeiro ano de vida, as complicações na sua superação podem envolver sérios casos de regressões comportamentais. O adulto vivencia estados semelhantes aqueles que foram marcantes na infância. por exemplo, chorar em momentos inadequados, faz “biquinho”ou chantageia emocionalmente. Os casos mais graves de regressão a esta fase são os adultos profundamente desajustados, imaturos e dependentes, que não conseguem se autodeterminar e enfrentar a vida por iniciativa própria. Sempre esperam que outros abram caminho para ele, lhes conduza pela mão, como sua mãe fazia. Sempre acham culpados pelos seus males e incompetências. Às vezes populações inteiras são marcadas pelas mesmas características, altamente sujeitas à mistificação; criaturas sugestionáveis que consomem tudo neuroticamente, sem discriminações, projetando seus fracassos em entidades estrangeiras e abstratas do ponto de vista lógico. A Fase Anal e a agressividade A fase anal corresponde, aproximadamente, ao primeiro ano de vida e é marcada por acentuado prazer na região anal e adjacências. A criança se satisfaz em examinar, tocar e experimentar as próprias fezes. Resquícios desta fase, quando mal resolvida, podem ser encontrados em adultos doentes mentais, com fixação simbólica nas próprias fezes (ex. doentes mentais de hospitais psiquiátricos). Durante a fase anal, a criança ainda vive no universo egocêntrico do seu corpo, “experenciando” o mundo externo com dados sensitivos primários. A região anal é responsável pelo alívio de sua carga tensional, que é um prazer vital e ao mesmo tempo erótico. O mesmo acontece com o adulto, que não fala de tais coisas por ser inibido socialmente. O convencionado é demonstrar repulsa e nojo. Aprendemos a manter discrição e sigilo sobre aquilo que fazemos com alívio e prazer dentro do banheiro. O homem não expõe as fezes ao próximo, porém seu treino de limpeza não ocorre sem conflitos e traumas que invadem o campo psicológico. O rigor aplicado pela mãe e outros educadores determina o aparecimento de algumas formas 28 comportamentais oriundas desta fase como, por exemplo, os rituais obsessivos de limpeza acrescidos de agressividade ou as formas lascivas de sexo anal. Quando a mãe é rigorosa, rejeitadora e trata o filho como um fardo, pode transformar os atos de higiene em verdadeiro horror e tortura. Se for distante e pouco afetiva, provocará sentimento de abandono e as experiências simbolizadas poderão tomar estranho rumo. Este tipo de mãe acentua dois momentos contraditórios em seu relacionamento com a criança, retirando e fornecendo carinho sob certas circunstâncias: é brusca, violenta e ameaçadora por ocasião da limpeza. Demonstra nojo, de tal forma que a criança supõe estar cometendo um crime imperdoável. em situação oposta, a mãe pode ser extremamente carinhosa e se mostrar muito satisfeita quando a criança retém as fezes e “não dá trabalho”. Os longos períodos de retentividade e doloroso sofrimento são gratificados com afagos, carinhos e até doces, pois a “criança bem educada está limpinha e não deu trabalho”. O único momento de atenção vem depois de longas horas de severo controle corporal, tendo consequências sérias para a personalidade. este tipo de treino ocasiona alteração fisiológica provocando a constipação crônica, envolvendo dificuldades alimentares, além de exigências rígidas neste aspecto como profundo nojo para com suas manifestações e necessidades orgânicas e doentia ansiedade contra sujeira e desordens, que para outros é considerada normal. surge ainda a labilidade emocional, o mau humor, as irritações e um sensível aumento de agressividade manifesta ou velada. Neste último caso, o indivíduo torna-se intransigente, irônico, desconfiado, intolerante, altamente crítico e mordaz. A repressão a que foi submetido vai adquirir consistência psicológica na estrutura do superego, dando lugar ao que Freud chamou de “caráter anal sádico”. O relacionamento interpessoal dos indivíduos com caráter anal de retenção, é marcado pelo egoísmo, obstinação, meticulosidade, avareza etc. Só se identificam com o exato e o econômico, mas ao mesmo tempo requintado e de bom gosto. Os engodos banais causam o seu protesto e repúdio, pois são dados à manutenção de hábitos, costumes e tradições. O sistematizar e colecionar coisas será transferido às pessoas, vistas como úteis ou não. Exercendo as funções de chefe ou pai com tirania e possessividade, afugentam seus subalternos e familiares. O sentimento de rejeição se torna redundante, aumentando a agressividade. O quadro sádico compensatório torna-se especialmente efetivo quando o sujeito provoca dor e humilhação. Só assim o sádico retém algo do próximo para si, somente deste modo alivia a própria solidão; é a réplica do que acontecia na infância: o elogio, a atenção da mãe, eram ligados à dor e retenção. Dor esta que, no final das contas, é desconfortável para o próprio sujeito e por isto se desloca indefinidamente para outros, pois a dor passa a ser um símbolo. Esta necessidade simbólica e inconsciente de que exista o sofrimento perturba as relações afetivas, inclusive o casamento que, na maioria das vezes, não é druradouro. O caráter anal sádico camufla o homossexualismo anal por forte machismo, moralismo e desconfiança para com o sexo oposto. Em todas as fases do desenvolvimento acumulamos frustrações, que se convertem em agressividade expressa em atos de relevância, para a realização pessoal e social. Quando o indivíduo consegue vencer na vida por esforços próprios, sua energia destrutiva se despolariza e este comporta-se adequadamente. como nem sempre isto é possível, a agressividade pode persistir, ora voltada para o próprio indivíduo em forma de masoquismo, ora voltada para o meio ambiente como sadismo. Isto depende 29 da repressão que o superego exerce sobre as outras estruturas da personalidade. Para que o superego seja doentiamente repressor, é necessário que o treino tenha sido feito com base na ambivalência: dor, controle rígido e depois prazer e gratificação pela mortificação corporal. Um superego assim construído impede a aparição da agressividade de forma direta, pois este comportamento causaria sentimento de culpa. A agressividade aparece, então, de forma disfarçada, simbólica, deslocada, projetada em pessoas, fatos, cenas e acontecimentos externos, onde o sujeito não é agente direto e não precisa sentir culpa. Os mecanismos de projeção, identificação e deslocamento explicam a violência no trânsito, onde indivíduos altamente frustrados consigo próprios e socialmente encontram, inconscientemente, uma forma de ser alguém, identificando com a máquina. São invencíveis, poderosos quando ultrapassam, humilhando o carro menor e menos potente; são ases do volante que ao ziguezaguear entre outros veículos, desafiam e vencem. pois na vida, como pessoa, dificilmente vencem qualquer batalha real que exija competência e trabalho árduo sobre si mesmo. No fundo da competitividade irreal no trânsito está a derrota do “eu” para as competições reais da vida. e o sujeito por instantes é o herói de si mesmo. para qualquer efeito de consciência, “o trânsito é péssimo, as estradas são ruins, as pessoas não sabem dirigir “etc. A mesma vivência simbólica e destrutiva está contida nas aglomerações junto a incêndios e catástrofes, nos quais está sendo destruído sem a participação direta daquele que presencia. ao identificar-se com as imagens, a agressividade inconsciente é projetada e deslocada; o indivíduo participa mas não é culpado, a destrutividade ocorre e é vivenciada mentalmente, sem culpa. O superego pode até se manifestar em forma de “pseudo-ajuda”, através de algumas lágrimas, e o sujeito sente-se bom e piedoso, está em paz consigo, não tem consciência de que participa passivamente da destrutividade projetada simbolicamente. Na infância nos ensinam que ter medo é ser covarde e que devemos ser corajosos. Em consequência passamos a ter vergonha de nossos medos, não os encaramos de frente devido aos sentimento de inferioridade e à decepção. O sadismo e o masoquismo são as duas faces da mesma moeda, ou seja, da agressividade. Formam um círculo vicioso de agressão, culpa e expiação. O assassino violentador pode fundir as imagens mentais de agressor e agredido, com a culpa e auto punição presentes num elemento substitutivo. O ego engendra ardis para fugir de uma dor real para outra menos perigosa. Quando o expectador emociona-se com cenas violentas, pode se identificar com o agressor e também com a vítima. Agride e ao mesmo tempo é punido, projetando estes impulsos inconscientes nas imagens vistas. Este ritual mágico pode ser compreendido por analogia aos rituais religiosos que quase sempre exigem um sacrifício com a finalidade de aplacar a ira e pedir a proteção aos deuses (ex. vítima morta num ritual sangrento, num passado primitivo). O ritual do “santo sacrifício da missa”, que representa a morte de Jesus, é uma forma desta representação na igreja católica (matam de novo e todos se punem pedindo perdão). O mecanismo de defesa é o mesmo, ou seja aliviar o sentimento de culpa temporariamente (ex. a busca de conversar com alguém quando cometemos um ato que nos perturba como forma de amainar o sentimento de culpa). Socialmente espera-se que a mãe ame e proteja seu filho pois isso é uma condição importante para a manutenção da espécie. A mãe que mata ou abandona seu filho é 30 vista com horror pela sociedade. Como um filho é sempre uma responsabilidade (horas de sono anulação das próprias aspirações) é mais frequente do que se imagina a rejeição do filho pela mãe. Este sentimento é conflitivo e gera culpas e o ego deseja evitar. A mãe torna-se super-protetora. Nos atos de limpeza utiliza produtos perfumados, delicados e macios que servem para a massagens eróticas. momentos que deveriam ser discretos passam a ter importância exagerada. A mãe super-protetora esquece o equilíbrio em dar gratificações, o que pode levar a fixação infantil e ao chamado por Freud de “caráter anal de expulsão”. A criança, psicologicamente se recusa a crescer dando lugar a um adulto que evita responsabilidades. Os primeiros choques conflitivos ocorrem no relacionamento com professores e colegas de escola, que exige certo controle e sociabilidade. A falta de disciplina, a desorganização e ineficiência provocam o fracasso na escola e o fracasso profissional. A expulsão das coisas será traduzida em inescrupulosidade e esbanjamento em uma vida sem compromissos. A palavra empenhada só terá significado durante os primeiros minutos concretos em que o indivíduo tenta comprar o amor e a amizade. Nas fases em que o corpo desempenha papel de intercâmbio entre o mundo físico e psicológico abstrato, o indivíduo extrai do corpo e das experiências a ele relacionadas alguns símbolos comuns, que se fundem em seu sistema significativo. ex. as formas arredondadas das nádegas que se assemelham aos seios. Um impulso natural ligado a esta característica anatômica, é o desejo de dar tapinhas ou beliscar um traseiro rechonchudo de criança ou de mulher. O Complexo de Édipo “conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança sente em relação aos pais. Sob a sua forma dita positiva, o complexo apresenta-se como a história de édipo-rei: desejo da morte do rival que é a personagem do mesmo sexo e desejo sexual pela personagem do sexo oposto. Sob a sua forma negativa, apresenta-se de modo inverso: amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto. Na realidade, essas duas formas encontram-se em graus diversos na chamada forma completa do complexo de édipo. Segundo Freud, o apogeu do Complexo de Édipo é vivido entre os três e os cinco anos, durante a fase fálica; o seu declínio marca a entrada no período de latência. É revivido na puberdade e é superado com maior ou menor êxito num tipo especial de escolha de objeto. O Complexo de Édipo desempenha papel fundamental na estrutura da personalidade e na orientação do desejo humano. Para os psicanalistas, ele é o principal eixo de referência da psicopatologia; para cada tipo patológico eles procuram determinar as formas particulares da sua posição e da sua solução. A antropologia psicanalítica procura encontrar a estrutura triangular do Complexo de Édipo, afirmando a sua universalidade nas culturas mais diversas, e não apenas naquelas em que predomina a família conjugal”. (Laplanche, Jean- 1992,p.77) As sensações corporais, anteriormente difusas, organizam-se em torno dos orgãos genitais. A manipulação do corpo não tem mais caráter exploratório, mas sim de satisfação. A atividade auto-erótica se transfere fantasiosamente para aquelas pessoas 31 com as quais a criança mantém relação afetiva, no caso os pais. por razões biológicas, o interesse é pelo pai do sexo oposto. Como a criança não sabe verbalizar e tampouco compreender seus impulsos, suas atitudes, emoções e sentimentos são contraditórios e confusos. desejando a mãe, o menino ama e ao mesmo tempo odeia seu pai, sentido-o como rival. no plano inconsciente projeta seu ódio no pai e o sente como ameaça. Assim, o medo da castração e da represália torna-se torne-se o núcleo do conflito edipiano. Neste caso, a vida psíquica é uma forma de existência especial que não pode ser confundida com a realidade material. O conflito psicológico entre amor, ódio, culpa, medo e angústia, deve ser resolvido pela criança e disto depende tanto sua socialização, como o pleno desenvolvimento de sua personalidade. Para tanto, tornase necessário que o amor e a compreensão paternas superem as desconfianças da criança. Sentindo-se protegido, o filho transforma o medo em respeito e internaliza a primeira lei, a lei do “pai”, que significa a proibição do incesto. O livro Totem e Tabu de Freud a proibição do incesto é explorada. No mecanismo de identificação com os valores paternos, acontece a transição da natureza para a cultura e as leis sociais. Para que uma lei seja respeitada, precisa ser temida. Inicialmente o pai precisa ser temido, mas só o temor não basta. A criança deve ser amada e respeitada para poder copiar um modelo pessoal do qual goste. O medo e o amor transformados em respeito serão transferidos ao pai simbólico, ou seja, as leis e normas do estado. A partir do Complexo de Édipo surge a internalização das regras sociais e, consequentemente, a aquisição da cultura, se o pai original e a sociedade fornecerem segurança ao indivíduo. Caso contrário sobrevivem a deliquência e a imoralidade no não cumprimento das leis. Uma das consequências da não resolução do Complexo de Édipo refere-se a não aceitação do próprio papel sexual. As crianças de ambos os sexos amam a mãe pelas gratificações que esta oferece, mas manifestam este sentimento de forma diferente. No menino há uma adição do impulso sexual, que torna o relacionamento com a mãe mais voraz e dominador. A menina, por seu turno, experimentará estas tendências em relação ao pai. Do equilíbrio e da dinâmica familiar resultará a escolha e imitação do modelo adequado. Um pai punitivo ou desprezível provocará formas diferentes de rejeição. O menino o eliminará como modelo sexual e comportamental, identificando-se com a mãe, caso esta seja benevolente e super-protetora. Se a personalidade da mãe for exageradamente dominadora, o menino terá dificuldades em superar sua dependência infantil, não assumindo responsabilidades masculinas. A ambivalência psicológica manifestar-se-á em forma de homossexualismo latente ou manifesto. De qualquer forma, a mãe desempenha um papel importante no desenvolvimento da personalidade dos filhos de ambos os sexos. Caso seja fria, distante e rejeitadora, provocará carências insuperáveis e o menino a buscará em todas as outras mulheres. A menina rejeitará em si a própria mãe e a mulher que deveria ser. O homossexualismo feminino, entretanto, tem muito em comum com o machismo do homem que camufla sua condição de homossexual assumido. A menina maltratada e incompreendida pelo pai, lesada no amor que lhe deveria caber por direito, desconfia dos homens em geral, é incapaz de demonstrar afeto, pode incorporar a figura do pai 32 agressor na tentativa de superá-lo e se vingar. O homem machista pode desenvolver o mesmo mecanismo como propulsor de sua dominação em relação às mulheres, carregando em si o desejo de exaurir, vingar, derrotar, em cada mulher, a mãe simbólica. O homossexualismo latente fica por conta do ódio à mulher, semelhante à mãe que não o satisfez. O desejo de suprir esta carência infantil aparece mais tarde, não importando como. A questão toda é uma fixação doentia na figura da mãe, que os indivíduos incorporam inadequadamente. O pai pode vir a ser um equilibrador, caso esteja presente afetuosamente e participe afetivamente na educação sem ambivalências. A personalidade e as manifestações afetivo-emocionais serão o resultado da interação harmoniosa entre os pais, na qual a cooperação supere as desigualdades provocadas pelo autoritarismo sem diálogos. A infantilidade, as humilhações ou incoerências de um dos pais, ou de ambos, podem provocar a rejeição e o desprezo pelos modelos sociais apresentados. A criança só respeitará e se identificará com o modelo que tenha fortaleza íntima, ofereça uma diretriz comportamental segura e gratificante. Isto não significa que os pais devam ser perfeitos, pois isso é impossível, basta o diálogo e que os pais compreendam e perdoem as falhas dos demais familiares, reconhecendo que todos as têm. é preciso que a criança não mistifique a realidade e aprenda a compreender e aceitar o mundo e os demais. Só assim haverá a definição e adequação do papel sexual. Fase de latência Por volta dos cinco ou seis anos, a criança precisa resolver os conflitos ligados ao Complexo de Édipo. São as experiências concretas e as sensações primitivas que devem dar lugar as formas mais abstratas e simbólicas, sublimadas no agir e pensar. Precisa transcender do físico ao psíquico, concorrendo para isto a melhor compreensão da linguagem e as novas formas de representar o mundo através de desenhos e imagens mentais. O início da aprendizagem da escrita e da leitura leva a um mundo novo com o investimento das energias libidinais em atividades sociais construtivas. Há uma troca de interesses e com a dessexualização e descentralização corporal, nota-se o fortalecimento do ego e do superego. Para que isto aconteça efetivamente, a criança precisa urgentemente de reconhecimento de suas atividades intelectuais, de elogios, incentivos e confirmação de sua auto-estima. A insegurança da criança provoca a necessidade de testar-se continuamente, em competições e em toscas tentativas de mostrar maturidade, inteligência e independência. destas tentativas surge um indivíduo confiante, forte e decidido ou um derrotado, confuso, lamuriante, chorão e sem auto-estima. Se as iniciativas são castradas ou duramente criticadas, se não há o reconhecimento, desenvolvem-se formas de auto-anulação. Este tipo de postura será a diretriz comportamental, no qual o sujeito repetirá as experiências infantis de obter atenção ou ser deixado em paz quando se anulava, obedecia, chorava e era submisso. na vida adulta, inconscientemente busca o fracasso; ser incompetente, lamentando-se por ser azarado, como forma de buscar o afago do passado. A auto-comiseração leva ao prazer da piedade alheia, é uma forma de obter atenção. O descrétito em si e a autopunição leva ao prazer da piedade alheia, é uma forma de obter atenção. O descrédito em si e a auto-punição não são prazeres autênticos, mas geram sentimento de 33 inferioridade, depressão e angústia. A severa crítica impede a produtividade e provoca a inibição espontânea. Pela falta de padrões individuais, na fase da latência ainda continua a tendência para as cópias e imitações de comportamentos de outras pessoas com as quais a criança se identifica. Neste caso, urge que os pais favoreçam as ocasiões diversificadas para o desenvolvimento da criatividade individual, digam “não” às situações padronizadas e aos esteriótipos. O ser humano precisa cultivar alguns valores reais para se sentir bem consigo e em paz com os outros. Deve saber que constrói algo de valor com esforço e luta. Quando há segurança do que se sabe sobre “o que” e “porque” se faz alguma coisa, a tranquilidade do dever cumprido faz do sujeito um ser mais compreensivo e menos angustiado no sentido de provar seu valor, pois este é intrínseco aos seus atos. Se os valores e a confiança em si são incertos - por exemplo, se uma pessoa precisa de um automóvel caríssimo para provar seu valor -, significa que o valor como pessoa não existe. Este é paliativo, é passageiro, incompleto e perecível. a auto-estima conseguida por estes subterfúgios só dura até que o objeto seja destruído. Daí o ser humano volta-se cada vez mais para o consumo puerial e para dentro de si, para o seu “eu”diminuído, querendo provar para todos sua qualidade inexistente, ou seja o desvalor narcisístico. O viver da admiração e dos elogios de outrem é sinônimo de fragilidade do ego e da insegurança quanto ao próprio valor. e também o outro nome da incerteza do existir pleno, que só se confirma pela aceitação dos demais. o indivíduo realmente equilibrado é humilde, simples, não precisa de elogios e nem da confirmação constante de seu valor. Quanto mais a validade da pessoa é incerta, mais irreal é a consciência de si e menor a auto-crítica. O ego fragilizado pela falta de disciplina em se aperfeiçoar cobra mais dos outros e menos de si, compensando e justificando assim a insuficiência. O imediatismo nos objetivos, o desvalor nos mitos, levam ao vazio psicológico do indivíduo querendo aparecer inutilmente, competindo de forma destrutiva. A megalomania ou delírio de grandeza por uma valorização exagerada e sem fundamamentos sobre o próprio eu, e o egocentrismo impedem o sujeito de ver as razões dos outros, bem como a visão mais ampla dos fatos, fazendo com que ele se atenha fanaticamente no “eu acho”, “na minha opinião”, sem um poder analítico e dedutivo maior. As discussões acabam em briga se o seu ponto de vista não prevalecer, o que impede o consenso maior e dificulta a resolução dos problemas. O indivíduo não consegue ver os lapsos e falhas nas próprias idéias. Acha impossível que alguém possa lhe ensinar algo, pois toma isso como humilhação. Sabe tudo, e afirma com tanta veemência premissas erradas que derrota os demais pelo cansaço. A argumentação prima pela falta de lógica e pelas ofensas pessoais. Em reuniões, palestras ou discussões interrompe inoportunamente, somente pelo prazer de ser ouvido e visto pela platéia e nunca por razões justas e objetivas. Sigmund Freud - nasceu dia 06/05/1856 em Freiberg, Morávia e faleceu dia 23/09/1939 em Londres. Seu trabalho foi desenvolvido em Viena. Em 1925 reafirma sua condição de Judeu e com a perseguição Nazista, no ano de 1938, seus amigos austríacos ajudam-no a fugir do país. Ele e toda sua família transferiram-se para 34 Londres onde estabeleceu-se até sua morte. Freud durante 17 anos teve um câncer na mandíbula e tendo realizado 33 cirurgias, pediu a seu médico que abreviasse sua vida. Durante todo este período Freud continuou produzindo seu trabalho. Bibliografia ANZIEU, Didier. Os métodos Projetivos. 5ª ed. Rio de Janeiro. Campus.1988. BRENNER, Charles. Noções Básicas de Psicanálise. 3ª ed. São Paulo. ed. da Universidade de São Paulo. 1975. FREUD, Anna. O ego e os mecanismos de defesa. 8ª ed. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira. 1986. FREUD, S. Obras completas. 2ª ed. Rio de Janeiro. Imago. 1987,1ª reimpressão,1988 KRECH, David. Elementos de Psicologia. 4ª ed. São Paulo. Pioneira. Brasília, 1973. LAPLANCHE, Jean. Vocabulário de Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes,1992.