10. NÚMEROS COMPLEXOS 10.1 INTRODUÇÃO Números complexos são aqueles na forma a + bi, em que a e b são números reais e i é o chamado número imaginário. O número a é denominado parte real do número complexo e b é denominado parte imaginária do número complexo. Atenção: “parte imaginária” não deve ser confundida com “número imaginário”. O número imaginário i equivale à raiz quadrada de – 1, isto é, i = −1 . O número imaginário, portanto, não pertence ao conjunto dos números reais R pois a raiz quadrada de um número negativo não é real. Por outro lado, o quadrado do número imaginário é real, pois i 2 = −1 . Exemplos: a) z = 2 + 3i Neste caso, z é um número complexo cuja parte real é 2 e cuja parte imaginária é 3. b) z = – 1 + i Aqui, z é um número complexo, sua parte real é – 1 e sua parte imaginária é 1. c) z = 2/3 – i/7 Aqui, z é um número complexo, sua parte real é 2/3 e sua parte imaginária é – 1/7. c) z = – 5i Aqui, z é um número complexo, sua parte real é 0 (zero) e sua parte imaginária é – 5. d) z = 6 Note que, neste caso, z é um real; no entanto, também pode ser interpretado como número complexo com parte imaginária nula. Um número complexo com parte imaginária nula é chamado complexo real puro e um número complexo com parte real nula é chamado complexo imaginário puro. Note que um número complexo real puro é sempre um número real. Decorre disso que o conjunto dos números reais R é um subconjunto do conjunto de números complexos, denominado C. O complexo conjugado de um número z = a + bi é dado por z* = a – bi. Exemplo: Se z = 2 – 3i, então seu complexo conjugado é z* = 2 + 3i. 10.2 FORMAS CARTESIANA E POLAR A forma padrão z = a + bi é também chamada de forma cartesiana de um número complexo z. Porém, todo número complexo pode ser colocado no que chamamos de forma polar, que envolve medidas trigonométricas: z = r cos x i sen x , em que r =∣z∣= a 2b 2 e o ângulo x é determinado a partir da tangente tg x = b a O valor r, também denotado por |z|, é chamado de módulo do número complexo. (Atenção: módulo de número complexo não deve ser confundido com módulo de número real. Este último é tão somente o valor absoluto do número.) Nota: A forma polar também pode ser escrita como z =∣z∣ e ix , também chamada de forma exponencial, em que eix é dado pela fórmula de Euler: e ix = cos x i sen x , sendo e a constante que é base dos logaritmos naturais. Exercício resolvido: Escreva o número complexo z = 1 + i na forma polar. Resolução: A parte real de z é a = 1 e a parte imaginária é b = 1. Assim, o módulo de z será r = ∣z∣= a 2b2 = 1212 = 2 O ângulo x será dado a partir de tg x = b 1 = =1 a 1 Mas, o menor ângulo x para o qual a tangente dá valor 1 é 45 graus ou π/4 radianos. Isto é, x = π/4 radianos. Logo, a forma polar de z é z = r cos x i sen x = 2 cos , i sen 4 4 sendo o ângulo dado em radianos. Note que obter a forma cartesiana de um número complexo a partir da forma polar é trivial, devemos apenas obter os valores tabelados de cosseno e seno do ângulo dado e desenvolver. 10.3 OPERAÇÕES COM NÚMEROS COMPLEXOS Nas operações envolvendo números complexos devemos colocar o resultado na forma padrão, visto que em aplicações práticas é sempre útil identificar as partes real e imaginária de um número complexo. Nas operações devemos aplicar álgebra regular e agrupar os termos com partes reais e aqueles com partes imaginárias. Exercícios resolvidos: Sejam os números complexos x = 2 – 3i e y = – 3 + 2i. Determine o resultado das operações abaixo e identifique suas partes real e imaginária: a) x + y b) x – y c) xy d) x/y Resolução: a) x + y = (2 – 3i) + (– 3 + 2i) = = 2 – 3i – 3 + 2i = =–1–i Portanto, a parte real de x + y é – 1 e a parte imaginária é – 1. b) x – y = (2 – 3i) – (– 3 + 2i) = = 2 – 3i + 3 – 2i = = 5 – 5i Portanto, a parte real de x – y é 5 e a parte imaginária é – 5. c) xy = (2 – 3i)(– 3 + 2i) = = – 6 + 4i + 9i – 6i2 = = – 6 + 4i + 9i – 6(–1) = = – 6 + 4i + 9i + 6 = = 13i Portanto, a parte real de xy é nula e a parte imaginária é 13. Trata-se de um número imaginário puro! Note que nesta operação tão somente desenvolvemos o produto aplicando a propriedade distributiva e na 3a. linha substituímos i2 por seu valor real, – 1. d) x 2−3i = = y −32i = 2−3i .−3−2i = −32i .−3−2i = −6−4i 9i6i = 2 9−4i 2 = −6−4i9i6 −1 = 9−4−1 = −6−4i9i−6 = 94 = −125i = 13 =− 12 5 i 13 13 Portanto, a parte real de x/y é – 12/13 e a parte imaginária é 5/13. Note que na 1a. linha a expressão contém um número imaginário no denominador. Logo, devemos reescrever a fração de forma que o denominador contenha apenas números reais. Para isso, na 2a. linha multiplicamos numerador e denominador pelo conjugado do denominador (– 3 – 2i) e desenvolvemos os produtos. Na 4a. linha substituímos i2 por – 1. 10.4 FÓRMULA DE De MOIVRE A fórmula de De Moivre permite obter a n–ésima potência de um número complexo z, envolvendo medidas da trigonometria: n n z =∣z∣ cos n x i sen n x , em que z está na forma polar, isto é, z =∣z∣cos x i sen x . Exercício resolvido: Se z = 1 + i, determine z4. Resolução: Vimos num exemplo acima que a forma polar de z = 1 + i é z = 2 cos i sen 4 4 Então, pela fórmula de De Moivre, z4 é dado por 4 z = 2 4 i sen 4. = 4 cos i sen = 4−1 = −4 4 4 cos 4 . Isto é, z4 = – 4, tratando-se, portanto, de um complexo real puro. Note que na fórmula empregamos n = 4 (e lembrando que |z| = 2 ). Além disso, 24=4 , cos(π) = – 1 e sen(π) = 0.