Controvérsias nas dislipidemias Doses altas de estatinas versus associações de fármacos As dislipidemias são consideradas como dos mais importantes fatores de risco para a doença coronária e outras complicações da aterosclerose. Entre os vários tipos de dislipidemias, as que envolvem aumentos do LDL-colesterol têm-se revelado como as mais aterogênicas. Paralelamente, as mais robustas informações provenientes de estudos clínicos aleatorizados mostram que a diminuição dessa fração do colesterol se acompanha de significativa redução da morbidade e mortalidade cardiovascular e total. Derivam desses achados as recomendações das muitas diretrizes existentes, sendo que todas são unânimes em apontar o LDL-colesterol como a primeira e principal meta da terapêutica. Como objetivos secundários figuram a diminuição dos triglicérides e/ou do colesterol não HDL e o aumento do HDL-colesterol, uma vez que são menos consistentes as evidências referentes a essas frações lipídicas. O tratamento das dislipidemias envolve sempre as adequações do estilo de vida que compreendem modificações alimentares, atividade física regular e perda de peso e interrupção do tabagismo se forem necessários. Nas situações de maior risco cardiovascular os medicamentos são recomendados ao mesmo tempo em que são introduzidas as modificações do estilo de vida. Para os pacientes expostos a menor risco, eles podem ser indicados caso as metas de tratamento não tenham sido obtidas apenas com as medidas não farmacológicas. Os medicamentos disponíveis para tratamento das dislipidemias podem ser, de forma simples, divididos naqueles que têm ação preferencial sobre a colesterolemia e nos cuja ação principal se faz sobre os triglicérides. Entre os primeiros, figuram como os mais importantes, as estatinas, acompanhadas da ezetimiba e das resinas quelantes de sais biliares (colestiramina, colestipol e colesevelam). Quanto aos que agem preferencialmente sobre os triglicérides estão os fibratos, a niacina (ácido nicotínico) e os ácidos graxos ômega-3 (óleos de peixe). Estes últimos grupos, além da diminuição dos triglicérides, podem apresentar ação também sobre o LDL-colesterol, embora com eficácia muito menor que a das estatinas. Todos os medicamentos citados podem produzir paralelamente a seus efeitos principais, aumento variável do HDL-colesterol. Nesse sentido, a niacina é o produto com maior potencial. O principal mecanismo de ação de cada medicamento é descrito sumariamente: - estatinas – atuam por inibição competitiva sobre a enzima chave para a síntese intracelular de colesterol, a 3-Hidroxi-3-Metil-Glutaril-CoenzimaA-Redutase. Pela necessidade que as células têm de colesterol para suas funções, formam maior número de receptores de membrana para a LDL, o que leva à maior entrada de colesterol para as células o que culmina com a redução do LDL-colesterol circulante. Marcelo Chiara Bertolami Diretor de Divisão Científica Adriana Bertolami Médica da Seção Médica de Dislipidemias Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, SP, Brasil. E-mail: [email protected] 44 Recebido para publicação: Setembro de 2010 Aceite para publicação: Setembro de 2010 Revista Factores de Risco, Nº20 JAN-MAR 2011 Pág. 44-49 “ ... as evidências disponíveis não são fortes na indicação da dupla inibição, favorecendo, ao contrário, o emprego de doses altas de estatinas, uma vez que este é associado a maiores evidências de benefícios cardiovasculares.” de uma estatina com a ezetimiba. Como a sinvastatina associada à ezetimiba está disponível em medicamento único, essa é a associação mais utilizada na prática diária. O emprego de dois produtos com ações diferentes sobre o metabolismo do colesterol é justificado pelas seguintes informações: - com o uso da estatina, que leva à redução da síntese de colesterol pelo próprio organismo, ocorre paralelamente aumento da absorção intestinal de colesterol e da mesma forma, quando se reduz a síntese intestinal do colesterol, ocorre aumento da síntese (particularmente hepática) de colesterol. Desse conhecimento decorre a indicação para a associação de um produto que diminui a síntese de colesterol (estatina) a outro que reduz a absorção intestinal do colesterol (ezetimiba ou resina). Dados mostram que a adição de ezetimiba 10 mg//dia a uma estatina na dose inicial (10 mg/dia) produz redução do LDL-colesterol semelhante à observada com o emprego da dose máxima da mesma estatina. Esses achados são justificados pela observação de que, quando se dobra a dose diária de uma estatina o efeito observado é de redução adicional do LDL-colesterol de cerca de 6 a 7%. A adição da ezetimiba a qualquer estatina tende, em média, a diminuir o LDL-colesterol em mais 18 a 20%. Assim, o emprego da dupla inibição (da síntese e da absorção do colesterol) pode ser indicado como terapêutica inicial para redução do LDL-colesterol, utilizando-se o racional de provável emprego de menor dose da estatina com menor potencial de efeitos colaterais (Figura 1). No entanto, até o momento, as evidências disponíveis não são fortes na indicação deste tipo de conduta, favorecendo, ao contrário, o emprego de doses altas de estatinas, uma vez que este é associado a maiores evidências de benefícios cardiovasculares. Citamos a seguir os principais estudos que analisaram as respostas aos tratamentos que compararam o emprego de estatinas isoladamente em doses variadas em comparação com o uso de estatina em associação com outros produtos. Esses estudos podem ser divididos em dois grupos principais: - ezetimiba – sua ação se faz pela inibição da atividade da proteína responsável pelo transporte do colesterol do interior da luz intestinal para as células da parede intestinal, a NPC1L1. Menos colesterol é incorporado às partículas de quilomícrons o que diminui a oferta deste para o fígado levando ao aumento de receptores de LDL da membrana. - resinas – agem no intestino ligando-se aos sais biliares diminuindo a absorção do colesterol. São menos utilizadas pelos importantes e freqüentes efeitos colaterais. - fibratos – agem principalmente aumentando a atividade da lipoproteína lipase o que leva ao aumento do catabolismo das partículas de VLDL. - ácido nicotínico (niacina) – sua ação principal se faz diminuindo a atividade da lipase tecidual o que reduz a liberação de ácidos graxos livres pelos tecidos. A menor oferta desses para o fígado leva à diminuição da síntese hepática de VLDL e aumento da de apolipoproteína A-I (principal proteína da HDL). - ácidos graxos ômega 3 – têm vários possíveis mecanismos de ação sobre o metabolismo lipídico, mas na prática não têm grande potência hipolipemiante. São úteis em doses altas em alguns casos de hipertrigliceridemia. Todos os medicamentos acima referidos podem ser utilizados em combinação, uma vez que atuam sobre diferentes aspectos do metabolismo lipídico, podendo ocorrer somação e até potencialização de seu efeito. As justificativas para emprego de associações de dois ou mais hipolipemiantes são: Não obtenção das metas terapêuticas de LDL-colesterol propostas pelas Diretrizes com o emprego de medicação isolada. Intolerância a doses altas de um único produto. Obtenção mais rápida das metas terapêuticas com menor necessidade de titulação das doses dos fármacos. Depois de observada a meta recomendada do LDL-colesterol, para tentativa de obtenção das outras metas (triglicérides, HDL-colesterol e colesterol não HDL), na tentativa de melhorar ainda mais a possibilidade da prevenção. Atualmente a associação mais empregada tem sido a 45 Controvérsias nas dislipidemias Doses altas de estatinas versus associações de fármacos - aqueles em que o objetivo foi o de comparar apenas as modificações do perfil lipídico observadas com os diferentes esquemas de tratamento, como o VYVA e o IN-CROSS: - estudo VYVA (Vytorin Versus Atorvastatin Study) – comparou a associação de sinvastatina com ezetimiba versus atorvastatina em portadores de hipercolesterolemia. Nesse estudo multicêntrico, duplo cego, com duração de seis semanas foram randomizados 1902 pacientes com LDL-colesterol acima das metas recomendadas pelo NCEP ATP III. Foram divididos em dois grupos: um tomou atorvastatina (10, 20, 40 ou 80 mg ao dia) enquanto o outro grupo recebeu ezetimiba/sinvastatina (10/10, 10/20, 10/40 ou 10/80 mg ao dia) após estratificação baseada nas taxas basais de LDL-colesterol. Os resultados mostraram que houve maior redução do LDL-colesterol com ezetimiba/sinvastatina (47% a 59%) em comparação com a atorvastatina (36% a 53%) para cada equivalente de dose e também na média de todas as doses. Além disso, a combinação nas doses de 10/40 e 10/80 produziu aumento significativamente maior do HDL-colesterol, enquanto a redução dos triglicérides foi semelhante entre os dois grupos. Mais pacientes do grupo ezetimiba/sinvastatina atingiram as metas < 100 mg/dL e < 70 mg/dL. As reduções da PCR-us foram similares entre os grupos. Os dados de segurança foram semelhantes entre os grupos, exceto por maior freqüência de aumentos consecutivos das enzimas hepáticas no grupo que recebeu atorvastatina. - estudo IN-CROSS (Lipid-altering efficacy of ezetimibe/simvastatin 10/20 mg compared with rosuvastatin 10 mg in high-risk hypercholesterolaemic patients inadequately controlled with prior statin monotherapy study) – este estudo aleatorizado, duplo cego, incluiu 618 pacientes portadores de hipercolesterolemia e com alto risco cardiovascular que estavam tomando dose estável de estatina por pelo menos seis semanas antes. Todos iniciaram com um período de seis semanas de estabilização/rastreamento com medicação aberta no qual continuaram recebendo o medicamento que já tomavam pré-estudo. Após aleatorização pela dose/potência da estatina, os pacientes foram sorteados para receber ezetimiba/sinvastatina 10/20 mg ao dia (n = 314) ou rosuvastatina 10 mg ao dia (n = 304) por seis semanas. A combinação ezetimiba/sinvastatina produziu maiores reduções do LDL-colesterol (-27,7% VS -16,9%, p < 0,001) e da apo B -17,9% VS -9,8% (p < 0,001). Os tratamentos aumentaram igualmente o HDL-colesterol (2,1% VS 3,0%, p = 0,433). Mais pacientes do grupo da combinação atingiu as metas de LDL-colesterol. Não houve diferenças entre os efeitos adversos observados nos dois grupos. - os que tiveram como objetivo maior a verificação se diferentes esquemas de tratamento seriam capazes de modificar a evolução de desfechos substitutos como o ENHANCE, o SEAS e o SANDS. - estudo ENHANCE (Simvastatin with or without ezetimibe in familial hypercholesterolemia Study) – Tabela I A ezetimiba diminui a absoção intestinal de colesterol enquanto as estatinas reduzem a síntese hepática de colesterol. Os dois mecanismos se potencializam na designada dupla inibição. 46 Revista Factores de Risco, Nº20 JAN-MAR 2011 Pág. 44-49 Tabela II Acções sobre o perfil lipídico e evidências de benefícios na prevenção cardiovascular dos medicamentos com ação preferencial sobre a trigliceridemia estudo duplo cego, aleatorizado de 24 meses que comparou os efeitos da terapia com sinvastatina 80 mg ao dia com ezetimiba 10 mg/dia ou com seu placebo em 720 portadores de hipercolesterolemia familiar. O objetivo primário foi a avaliação da espessura íntima/média das artérias carótidas avaliada pelo ultrasom. Os resultados mostraram que, apesar do grupo da sinvastatina associada à ezetimiba ter apresentado reduções significativamente maiores do LDL-colesterol e da PCR-us, não houve diferença significativa na variação da espessura íntima/média entre os dois grupos. Os efeitos colaterais e o perfil de segurança foram semelhantes nos dois grupos. - estudo SEAS (Intensive lipid lowering with simvastatin and ezetimibe in aortic stenosis Study) – a hiperlipidemia tem sido apontada como fator de risco para a estenose aórtica, mas os estudos que avaliaram a redução lipídica mostraram resultados conflitantes. Esse estudo foi delineado para responder essa questão. Tratou-se de estudo aleatorizado, duplo cego, que envolveu 1873 portadores assintomáticos de estenose aórtica leve a moderada. Receberam sinvastatina 40 mg ao dia associada à ezetimiba 10 mg/dia ou ao seu placebo. Após acompanhamento médio de 52,2 meses, não houve diferença significativa entre os dois grupos quanto ao objetivo primário (composto de eventos cardiovasculares maiores, incluindo morte por causas cardiovasculares, necessidade da troca da válvula aórtica, infarto do miocárdio não fatal, hospita- lização por angina instável, insuficiência cardíaca, revascularização miocárdica cirúrgica ou percutânea e eventos cardiovasculares isquêmicos. Menos pacientes apresentaram eventos isquêmicos cardiovasculares no grupo sinvastatina/ezetimiba, enquanto que o câncer ocorreu mais frequentemente nesse grupo. - estudo SANDS (Stop Atherosclerosis in Native Diabetics Study) – trata-se de análise secundária de estudo que envolveu população indígena norte-americana, todos portadores de diabetes tipo 2. Os resultados mostraram que a adição de ezetimiba à sinvastatina ou o tratamento com estatina em dose alta isoladamente, para “A terapia hipolipemiante combinada tem várias indicações que ainda carecem de dados robustos para poderem ser recomendadas.” 47 Controvérsias Prevenção cardiovascular: nas dislipidemias gordura pericárdia um “novo” alvo a abater? A propósito do Estudo MESA Doses altas de estatinas versus associações de fármacos Figura 1 – A ezetimiba diminui a absorção intestinal de colesterol enquanto as estatinas reduzem a síntese hepática de colesterol. Os dois mecanismos se potencializam na designada dupla inibição miocárdio não fatal, acidente vascular cerebral não fatal ou morte por causas cardiovasculares. Análise pré-especificada de subgrupo mostrou possível benefício (p=0,057) nos portadores de taxas basais de triglicérides acima de 204 mg/dL e de HDL-colesterol abaixo de 34 mg/dL. - quanto à associação de estatinas com niacina foi testada em estudos como os ARBITER e o HATS - além de outros estudos realizados anteriormente, o mais recente, o ARBITER 6 comparou dois tipos de adição ao tratamento com estatina que já vinha sendo realizado: niacina ou ezetimiba. Duzentos e oito pacientes terminaram o estudo após 14 meses. O grupo que tomou estatina associada à niacina apresentou redução da espessura íntima/média das artérias carótidas avaliada pelo ultrasom, enquanto que o grupo que recebeu ezetimiba em associação com a estatina apresentou progressão da doença. - O estudo HATS acompanhou 160 pacientes por três anos e mostrou que a associação de niacina à sinvastatina foi capaz de reduzir, em comparação com o placebo, 90% o número de mortes, primeiro infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral ou necessidade de revascularização, bem como levou à regressão da doença aterosclerótica coronária avaliada pela cinecoronariografia quantitativa. redução mais agressiva do LDL-colesterol, com obtenção de valores abaixo de 70 mg/dL, foi capaz de, depois de 36 meses, levar à regressão da espessura íntima/média da carótida em comparação com os que não conseguiram obtenção de valores mais baixos de LDL-colesterol, nos quais essa espessura progrediu. Aguardam-se apenas para 2013 os resultados do estudo IMPROVE-IT (IMProved reduction of outcomes: Vytorin Efficacy International Trial) que irá comparar o uso da sinvastatina isolada contra essa mesma estatina associada à ezetimiba em pacientes que sofreram evento coronário agudo. O objetivo maior desse estudo, ao contrário dos anteriores é observar se ocorrerão diferenças entre os dois esquemas de tratamento sobre eventos clínicos e mortalidade. Outras associações A associação de uma estatina a um fibrato ou à niacina também foi testada em estudos clínicos. - no estudo ACCORD-LIPIDS (Action to Control Cardiovascular Risk in Diabetics) foi testada a associação de fenofibrate com sinvastatina versus sinvastatina isolada em 5518 pacientes diabéticos por média de 4,7 anos. Os resultados não mostraram benefício sobre o objetivo primário composto de primeira ocorrência de infarto do 48 Revista Factores de Risco, Nº20 JAN-MAR 2011 Pág. 44-49 Conclusões Referências A terapia hipolipemiante combinada tem várias indicações que ainda carecem de dados robustos para poderem ser recomendadas. Até o momento ela pode ser indicada quando: Não obtenção das metas terapêuticas de LDL-colesterol propostas pelas diretrizes com o emprego de medicação isolada. Intolerância a doses altas de um único produto. Obtenção mais rápida das metas terapêuticas com menor necessidade de titulação das doses dos fármacos. Depois de observada a meta recomendada do LDLcolesterol, para tentativa de obtenção das outras metas (triglicérides, HDL-colesterol e colesterol não HDL). 1. Ballantyne CM; Abate N; Yuan Z; King TR; Palmisano J. Dosecomparison study of the combination of ezetimibe and simvastatin (Vytorin) versus atorvastatin in patients with hypercholesterolemia: the Vytorin Versus Atorvastatin (VYVA) study. Am Heart J. 2005; 149(3):464-73. Marcelo Chiara Bertolami 4. Rossebo AB; Pedersen TR; Boman K et al. Intensive lipid lowering with simvastatin and ezetimibe in aortic stenosis. N Engl J Med 2008; 359(13):1343-56. 2. Farnier M; Averna M; Missault L et al. Lipid-altering efficacy of ezetimibe/simvastatin 10/20 mg compared with rosuvastatin 10 mg in high-risk hypercholesterolaemic patients inadequately controlled with prior statin monotherapy - The IN-CROSS study. Int J Clin Pract. 2009; 63(4):547-59. 3. Kastelein JJ; Akdim F; Stroes ES et al. Simvastatin with or without ezetimibe in familial hypercholesterolemia. N Engl J Med 2008; 358(14):1431-43. 5. Fleg JL; Mete M; Howard BV et al. 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