Leitura Profª: Letícia Lazarini de Abreu Acredito que todos que tomaram a decisão de seguir uma dieta já devam ter se deparado com a imagem de uma pirâmide alimentar. O instrumento é um guia, que tem como principais objetivos orientar o indivíduo a seguir pontos como moderação, proporção e variedade na busca de uma alimentação mais equilibrada e que garanta o suprimento diário de macro e micronutrientes. Como citei no post anterior, as dietas desbalanceadas e imediativistas estão na moda e cada vez mais há movimentos de supressão de nutrientes. Alguns simplesmente ignoram a função dos mesmos na manutenção da saúde do organismo. Na base da pirâmide, por exemplo, é onde se encontram os carboidratos, entre eles pães, massas, cereais, tubérculos e raízes. Os carboidratos resultam na principal fonte de energia para o corpo: a glicose. Não é à toa que são sugeridas de 5 a 9 porções diárias. O corpo necessita de glicose, principalmente o Sistema Nervoso e esta energia é obtida através da quebra dos carboidratos. Dentre as várias funções dos carboidratos temos: funcionar como fonte imediata de energia; manter a integridade do sistema nervoso central; poupa as proteínas; possui efeito anticetogênico. Acima dos carboidratos, temos as frutas e hortaliças, que são fontes de vitaminas, sais minerais, fibras e água. Sugere-se a ingestão de 3 a 5 porções de frutas por dia e 4 a 5 porções de hortaliças. Acima das frutas e hortaliças, temos leite e derivados. Sugere-se a ingestão de até 3 porções. O leite e seus derivados são fontes de cálcio, relacionado com a manutenção e saúde dos ossos e na realização dos movimentos e são alimentos ricos também em proteína. Ainda ocupando o mesmo andar, temos os ovos e as carnes, fontes de proteína, que promovem crescimento e regeneração celular, formam e agem como enzimas e hormônios, produzem células de defesa, etc e de ferro. Sugere-se o consumo de 1 a 2 porções. Por fim, para fechar o andar dos alimentos ricos em proteína, temos as leguminosas, ricas também em proteína de médio valor biológico e em ferro, que sugere-se o consumo de 1 porção diária. No topo da pirâmide, em menor quantidade, temos os óleos, gorduras e açúcares. Recomenda-se o consumo de 1 a 2 porções de óleos e gorduras, necessários por serem fontes de lipídeos, que possuem funções energéticas, participam da formação de hormônios, mantém a temperatura corporal, veiculam as vitaminas lipossolúveis, etc. Por fim, recomenda-se também o consumo de 1 a 2 porções de açúcar, fontes também de carboidratos. Com podemos ver, nada é suprimido da pirâmide alimentar, nem carboidratos e nem lipídeos (os mais comumente cortados das dietas). Alimentar-se bem envolve moderar o consumo, cuidar das porções, variar os pratos, justamente para capturar os macro e os micronutrientes de forma mais segura. A manutenção da saúde não é muito dispendiosa quando é adotada uma alimentação equilibrada, capaz de fortalecer o organismo e criar resistência às doenças. O segredo está em identificar a qualidade e a quantidade do que devemos ingerir, de modo a atingirmos um bom equilíbrio físico, psicológico e o consequente bem-estar. Com este objectivo, os nutricionistas criaram um modelo de orientação alimentar, a "Pirâmide Alimentar", que mais não é do que um guia simples e prático de consumo de alimentos indispensáveis à saúde. Está dividida em várias partes, consoante os grupos de alimentos, sendo que o lugar que cada grupo ocupa na pirâmide está associado à proporção em que os alimentos devem ser incluídos na alimentação diária. A base da pirâmide mostra quais os alimentos que devemos consumir em maior quantidade - cereais, massas e arroz integrais, pão (feito com farinhas pouco refinadas), legumes, frutos, vegetais frescos, frutos secos. No topo encontram-se os que devemos ingerir com moderação - a carne e os doces. Eis uma definição mais pormenorizada do tipo de alimentos que a compõem: Os alimentos construtores É assim que se designam os alimentos ricos em proteínas, responsáveis pela construção dos novos tecidos, pelo seu crescimento, reparação e desgaste natural. No fundo, têm um papel fundamental na activação do sistema imunológico. A formação das unhas, dos cabelos, a regeneração e formação da pele e a síntese de hormonas depende da quantidade ingerida de carne e de leite e seus derivados. Estão divididos nos seguintes grupos: leite e derivados (iogurte, queijo, coalhada, creme de leite…); ovos; carnes (vaca, frango e peixe); vísceras ou miúdos (fígado, língua, coração e rins); leguminosas (feijão, soja, lentilha, ervilha…); sementes (castanhas, nozes, avelãs, amêndoas, semente de abóbora e de girassol). Estas duas últimas, além de valor proteico, contêm gorduras essenciais à nossa saúde e minerais indispensáveis. Em relação aos outros grupos, por dia, devem ser consumidas de 2-3 porções de leite e derivados, e 2-3 porções de carne ou equivalentes. O que pode acontecer se houver falta de construtores: crescimento e desenvolvimento inadequados; fraqueza e flacidez muscular; desânimo e cansaço; baixa resistência às infecções; anemia. Os alimentos reguladores Juntamente com os alimentos construtores, os reguladores devem constituir 75% do valor calórico diário ingerido. São alguns exemplos os legumes, as frutas e as verduras, importantes fornecedores de vitaminas, minerais e fibras. São geralmente ricos em compostos bioactivos, excelentes auxiliares na prevenção e no tratamento de várias doenças. É recomendável o consumo diário de 3-5 porções de vegetais e de 2-4 porções de frutas. Só assim é possível que eles desempenhem as suas verdadeiras funções que passam, fundamentalmente, por manter o equilíbrio corporal, pelo bom funcionamento do intestino, para a saúde da pele e pela redução da incidência de infecções, dado que activam o sistema imunológico. O que pode acontecer se houver falta de reguladores: Os alimentos energéticos Geralmente designados por hidratos de carbono, são responsáveis pela produção de energia necessária ao desempenho das funções vitais do organismo (funcionamento do coração e dos pulmões) e auxiliam no crescimento e desenvolvimento do corpo. As fibras dietéticas, obtidas através de alimentos integrais, são uma das suas principais fontes. O seu consumo diário deve ser de 6-11 porções, com especial destaque para os cereais (arroz, milho, trigo, centeio, aveia e cevada), farinhas, pães e massas; açúcares (mascavado, melaço, mel); gorduras (azeite, manteiga, óleos); batatas, mandioca, grão-de-bico e feijão. O que pode acontecer se houver falta de energéticos: diminuição de peso; fraqueza e o cansaço; deficiência no aproveitamento de certas vitaminas e na utilização de proteínas como fonte de combustível.