Câmara dos Deputados Deputado Federal Heuler Cruvinel – PSD

Câmara dos Deputados
Deputado Federal Heuler Cruvinel – PSD / GO
DISCURSO “APAGÃO LOGÍSTICO: REFORMAS JÁ!”
(proferido no da Câmara Federal em 02/04/2013)
Senhor Presidente, Nobres Pares, Povo Brasileiro,
Como vice-líder do PSD, venho ocupar esta tribuna para alertar a população sobre um antigo
“gargalo” que esta semana virou um verdadeiro nó górdio na economia do país e do setor
agropecuário: o escoamento da nossa produção nacional de grãos! Os portos e estradas estão
abarrotados de milhões de toneladas de uma safra recorde a ser escoada, cujos prazos logísticos e
contratuais começam a caducar, a prejuízo irreversível dos agricultores, dos respectivos estados
produtores, dos exportadores e importadores; enfim, em detrimento de nossa economia face à nossa
cambaleante balança comercial.
Segundo o Sindicato das Agências de Navegação Marítima1, o prejuízo com filas intermináveis de
caminhões lotados de grãos, só no Porto de Santos (o maior da América Latina) já chega a R$ 115
milhões; isto sem falar dos prejuízos de exportadores, importadores e terminais portuários. Só para
ilustrar o caos que vivemos neste setor, um navio de granel sólido parado sem receber sua carga
gera um custo fixo de 20 a 25 mil dólares por dia! Além disso, as taxas de armazenagem dos
containers de mercadorias com atraso de embarque e desembarque, cobradas entre armadores,
acabam gerando repasse nos preços ao consumidor final, encarecendo perigosamente toda a cadeia
produtiva.
No Mato Grosso, os produtores de soja gritam por socorro em face da perda da soja por escassez de
frete, pois os caminhoneiros se recusam a enfrentar estradas tão precárias naquela região2.
Caminhoneiros que levariam 6 dias para percorrer a rota de escoamento até Santos estão levando
no mínimo 3 dias a mais. Segundo a CONAB3, nossos portos estão operando acima de suas
capacidades, elevando os custos de transporte e aumentando os impactos em outros setores
produtivos e na sociedade em geral.
O Brasil escoa sua produção há décadas por um canal caríssimo que é o rodoviário, o que piorou
gravemente nos últimos meses dado que o custo do diesel está aumentando em face do apagão no
setor elétrico onde o Governo tenta reverter emergencial e precariamente o problema através de
velhas termoelétricas que usam tal combustível para gerar energia.
Como atender o clamor do mundo por alimentos, dado que a quebra da safra norte americana nos
favorece desde o final do ano passado mas à décadas não temos um planejamento integrado de
médio e longo prazo que seja minimamente eficaz no setor de transporte de cargas? Segundo
recentes afirmações de renomados organismos internacionais como a OCDE (Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e FAO (Organização da Nações Unidas para
Alimentação), o Brasil responderá por 40% de toda a oferta mundial de alimentos4 já nesta década!
Nossos irmãos argentinos é que se beneficiarão, pois nossa crise logística os favorecerá já em abril,
dado que um dos maiores importadores de soja do mundo, o grupo chinês Sunrise, o qual responde
por 10% de todas as importações chinesas de soja, já anunciou que está cancelando a compra de
quase 2 milhões de toneladas daquele grão devido aos atrasos no embarque e entrega do produto
pelo Brasil5, fato que segundo esta companhia será revertido pela compra de soja argentina.
1
http://agenciat1.com.br/prejuizo-com-filas-no-porto-de-santos-chega-a-r-115-milhoes-diz-sindicato/
http://www.noticiavip.com.br/5446-mundo-seis-municipios-de-mt-pedem-socorro.html
http://www.ibpt.com.br/noticia/98/Logistica-deficiente-ameaca-resultados-da-safra-recorde
4
http://www.integrada.coop.br/notas/8848/Logistica-sera-gargalo-para-escoamento-de-safra-recorde-alerta-Abag.xhtml
5
http://dc-5bfcb017.projetobr.com.br/blog/luisnassif/atraso-no-embarque-faz-grupo-chines-cancelar-compra-de-soja
2
3
Me pergunto até quando continuaremos assistindo passivamente tal caos, sem planejar e
implementar as reformas estruturais que hoje são emergenciais à retomada do crescimento
econômico de nosso país.