Variáveis Aleatórias

Propaganda
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Conceitos básicos: Variável Aleatória
Variável aleatória (v.a.) valor numérico que é resultado de uma experiência
aleatória.
Podemos ter variáveis aleatórias contínuas ou discretas.
Exemplo 1: Suponha que lança duas moedas e regista a face voltada para
cima. Esta experiência aleatória tem 4 resultados possíveis:
Cara-Cara;
Cara-Coroa;
Coroa-Cara
e
Coroa-Coroa.
Seja X a variável aleatória que representa o número de caras obtidas.
Esta variável pode tomar os valores 0, 1, ou 2; é uma variável aleatória
discreta.
1
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Exemplo 2: O Departamento de Recursos Humanos de uma determinada
empresa está a fazer um estudo no qual interessa analisar o rendimento mensal
per capita do agregado familiar dos seus empregados.
O rendimento mensal per capita do agregado familiar de um empregado
escolhido ao acaso, X, é uma v.a. contínua.
Outros exemplos:
peso de um indivíduo, em kg v.a. contínua.
nº de vezes que um indivíduo vai ao cinema mensalmente v.a. discreta
2
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Distribuição de Frequências vs. Distribuição de Probabilidades
Distribuição de Frequências
No contexto do Exemplo 1, suponha que se lançaram 100 vezes as duas
moedas, tendo-se obtido os seguintes resultados:
Frequência
relativa
Freq.
relativa
acumulada
26
0.26
0.26
1
50
0.50
0.76
2
24
0.24
1
Número
de caras
Frequência
absoluta
0
A tabela anterior descreve a distribuição de frequências do nº de caras obtidas
por cada lançamento de duas moedas, em 100 lançamentos.
3
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Podemos calcular a média, x , e a variância, s2, do nº de caras obtidas por
lançamento:
x = 0.26 × 0 + 0.5 ×1 + 0.24 × 2 = 0.98
(
)
1 n
1
2
2
s =
26 × 0 2 + 50 × 12 + 24 × 2 2 − 100 × 0.98 2 = 0.505
 ∑ n i x i − nx  =
n − 1  i =1
 99
2
Considere-se agora o Exemplo 2 e suponhamos que foram seleccionados ao
acaso 100 empregados que constituem a amostra em estudo. Os dados
recolhidos relativamente ao rendimento mensal per capita do agregado familiar
desses 100 empregados estão sumariados na tabela seguinte.
4
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Frequência
relativa
Freq.
relativa
acumulada
15
0.15
0.15
[300, 600[
40
0.4
0.55
[600, 900[
32
0.32
0.87
[900, 2000[
13
0.13
1
Rendimento
(em Euros)
Frequência
absoluta
[100, 300[
A tabela anterior descreve a distribuição de frequências do rendimento mensal
per capita do agregado familiar dos 100 empregados.
Calcule-se a média e o desvio padrão desta amostra:
x=
s=
200 × 15 + 450 × 40 + 750 × 32 + 1450 × 13
= 638.5
100
1 n
1
2
2
(
−
n
x
n
x
=
200 2 × 15 + L + 1450 2 × 13 − 100 × 638.5 2 ) = 366.04
∑


i i

n − 1  i =1
99
5
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Distribuição de Probabilidades
Nos exemplos anteriores, foram registadas as frequências observadas num
estudo onde a v.a. em causa é observada um nº finito, n, de vezes (no caso
n=100).
A distribuição de probabilidades da v.a. X descreve o que se esperaria
encontrar se fosse possível observar a v.a. um nº infinito de vezes.
6
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Distribuição de probabilidades discreta
Relacionando cada valor da variável aleatória discreta X com a probabilidade de
ocorrência desse valor, estamos a descrever a distribuição de probabilidades da
v.a. discreta X. A função de probabilidade de X é uma função f X que associa a
cada valor possível x de X a sua probabilidade: f X ( x) = P( X = x) . Tem-se que
∑f
X
( xi ) = 1 .
xi
7
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Exemplo 1: Distribuição de probabilidades da v.a. nº de caras obtidas no
lançamento de duas moedas
Número
de caras
xi
Probabilidade
P(X=xi)
0
0.25
1
0.50
2
0.25
8
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Neste caso, a média e a variância são usualmente representados por µ e σ2 e
são calculados usando as probabilidades, da seguinte maneira:
µ = E ( X ) = ∑ xi f X ( xi ) = 0.25 × 0 + 0.5 × 1 + 0.25 × 2 = 1
i
2
2
2
2
2
2
2
σ 2 = Var( X ) = E((X − µX ) ) = E( X ) − (E( X )) = 0.25 × 0 + 0.50 × 1 + 0.25 × 2 − 1 = 0.5
A distribuição de probabilidades pode ainda ser descrita através da chamada
função de distribuição cumulativa F(x), que, para cada x, nos dá a
probabilidade da v.a. assumir um valor inferior ou igual a x:
F(x)=P(X≤
≤x) probabilidade acumulada até x
9
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Para a v.a. do Exemplo 1, podemos completar a tabela introduzindo os valores
das probabilidades acumuladas até 0, 1 e 2, isto é, apresentando os valores de
F(x1), F(x2) e F(x3).
Número
de caras
xi
Probabilidade
P(X=xi)
F(xi)
0
0.25
0.25
1
0.50
0.75
2
0.25
1
10
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Para outros valores de x ∈ R:
Se x<0, tem-se FX ( x) = P( X ≤ x) = 0 ;
Se 0≤x<1, tem-se FX ( x) = P( X ≤ x ) = P( X = 0) = f X (0) = 0.25 ;
Se 1≤x<2, tem-se FX ( x) = P( X ≤ x ) = P( X = 0) + P( X = 1) = f X (0) + f X (1) = 0.25 + 0.5 = 0.75 ;
Se x≥2,
FX ( x) = P( X ≤ x ) = P( X = 0 ) + P( X = 1) + P( X = 2) = f X (0) + f X (1) + f X (2) = 0.25 + 0.5 + 0.25 = 1 .
11
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Resumindo,
 0
0.25

FX ( x) = 
0.75
 1
se
x<0
se 0 ≤ x < 1
se 1 ≤ x < 2 .
se x ≥ 2
Na figura seguinte representa-se FX graficamente.
Função de Distribuição
1
0,75
0,5
0,25
0
-1
0
1
2
3
12
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Distribuição de probabilidades contínua
A probabilidade de uma variável aleatória continua tomar um valor particular é
zero (recorde que teoricamente uma v.a. contínua pode tomar um nº infinito de valores
num intervalo de nº reais, logo, é evidente que a probabilidade de ela assumir um valor
particular entre um nº infinito será zero).
Consequentemente, uma variável aleatória contínua não pode ser expressa na
forma tabular; usa-se então uma função para a exprimir.
Uma função muito usada para descrever a distribuição de probabilidades é a
função densidade de probabilidade (representada por f X (x) ), abreviadamente
fdp.
13
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Também podemos descrever a distribuição de probabilidades através da função
x
de distribuição cumulativa F ( x ) = P ( X ≤ x) =
∫f
−∞
X
(t ) dt donde F ' ( x ) = f ( x )
X
X
14
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Vamos recorrer ao Exemplo 2 para ilustrar a utilidade destas funções.
Exemplo 2:
Suponhamos que a função densidade de probabilidade da v.a. X - rendimento
mensal per capita do agregado familiar de um empregado escolhido ao acaso – é
representada graficamente da seguinte maneira:
15
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
A probabilidade do rendimento familiar per capita de um empregado
(escolhido ao acaso) ser inferior ou igual a a corresponde à área limitada
(superiormente) pela função densidade, (inferiormente) pelo eixo das abcissas e
por a (à direita) [área sombreada].
[área sombreada]=P(X≤
≤a)=F(a)
16
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
A probabilidade do rendimento familiar per capita de um empregado
(escolhido ao acaso) estar compreendido entre dois valores, a e b, corresponde à
área limitada (superiormente) pela função densidade, (inferiormente) pelo eixo
das abcissas, (à esquerda) por a e (à direita) por b [área sombreada].
[área sombreada]=P(a<X<b)=F(b)-F(a)
17
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Obviamente, a área limitada superiormente pela função densidade e
inferiormente pelo eixo das abcissas é igual a 1, pois corresponde à
probabilidade de se observar qualquer valor para o rendimento familiar per capita
de um empregado (escolhido ao acaso).
18
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Exemplo 3 :
O director de compras da empresa “Baratinho” pretende definir uma política de
aquisição de matéria-prima para o próximo ano. As necessidades de matériaprima por dia (em toneladas) são uma variável contínua com função densidade
de probabilidade:
,0 ≤ x ≤ 2
1 − x / 2
f X ( x) = 
, outros valores
 0
+∞
2
2
−∞
0
0
µ = E ( X ) = ∫ xf X ( x)dx = ∫ x(1 − x / 2)dx = ∫ x − x 2 / 2dx =[x 2 / 2 − x 3 / 6]x =0 =
x=2
2
3
19
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
σ 2 = Var( X ) = E (( X − µ X ) 2 ) = E ( X 2 ) − ( E ( X )) 2 =
+∞
2
2
2
[
]
2
x =2
2
 2
2
2
2
2
3
4
= ∫ x f X ( x)dx −   = ∫ x (1 − x / 2)dx −   = x / 3 − x / 8 x =0 −   =
9
 3
3
3
−∞
0
Função de distribuição cumulativa de X:
Se x<0, vem:
FX ( x ) = P(X ≤ x ) =
x
x
−∞
−∞
∫ f X (t ) dt = ∫ 0 dt = 0
20
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Se 0≤x<2, vem:
FX ( x ) = P(X ≤ x ) =
x
0
x
−∞
−∞
0
∫ f X (t ) dt = ∫ f X (t ) dt + ∫ f X (t ) dt
x
 t2 
x2
 t
= ∫ 0 dt + ∫ 1 −  dt = 0 + t −  = x −
2
4
 4 0
−∞
0
x
0
Se x≥2 vem:
x
FX ( x) =
∫f
−∞
0
X
0
2
x
−∞
0
2
(t ) dt = ∫ f X (t ) dt + ∫ f X (t ) dt + ∫ f X (t ) dt
2
x
22
 x
= ∫ 0 dt + ∫ 1 −  dt + ∫ 0 dt = 0 + 2 − + 0 = 1
2
4
0
2
−∞
21
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Resumindo,
 0 se x < 0

x2
FX ( x) =  x −
se 0 ≤ x < 2
4

1 se x ≥ 2

Na figura seguinte representa-se FX graficamente.
FX
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-1
0
1
2
3
22
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Em estudos de inferência estatística, em geral, estuda-se uma característica
numa dada população, que é representada por uma v.a., digamos X. Contudo, é
através de uma amostra que esta característica é estudada (recorde o Exemplo
2).
A distribuição de probabilidades de X é usualmente designada por distribuição
populacional. A média e variância desta variável aleatória, µ e σ2, dizem-se
parâmetros populacionais, pois são os valores que se encontrariam se fosse
possível observar todos os elementos da população.
Ao observar uma amostra, temos acesso apenas a uma distribuição de
frequências, e à média e variância amostrais, que nos dão uma ideia,
respectivamente, da
distribuição
populacional e
da média e variância
populacional.
23
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Dep. Matemática
Escola Superior de
Tecnologia de Viseu
VARIÁVEIS ALEATÓRIAS
Conceitos básicos
Propriedades da Esperança e da Variância:
Sejam X e Y variáveis aleatórias e a, b e c constantes reais. Então:
• E(c)=c
• E(cX)=cE(X)
• E(aX+bY)=aE(X)+bE(Y)
• Var(c)=0
• Var(aX+b)=a2Var(X)
24
Carla Henriques e Manuel Reis
Probabilidades e Estatística – Engenharia do Ambiente
Download