ATIVIDADE PROTEOLÍTICA DE BACTÉRIAS LÁCTICAS ISOLADAS DE SALAME Danielle Carpiné (BIC-UNICENTRO), João Luiz Andreotti Dagostin (ICV-UNICENTRO), Cristina Maria Zanette, Herta Stutz Dalla Santa (Orientadora), e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste/ Departamento de Engenharia de Alimentos – Guarapuava – PR Palavras-chave: atividade proteolítica, bactérias lácticas, salame. Resumo: Algumas cepas de bactérias lácticas de produtos cárneos fermentados sintetizam proteases com liberação de aromas e alterações desejáveis na textura do produto. O objetivo desta pesquisa foi verificar a atividade proteolítica de bactérias lácticas isoladas de salames. Os resultados, mensurados em dois meios distintos pela formação de halos ao redor de colônias isoladas, demonstraram que mais de 80% das cepas demonstraram atividade proteolítica. Introdução As bactérias ácido láticas têm sido empregadas na indústria de produtos cárneos como culturas iniciadoras para acelerar o processo de maturação, fornecendo produtos com boa qualidade sanitária e características sensoriais adequadas (Leroy, F et al.,2004; Balduino et al., 1999). Nos embutidos é adicionada uma variedade de produtos não cárneos denominados “ligadores ou enchedores”. Estes compostos são adicionados na fórmula para melhorar a estabilidade da emulsão, o sabor e aroma, aumentar a capacidade de ligar água, e reduzir os custos da formulação. Um dos ligadores de grande utilização na fabricação de salames com caráter protéico é o leite em pó (Roça, 2000). A proteólise resultante da atividade das bactérias láticas promove liberação de aromas voláteis, aumento da maciez da carne, alterações desejáveis na textura do produto e aceleração do processo de secagem (Zapelena et al., 1999; Leroy et al., 2004). Dentro deste contexto, o objetivo deste trabalho foi determinar a atividade proteolítica de 47 cepas de bactérias lácticas isoladas de salames produzidos por fermentação espontânea. Materiais e Métodos Obtenção das Bactérias Lácticas A determinação da microbiota presente no salame; contagem e isolamento de bactérias lácticas, manutenção e reativação das cepas foi realizada segundo metodologia descrita em Samelis et al., (1998) e Samelis et al. (1994). Preparo dos meios Para a hidrólise da caseína foram utilizados dois meios seletivos. O meio (1) foi preparado segundo Coliins (1964) com pequenas modificações, onde a solução de leite em pó foi preparada e esterilizada por 5 min/121ºC separadamente e depois adicionada em meio Ágar Padrão para Contagem – PCA. O meio (2) foi preparado segundo (Ben-Gigerey, 2000). Ensaio e leitura de resultados Os meios foram inoculado com 0,1 mL das diluições até 10-7 - 10-8 da solução mãe das cepas reativadas. Para perfeito espalhamento da suspensão de células foram utilizadas pérolas de vidro esterilizadas. As placas foram incubadas por 72 h a 35ºC. As cepas consideradas proteolíticas formaram halos ao redor das colônias, com mudança de coloração do meio. Resultados e Discussão A atividade proteolítica, verificada pela mudança de coloração no meio foi observada de modo diferenciado nos dois meios, entretanto, quatro das cepas testadas não apresentaram crescimento em nenhum dos meios. Para o meio (1), enriquecido com leite em pó, houve formação de halos mais escuros ao redor de colônias isoladas e no segundo meio houve formação de halos mais claros que o meio. Em ambos, a mudança de cor ocorreu provavelmente devido à degradação de compostos mais complexos, como por exemplo, a hidrólise da caseína e o extrato de carne. Em nosso estudo foi verificado que o total de cepas com atividade proteolítica foi superior a 84%, com 40 cepas no meio (1) e 39 cepas no meio (2). A formação dos aminoácidos livres e polipeptídeos deve-se à ação proteolítica bacteriana ou endógena do salame (Zapelena et al. (1999). A liberação de aminoácidos livres participa diretamente do sabor básico de alimentos fermentados e indiretamente contribuem para a formação do desenvolvimento de aromas típicos, pois estas moléculas são precursoras dos compostos voláteis como ácidos, álcoois, aldeídos, amônia, compostos sulfurados ésteres, etc (Herranz et al., 2003). Vale ressaltar que as informações na literatura são escassas quanto a verificação de atividade proteolítica de bactérias láticas. Papamanoli et al., (2000) avaliaram a atividade proteolítica de bactérias láticas e verificaram que das 7 cepas de L. plantarum todas apresentaram atividade proteolítica em caseína, mas não em meio de carne cozida. O mesmo ocorreu para as 24 cepas de L. curvatus; entretanto, para as cepas de L. sakei foi observado hidrólise da caseína em 73% da cepas avaliadas. Conclusões Este trabalho resultou na verificação da atividade proteolítica de 46 cepas de bactérias láticas isoladas de salames fermentados, sem adição de starter. Foram observadas diferenças no crescimento e formação de halos entre os dois meios testados, e o total de cepas com atividade proteolítica foi superior a 80%. Agradecimentos Carpiné, D. agradece à BIC/UNICENTRO pela bolsa de Iniciação Científica. Referências B. Ben-Gigirey; J.M.V.B. Souza; T.G. Villa; J. Barros-Velazquez Int. J. Food Microbiol. 2000, 57, 19. R. Balduino; A.S. Oliveira; M.C.O. Hauly Ciência Tecnol. Alim. 1999, 19, 356. B. Herranz; M. Fernández; E. Hierro; J.M. Bruna; J. A. Ordóñez; L. Hoz Meat Science 2003, 66, 151. C.H. Collins, Microbiological Methods, Ed: Butterworth & Co, London, 1964,119-123. F. Leroy; L. Vuyst Trends in Food Science and Technol. 2004, 15, 67. J. Samelis; J. Metaxopoulos; M. Vlassi; A. Pappa Int. J. Food Microbiol. 1998, 44, 69. J. Samelis; S. Stavropoulos; A. Kakouri; J. Metaxopoulos Food Microbiol. 1994, 11, 447. M. J. Zapelena; I. Astiararán; J. Bello Meat Science 1999, 52, 403. R.O. Roça, Embutidos, Ed.: FCA-UNESP, Botucatu, 2000. E. Papamanoli; N. Tzanetakis; E. Litopoulou- Tzanetakis; P. Kotzekidou Meat Science 2003, 65, 859.