1 Pró-Reitoria de Graduação Curso de Comunicação Social Trabalho de Conclusão de Curso O MERCHANDISING E A PROMOÇÃO DE VENDA EM HIPERMERCADOS: COMO SE FAZ – O CASO EXTRA TAGUATINGA - DF Autor: Jadson Nobre da Silva Orientador(a): Profa. Dra. Sheila da Costa Oliveira Brasília - DF 1/2013 2 JADSON NOBRE DA SILVA O MERCHANDISING E A PROMOÇÃO DE VENDA EM HIPERMERCADOS: COMO SE FAZ – O CASO EXTRA TAGUATINGA - DF Artigo apresentado ao curso de graduação em Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Publicidade e Propaganda. Orientador(a): Profa. Dra. Sheila da Costa Oliveira Brasília 2013 3 Artigo de autoria de Jadson Nobre da Silva, intitulado “O MERCHANDISING E A PROMOÇÃO DE VENDA EM HIPERMERCADOS: COMO SE FAZ – O CASO EXTRA TAGUATINGA – DF”, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Publicidade e Propaganda da Universidade Católica de Brasília, em 26/06/2013, defendido e aprovado pela banca examinadora abaixo assinada: Profa. Dra. Sheila da Costa Oliveira Orientadora Comunicação Social – UCB Profa. MSc. Raquel Cantarelli Comunicação Social - UCB Prof. MSc. Flávio Coelho Comunicação Social - UCB Brasília 2013 4 O MERCHANDISING E A PROMOÇÃO DE VENDA EM HIPERMERCADOS: COMO SE FAZ – O CASO EXTRA TAGUATINGA - DF. JADSON NOBRE DA SILVA Resumo O merchandising é uma das mais importantes e atuais ferramentas do marketing, e pode ser utilizado em todos os setores que lidam com vendas e promoções. Os supermercados, que fazem parte de um segmento varejista com alto índice de frequência e consumo, adotam essa prática cotidianamente. O objetivo da pesquisa é mostrar como o merchandising é feito no hipermercado Extra de Taguatinga, por meio de pesquisa bibliográfica e de campo, o que incluiu a observação do ponto de venda, entrevistas com gerente de marketing, promotor de vendas e consumidores. Palavras-chave Marketing, Merchandising, promoção de venda, varejo, ponto de venda (PDV), hipermercado. Abstract The merchandising is one of the most important and current marketing tools, and can be used in all sectors dealing with sales and promotions. The supermarkets, which are part of a retail segment with high frequency and consumption, adopt this practice daily. The research objective is to show how merchandising is done in Extra hypermarket de Taguatinga, through literature and field, which included the observation point of sale, interviews with marketing manager, sales promoter and consumers. Keywords Marketing, Merchandising, sales promotion, retail, point of sale (POS), hypermarket. 1- INTRODUÇÃO O merchandising foi consolidado no Brasil na década de 80 com o intuito de maximizar o volume das vendas dos seus produtos, valorizando a imagem da marca em relação aos seus concorrentes e desenvolvendo relações de parceria com distribuidores. A partir desta consolidação, o planejamento mercadológico se tornou determinante para a valorização do produto/marca. Segundo Costa & Talarico: Se olharmos em nossa volta, visualizaremos uma infinidade de produtos e serviços, alguns dos quais sabemos de sua existência há décadas, outros lançados há algum tempo e outros, se não nos falhar a memória, introduzidos no mercado há pouco tempo ou até mesmo recentemente. 5 Esse entrar, permanecer, substituir e sair do mercado, é um processo natural, mercadológico, estudado, analisado e utilizado pelos profissionais de marketing com a denominação de ciclo de vida de produto, ou seja, o produto é planejado, lançado no mercado, passa por um período de crescimento, atinge a maturidade e pode declinar até ser retirado. (COSTA, Antônio, TALARICO, Edison, 1996, p.191) É na hora da compra, nas mãos do consumidor, que todo este ciclo se consolida, fazendo com que, no ponto-de-venda, o planejamento de marketing e verba investida em divulgação sejam testados. “Marketing são as atividades sistemáticas de uma organização humana, voltada para a busca e realização de trocas com seu meio ambiente, visando benefícios específicos”. (Raimar Richers, 2001) “Marketing é o conjunto de atividades humanas que tem por objetivo facilitar e consumar relações de troca”. (Phillip Kotler, 2001) “O objetivo do Marketing é tornar a venda supérflua. É conhecer e compreender o cliente muito bem, de modo que o produto ou serviço se ajuste… venda por si próprio.” (Peter Drucker, 1992) Os conceitos citados mostram que o marketing é um conjunto de atividades, que tem como objetivo a ascensão de algo com a ajuda de certo grupo, e que, com o passar do tempo, essa ascensão ocorrerá praticamente sozinha, pois este já estará bem posicionado na mente do público alvo. O marketing também pode ser visto como um meio que se torna especialmente importante quando correlacionado a ações de varejo, pois as quantidades vendidas não são grandes, pedindo um esforço maior de persuasão do consumidor para que a saída se mantenha equilibrada com as entradas de estoque. O merchandising, nesse contexto do varejo, funciona como uma ferramenta do marketing para manter equilibrada a entrada de mercadorias (fluxo de grandes quantidades para garantir a oferta contínua) e a saída (fluxo de pequenas quantidades). Ao considerar esta realidade, torna-se claro que o varejo faz parte da vida de todos os consumidores, podendo afirmar que, diariamente, é possível viver uma experiência de compra nos mais variados tipos de varejo, dentre eles: lojas, supermercados, shoppings centers, feiras, restaurantes, entre outros. É também importante perceber o ganho e o crescimento significativo que os pontos-de-venda vêm adquirindo nas ações de marketing, em empresas de todos os seguimentos, pois este crescimento faz com que cada vez mais seja feita uma busca de profissionais especializados em realizá-lo. Até pouco tempo, os profissionais da área de marketing tinha como principal função somente divulgar produtos ou serviços, e os departamentos de vendas investiam em treinamentos de pessoas que tinham a responsabilidade de convencer o público-alvo e vender para os mesmos. Mas, em alguns dos modelos de negócio, os vendedores saem da linha de frente dando espaço às ações promocionais de marketing, porém estes mesmos que negociam os espaços e somente saem de cena na hora da exposição do produto. Estas mudanças de valores surgem a partir do Merchandising e da Promoção de Vendas, tornando os produtos irresistíveis, provocando desejos, necessidades e, em consequência, ajudando nas vendas. 6 Para surtir efeito nos consumidores, existem vários caminhos possíveis. Um dos mais seguros é a observação do comportamento de consumo, verificando a existência de padrões, modelos e sua dinâmica. Um dos mais utilizados hoje é o modelo AIDA (LEWIS, Elmo, 1998) no qual se afirma a obrigatoriedade de o consumidor passar por quatro estágios: atenção, interesse, desejo, ação, embora sem a obrigatoriedade dessa ordem explícita. Pode-se iniciar despertando a atenção para provocar o interesse, mas, se o possível consumidor já estiver interessado, sua atenção já estará direcionada para os possíveis objetos de desejo. Uma ação de compra concretizada pode, por sua vez, despertar o interesse por um objeto, produto ou serviço correlato. O objeto de estudo deste artigo é como se faz, como o merchandising é utilizado e aplicado no hipermercado Extra, e como estas ações fazem com que os consumidores comprem mais, mesmo que sem uma real necessidade de levar um produto. A pesquisa traz uma reflexão sobre as “armadilhas” que o merchandising pode apresentar quando aplicado em uma determinada empresa. No caso desta, a análise apresentará um resultado referente à discussão do que é realizado pelo hipermercado Extra, em Taguatinga Sul. Afinal, até onde vai o poder de influência do merchandising em um hipermercado? 2- CONCEITOS Para compreendermos melhor a análise feita neste trabalho, é necessário entender bem alguns conceitos. Iniciemos por merchandising. A palavra inglesa merchandise significa "mercadoria", e merchandiser significa "negociante". Por sua vez, a tradução de merchandising seria "mercadização", nome que em português não corresponde exatamente ao significado da atividade como é conhecida. Merchandising seria então uma derivação da palavra merchandise, que podemos traduzir como "operação com mercadorias”. (ORUS BRASIL) In:http://www.orusbrasil.com.br/detalhe-artigos-orus-promocoes-produtos. php?menu=artigos&a=3 Examinando o conceito dentro da área de Comunicação e Marketing, temos o apresentado por Blessa: “O Merchandising é o conjunto de técnicas responsáveis pela informação e apresentação destacada dos produtos na loja, de maneira tal que acelere sua rotatividade”. (BLESSA, 2008) O merchandising e a promoção de vendas são temas bem antigos e já eram estudados nos livros de Administração e Marketing citados por Kotler (1996, apud BOSTON, ALLYN & BACON, 1967, p. 401): “Os efeitos das promoções de vendas são geralmente mais mediatos e mensuráveis do que os da propaganda. No entanto, há pouca pesquisa e construção de modelos de decisão destinados a ela” (KOTLER, 1996). Dois anos depois o mesmo autor já apresentava a promoção de vendas como uma ferramenta de incentivo para estimular a compra mais rápida ou em maior volume por consumidor ou comerciante. (KOTLER, 1998). Outro autor, Ferraciu (1997), destaca pelo menos 20 significados diferentes, de pelo menos 15 autores para a promoção de vendas, finalizando que: 7 [...] a promoção de Vendas define-se por si própria: é uma técnica de promover vendas. Promover implica fomentar, ser a causa, dar impulso, fazer avançar, provocar, diligenciar, desenvolver, originar, favorecer etc. [...]. A promoção de vendas prepara o caminho da execução das vendas, dando impulso a eles. (FERRACIU, 1997, p. 9) De acordo com Blessa (2008), a definição de merchandising se dá quando: (...) qualquer técnica, ação ou material promocional usado no pontode-venda que proporcione informação e melhor visibilidade a produtos, marcas ou serviços, com o propósito de motivar e influenciar as decisões de compra dos consumidores. (BLESSA, 2008, p. 1) Blessa (2008) define ainda a promoção de vendas como um esforço específico de aumentar a quantidade e a frequência das vendas. Além dessas definições, existe também um tipo específico de Merchandising denominado de “Merchandising Editorial” (não utilizado com fonte de pesquisa deste artigo). Luiz Zenone e Ana Maria Buairide assim o caracterizam: “Merchandising Editorial é toda inserção comercial em shows, novelas, filmes, eventos etc. É importante destacar que esse tipo de veiculação não deve ser considerado uma propaganda direta do produto.” (ZENONE, Luiz, BUAIRIDE, Ana Maria, 2005, p.121) No senso comum, é fácil confundir merchandising e promoção de vendas, o que procuramos resolver agora. Afinal, o que os diferencia? Muitas das chamadas promoções de vendas, que são feitas no varejo e visam aumentar a rotatividade dos estoques, criam confusão entre as duas atividades. É preciso entender, por isso, que o merchandising está acima da promoção de vendas e a utiliza como meio para efetivar sua ação. Para isso, o merchandising tanto pode usar a propaganda – quando divulga ofertas na mídia – como a promoção de vendas – quando se utiliza de preços mais baixos ou brindes – para ampliação de sua estratégia de persuasão e convencimento para posicionar, reposicionar e vender o produto. Outro conceito importante neste trabalho é o de ponto-de-venda (PDV), o que, de acordo com Blessa (2008), é: “(...) qualquer estabelecimento comercial que exponha serviços ou produtos para a venda aos consumidores”. Exemplos: supermercados, farmácias, shoppings, padarias, lojas, bancas de jornal, bancos, exposições, barracas de camelô, feiraslivres, lojas virtuais na internet etc. (BLESSA, 2008, p. 5). Dentro desse contexto, é ainda necessário diferenciar Hipermercados e Supermercados. Segundo Rojo (1998): Supermercados. Lojas com método de autosserviço no varejo de alimentos... Os produtos oferecidos pelo supermercado incluem uma ampla variedade de produtos como: mercearia, carnes frescas, hortifrutícolas, frios, laticínios e não alimentos básicos (perfumaria e limpeza). 8 Hipermercados. Lojas que, além dos produtos alimentícios em autosserviço, oferece uma ampla variedade de não alimentos da linha hard (ex.: eletroeletrônicos, cine-foto-som, utensílios domésticos etc.) e da linha soft (ex.: confecção, cama, mesa e banhos). (ROJO, Francisco, 1998, p.86) Para finalizar o passeio teórico, é preciso também compreender o significado de varejo. Santana (2011) define o varejo como um canal de vendas, podendo ser direto – quando ligado à fabricação – ou indireto – quando ligado à distribuição – tendo como característica o atendimento ao consumidor final, capaz de comprar em pequenas quantidades. A raiz da palavra varejo, utilizada no Brasil, vem do Português arcaico, em que a "vara" era a medida para se fracionar peças de tecidos, cordas, linhas, madeiras, etc. Ainda hoje, em algumas lojas de tecidos usa-se uma régua de madeira com um metro de comprimento para fracionar os produtos. O termo atualmente utilizado em Portugal é “retalho”, que também denota claramente o fracionamento de produtos para venda em pequenas porções ou quantidades (ZOGBI, Edson 2007). 3- METODOLOGIA Os métodos utilizados para a realização desta pesquisa foram a observação do ponto-de-venda, seguido da entrevista realizada por meio de questionário com o gerente de marketing do Grupo Pão de Açúcar, responsável pelo hipermercado Extra, Ronan Cardoso da Mota, e entrevista pelo método de abordagem com a promotora de vendas, Cássia Araújo Fontenelle, no momento de uma ação de merchandising dentro do próprio Hipermercado. Para obter opinião dos consumidores, foi aplicado um questionário com três perguntas, destinado a 20 pessoas que estavam adquirindo produtos no dia da coleta de informações. A íntegra do material coletado encontra-se anexo. 4- O FUNCIONAMENTO DO MERCHANDISING DENTRO DO HIPERMERCADO EXTRA DE TAGUATINGA-DF (PDV) A análise aponta que os métodos utilizados na organização do ambiente estão de acordo com as teorias de merchandising estudadas, o que demonstrou que o Hipermercado se preocupa com as técnicas, visando um bom funcionamento do negócio, gerando assim os lucros e a fidelidade dos clientes. As preocupações são visíveis dentro do ponto-de-venda, desde a disposição das gôndolas, produtos, ambientação, iluminação, som ambiente e até mesmo o aroma da loja, fatores estes que estão ligados diretamente à função de agir nas percepções e emoções dos clientes. Os locais são separados por categorias, direcionando as pessoas desde os setores que menos vendem até os de maior procura, forçando os clientes a visitar todos os departamentos do Hipermercado. Logo na entrada vem a seção de decoração, roupas e acessórios, seguida por casa, eletrodomésticos, eletroeletrônicos, foto, imagem, games, papelaria, lazer, jardim, café, lanches, confeitaria, padaria, mercadão, carnes, aves, peixes, hortifrutigranjeiros e bebidas, classificado como “círculo externo”. Já no “miolo”, vêm 9 os itens de maior procura dos consumidores que são: arroz, feijão, macarrão, produtos de limpeza, higiene pessoal, dentre outros. A disposição externa protege os itens de maior necessidade do acesso direto, fazendo com que as seções de uso não prioritário sejam obrigatoriamente visitadas. Embora não seja uma ação de merchandising propriamente dita, cria-se um envolvimento que favorece a atuação posterior nesse sentido. Durante as entrevistas com os 20 consumidores, sobre a influência aplicada pelo merchandising, foi constatado que normalmente as pessoas vão ao hipermercado com uma definição prévia do que pretendem comprar, ou seja, do total entrevistado, 90% das pessoas disseram que as disposições dos produtos não influenciam na compra, pois já conhecem o produto e sabem qual levar. Porém, os mesmos afirmaram que saem do Hipermercado com algo que não estava no planejamento de compras, isto demonstra a capacidade de efetividade que o marketing utilizando-se do merchandising dentro do hipermercado tem, pois se conseguiu fazer com que os consumidores levassem produtos além do previsto e que não eram de prioridade. Uma pesquisa realizada pela empresa dedicada ao desenvolvimento da atividade de Merchandising, “Popai Brasil”, diz que somente 15% das compras feitas nos Brasil são previamente planejadas e 85% são decididas dentro do próprio pontode-venda. Estes dados são referentes ao ano de 2010 a 2013. 4.1 MAS O QUE FAZ COM QUE ESSES DADOS SEJAM TÃO ALTOS NO QUESITO DE DECISÃO DE COMPRA DENTRO DO PDV? Os fatores que mais influenciam são os que chamam a atenção do consumidor de alguma forma. Na análise obtida a partir dos resultados coletados dentro do Hipermercado Extra, a pesquisa demonstrou que todas as ações colocadas em prática, em diferentes dias e horários, têm um fluxo contínuo. Não são sempre as mesmas, mas há sempre várias em ação, como descrito a seguir: Ofertas de preço - As ofertas de preços estão sempre com maior destaque dentro e fora das gôndolas, em cartazes bem chamativos feitos pelo próprio hipermercado. 10 Pontos promocionais extras: ilhas/pontas de gôndola decoradas – Ponta de gôndola do Café Export, onde o café é moído na hora e há também a degustação do mesmo; ponta de gôndola com frigobar identificado da Stella Artois; casinha decorada da roça com pamonhas e derivados de milho; totem decorado dos hidro tônicos Coca-Cola; ilha de artigos para festa junina; ponta de gôndola com TV LCD passando propagandas da Nestlé; totem “Veja” gigante (produtos de limpeza); totens “Sym”, “Intimus”, “Protex”, “Lifebuoy” e “Garnier” na área de higiene pessoal;, totem com tela LCD “Mix it” ensinando a fazer alguns coquetéis, etc. Brindes (agrupamento de brindes simples e casados do tipo “leve3 e pague 2”) – Brindes de incontáveis produtos das mais variadas vertentes. 11 Demonstração/degustação/amostragem – Degustação do Café Export, pães de queijo, pamonhas, degustação da maionese “SALADA” juntamente com biscoito cream cracker “Qualitá”, degustação do iogurte de soja “Naturis” da “Batavo”, degustação de biscoitos “Trakinas”, tenda com exposição e ingredientes e degustação de feijoada, etc. Cartazes (material impresso, incluindo stoppers, faixas etc.) - Cubos de papelão na área de DVD’s com divulgação dos filmes em lançamento (Enrolados / Comer, rezar, amar / A rede social); stopper “Mundo Pink” também na área dos DVD’s;, stoppers da marca “Qualitá” (própria do Extra) espalhados por todas as gôndolas de alimentos do hipermercado; stopper “Taeq” na área de aveias e orgânicos; stopper “Knorr” na área de arroz e feijão; stopper “Ola” (lava roupas); stopper “Dove”, etc. 12 Concursos/sorteios ou promoções especiais – Promoção especial de ação de merchandising da Seda (Leve três produtos e ganhe uma escova de cabelos); Merchandising da Kraft Foods, onde comprando 15 reais em produtos Trakinas, Tang e Royal, ganha-se um brinde do filme RIO, etc. Os responsáveis em realizar esse tipo de ação são os criadores de merchandising e marketing, o que demonstra que é preciso experiência no assunto para haver definições claras sobre a promoção, produto, tempo de duração, espaço necessário, preço, quantidades prevendo a demanda, material de merchandising, dentre outros. As respostas vindas do gerente de marketing, Ronan Cardoso, demonstraram que não há divergências entre as teorias e o que está sendo aplicado no hipermercado Extra de Taguatinga Sul, pois os produtos são sempre expostos de forma que os não-prioritários fiquem visíveis, mudando o foco daqueles que estão consumindo e levando-os a migrar da necessidade para o desejo e o interesse, o que modifica a ação presente ou pode modificar as futuras ações de compra. 4.2 MODELO DE CIRCULAÇÃO POR PERFIL DE COMPRA Os consumidores percorrem caminhos diferentes dentro do hipermercado, e essa trajetória tem relação direta com o seu perfil de consumo. Tendo isso em vista, foram feitos estudos específicos para orientar a disposição das seções em hipermercados, e a rede Bloom, dos Estados Unidos, instalou um modelo de disposição de gôndolas e seções ainda não muito difundido no Brasil: 13 Figura 1 – Modelos de circulação por estilos de consumidores In: http://www.sm.com.br/Editorias/Negocios/Bloom---Layout-para-compras-diferentes5294.html?index=3 Nesse modelo, as seções têm entradas interligadas, mas independentes, permitindo que os diferentes perfis de consumo sejam atendidos com presteza e propriedade: 4.2.1- Solução Rápida para o jantar Consumidor que deseja adquirir uma refeição na volta do trabalho. Setor logo na entrada da loja, com o nome de Top Table Circle. Pratos prontos e congelados, bebidas, pães, doces, molhos e queijos. Permite que o cliente circule apenas na área (traçado vermelho). Checkouts próprios, para agilizar a compra. 4.2.2 - Compra diária de perecíveis Quem compra diariamente alimentos in natura não precisa percorrer a loja toda. Entra-se pelo Table Top Circle e prossegue-se até os hortifrutigranjeiros, ao açougue e à padaria (traçado em verde). Economiza tempo para o cliente, facilitando a compra rápida de itens específicos. 14 4.2.3 - Visitas Semanais O consumidor de compras semanais passa por mais corredores e pode iniciar sua visita pela padaria, e depois para a rotisseria. Esse público aprecia refeições mais elaboradas e pode adquirir pratos por quilo (trajeto em laranja). Passa por uma área que oferece opções à base de carne e em seguida percorre a mercearia e os hortifrútis, parando por último nos alimentos congelados, para preservar a temperatura dos produtos. 4.2.4- Compras Mensais O cliente visita todas as áreas da loja (traçado roxo), passando inclusive pelas seções de limpeza, área de descartáveis, saúde e farmácia. O volume de produtos adquiridos é bem maior, porque esse tipo de consumidor vem com menos frequência ao PDV. Durante as visitas técnicas realizadas, verificamos que o Hipermercado Extra adota muito desse traçado básico, embora não em sua totalidade, o que permite, inclusive, que o consumidor se alimente na loja de maneira rápida, sem consumir mais nada (stand de venda de sanduíches na entrada); ou de modo mais calmo, com mesas e cadeiras à disposição para que mesmo famílias possam sentar-se e descansar durante as compras ou antes de iniciá-las (lanchonete próxima à padaria). Ainda não há checkouts em separado para pratos prontos, pois essa cultura de consumo ainda não se consolidou no Brasil. 5- OS PROFISSIONAIS DE MERCHANDISING De acordo com a promotora de vendas, Cássia Fontenelle1 – responsável pela ação da “Seda” – durante a visita técnica, foi possível esclarecer alguns pontos em relação aos termos de funcionamento e contratação das promotoras. Segundo ela, a maior fornecedora do Hipermercado Extra é a Unilever, responsável por um amplo espectro de produtos de vários segmentos característicos de um hipermercado, como limpeza, alimentação e higiene. Para ações de merchandising e promoção de vendas, a empresa “Unilever”, contratante, não deixa esse quesito por conta do PDV: realiza uma pesquisa de mercado onde constata os maiores pontos de saída de produtos. Feito isso, a empresa seleciona uma agência de promoção de vendas, onde já existe um banco de cadastro de moças já treinadas, e, caso a selecionada não possua o treinamento, ou o produto seja novo no mercado, ela será preparada para tal ação. O PDV abriga as ações, mas não é o responsável por prepara-las, o que pode, em caso de insatisfação, criar desconforto para a equipe de marketing interno, pois são eles os encarregados de atender aos consumidores que comparecem ao PDV para reclamar de alguma coisa. 1 Em um dos dias analisados, estavam sendo realizadas algumas ações especiais da “Trakinas”, “Tang”, “Batavo”, “Seda” e “Britânia”, todas promovidas pela mesma agência de promoção de eventos da entrevistada. A abordagem com a promotora Cássia foi feita de forma verbal através de um bate-papo, por este motivo não há nenhum registro formal da mesma. 15 Quando questionada sobre jornada de trabalho e remuneração, Cássia não hesitou em declarar que as contratações são por períodos de ação e que as mesmas variam de 15 dias até mesmo três meses, ou mais. Cada moça contratada fica somente três semanas em cada PDV, com jornada de 9 horas de trabalho. Passados os dias, elas vão para outro ponto-de-venda, mas com o mesmo contrato da agência. A remuneração também sofre alterações de ação em ação, mas fica em torno de R$ 600,00, chegando até R$ 900,00. As moças sempre têm perfis jovens, bem apessoadas e com idades de 18 a 35 anos. Dependendo da ação, há uma contratação especial, mas, segundo ela, isso raramente acontece. 6- CONCLUSÃO Existem muitos estudos feitos mostrando que, no momento da compra, os indivíduos têm a tendência de comprar produtos com maior destaque nas gôndolas e com maior acessibilidade dos mesmos. E os que estão nas pontas das gôndolas, na maioria das vezes, são comprados sem nenhuma pretensão, e sim somente por impulso. Os resultados destes estudos foram importantes para demonstrar as novas técnicas de indução, como o uso das pontas das gôndolas, que influenciam no conhecimento da marca e no lucro das vendas. Após aperfeiçoamentos ao longo de sua existência, o merchandising e a promoção de vendas ganharam destaque no mercado atual e suas técnicas ganham espaço dia após dia, de acordo com o crescimento do mercado e com os hábitos dos consumidores. Uma grande prova disso é a união de agências de marketing promocional com agências de comunicação, trazendo o marketing totalmente integrado. Pode-se afirmar que as ações feitas dentro dos PDVs são espécies de espetáculos que levam a seus consumidores, transformados em espectadores, um pouco de felicidade, relacionamento, novidades e experimentação . Se direcionada corretamente para diversão, essa estimulação propiciará resultados significativos em ações de venda e de fidelização de marca, como demonstrou a pesquisa. O merchandising e as ações promocionais são de grande importância quando o intuito é lançar um produto/marca ou difundi-lo entre a grande parte da sociedade que vai a um hipermercado. Esses tipos de ações beneficiam as marcas e também o próprio ponto de venda, bem como a agência de comunicação encarregada de coordená-las, fazendo com que sejam gerados empregos em todos os setores necessários para se chegar ao resultado final de ações de merchandising. Grande parte das agências de propaganda se vende como se fizessem todos os tipos de serviços, mas, em boa parte delas as áreas de promoção de vendas e merchandising são subordinadas à Mídia, como se estas fossem mais uma mídia, e o profissional que cuida da área conhece apenas eventos e uma ou outra particularidade de outras ferramentas. O desconhecimento a respeito de suas reais atribuições é tão grande que agências de eventos e agências de design já foram compradas como agências de promoção. Mesmo com esses equívocos, agências que tenham esse serviço em seus portifólios estão sendo cada vez mais solicitadas, como parte do esforço de estimular cada vez mais os clientes. Com esse crescimento, as agências têm 16 procurado cada vez mais se profissionalizar. E todo esse crescimento de procura e demanda, faz com que as mesmas acabem lucrando cada dia mais. Ante tudo isso, pode-se questionar: Por que se paga tão pouco para o profissional de uma área que só cresce? Por que a profissão de promotor de vendas é uma área não regulamentada? Estudos nessa direção podem constituir objeto de trabalhos futuros. 7- REFERÊNCIAS BLESSA, Regina. Merchandising no Ponto de Venda. 4 ed. São Paulo, Atlas, 2001. 206 p. COSTA, Antonio Roque e TALARICO, Edison de Gomes. Marketing promocional: descobrindo os segredos do mercado. São Paulo: Atlas, 1996. 272 p. COSTA, Antonio Roque e CRESCITELLI, Edson. Marketing promocional para mercados competitivos. São Paulo: Atlas, 2007. 372 p. FERRACIU, João De Simoni Soderini. Promoção de Vendas: 40 anos de teoria e prática promovendo e vendendo. São Paulo: Makron Books, 1997. 273 p. KOTLER, Philip. Marketing. Edição compacta. São Paulo: Atlas, 1996. 595 p. KOTLER, Philip. Administração de Marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1998. 725 p. ORUS BRASIL PATRUCCO, Frederico. Distribuição Comercial: Marketing, Merchandising, Publicidade. São Paulo, 1972. 364 p. ROJO, Francisco J. G.. Supermercados no Brasil: qualidade total, marketing de serviços, comportamento do consumidor. São Paulo: Atlas, 1998. 176 p. http://www2.sm.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=5294&sid=105&i ndex=3> Acesso em: 13 mar. 2013. ZENONE, Luis Cláudio e BUAIRIDE, Ana Maria Ramos. Marketing da promoção e merchandising: conceitos e estratégias para ações bem sucedidas. São Paulo. 2006. 180p. 8- ANEXOS 8.1 QUESTIONÁRIO APLICADO AO GERENTE DE MARKETING DO GRUPO PÃO DE AÇÚCAR. Que estilos de produtos são mais frequentemente promovidos por ações de merchandising no mercado? São os produtos de higiene pessoal e beleza. Xampus De que forma os produtos são expostos? Por quê? Os produtos são expostos da forma com que fiquem bem visíveis de acordo com a disponibilidade do fornecedor e da forma com que os que tem mais saída fiquem com melhor acesso. Há algum período padrão para exposição/promoção? Há datas fixas para algum tipo de produto? Quais? Não, somente em lançamento de algum produto novo ou os que estão com pouca saída são os que fazem ações. 17 Que setor do mercado tem mais frequência de ação do merchandising? (Açougue, têxtil, alimentos...?) Por quê? Com que finalidade? Higiene pessoal e alimentos, em lançamento de novos produtos. Para promover a marca e despertar o interesse de compra. Que critérios são utilizados para contratar pessoas para a exposição/degustação/promoção? Tem que ser pessoas de acordo com o perfil que se quer atingir. Se for produtos de beleza, colocamos uma moça bem bonita, se for na degustação de alimentos não necessariamente precisa desse perfil, pois a finalidade principal é chamar a atenção ao produto. No caso da beleza, se tem a alusão de que com o produto oferecido, a pessoa ficará com tão bela quanto quem está demonstrando. Quem faz essa seleção é o cliente, a agência ou é o mercado? A própria agencia contratada faz uma análise do produto e dos representantes para saber qual se adequa mais em que produto e/ou serviço. Ex. Não se pode colocar uma moça de cabelos curtos apresentando um xampu, por exemplo. Por isso a seleção. Quais empresas costumam fazer mais ações dentro do mercado? 3 mais frequentes. Gillete Seda Rexona Tem marcas que anunciam mais de um produto ao mesmo tempo? Quais? No caso as gigantes em mix de produtos, “PeG” e “Unilever” são as que fazem os anúncios de boa parte deles, inclusive do mesmo seguimento mas com nomes diferentes. Questionário respondido por e-mail pelo: Ronan Cardoso Marketing Extra - CO [email protected] 8.2 PERGUNTAS HIPERMERCADO APLICADAS AOS CONSUMIDORES ABORDADOS NO Você costuma vir ao mercado com uma lista de compras pré-definida? Você acha que as disposições dos produtos dentro do mercado influenciam em algum momento na hora da escolha do produto? Quando vem ao hipermercado, você sai somente com o que veio planejado a comprar ou leva pelo menos um produto que não estava na lista? 18