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OUTROS BESOUROS
Sternechus subsignatus e outras
Outras espécies de besouros causam problemas à soja no
Brasil. São de ocorrência regional ou secundárias e por
causarem prejuízos à cultura devem ser conhecidos. O
tamanduá-da-soja ou bicudo, S. subsignatus, é mais comum
em áreas de plantio direto e ocorre em todo território nacional.
O adulto tem em torno de 8 mm de comprimento. Tanto
adultos quanto larvas atacam a haste principal da planta. Os
adultos fazem um anelamento na haste, desfiando-a, onde
colocam seus ovos. As larvas desenvolvem-se no interior da
haste broqueada, causando o enfraquecimento da planta.
Ocorrem em reboleiras. O cascudo, Myochrous armatus, é
um crisomelídeo e permanece imóvel quando tocado. O
adulto é de coloração marrom-escura e mede cerca de 3 mm
de comprimento. Em plantas com até 20 dias de idade, ataca
o caule, causando o tombamento de plantas e diminuição da
densidade de plantas. Em plantas mais velhas, ataca o
pecíolo provocando a seca das folhas. Ataca diversas culturas
no período seco. É mais comum no Brasil Central. O
torrãozinho, Aracanthus mourei, tem cerca de 5 mm e
assemelha-se a um torrão de terra. Ocorre em altas
populações nas bordaduras de lavouras com plantas novas.
Causa um serrilhamento típico nas bordas das folhas. Pode
atacar também os pecíolos dessas folhas.
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PERCEVEJO-CASTANHO
Scaptocoris castanea e S. carvalhoi
São insetos subterrâneos cada vez mais freqüentes e
problemáticos para a cultura da soja. São característicos por
exalarem um odor desagradável quando perturbados e por
emitirem um som típico quando expostos à superfície do solo.
Os adultos são marrom-claros e medem em torno de 8 mm
de comprimento. As ninfas são esbranquiçadas. Apresentam
pernas anteriores adaptadas para escavar e posteriores para
empurrar a terra. A fase ninfal dura de quatro a seis meses.
Esse percevejo se alimenta das raízes das plantas e tem
muitos hospedeiros. Geralmente ocorre em reboleiras. O seu
ataque diminui a densidade de plantas e causa o
amarelecimento, seca e morte da planta, quando ocorre no
início do desenvolvimento da cultura, ou reduz o crescimento,
quando sua ocorrência é mais tardia. Prefere solos mais
arenosos. O plantio direto pode ter beneficiado a ocorrência
dessa praga. S. carvalhoi é mais freqüente em lavouras de
soja da região Centro-Oeste, aonde chega a causar perda
total da cultura.
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PERCEVEJO-VERDE
Nezara viridula
É a espécie de percevejo fitófago mais importante no sul do
país. Entretanto, nos últimos anos, sua importância tem
diminuído nessas regiões pela ocorrência de outras espécies.
Os ovos são colocados agrupados, em geral 80 por postura,
em formato hexagonal. São amarelos no início, tornando-se
rosados perto da eclosão. As ninfas são escuras com
manchas vermelhas, amarelas e pretas. Ficam aglomeradas
nas folhas até o segundo ínstar. Alimentam-se da seiva da
planta, à semelhança dos adultos. O adulto mede em torno
de 15 mm de comprimento e tem coloração verde, variando
do claro ao escuro, com face ventral verde-clara e antenas
avermelhadas. O ciclo de ovo a adulto dura de 30 a 53 dias.
Os seus prejuízos estão relacionados com a sucção da seiva.
Alimentando-se de hastes e folhas, provavelmente injetam
toxinas que provocam a retenção foliar ou “soja louca”, onde
as folhas não caem normalmente, dificultando a colheita, e
causam queda na produção. Ao alimentarem-se das vagens,
estas ficam marrons e chochas, causando queda na
produção. Quando os grãos são sugados, causam manchas
conhecidas por mancha-de-levedura ou mancha-fermento,
causadas por Nematospora corylii. Essa doença diminui o
valor comercial e o teor de óleo e proteínas dos grãos.
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PERCEVEJO-VERDE-PEQUENO
Piezodorus guildinii
O percevejo-verde-pequeno é a espécie mais importante no
Estado de São Paulo e em outras regiões do Brasil. As
posturas são bem típicas. Os ovos pretos são dispostos em
fileiras duplas, geralmente não ultrapassando 32. As ninfas
apresentam o abdome amarelo-avermelhado, com manchas
negras. O ciclo de ovo a adulto varia de 19 a 53 dias. Os
adultos são menores que os do percevejo-verde, chegando
a 10 mm de comprimento. Causam os mesmos danos à soja
que o percevejo-verde.
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PERCEVEJO-MARROM
Euschistus heros
Embora fosse referido como sendo de clima quente, nos
últimos anos, o percevejo-marrom está se tornando a principal
espécie fitófaga na soja em todo o território nacional, inclusive
na região Sul. É muitas vezes confundido com o percevejo
predador Podisus spp. As posturas apresentam poucos ovos
amarelados dispostos em fileiras duplas. As ninfas são
marrons ou cinzas, com os bordos serreados. O ciclo de ovo
a adulto varia de 21 a 56 dias. Os adultos medem em torno
de 11 mm de comprimento, são marrons, com uma meia-lua
branca no final do escutelo e dois espinhos laterais no
protórax. Os danos são semelhantes aos observados para o
percevejo-verde.
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OUTROS PERCEVEJOS
Dichelops spp., Acrosternum spp. e outras
São várias as espécies de percevejos fitófagos que ocorrem
na cultura da soja. Dentre os pentatomídeos tem-se Edessa
meditabunda – 13 mm de comprimento, verdes, asas pretas
e ventre, antenas e pernas marrom-amareladas e ovos verdes
em fileira dupla –, Dichelops melacanthus – 9 mm de
comprimento, marrom e espinhos mais escuros –, D. furcatus
– igual ao anterior, porém o abdome é verde e os espinhos
são menos escuros – e Acrosternum hilare – 15 mm de
comprimento, verde, antenas azuis (o que o diferencia, na
prática, de Nezara viridula), contorno do abdome amarelado
e ovos marrons colocados em placas. O percevejo conhecido
como formigão, Neomegalotomus parvus (Hemiptera:
Alydidae), tem 15 mm de comprimento, marrom, corpo estreito
e a cabeça é bem visível. Os ovos marrons são colocados
em placas. Aparecem na cultura da soja antes dos demais
percevejos e tem aumentado sua importância nos últimos
anos. Os danos causados por esses percevejos são
semelhantes aos causados pelo percevejo-verde.
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MOSCA-BRANCA
Bemisia tabaci
Apesar de ser conhecida como mosca-branca, esse inseto
não é um díptero e sim um hemíptero. Importante vetor de
viroses para o tomateiro, feijoeiro, plantas ornamentais etc.
A mosca-branca nunca foi problema para a cultura da soja,
apesar de estar sempre presente e se multiplicar na cultura.
Entretanto, na década de 1970 foram observados surtos
populacionais do inseto e na década de 1990 foi detectado o
biótipo B dessa praga em soja, passando a causar prejuízos.
O inseto adulto mede em torno de 1 mm de comprimento e
apresenta quatro asas recobertas por uma pulverulência
branca. Os ovos são colocados na página inferior das folhas.
As ninfas sugam as folhas, assim como os adultos, e se fixam
na página inferior, não se locomovendo mais. O ciclo de ovo
a adulto varia de 28 a 71 dias para o biótipo B. Os insetos
sugam a seiva, injetando toxinas, causando alteração no
desenvolvimento das plantas. Transmitem a virose da necrose
da haste. Especialmente o biótipo B, excreta uma substância
açucarada em abundância sobre as folhas, onde se
desenvolve o fungo Capnodium sp. (fumagina), que é escuro
e cobre a folha, diminuindo a fotossíntese. Posteriormente,
as folhas caem, podendo acarretar antecipação do ciclo da
cultura em até 20 dias. As perdas na produção podem ser de
20 a 100%.
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OUTRAS PRAGAS
Spissistilus spp., Caliothrips brasiliensis e outras
Existem outros organismos que têm potencial para causar
prejuízos à cultura da soja. As lesmas, os caracóis e os
piolhos-de-cobra passaram a causar problemas em áreas de
plantio direto, destruindo sementes, cotilédones e plântulas.
A principal espécie de piolho-de-cobra nessas áreas é Julus
spp. O búfalo-da-soja, Spissistilus spp., foi encontrado no
Brasil recentemente atacando soja e milho. Os adultos
medem em torno de 7 mm, marrom-esverdeados e
apresentam três “chifres” (prolongamentos) na cabeça
triangular, sendo os dois superiores bem desenvolvidos. As
ninfas a partir do segundo ínstar sugam a haste, pecíolos e
caules secundários. Causam um anelamento da haste muito
semelhante ao provocado pelo tamanduá-da-soja. Os adultos
causam uma desfolha severa em quase todos os estádios
de desenvolvimento da cultura. O tripes C. brasiliensis tem
em torno de 1 mm de comprimento e coloração escura. As
ninfas são branco-amareladas. Ambos vivem na página
inferior das folhas. São vetores da virose “queima-dos-brotosda-soja”, que debilita a planta, podendo secá-la. Adultos do
idiamim, Lagria villosa, causam desfolha como as vaquinhas.
A cochonilha-da-raiz da família Pseudococcidae também pode
ocorrer definhando as plantas, mas quase nada se sabe sobre
ela.
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CARABÍDEOS PREDADORES
Calosoma spp., Callida spp. e Lebia spp.
Os carabídeos são besouros predadores muito comuns em
lavouras de soja. O maior deles, do gênero Calosoma, tem
como principal espécie C. granulatum. Vive no solo, podendo
chegar até a parte inferior das plantas. Se alimentam de
lagartas que caem ou que se “jogam” para pupar no solo ou
de pré-pupas e pupas. São bem vorazes, e cada larva ou
adulto do carabídeo chega a consumir 90 lagartas pequenas
por dia, em média. Os carabídeos Callida spp. e Lebia spp.
são encontrados na parte aérea das plantas se alimentando
de pequenas lagartas. O primeiro é menor que Calosoma,
mas maior que Lebia, que é o menor deles. Outras espécies
como Galerita spp. também caminham pelo solo em busca
de presas como lagartas.
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PERCEVEJOS PREDADORES
Podisus spp., Nabis spp. e outras
Os percevejos predadores se distinguem dos fitófagos por
serem exclusivamente carnívoros, ou seja, não se alimentam
das plantas, e por apresentarem estiletes robustos e com
menos segmentos do que os fitófagos, especialmente as
espécies das famílias Pentatomidae (Podisus spp.) e
Reduviidae (Zelus spp.). Alguns dos percevejos mais
importantes pertencem ao gênero Podisus, que são muito
parecidos com os percevejos-praga conhecidos pelo
agricultor. Alimentam-se de pequenas lagartas, vaquinhas e
ninfas de percevejos fitófagos. O percevejo Nabis spp. preda
ovos e pequenas lagartas. O percevejo-pirata, Orius spp., e
Geocoris spp. sugam ovos e pequenas lagartas e tripes. Os
percevejos Heza e Zelus são comuns em várias culturas e
são predadores de lagartas pequenas e grandes, besouros,
percevejos e diversos outros organismos-praga.
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OUTROS PREDADORES
Cycloneda sanguinea, aranhas e outros
Vários outros predadores são freqüentes, regionais ou
ocorrem esporadicamente na cultura da soja. As joaninhas
são comuns predando ovos e pequenas lagartas, tripes e
mosca-branca e, dentre elas, C. sanguinea, uma joaninha
avermelhada predadora de pulgões. Os crisopídeos, dentre
eles o bicho-lixeiro, são comuns em áreas de soja predando
ovos e larvas de diversas pragas. Apesar de apresentarem
mandíbulas, eles sugam as suas vítimas e algumas espécies
têm o hábito de carregar na pilosidade do seu dorso os restos
das suas presas. As tesourinhas e as aranhas, além de outros
predadores, também ocorrem em plantas de soja predando
vários dos insetos-praga.
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PARASITÓIDES DE OVOS
Trichogramma spp., Trissolcus spp. e outras
Assim como os predadores, são várias as espécies de insetos
parasitóides de ovos de insetos-praga na soja. Os ovos dos
lepidópteros-praga são parasitados principalmente pelo
microimenóptero Trichogramma spp. Esse parasitóide mede
menos que um milímetro e coloca seus ovos dentro dos ovos
da praga. O parasitóide Chelonus spp. parasita os ovos da
broca-das-axilas, mas o adulto só emerge da lagarta, quando
esta ainda é nova. Entretanto, os parasitóides de ovos mais
conhecidos são os dos percevejos-praga. O parasitóide
Trissolcus basalis é o mais utilizado em programas de controle
biológico do percevejo-verde no sul do país, mas para outras
regiões, o parasitóide Telenomus podisi poderá substituí-lo
no controle do percevejo-marrom e do percevejo-verdepequeno. Esses dois parasitóides, assim como outros, são
eficientes no controle de todos os percevejos que ocorrem
na soja.
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PARASITÓIDES DE LARVAS E NINFAS
Microcharops spp., Patelloa similis e outras
São muitas as espécies de parasitóides, himenópteros
(vespas) ou dípteros (moscas), que ocorrem em lagartas,
brocas e percevejos na soja. Microcharops spp. é muito
comum parasitando a lagarta-da-soja e demais lagartas
desfolhadoras na soja. Juntamente com esse parasitóide,
Glyptapanteles spp., Campoletis sonorensis, Meteorus spp.
e outras espécies, parasitam, com freqüência, lagartas de
diversas espécies de desfolhadoras. Euplectrus spp. parasita
seu hospedeiro externamente, se fixando na parte dorsal
próximo à cabeça da lagarta. Copidosoma truncatellum é um
importante parasitóide de Pseudoplusia includens. Ele coloca
apenas um ovo dentro da lagarta que dará origem a várias
larvas que se desenvolverão em novos adultos do parasitóide,
fenômeno esse chamado de poliembrionia. As moscas
também ocorrem com freqüência parasitando lagartas, como
é o caso de P. similis. As ninfas da mosca-branca são
comumente parasitadas por Encarsia formosa.
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PARASITÓIDES DE ADULTOS
Trichopoda nitens e outras
Os parasitóides de adultos não são muito comuns. Entretanto,
um importante controlador de percevejos adultos é a mosca
T. nitens (taquinídeo). Os ovos são colocados no dorso do
percevejo, de onde eclodem as larvas que penetram no
tegumento do adulto para parasitar o seu interior, matando-o
no final do desenvolvimento. As vaquinhas Diabrotica
speciosa e Cerotoma arcuata são parasitadas, na fase adulta,
pela mosca Celatoria spp.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
São várias as pragas que afetam a produção ou diminuem
a qualidade da soja no Brasil, muitas vezes inviabilizando o
seu cultivo se medidas de controle não forem tomadas. As
lagartas desfolhadoras, especialmente a lagarta-da-soja,
Anticarsia gemmatalis, e a falsa-medideira, Pseudoplusia
includens, e os percevejos, principalmente o percevejomarrom, Euschistus heros, o percevejo-verde, Nezara viridula,
e o percevejo-verde-pequeno, Piezodorus guildinii, são as
principais pragas da cultura no país.
Dada à expansão da cultura no país, em novas condições
de clima, solo, cultivares e sistemas de plantio, surgiram
problemas regionais adaptados às novas condições. O plantio
direto fez com que pragas que têm o desenvolvimento total
ou parte dele no solo mudassem o seu comportamento.
De qualquer forma, aplicações indiscriminadas de
agroquímicos devem ser evitadas, para não eliminar a
diversidade de inimigos naturais existentes na cultura. O
manejo integrado de pragas deve ser incentivado.
Desta forma, o objetivo desse guia de campo é auxiliar
na correta identificação de pragas e inimigos naturais que
ocorrem com freqüência nas lavouras de soja em todo o país,
contribuindo para o manejo integrado das pragas de interesse
ao agricultor. Os autores desejam que este guia seja útil e
62
prático para os leitores, fazendo parte do dia-a-dia de trabalho
e contribuindo para a racionalização de controle das pragas
da cultura.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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