Soskice cap.3 Arquivo

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NOTAS TRADUZIDAS DO LIVRO MACROECONOMICS DE WENDY CARLIN E
DAVID SOSKICE – OXFORD UNIVERSITY PRESS, 2006
3. INFLAÇÃO, DESEMPREGO E REGRAS MONETÁRIAS
O objetivo deste capítulo é ir além dos modelos apresentados no cap. 2 tal que
nós possamos analisar inflação e regras monetárias que são usadas pelos
bancos centrais contemporâneos. Para fazer isto precisamos introduzir as
curvas de Phillips e mostrar como elas são derivadas do diagrama do mercado
de trabalho.
A chave para entender as curvas de Phillips é que quando o desemprego está
no nível de equilíbrio, a inflação é constante; quando desemprego está abaixo, a
inflação sobe e quando o desemprego for maior a inflação desce. Isto sugere
que talvez seja possível levar a economia para uma taxa de desemprego menor
mas com uma taxa de inflação maior. Entretanto, como veremos, esta escolha
só é possível no curto prazo porque os controladores de salário estão
preocupados com o salário real e eles irão reagir, quando o seu salário real for
reduzido pela inflação, barganhando por salários mais elevados. No longo prazo,
não há escolha entre desemprego e inflação: isto é visto pela curva de Phillips
vertical no longo prazo.
Banco centrais são vistos como operando a política monetária através da taxa
de juros para manter a economia próximo à sua meta inflacionária no nível de
equilíbrio do produto. Já que a inflação é somente constante no produto de
equilíbrio, isto parece lógico.
A razão do banco central ter um papel ativo na administração da economia é
porque a economia está sujeita a todos os tipos de perturbações que deslocam
a inflação de sua meta ou o produto de seu nível de equilíbrio. Esses choques
ou distúrbios produzem mudanças na inflação que são persistentes e custosos
para eliminar e neste caso há motivo para uma intervenção do banco central
para minimizar as flutuações.
Se nós tomamos como um exemplo um deslocamento para a direita da curva IS
como resultado de uma expansão de investimento, isto vai elevar a inflação. A
Inflação mais elevada será incorporada nas decisões futuras de salário e preços
e só será reduzida através de um período de desemprego acima do equilíbrio. O
objetivo do banco central é minimizar o custo deste choque na economia em
termos da inflação mais elevada causada pelo choque e um desemprego mais
elevado requerido para reduzi-la. Ele irá aumentar a taxa de juros para reduzir a
demanda agregada e guiar a economia de volta a meta inflacionária e ao
desemprego de equilíbrio. Este comportamento do banco central é muitas vezes
descrito como usando uma função de reação ou uma regra de política
monetária.
Combinando a curva de Phillips, a curva IS e a regra monetária do Banco
Central, nós temos o chamado modelo de três equações, IS-PC-MR. Este
modelo é uma versão de livro texto dos modelos usados contemporaneamente
em bancos centrais e em tratamentos mais avançados de macroeconomia
monetária.
Na seção 1, a curva de Phillips é desenvolvida e as consequências da inércia
inflacionária são explicadas. Na seção 2, o modelo de 3 equações é
apresentado. A regra monetária do banco central é derivada e o modelo IS-PCMR é usado para analisar inflação e choques de demanda agregada. Olhamos
os custos relativos das estratégias de desinflação do tipo 'cold turkey' e
'gradualista'. Na seção 3 analisamos a taxa de inflação de equilíbrio de médio
prazo determinado sob duas políticas monetárias alternativas: regra monetária
baseada na taxa de juros e uma política onde o banco central mira a oferta
monetária. A seção 4 mostra como a inflação pode ser analisada usando o
modelo IS/LM padrão.
3.1 INFLAÇÃO E CURVAS DE PHILLIPS
Inflação é a taxa de mudança de preços, que significa que o nível de preços hoje
reflete o padrão da inflação passada. A menos que a inflação seja negativa, que
é chamada de deflação, o nível de preços não cai. Se P é o nível de preços hoje
e P−1 é o nível de preços do último período, então a taxa de inflação em
relação ao ano passado é  :
≡
P−P−1
P−1
Fig. 1.4 do cap. 1 apresenta as taxas de inflação de diversos países de 1960s ao
presente: enquanto a inflação na década passada tem sido baixa em 2 a 3% em
muitos países da OECD, era muito mas elevada, em geral a taxas entre 10 a
20% nos anos 1970. Os que fazem política estão preocupados com a inflação.
Inflação elevada tende também a ser volátil e isto cria incerteza e enfraquece a
maneira pela qual os preços trazem informação. Como veremos reduzir inflação
elevada é custoso , i.e um aumento do desemprego é requerido normalmente
para controlar a inflação. Estas razões estão por trás dos chamados regimes de
meta inflação.
3.1.1 Inércia Inflacionária
O peso da evidência que tem sido acumulado sobre dinâmica inflacionária em
muitos países sobre as décadas passadas sugerem que mudanças no produto e
emprego são seguidas por mudanças na inflação que é sumarizada dizendo que
o produto lidera a inflação. Consistente com esta evidência está o modelo básico
no qual a inflação depende da
inflação passada, t−1 e do
hiato entre o desemprego corrente e o ERU
Há duas interpretações do termo da inflação passada: um em termos de
expectativas e o outro em termos de inércia. Neste livro, vamos usar o segundo.
Entretanto, uma forma comum de racionalizar a inclusão da inflação passada é
supor que os que estabelecem o salário esperam que a inflação deste período
continue a ser o que foi no período passado. Isto é interpretado como um
exemplo de formação de expectativas adaptativas. Quando aplicado à inflação
expectativas são formadas adaptativamente quando a inflação esperada neste
período é igual à inflação esperada do último período mais um termo de
correção que leva em conta o montante pelo qual a previsão do último período
estava errada:
E
E
E
 = −1a−1−−1 
onde a é uma constante positiva menor ou igual a um. Se os erros de
previsão passados são corrigidos plenamente a=1 , temos
E= −1
Esta forma de expectativas adaptativas oferece uma interpretação do termo de
inflação atrasado, 
, como um determinante da inflação. Entretanto, esta é
−1
uma forma não
inteligente e não plausível de formar expectativas:
porque olhar inteiramente ao passado para formar uma visão a respeito do
futuro?
Uma interpretação mais palatável e realista de porque a inflação passada
incluída como um determinante da inflação é em termos de inércia que
caracteriza a determinação de salários e preços numa economia complexa. Uma
visão comum é que os que determinam salários incorporam a inflação passada
em suas demandas por salários correntes para evitar qualquer erosão nos seus
padrões de vida (i.e. em seus salários reais) que tem ocorrido desde a
negociação passada. Nós iremos assumir geralmente que os que determinam
salários não são capazes de incorporar mudanças futuras esperadas de inflação
em suas negociações correntes. O debate teórico e empírico sobre inércia e
hipóteses de expectativas é revisto no cap. 15, onde um modelo mais geral que
inclui ambas inflações passada e inflação futura é desenvolvido.
Neste capítulo, nós trabalhamos com o modelo básico no qual o termo da inércia
é definido como
I
 =−1 . Já que inflação inercial soa meio estranho, nós vamos
nos referir à inflação com atraso e denota-la por  I para enfatizar o papel
da inércia em suas interpretações. Temos então:
I
=  y− y e 
=−1 y−y e
Esta é a curva de Phillips inércia aumentada. Quando o termo da inflação
atrasada é interpetada como refletindo inflação esperada na hipótese de
expectativas adaptativas ( E=−1 ) o termo Curva de Phillips Expectativa
aumentada é utilizado:
=E y −y e 
=−1 y−y e
Vamos estender o modelo macro derivando as curvas de Phillips.
3.1.2 Derivando as curvas de Phillips
Como vimos anteriormente, há uma taxa de desemprego única na qual o
mercado de trabalho está em equilíbrio. Neste equilíbrio, as curvas WS e PS se
cruzam, o que significa que os que determinam o salário e os preços estão
contentes com o salário real que prevalece e não tem incentivo para alterar o
seu comportamento. Nossa tarefa aqui é examinar a relação entre desemprego
e inflação: porque a inflação é constante `a taxa de desemprego de equilíbrio e
porque, quando o desemprego se desvia do equilíbrio, é acompanhado por uma
mudança na inflação?
Começamos com um exemplo numérico no qual a inflação na economia é 4%
por ano e o desemprego está no ERU: emprego é E 1 e o salário real é w 1
(veja Fig. 3.1).
Figura 3.1 Pressão para cima da inflação
quando o emprego está acima do emprego de
equilíbrio; pressão para baixo da inflação
quando o emprego está abaixo do emprego de
equilíbrio
Os salários monetários são estabelecidos tais que a curva WS representa o
salário real. Para manter o salário real constante em w 1 os que estabelecem
salário requerem que o aumento do salário monetário cubra o aumento de
preços sobre o último ano. Já que os preços aumentaram 4% (i.e. a inflação
passada é 4%), os salários monetários deverão aumentar de 4%. As firmas
estabelecem os preços de acordo com a regra de preços. Já que os preços são
estabelecidos com um mark up constante sobre o custo unitário do trabalho (
W / ), isso depende em quanto os custos unitários do trabalho aumentaram.
Já que
P=1

W

△P △W △
=
−

P
W
No caso simples em que a média da produtividade do trabalho (  ) é
constante, o único determinante da mudanças no custo unitário do trabalho são
as mudanças de salários monetários:
△P △W
=
P
W
(veja Fig. 3.1).
Os salários monetários aumentaram de 4% então os custos unitários do trabalho
também aumentaram de 4%. Portanto as firmas devem aumentar os preços de
4% para manter a sua margem de lucro. Nós deduzimos que a inflação de
preços e salário mantem-se constante em 4% por ano e a economia fica no
ponto A (veja Fig. 3.1). Isto está ilustrado como Caso 1 na Tabela 3.1.
Suponha agora que o emprego esteja em E 2 , que é maior do que o equilíbrio
e que a inflação do período anterior seja 4%. Com emprego de E 2 o salário
real na curva WS está em 2% acima de w 1 (mostrado pelo hiato na Fig. 3.1 e
Tabela 3.1). Salários monetários serão aumentados de 4% para manter o salário
real constante; eles aumentarão de outros 2% para levar o salário real para
w 2 na curva WS (salários monetários vão aumentar em 6%) Com o aumento
do salário monetário de 6% as empresas irão aumentar os preços de 6% para
preservar a sua margem de lucro. Então observamos que salários e preços
aumentam de 6% i.e. a inflação é maior do que no período prévio. Outra coisa
para se notar é que já que os salários e preços aumentaram da mesmo
montante, o salário real é w 1 e não w 2 antecipados pelos que determinam
os salários.
Desemprego mais baixo do que ERU é associado com uma inflação em alta de
4% para 6%. Mas inflação não vai permanecer em 6% porque o mercado de
trabalho não está em equilíbrio. O salário real era w 1 mas os trabalhadores
requerem um salário real de w 2 . Na próxima vez que os salários são
negociados os salários deverão aumentar 6% para compensar a inflação
passado de forma que os salários crescerão por 8% para levar o salário real
para w 2 . Por outro lado os preços vão aumentar de 8%. Nós observamos que
o fenômeno de desemprego abaixo da taxa de equilíbrio é associada com uma
inflação crescente (veja Tabela 3.1).
Tabela 3.1
Se nós tomamos o caso contrário de desemprego acima de ERU e emprego de
E 0 o mesmo raciocínio leva a uma inflação cadente.
Com elevado desemprego o poder dos trabalhadores no mercado de trabalho é
enfraquecido, que se reflete na declividade positiva da curva WS. Com emprego
menor do que E 1 , a curva WS está abaixo da curva PS. Em tal situação a
concorrência crescente por trabalhos significa que os trabalhadores não serão
capazes de conseguir aumentos no salário monetário de 4% para manter o seu
salário real.
Figura 3.2 Derivando as curvas de Phillips
Esses resultados podem ser ilustrados usando o diagrama da curva de Phillips.
Este apresenta inflação no eixo vertical e produto o horizontal. Como as curvas
SAS do cap. 2 que se referiam ao nível de preços e não à taxa de inflação, as
curvas de Phillips estão intimamente relacionados às curvas de determinação de
salários e preços e são melhor entendidos quando desenhadas em um diagrama
diretamente abaixo do diagrama WS/PS (veja Fig. 3.2).
Na realidade, não há uma relação de um para um entre um aumento no produto
e uma queda no desemprego. Quando o produto aumenta, os trabalhadores que
foram mantidos na folha mas não tem sido plenamente empregados podem ser
plenamente utilizados com o resultado de que um maior produto, pelo menos
inicialmente, não levam a um aumento no emprego. Este é o chamado
entesouramento de trabalho. Segundo, mesmo se o emprego aumenta, o
desemprego não necessariamente cai se novos trabalhos são feitos por aqueles
que não estavam previamente na força de trabalho. Pessoas de idade de
trabalho que não estão empregados nem desempregados são chamados de
economicamente inativos e a decisão de participar ou não no mercado de
trabalho responde às condições econômicas.
A combinação de entesouramento e mudanças na força de trabalho significa que
uma mudança de 1% no crescimento do produto acima ou abaixo de sua
tendência pode ser associado com respectivamente uma queda ou aumento na
taxa de desemprego de menos de 0.5% pontos percentuais. Esta relação
empírica entre mudanças na taxa de crescimento relativa a sua tendência e
mudanças na taxa de desemprego é chamada de Lei de Okun. A resposta do
desemprego a mudanças no crescimento é menor em países com regulações
mais apertadas sobre empregar e desempregar e com tradições mais fortes de
emprego assegurado ao longo da vida, como é característica do Japão. Para
facilidade de exposição, entretanto, nós mostraremos mudanças no emprego e
desemprego se movimentando m por um com mudanças no produto.
Uma curva de Phillips aumentada por inércia ou expectativas é definida como
um conjunto viável de pares de inflação e produto para uma dada taxa de
I
inflação passada,  =−1 . Construimos as curvas de Phillips para os
exemplos na Tabela 3.1. Com I=−1 = 4%, identificamos três pares factíveis
de inflação e produto: em E 1,  =4%; em E 2,  = 6%; e em E 0,  = 2%.
Esta é a curva de Phillips para I = 4% que mostramos na Fig. 3.2. Para
enfatizar que a curva de Phillps é somente definida para um dado I , é
chamada de PC( I = 4%). Usando dados da tabela 3.1, podemos desenhar
as outras curvas de Phillips e elas são mostradas na Fig. 3.2.
Cada curva de Phillips é definida por duas características:
●
●
a taxa de inflação que é igual a taxa de inflação passada e fixa a altura
da curva de Phillips na linha vertical acima do nível do produto associado
com o ERU, e
a declividade da curva WS, que fixa sua declividade. A curva de Phillips
será mais inclinada se a curva WS for mais inclinada e vice versa.
A representação diagramática da curva de Phillips é útil. Nós argumentamos que
os salários monetários aumentam com um atraso, pela inflação passada mais
um montante para fechar o hiato da percentagem entre o salário real existente e
o sallário real da curva WS. Os preços aumentam pelo mesmo montante dos
salários. O hiato percentual é uma função da diferença entre o emprego corrente
e de equilíbrio, além disso, com produtividade constante, emprego e produto são
proporcionais, então por simplicidade nós usaremos a expressão linear simples:
I
=  y− y e 
=−1 y−y e
onde  é uma constante positiva. O desvio do produto do equilíbrio de médio
prazo deveria ser pensado em termos de percentagem (isto é aproximadamente
igual a diferença entre y e y e se eles são medidos em logs). Se o produto está
acima do equilíbrio de médio prazo então y−y e é positivo e isto aumentará a
inflação acima da inflação do último período. Semelhantemente se y−y e é
negativo a inflação irá cair abaixo da inflação do último período, somente com
y=y e a inflação será constante e igual a taxa de inflação do último período.
Podemos ver com esta expressão que a curva de Phillips se desloca para cima
e para baixo sempre que a inflação do último período muda e que sua
declividade depende de  que por sua vez reflete a declividade da curva WS.
3.1.3 A curva de Phillips original
Agora consideramos o caso interessante onde a inflação média na economia em
muitos anos é zero e a economia é afetada por choques aleatórios não
previsíveis na demanda agregada. Por aleatório, nós queremos dizer que alguns
choques são positivos e alguns são negativos de tal maneira que o produto está
algumas vezes acima e algumas vezes abaixo do ERU. Se esses choques são
de vida curta, é razoável esperar que os que determinam o salário vejam um
aumento temporário nos preços como uma experiência passageira e não
incorporem a inflação passada em suas demandas salariais. Se isto acontece a
economia seria observada nos pontos mostrados na Fig. 3.3. Esta é uma forma
de apresentar a curva de Phillips original publicada por A.W.Phillips usando
dados para o Reino Unido entre 1861 e 1957. Fig. 3.4 reproduz os pontos de
Phillips para o periodo entre 1861 e 1913. Note que como Phillips tem
desemprego medido no eixo horizontal medido da esquerda para a direita, a
curva de Phillips é negativamente inclinada.
Figura 3.3 A curva de Phillips original
Figura 3.4 Curva de Phillips original UK 1861-1913
3.1.4 A curva de Phillips original pode existir mas não pode ser explorada
Tendo visto a curva de Phillips do tipo original, nós perguntamos as seguintes
questões:
O governo pode usar política para deslocar a economia de sua posição
costumeira no ponto A para um nível de atividade mais elevado no ponto B (na
Fig. 3.3)? O que faz política pode ser tentado a fazer isto para reduzir
desemprego a um custo de um pequeno aumento na inflação.
Suponha que o governo aumente a oferta de moeda (para deslocar a curva LM
para a direita) A taxa de juros cai e o produto aumenta pelo maior gasto de
investimento. Diferente dos choques aleatórios que deslocavam a economia de
A para D para B para C para A etc. no mundo da curva de Phillips original,
temos aqui uma situação diferente: o governo está procurando manter o produto
em y 2 porque prefere esta situação com menor desemprego mesmo se há
alguma inflação. Eventualmente, a tendência para a economia para estar
próximo ao ponto B pode estar nos cálculos dos trabalhadores – i.e. eles irão
colocar os 2% ao ano de inflação em suas demandas salariais: a inflação
esperada vai aumentar de 0% para 2%. Neste ponto a escolha entre inflação e
desemprego de longo prazo desaparece porque a curva de Phillips se desloca
para cima. Se o governo persiste com sua política de manter o produto em y 2
a curva de Phillips continuará a se deslocar para cima como no Caso 2 na
Tabela 3.1 e o menor desemprego será associado com inflação crescente.
Este exemplo provê uma ilustração importante de algo em economia chamado
de critica de Lucas. Enquanto a relação estimada originalmente por Phillips
parecia sugerir a existência de uma escolha entre inflação e desemprego, esta
desapareceu tão logo o governo tentou explorá-la. Uma curva de Phillips estável
somente existia porque os governos não tentavam fazer uso dela
sistematicamente. A conclusão que os que fazem política não podem escolher
qualquer ponto outro que aquele da linha vertical acima do nível de produto no
ERU, levou a noção de uma curva de Phillips de longo prazo vertical.
3.1.5 Desinflação é custosa
Uma implicação importante da curva de Phillips , =−1 y−y e é que se
as autoridades quizerem reduzir a taxa de inflação haverá um custo na medida
em que haverá um período em que o desemprego estará acima de ERU. Nós
supomos que a economia está numa situação em que a inflação está alta e
constante; desemprego está em ERU. Se quisermos que a inflação esteja
abaixo do que estava no último período, desemprego deve ser empurrado para
cima de ERU. Isto é porque como a curva de Phillips mostra, inflação é igual ao
que era no último período mais um montante que depende em quão longe a
economia está do ERU. Lembre que um mercado de trabalho com uma taxa de
desemprego maior significa que o salário real corrente não pode ser mantido e
isto vai desencadear salários menores e deflação de preços. Outra forma de por
isto é que quando o desemprego está acima de ERU, há um hiato negativo entre
a curva WS e a curva PS.
Da equação da curva de Phillips,
=−1 y−y e
−−1 =  y− ye 
Se −−1 0
então  y−y e0
E
 =−1
Figura 3.5 Desinflação é custosa
Nós podemos também demonstrar o ponto usando um exemplo e um diagrama.
Na Fig. 3.5, a economia está no ponto B com inflação alta de 8% (em
I
PC  =8 . Supomos que o banco central deseja reduzir a inflação para sua
meta que é 2%. A curva de Phillips mostra a inflação factível e os pares de
produto, dado a inflação do último período de 8%. Os únicos pontos da curva
com inflação abaixo de 8% estão a esquerda de B, i.e. com desemprego mais
elevado. Com a curva de Phillips como esta, desinflação irá sempre ser custosa.
Deveria ser claro que se a influência do passado dos negociadores de salário
poderia ser desfeita e a possibilidade de uma desinflação sem custo emerge:
isto significa dizer que o que faz política poderia deslocar a PC  I=8 para
baixo, por exemplo para PC  I=2 . Neste caso, a economia iria pular de B
para A .
Retornando a curva de Phillips PC I=8 , nós supomos que o banco
central escolhe aumentar o desemprego ao ponto F. A inflação cai para
6% e a nova curva de Phillips PC I=6 aparece. O banco central então
escolhe um ponto em PC I=6 ponto F' . isso leva a um deslocamento para
baixo da curva de Phillips, que não é mostrado. Eventualmente, o objetivo de
inflação de 2% é atingido e a economia permanece em ERU.
3.1.6 Desinflação e preferências do banco central
Embora qualquer ponto na curva inicial de Phillips tal como PC  I=8 na Fig.
3.5 é factível a questão que naturalmente surge é que ponto ao longo desta
curva o banco central iria escolher quando implementar a política de desinflação.
Nós supomos que o objetivo do banco central é levar a economia para ERU com
uma taxa de inflação de 2%.
Figura 3.6 Desinflação e preferencias do banco central
Num extremo o Banco Central pode escolher o ponto C, veja Fig. 3.6. Isto leva a
inflação para baixo em direção a meta no período seguinte mas à um custo de
um aumento substancial de desemprego como indicado no baixo produto do
ponto C. Uma vez que a inflação tenha caído para 2% a curva de Phillips se
desloca e o banco central pode cortar a taxa de juros de forma segura para
estabilizar o produto em ye. A economia iria mover de B para C para A . Um
enfoque menos forte seria se o banco central escolhesse o ponto F como no
caso discutido acima, a queda da inflação e o aumento no desemprego no
primeiro período seria menor. Podemos ver que na medida em que mudam as
preferências do banco central de uma menor disposição para sacrificar o o
emprego para uma maior disposição, com o objetivo de reduzir a inflação, nos
movemos na curva de Phillips de B para C. Nós resumimos isto dizendo que a
aversão à inflação do banco central aumenta na medida em que escolhe um
ponto mais próximo de C. A preferência do banco central entre o desvio da
inflação em relação a meta e o desemprego em relação ao ERU pode ser
representado por curvas de indiferença. As curvas de indiferença de dois bancos
centrais diferentes são mostradas na fig. 3.6. As curvas de indiferença de um
banco central mais avesso a inflação são mais planas. Esse banco central
escolhe o ponto D e o outro escolhe o ponto F. O banco central mais avesso a
inflação escolhe D pois ele está disposto a sacrificar um aumento maior de
desemprego para reduzir mais a inflação. Quando a curva de Phillips se desloca
para baixo o banco central escolhe a sua posição preferida onde a curva de
indiferença tangencia a nova curva de Phillips e dessa forma a economia se
ajusta ao ponto A . O banco central avesso a inflação guia a economia ao longo
da trajetória de D para A . Exatamente da mesma forma o banco central menos
avesso a inflação, com curvas de Phillips mais inclinadas, guia a economia de F
para A . Para ambos os bancos centrais, já que a sua posição preferida é com a
inflação igual a meta, e o produto igual ao produto de equilíbrio, as curvas de
indiferença se transformam num ponto, ponto A . A derivação das curvas de
indiferença do banco central será explicada em detalhe no cap. 5.
3.1.7 Desinflação sem custos e expectativas racionais
Notamos acima que, se a influência do passado naqueles que determinam
salário estivesse ausente, seria possível para a economia pular do ponto B para
o ponto A na Fig. 3.5 sem qualquer aumento no desemprego. Que hipóteses
adicionais sobre a economia precisamos fazer para eliminar o custo da
desinflação?
●
a inércia da inflação é ausente. Isto significa que não existe rigidez
nominal na economia, no salário ou no comportamento dos preços ou
instituições que operam para produzir inércia inflacionarias. Expectativas
adaptativas não tem papel na determinação dos salários. Em vez disso a
chamada hipótese das expectativas racionais se mantém. Então nós
temos
=E y−y e ∈
Onde ∈ (epsilon) é um termo do choque aleatório.
quando o banco central anuncia uma nova meta de inflação baixa, T todos
os participantes do mercado acreditam. Outra forma de dizer isto é que a política
anunciada pelo banco central é crível. Para que a meta seja crível ela deve ser
consistente com
T
= ∈
Isto é com a inflação permanecendo constante na meta à parte de choques não
previstos.
Expectativas racionais de inflação significa que a diferença entre o que os
agentes na economia esperam que seja a inflação e aquilo que ela acaba sendo
é alguma coisa aleatória: eles não cometem erros sistemáticos. Outra forma de
expressar isto é que a expectativa subjetiva dos agentes da inflação é igual a
expectativa objetiva dada toda a informação disponível a respeito da estrutura
da economia e a respeito da política que é disponível no momento em que as
expectativas são formadas, porque toda a informação disponível é utilizada para
a formação das expectativas e não existe correlação entre o termo do erro e a
informação disponível quando a expectativa é formada. Quando aplicada a
inflação em nosso modelo a hipótese das expectativas racionais significam que
E=E =E T ∈=T E ∈=T
logo E=T
onde E é o valor objetivo esperado e a curva de Phillips é agora:
= T  y−y e∈
Isto significa que com expectativas racionais quando o produto está em
equilíbrio a inflação está na meta à parte de um choque aleatório. Nós podemos
expressar isto de outra forma rearranjando os termos como segue:
Logo
1
E
y =y e − 

1
y−y e= −T −∈

1
y −y e= −E 

y=y e
onde  (ksi) é um termo aleatório. Isto é chamado por equação de oferta
surpresa de Lucas, conforme o seu criador, Robert Lucas. O produto somente
desvia do equilíbrio quando há uma surpresa à inflação (ou mais geralmente ao
nível de preços). Surpresa ou inflação não antecipada é normalmente
interpretada como deslocando o produto para fora do equilíbrio porque uma
firma terá dificuldades em conhecer se esta é uma inflação que ocorre na
economia como um todo ou no preço do seu produto relativo ao nível geral de
preços. Se for um aumento na inflação da economia como um todo a empresa
não vai querer aumentar a sua oferta, entretanto, se a inflação mais elevada
refletir um aumento na demanda do produto da empresa relativamente às
demais ela irá aumentar a sua oferta.
Em geral não será possível para as empresas distinguir com certeza entre uma
mudança de preços geral e uma mudança de preços relativo tendo como
resultado que alguma resposta de aumento de oferta ocorrerá seguindo-se a
uma surpresa inflacionária. Nós deveríamos observar a possibilidade que os que
determinam salários e preços podem suspeitar que um aumento na inflação seja
o resultado de uma tentativa deliberada do banco central ou do governo para
levar a economia a uma taxa de desemprego abaixo do equilíbrio de forma que
dúvidas podem aparecer a respeito da credibilidade da meta de inflação.
Esta é uma outra forma de expressar a discussão da seção 1.4 a respeito da
crítica de Lucas e se o trade off da curva de Phillips pode ser explorado pelo
governo. Neste caso nós podemos dizer que a meta de inflação de 2% não é
crível. Mesmo com expectativas racionais e na ausência da inércia inflacionária
não haveria uma redução da inflação sem custo. Ao contrário o governo teria
que demonstrar a sua preferência por inflação mais baixa mesmo a um custo de
um aumento do desemprego escolhendo um ponto a esquerda de B na fig. 3.5.
A questão da credibilidade da política monetária é mais explorada no cap. 5.
Nós podemos resumir dizendo que num mundo onde a informação disponível é
utilizada por todos os participantes do mercado para formar as suas expectativas
(expectativas racionais) onde não existem fontes de inércia inflacionária e onde
o compromisso do governo com a meta inflacionária é crível então choques
aleatórios de inflação conhecidos como surpresas levarão o produto a desviar do
seu nível de equilíbrio. Isto significa um contraste com o modelo basico da
inércia inflacionária pois até os movimentos temporários ao longo da curva de
Phillips em resposta a mudanças anunciadas da política do governo deixarão de
se verificar. Desinflação não será custosa. A seguinte distinção entre os dois
enfoques deveria ser observada:
●
quando usar a curva de Phillips inércia aumentada a causalidade vai do
desvio do produto de equilíbrio (por ex. uma mudança na demanda
agregada) a uma mudança na inflação relativa a inflação defasada.
△ AD  △ y relativo a y e △  relativo a −1
●
na equação da oferta de surpresa de Lucas a causalidade vai do desvio
da inflação do seu valor esperado à mudança do produto relativo ao
equilíbrio.
△ relativa a E △ y relativa a y e
A equação de oferta de Lucas esclarece o fato de que sob as hipóteses de
expectativas racionais,
credibilidade de política e ausência de inércia
inflacionaria já que somente mudanças não antecipadas na inflação podem
afetar o produto, política monetária sistemática não é efetiva para alterar o nível
de atividade da economia. Não há necessidade para política sistemática porque
a economia retorna diretamente ao equilíbrio uma vez que o choque de inflação
desapareceu.
Essas hipóteses, entretanto, são muito fortes. Como veremos, no resto desse
cap. e no cap. 5 em virtude da presença da inércia inflacionária, uma variedade
de distúrbios econômicos deslocam a economia do equilíbrio que não retorna
sem custo ao equilíbrio por conta própria. Como consequência os bancos
centrais se engajam em políticas monetárias sistemáticas para estabilizar a
economia.
3.2 REGRAS MONETÁRIAS NO MODELO DE 3 EQUAÇÕES IS-PC-MR
Nós estamos agora em posição para introduzir o chamado modelo de três
equações.
As três equações são:
1) A equação da IS
2) A equação da curva de Phillips, e
3) a regra monetária derivada da política do banco central ou do governo de
“trade off” entre produto e inflação
Neste capítulo a ênfase é em ganhar familiaridade com o modelo de três
equações usando diagramas. As equações são definidas para clareza. No cap. 5
uma análise mais ostensiva da política monetária que faz uso das equações é
feita e no cap 15 passos adicionais para desenvolver versões mais sofisticadas
desse modelo são explicadas. Aqui nós vamos enfatizar o desenvolvimento de
uma forma bem intuitiva do processo de ajustamento. Nos já mostramos os
diagramas da curva IS e da curva de Phillips e apresentamos eles na forma
explicita de equações. A regra de política monetária não tinha aparecido
explicitamente em um diagrama ou como uma equação. Entretanto como
veremos na próxima seção a regra de política monetária pode ser representada
no diagrama da curva de Phillips juntando os pontos F, F', A na fig. 3.5.
Semelhantemente, na Fig. 3.6 se nós ligarmos os pontos F,F' A nós temos uma
regra de política monetária para um banco central menos avesso a inflação e
para um banco central mais avesso a inflação juntando os pontos D, D' e A .
3.2.1 O modelo de 3 equações: IS-PC-MR
Antes de analisar a regra de política monetária, nós resumimos a equação IS e a
equação da curva de Phillips na forma mais útil para analise de choques e
respostas de política.
1) A equação IS vai ter uma forma mais simples do que aquela da seção 2
do cap. 2. A simplificação é escrever como
onde A é a
y= A−ar
soma das demandas exógenas multiplicadas incluindo a demanda
exógena privada e do setor público, e r é a taxa real de juros.
y= A−ar
Além disso estaremos particularmente interessados na taxa real de juros que
iguala y=y e esta é definida como r s a taxa de juro de estabilização, ou a
taxa de juros estabilizadora.
y e=A−ar s
Pode-se verificar que r s muda sempre que A ou y e mudam. Assumindo
que A e y e não mudam a equação do y e pode ser subtraída da equação
da IS para obter:
y−y e=−ar−r s 
A diferença entre o produto corrente e o produto de equilíbrio é conhecido como
o hiato do produto. Considerando que os componentes exógenos da demanda
agregada não mudam esta equação torna claro que o produto desviará do
produto de equilíbrio na extensão em que a taxa de juros difere da taxa de juros
estabilizadora. Esta forma de representação da equação IS é especialmente
adequada para entender a forma em que a regra monetária funciona. O banco
central irá escolher a taxa de juros de forma a influenciar o hiato do produto no
intuito de buscar o objetivo de estabilização. É importante notar que o Banco
Central não pode produzir uma mudança instantânea no produto alterando a
taxa de juros. Leva tempo para que mudanças na taxa de juros afetem o
investimento e o produto. Vamos olhar isto com mais detalhe no cap. 5.
2) a equação da curva de Phillips Inércia Aumentada, PC, não necessita de
modificação
=−1 y−y e
3) A terceira equação, a regra monetária, MR, é derivada do “trade off”
inflação produto do banco central discutido na última seção. Esta pode
ser escrita como
T
y −y e=−b− 
Esta equação mostra a combinação de produto e inflação que o banco central
escolherá dada a curva de Phillips com que ele se defronta. Quando a inflação é
alta, o banco central decidirá reduzir a demanda agregada (aumentando a taxa
de juros) de forma que a inflação caia. Da Fig. 3.6 nós podemos ver que um b
mais elevado está associado com um banco central mais avesso a inflação.
Para construir a linha da política monetária MR em um diagrama, nós
simplesmente tomamos a curva de Phillips e encontramos a melhor combinação
produto inflação do banco central ao longo da curva de Phillips.
Isto significa encontrar a tangencia entre as curvas de indiferença do banco
central e a restrição da curva de Phillips relevante: juntando esses pontos de
tangência, a MR é formada. Em cada ponto de tangência, a equação MR se
mantém. Note também que a linha MR passa por y=y e e =T . Por
exemplo, na Fig. 3.6 a MR para o banco central mais avesso a inflação seria
encontrado juntando os pontos D, D', e A e para o banco central menos avesso
a inflação juntando os pontos F,F', e A .
A chave para o entendimento do papel da linha MR na análise macroeconômica
é que ela mostra a trajetória ao longo da qual a economia será guiada pelas
ações do banco central para leva-la de volta para o produto de equilíbrio na
inflação meta. Sempre que a economia é deslocada do par ( y e ,T ) de
equilíbrio por um choque de demanda ou oferta, o papel da autoridade
monetária é utilizar uma mudança na taxa de juros para trazer a economia para
a linha MR; uma vez na linha ele deve continuar a ajustar a taxa de juros até que
a economia retorne para  y e , T  . É fácil mostrar isto no diagrama de Phillips
(Fig. 3.7). Primeiro olhamos para o caso em que a inflação aumentou acima da
meta para 6% mostrado pelo ponto B. O ponto B está na curva de Phillips
I
PC  =6 e isto mostra o “trade off” ao longo da qual o banco
central pode escolher seu ponto preferido. Para trazer a inflação de volta a
meta de 2% o produto terá que cair abaixo do equilíbrio. A linha MR mostra que
o banco central irá escolher o ponto F: ele faz isto aumentando a taxa de juros
de forma que a demanda agregada cai levando o produto abaixo de y e . Uma
vez que a economia está na linha MR, o ajustamento de volta ao ponto Z é fácil
de seguir: com inflação de 5%, a nova curva de Phillips que o banco central se
defronta é uma rotulada de PC  I=5 e o banco central escolhera o ponto F'.
O processo de ajustamento passo a passo leva a economia ao ponto Z.
Figura 3.7 A regra monetária: a linha da MR
No caso de uma queda da inflação abaixo da meta, o processo funciona da
mesma forma. Se a inflação cai para zero (ponto B' ) isto define a curva de
Phillips PC I=0 e o ponto preferido pelo banco central é G: note que
como a inflação caiu abaixo da meta a demanda agregada deverá ser
aumentada pelo banco central de forma que o produto suba acima do equilíbrio
para trazer a inflação de volta para 2%. O ajustamento ao longo da linha MR
para o ponto Z ocorre através da mesma seqüência de eventos como no caso
anterior.
Uma vez que a linha MR seja bem entendida é um passo curto juntar a regra
monetária no diagrama de Phillips com a curva IS para mostrar explicitamente a
taxa de juros que o banco central deve estabelecer em cada estágio para
produzir o nível requerido de demanda agregada. Isto não introduz novos
conceitos. É simplesmente uma forma de ir do nível de produto escolhido na
linha MR para a curva IS para ver a taxa de juros que o banco central deve
estabelecer.
Porque a linha MR é mostrada no diagrama de Phillips? Embora seja possível
apresentar a regra monetária no diagrama IS, não é o nosso método preferido
de apresentação. A razão é que a essência da regra monetária é identificar a
melhor resposta de política do banco central dada a curva de Phillips com que
ele se defronta. Para fazer isto precisamos saber:
●
●
as preferências do banco central entre os desvios de produto e inflação
(que podem ser representadas por curvas de indiferença como vimos) e
o “trade off” objetivo entre produto e inflação mostrado pela curva de
Phillips.
Ambos aparecem no diagrama de Phillips. Além disso, trabalhando no diagrama
de Phillips, a importância para a regra monetária da estrutura do lado da oferta,
que determina a posição da curva de Phillps vertical e a declividade da curva de
Phillips aumentada pela inércia, é posta em evidência. Uma vez que o banco
central tenha calculado a sua resposta desejada de demanda agregada usando
a curva de Phillips relevante e a curva de indiferença, veremos que é fácil ir para
o diagrama da IS e descobrir que taxa de juros deve ser estabelecida para
atingir o nível desejado de produto.
Na prática o banco central estabelece a taxa de juros nominal mas ele faz isto
para escolher a taxa de juros real na curva IS que irá produzir o seu nível
escolhido de demanda agregada. A taxa de juros real é a taxa de juros real de
curto prazo, r. O banco central pode estabelecer a taxa de juros nominal
diretamente mas como a taxa de inflação esperada é dada no curto prazo, o
banco central consegue controlar r indiretamente.
3.2.2 Um choque inflacionário
É fácil examinar um choque de inflação usando o modelo de 3 equações. A
parte de cima do diagrama da Fig. 3.8 é o diagrama da IS, a parte de baixo é o
diagrama de Phillips. Das três equações a equação da IS é mostrada na parte
de cima do diagrama e a regra monetária (MR) e as curvas de Phillips na parte
de baixo. Vamos começar no ponto A com y=y e e inflação no nível da meta
de 2%. Vamos supor que há um choque inflacionário na economia, que eleva a
inflação para 4%. A economia se move para o ponto B em PC  I=4 .
Figura 3.8 Choque inflacionário e regra monetária
Podemos ver explicitamente que o banco central escolhe a taxa de juros r' na
curva IS (ponto C' ) para atingir o ponto C na curva de Phillips PC I=4 .
No período seguinte, a curva de Phillips se desloca para baixo como resultado
da queda na inflação: a nova curva de Phillips é indexada por I=3 (i.e. ela
intercepta a VPC em y e com =3 ). Então, a economia é levada para
baixo ao longo da linha MR para o sudeste na media em que o banco central
implementa a regra de política monetária. Nós podemos também ver a trajetória
para baixo ao longo da curva IS quando o banco central reduz a taxa de juros de
volta para a taxa de juros de estabilização, r s . Eventualmente a economia
retorna ao produto de equilíbrio com meta de inflação no ponto Z. Note que o
banco central comporta-se de uma maneira ativa embora baseada em regra:
ajustamentos freqüente da taxa de juros são requeridos pela regra de política
monetária.
3.2.3 Choque de demanda temporário
Vamos supor que a economia começa em equilíbrio com produto em equilíbrio e
inflação na meta de 2% (ver Fig. 3.9). A economia é perturbada então por um
choque temporário de demanda agregada. Por um choque temporário de
demanda agregada queremos dizer que a curva IS que reflete o choque é IS' e
permanece em IS' somente por um período. O produto é aumentado tal que
y 'y e . A consequência de um produto acima de y e é que a inflação
aumentará acima da meta – neste caso de 4%. Isto define a curva de Phillips
I
PC  =4 ao longo da qual o banco central deve escolher o seu ponto
preferido: ponto C. Subindo verticalmente para o ponto C' no diagrama da IS, o
banco central pode determinar que a taxa de juros apropriada é r'. A trajetória de
ajustamento subseqüente para baixo na linha MR para o ponto Z é exatamente
como descrita no caso do choque inflacionário.
Figura 3.9 Choque temporário de demanda agregada e a
regra monetária
Resumindo, a economia é deslocada de A para B como um resultado do choque
da demanda agregada. Este aumento no produto leva a um aumento na inflação
acima da meta. Por causa da inércia da inflação, isto só pode ser eliminado
provocando uma queda do produto abaixo (e do desemprego acima ) do
equilíbrio. O banco central portanto aumenta a taxa de juros em resposta ao
choque da demanda agregada. Ele deve aumentar a taxa de juros para deprimir
a demanda sensível ao juro e reduzir o produto. O banco central tem um olhar
para frente e leva em conta toda a informação disponível para tomada de
decisões.
3.2.4 Um choque de demanda permanente
No caso de um choque de demanda permanente a curva IS se desloca para IS'
e permanece lá.
Figura 3.10 Choque permanente de demanda agregada e a regra
monetária
A economia começa em equilíbrio com produto em equilíbrio e inflação na meta
de 2%. No diagrama da IS, a taxa de juros inicial de estabilização é r s .A
curva IS se desloca para a direita para IS'. Como no caso do choque temporário
de demanda, o produto sobe para y': a economia está no ponto B no diagrama
de Phillips e em B' no diagrama da IS (Fig. 3.10).
A análise subseqüente no diagrama de Phillips é exatamente como no caso
anterior: a única diferença diz respeito ao diagrama da IS. Por que o choque da
IS é permanente, a taxa de juros de estabilização se eleva para r ' s . com
demanda exógena mais elevada, uma taxa de juros real mais elevada é
requerida para reduzir a demanda sensível a taxa de juros tal que o produto seja
igual a y e . De forma similar, para colocar a economia na linha MR no ponto
C, o banco central tem que definir a taxa de juros em r' , consideravelmente mais
elevada do que era necessária no caso do choque temporário de demanda. Uma
vez que a economia está nos pontos C e C', o ajustamento ao longo de MR e IS'
ocorre da forma usual. O novo equilíbrio é no ponto Z no diagrama de Phillips e
no ponto Z' no diagrama IS. No cap. 4, examinaremos como o choque de oferta
pode ser analisado usando o modelo de 3 equações.
2.5 A linha MR e a taxa de juros real
Para ilustrar que um banco central que usa meta de inflação determina a taxa de
juros para atingir uma taxa de juros real particular, nós retornamos ao exemplo
na Fig. 3.10. Como já vimos, para levar a inflação de volta para a meta depois
de um choque permanente de demanda o banco central aumenta a taxa de juros
e a economia se move para C e C'. Isto representa um aumento da taxa real de
juros de r s para r' .
Nós contrastamos isto com duas alternativas: manter a taxa real de juro
constante e manter a taxa nominal de juros constante. Se o banco central
mantem a taxa real de juros constante em r s então o produto permanece em
y' acima do equilíbrio e a inflação continuará a aumentar na medida em que a
curva de Phillips se desloca para cima cada período. Se o banco central mantem
a taxa nominal de juros constante, a economia se move de B' para um ponto na
nova curva IS (IS' ) ao sudeste do ponto B'. A razão é que o aumento da inflação
sinalizado pela persistência do produto acima de y e reduz a taxa real de juros:
com uma taxa de juros nominal dada e inflação mais elevada, a taxa real de
juros cai. Em outras palavras, se i=rE então r =i−E de forma que
maior E reduz r abaixo de r S . Uma queda na taxa real de juros irá
estimular mais ainda o produto, levando a economia mais distante ainda da meta
de inflação.
Este exemplo ilustra que é a taxa real de juros que o banco central foca quando
determina a taxa nominal: quando respondendo ao aumento da inflação
esperada, associada com um deslocamento da curva IS, o banco central leva
em conta o efeito de inflação esperada mais elevada na taxa real de juros e
levanta a taxa nominal o suficiente.
2.6 Taxas de sacrifício e estratégias de desinflação
Nós vimos que a resposta imediata de um banco central mais avesso a um
choque de inflação é conter o produto aumentando a taxa de juros mais do que
um banco menos avesso a inflação. Ele está disposto a ter um aumento mais
forte no desemprego para obter uma queda mais rápida na inflação. E isto
significa que desemprego pode, em consequência disso, retornar mais
rapidamente ao equilíbrio. Os termos 'cold turkey' ou 'terapia de choque' são
algumas vezes aplicados a esta estratégia e são contrastados com enfoques
mais gradualistas em que o desemprego aumenta menos mas o processo de
desinflação é mais demorado. Uma questão interessante é se o desemprego
cumulativo é maior sob “cold turkey” ou gradualismo: em outras palavras, se
nós somarmos as taxas de desemprego em cada período depois do choque
inflacionário até o retorno da inflação à meta e o desemprego ao equilíbrio, com
que estratégia haveria uma montante maior de desemprego?
Nós veremos que se as curvas de Phillips são lineares e paralelas, o montante
acumulativo de desemprego para obter a redução de inflação para a meta é a
mesma sob ambas estratégias. Em outras palavras neste caso, a razão de
sacrifício (o desemprego acumulado para atingir uma dada redução na inflação)
é independente do grau de aversão à inflação do banco central.
Para ilustrar isto, assuma um governo que opera uma regra monetária simples
y−y e=−b−T 
onde b reflete a força da resposta do banco central à uma taxa de inflação acima
de sua meta. Intuitivamente, mais duro é o governo, maior será o aumento no
desemprego em resposta a um choque de inflação esperada. Por outro lado
maior o aumento no desemprego, mais rápido a economia retorna para o
equilíbrio com =T . Não é, portanto, claro como o montante total de
desemprego ao longo do tempo (i.e. desemprego acumulado) se relaciona a b.
Figura 3.11 Estratégias de desinflação e taxas de sacrificio
Mas com hipóteses bem simples resulta que o desemprego cumulativo é
independente de b. Esta hipótese é que a curva de Phillips aumentada pela
inércia é linear:
I
=  y− y e 
com
I
 =−1
A prova pode ser mostrada geometricamente na Fig. 3.11. Primeiro nós
supomos aperto máximo da parte do governo tal que b=∞ : sua preferência é
trazer imediatamente a inflação de volta a meta, sem considerar o aumento do
desemprego que esta ocasiona. Isto implica que a regra monetária é uma
horizontal como mostrada por MR1 . Suponha que inicialmente economia
está em equilíbrio com inflação igual a meta e ocorre um choque sobre a taxa de
inflação i.e. I=0  T . Com MR1 o produto cai de y e para y 0 como
o aumento forte na taxa de juros tem efeito.  cai de 0 para T ; no
período seguinte então I=T , tal que o banco central pode cortar a taxa de
juros de volta para a taxa de juros de estabilização com segurança e o produto
aumento de volta para y e . Se medimos desemprego pela diferença do
produto atual do produto de equilíbrio, então há desemprego de y e−y0 por
um período, depois do qual o desemprego é novamente zero: então desemprego
cumulativo é simplesmente y e−y 0 .
Suponha agora que o governo tem uma regra monetária mais leniente, MR2 .
Como um resultado do choque inflacionário, o produto é cortado de y e para
y 1 tal que no primeiro período depois do choque o desemprego é  y e −y 1  .
I
Inflação é 1 , e isto implica no período seguinte que I cai de  =0
para I=1 . Usando MR2 a curva de Phillips com I=1 implica que o
produto aumenta de y 1 para y 2 . Isto quer dizer que o desemprego no
segundo período é  y e −y 2  . Então o desemprego cumulativo depois de dois
períodos é  y e −y 1  y e− y 2 .
A prova da assertiva de que desemprego cumulativo não depende do valor de b
 y e −y 1  é exatamente
pode ser visto agora do diagrama (Fig. 3.11).
 y A −y 0
no eixo horizontal;  y e −y 2 
é exatamente  y B− y A  . Podemos ver que
se adicionamos o
desemprego em cada período subseqüente no

y
caso gradualista para
total é exatamente
A −y 0 y B −y A ... o
 y e −y 0  ; em outras palavras, é igual ao desemprego cumulativo no caso
'cold turkey' com b=∞ . Já que esta demonstração não dependeu no valor
particular de b que usamos, é verdade para qualquer valor de b.
A prova depende criticamente na linearidade das curvas de Phillips. Se um
pequeno crescimento no desemprego tem um efeito disproporcional maior do
que um maior crescimento no desemprego (ou vice versa) o resultado não se
mantém. Isto é mostrado na Fig. 3.12. Vamos supor que as curvas de Phillips
lineares são ainda uma boa aproximação na região de MR2 , a regra
monetária menos avessa a inflação. Isto significa que eles podem ser usados
como antes para calcular o desemprego cumulativo como  y e −y 0  . Para ver
o que acontece quando as curvas de Phillips são convexas, nós usamos a regra
monetária com b=∞ e a curva de Phillips preta para I=0 . Esta curva de
Phillips convexa reflete o resultado empírico que a inflação se torna menos
sensível a um aumento no desemprego maior é o desemprego. Não é difícil ver
que isto implica uma redução maior do produto do que a queda para y 0 .
Então o desemprego cumulativo com uma regra monetária mais avessa a
inflação será maior do que uma mais fraca. A intuição é que a estratégia de um
banco central, muito avesso a inflação, de reduzir a inflação para a meta muito
rapidamente será mais custoso do que uma gradualista se for o caso que a
inflação responda menos a um aumento no desemprego quando o desemprego
é elevado: elevando o desemprego para um nível muito alto o leva para uma
região onde o seu efeito no estabelecimento do salário é mais fraco.
Figura 3.12 Taxas de sacrificio e curvas de Phillips convexas
Em resumo, com curvas de Phillips não lineares desta natureza, a razão de
sacrifício é mais elevada para um banco central mais avesso à inflação. Com
curvas de Phillips lineares, a redução da meta de inflação tem o mesmo custo
total de desemprego – somente o padrão temporal do desemprego difere:
elevado por um curto período versus reduzido sobre um período longo. Quando
a curva de Phillips se torna mais plana a níveis mais elevados de desemprego, o
calculo de bem estar é mais complicado – uma estratégia 'cold turkey' produz
um retorno mais rápido da economia para a meta de inflação mas com um custo
de desemprego cumulativo maior do que uma estratégia gradualista.
3.3 INFLAÇÃO NO EQUILÍBRIO DE MÉDIO PRAZO
3.3.1 Duas políticas monetárias
3.3.1.1 A regra da taxa de juros (Enfoque MR)
No modelo de 3 equações, enquanto o objetivo do banco central é estabilizar a
economia em torno do ERU, a inflação no equilíbrio de médio prazo é igual a
meta estabelecida pelo banco central. As características da regra de política
monetária asseguram isto.
●
No modelo de 3 equações, no equilíbrio de médio prazo, =T se o
banco central procura estabilizar o desemprego em torno do ERU.
Se o banco central muda a sua meta de inflação, então o novo equilíbrio de
médio prazo será idêntico ao velho, exceto que a inflação está na nova meta.
Como vimos, se a inércia inflacionária pode ser eliminada, então a economia se
move diretamente para o novo equilíbrio. Entretanto, com a nossa hipótese
normal de que o banco central é restringido a escolher um ponto na curva de
Phillips aumentada pela inércia, ele terá que aumentar a taxa de juros para
colocar a economia na trajetória em direção a nova meta de inflação. Haverá
uma fase de desinflação custosa antes que a nova meta seja atingida.
3.3.1.2 Regra da oferta monetária (enfoque da LM)
Quando se estende o modelo IS/LM para o médio prazo, nós supomos que a
taxa de crescimento da oferta de moeda está sob controle do banco central.
Razões por que isto pode não ser tão fácil como parece são exploradas no cap.
8. Supondo que isto é possível, nós mostramos que a taxa de crescimento da
oferta monetária determina a taxa de inflação no equilíbrio de médio prazo. Nós
supomos que a aproximação se mantém tal que:
i=rE
e note que no equilíbrio de médio prazo ,
=
E
tal que
i=r
Em seguida, nós consideramos que a condição de equilíbrio do mercado
S
M
=Li , y 
P
S
M
=Lr  , y 
P
e considere a situação de
equilíbrio de médio prazo. O
nível do produto é determinado pela intersecção das curvas WS e PS em y e .
A curva IS é determinada pelo lado da demanda agregada da economia. Então,
a taxa de juros real associada com y e é fixada em r S . Já que por definição
do equilíbrio de médio prazo,  é constante, a demanda real por moeda (i.e.
L) é também constante. A implicação do requisito de que o mercado monetário
está em equilíbrio é que a oferta real de moeda deve também ser constante.
Para manter a oferta real de moeda constante, o nível de preços P deve
crescer na mesma taxa que a oferta nominal de moeda, que está sob controle
das autoridades. Nós usamos o símbolo  para representar a taxa de
crescimento, então M é a taxa de crescimento da oferta monetária. Assuma
que este seja constante em
M =
M :
M−M−1
M−1
que implica que
=M
onde a barra significa que a taxa de crescimento da oferta de moeda é exógena.
Quando o modelo IS/LM é estendido para o médio prazo, o equilíbrio de
médio prazo é caracterizado por uma taxa constante de inflação igual a
taxa de crescimento constante da oferta de moeda escolhida pelo banco
central, i.e. =M
3.3.2 Como a MR se relaciona a curva LM
●
Antes de retornar à análise tradicional da política monetária e inflação usando o
diagrama IS/LM, nós perguntamos qual é a relação entre o enfoque da MR e o
enfoque da LM? E qual o papel que a curva LM tem no modelo de 3 equações?
Há dois pontos chaves. Primeiro, o enfoque a ser usado depende do tipo de
política monetária que o governo usa. Se o governo (ou banco central) está
usando uma regra monetária baseada na taxa de juros de forma a manter a
economia na sua meta inflacionária, o modelo correto é o modelo de 3 equações
com a MR. Este é muitas vezes chamado regime de metas de inflação.
Mas como nós já havíamos observado, o governo poderia alternativamente usar
uma regra de oferta monetária (como alguns governos fizeram nos anos 1970 e
1980). A regra de oferta monetária mais comum é estabelecer uma meta para a
taxa de crescimento, M . Outra possibilidade é manter a oferta nominal de
moeda constante, em M S . Uma regra de oferta monetária (ou regime de
meta monetária) requer que usemos o enfoque da curva LM.
Segundo, a condição da LM não desaparece quando o enfoque MR está sendo
usado. Aqui necessitamos distinguir entre (a) a condição LM, que significa que a
demanda e oferta de moeda são iguais e (b) a regra da oferta monetária, que
supõe que a oferta de moeda é exógena. A condição da LM é
S
M
=Li , y 
P
Isto em si mesmo não diz nada sobre como a oferta monetária, M S , é fixada.
Isto simplesmente apresenta a condição de equilíbrio que a demanda por e a
oferta de moeda são iguais. Isto deve sempre valer, com exceção do muito curto
prazo, irrespectivo de se o governo está usando a regra da oferta de moeda ou
uma regra monetária baseada na taxa de juros. Isto é porque quando a regra
monetária está operando, as operações do banco central devem assegurar que
o mercado monetário esteja em equilíbrio – de outra forma a taxa de juros não
permaneceria no nível desejado. Em um regime de meta de inflação, a curva LM
é apresentada no pano de fundo (background). No diagrama, é apresentada
através da intersecção da curva IS e a taxa de juros estabelecida pelo banco
central mas não tem nenhum papel em fixar a posição da economia em termos
de produto, inflação ou taxa de juros.
3.4 INFLAÇÃO NO MODELO IS/LM
O modelo IS/LM apresenta um diagrama diferente de política do modelo de 3
equações IS-PC-MR. O governo ou banco central não é modelado como usando
uma regra de política monetária no sentido de uma função de reação que
responde a choques. O termo função de reação reflete o fato que a MR
incorporar uma avaliação das implicações de qualquer choque e a formula para
reagir que leva em conta a estrutura do lado da oferta e a demanda da
economia. Quando usa a MR, o banco central está olhando para frente (forward
looking), prevendo as implicações para a inflação de qualquer distúrbio à
economia e definindo a taxa de juros para guiar a economia de volta ao
equilíbrio. Em contraste, o uso da regra de oferta de moeda implica que a
política monetária é passiva.
Figura 3.13 Choque de demanda agregada: banco central
mantem a taxa de crescimento da moeda constante
Foi explicado na seção anterior que o equilíbrio de médio prazo difere nos dois
modelos somente pelo que determina a taxa de inflação do equilíbrio de médio
prazo: esta é a meta de inflação no modelo IS-PC-MR e a taxa de crescimento
da oferta de moeda no modelo IS/LM. Então, quando a economia é sujeita a um
choque, o novo equilíbrio de médio prazo será idêntico em ambos os modelos –
assumindo que os lados da oferta sejam os mesmos e que a taxa de
crescimento das oferta de moeda é o mesmo que prevalece na meta de inflação
no modelo IS-PC-MR.
Entretanto, a trajetória de ajustamento com a regra da oferta de moeda será
diferente daquele que nós analisamos no modelo IS-PC-MR. Isto porque no
modelo IS/LM o banco central deve manter o crescimento da oferta de moeda
constante ao longo do período. A taxa real de juros muda como resultado da
interação entre o crescimento fixo da oferta de moeda do banco central e a
evolução da inflação. Se nós tomamos o caso de um choque permanente de
demanda agregada, o ajustamento ocorre no modelo IS/LM da seguinte forma:
1. Seguindo o deslocamento da curva IS para a direita, o aumento do
produto aumenta a demanda por moeda. No curto prazo, inflação e taxa
de crescimento da oferta de moeda são constantes e iguais: a oferta real
de moeda é constante. Então a curva LM permanece fixa e a demanda
mais elevada de moeda leva a venda de títulos, uma queda no preço dos
títulos e um aumento da taxa de juros. Este é o movimento ao longo da
curva LM para sua intersecção com a nova curva IS.
2. Produto e emprego mais elevados levam à um aumento da inflação como
mostrado pela curva de Phillips. Isto reduzirá a oferta real de moeda (já
que os preços aumentam mais rapidamente do que a oferta de moeda) e
causam um deslocamento da curva LM para a esquerda. Isto reduz a
demanda na medida em que a taxa de juros aumenta.
3. Já que a inflação subiu mas deve voltar ao seu nível original no novo
equilíbrio de médio prazo, a inércia da inflação implica que o produto terá
que cair abaixo de y e durante o processo de ajustamento. A inflação
cai somente quando y  y e .
4. Uma trajetória tipo espiral no diagrama de Phillips será traçada na medida
em que a economia se move primeiro para o nordeste e então em sentido
de espiral anti horário de volta ao equilíbrio (ver Fig. 3.13).
A trajetória de ajustamento é mais prolongada no modelo IS/LM do que no
modelo baseado na regra de política da taxa de juros porque quando o banco
central usa a regra de política monetária ele intervém ativamente para guiar a
economia para o novo equilíbrio de médio prazo uma vez que esteja na trajetória
de desinflação (por ex. de C' para Z' na Fig. 3.10). Quando a inflação cai, o
banco central intervém e corta a taxa de juros. Os detalhes do ajustamento
usando IS/LM são apresentados no apêndice.
3.5 CONCLUSÕES
Neste capitulo, um arcabouço foi apresentado em que choques e políticas
afetando a economia podem ser sistematicamente investigados.
As curvas de Phillips são usadas para analisar os processo de inflação. A curva
de Phillips original apresentava uma relação empírica estável entre desemprego
e inflação. Entretanto se um administrador de política tenta explorar esta relação
escolhendo uma taxa de desemprego menor em troca de uma inflação mais
elevada, a relação estável desaparecerá. Se não houverem atrasos (lags) nos
estabelecimentos de preços e salários e os negociadores de preços e salários
fizerem o melhor uso da informação disponível para eles, o administrador de
política não pode escolher uma taxa de desemprego abaixo de ERU sem a
conseqüente aceleração da inflação. Para o administrador de política portanto a
curva de Phillips é vertical.
Entretanto, se a inflação passada tem um papel na determinação dos salários
haverá um “trade off” entre inflação e desemprego até o novo momento de
negociação salarial. Isto é mostrado pela curva de Phillips que são indexadas
pela inflação passada e portanto se deslocam para cima na medida em que
I aumenta e para baixo na medida em que I cai. A declividade da curva
de Phillips reflete o declividade da curva WS(e também a declividade da curva
PS, se esta não for horizontal): uma curva WS mais inclinada implica uma
resposta mais forte da inflação à mudança no desemprego para uma dada I .
Uma implicação da curva de Phillips da forma:
=−1  y−y e
é que a desinflação é custosa: desemprego tem que aumentar acima de ERU
para a inflação baixar.
Nós expressamos a regra monetária do banco central, MR, em termos de
sua combinação entre produto e inflação dada a curva de Phillips com que ele
se defronta:
y−y e=−b−piT 
Isto é mostrado no diagrama de Phillips.
A curva IS é adicionada à curva de Phillips e a regra monetária para formar o
chamado modelo de 3 equações IS-PC-MR.
A curva IS tem dois papéis: ela se desloca em resposta a choques na demanda
agregada autônoma e mostra a taxa de juros que o banco central deve escolher
para implementar sua política monetária. O modelo pode ser usado para analisar
o impacto sobre a inflação e o desemprego de diferentes tipos de choques e
explorar como o banco central reagirá para estabilizar a economia. Nós
podemos resumir o funcionamento do modelo pegando o caso de um choque de
demanda temporário:
1. Um deslocamento para cima da confiança do consumidor leva a um
aumento do produto e a uma queda no desemprego abaixo de ERU
2. Desemprego menor por seu turno implica que a inflação crescerá acima
da meta do banco central
3. O banco central aumenta a taxa de juros. Ele vai estabelecer uma taxa de
juros alta suficiente para aumentar o desemprego acima do equilíbrio para
trazer a inflação de volta para a meta.
4. Uma vez a economia na linha MR, o banco central gradualmente reduzirá
a taxa de juros e a economia retornará ao ERU com taxa de juros uma
vez mais ao nível de estabilização, r S , e inflação na meta.
Quando a curva de Phillips é adicionada ao modelo IS/LM, nós podemos
analisar choques sob a hipótese de que o banco central está perseguindo a taxa
de crescimento da oferta de moeda. Os dois modelos, IS-PC-MR e IS/LM
funcionam a grosso modo em formas similares e no médio prazo a inflação é
igual a
●
●
a meta do banco central se ele usa a regra baseada na taxa de juros e
a taxa de crescimento da oferta de moeda quando o banco central
persegue o crescimento da moeda.
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